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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Memórias de um ex-corno: Onde foi que eu errei?


“Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens" - Romanos 12:18

Quanto uma relação entre duas pessoas acaba, como podemos fazer para saber se fomos os responsáveis pela ruptura? Como seres humanos imperfeitos que somos, nunca estamos 100% corretos. Cometemos erros, pequenos ou não, provocamos crises, pequenas ou não, sendo que – mesmo que tenhamos 0,001% de responsabilidade na ruptura de uma relação qualquer – como cristãos, nos sentimos muitas vezes responsáveis pelo fracasso total da mesma.

Mas isso é justo? Será que podemos nos prostrar e deixar com que os outros usem-nos como capachos, limpando seus pés em nossas costas ao seu bel prazer? Você já passou por este tipo de situação? Eu já, mais vezes do que gostaria de ter passado.

Em meu primeiro casamento eu fui muito conivente com as falhas de minha ex-mulher. Deveria ter sido mais duro, deveria ter sido mais firme mas, infelizmente, procurei agir como “cristão” e usei erroneamente os ensinamentos de 1 Corintios 13:4-7, que nos ensina que “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”

Cria firmemente que deveria fazer vistas grossas aos defeitos de minha ex. Tolerei várias infidelidades, crendo que se eu continuasse apenas demonstrando amor incondicional reconquistaria seu amor. Só que isso teve efeito contrário. Como um câncer que vai minando suas resistências dia após dia, minha omissão fez com que as poucas chances de manter meu casamento se esvaíssem. Fui fraco, pensando que agia corretamente, “crentemente”, digamos assim.

Um confronto firme logo na primeira escapada (mas baseado em amor sincero) poderia ter salvo meu casamento. Deixei de impor os limites e os efeitos foram catastróficos. Como crianças, muitas vezes “o outro” não quer fazer tudo o que tem vontade. De fato, quer apenas testar os limites. Se não encontram os tais, perdem o respeito, que é a base de toda relação sadia.

Talvez você discorde disso, mas lembre-se que primeiramente já fomos filhos, alunos e alguns hoje são pais. As crianças precisam de limites para não se perderem, em todos os sentidos. Suponhamos que hoje você chegue em casa e encontre seu filho ou filha na sala, usando drogas tranquilamente com um bando de “amigos”. Você entraria em casa, falaria “Boa noite filho/a, tudo bem com você? E seus amiguinhos, estão bem? Querem que eu desça até a boca de fumo pra comprar mais drogas para vocês? Ah, se passarem mal me avisem, vou ficar acordado de plantão no quarto (não vou ficar na sala para vocês ficarem mais a vontade) para qualquer eventualidade”.

Isso é amor? Logicamente que não! E o pior é que existem pais bunda-moles o suficiente para agirem assim, em prol da “modernidade”!

NA HORA
deveria ter o confronto. Colocar toda aquela catrevada (expressão muito usada no interior do Paraná para definir gente que não presta) para fora e repreender duramente o filho/a. Impor os limites e deixá-lo ciente que dentro de sua casa NUNCA MAIS comportamento parecido será aceito.

Na hora tal atitude poderá doer para ambas as partes, mas este ato de firmeza inicial salvará a vida de seu filho e sua família.

Temos que ser firmes. O AMOR TEM QUE SER FIRME! Numa relação extraconjugal de um parceiro a mesma coisa: Delimite os espaços com firmeza, não evite o confronto. Como se costuma dizer, “panela suja se lava ainda quente”. Não se aceita a infidelidade de um parceiro mansa e “cordeiristicamente”.

Marque território antes que seja tarde. Não tema “perder” um parceiro. Na verdade, perder neste caso já é algo que está a caminho. Mantenha a auto-estima, mostre que você tem valor e que não aceitará apenas uma “porcentagem” de seu parceiro infiel. Mesmo que seja 99% “seu”, este maldito 1% é o suficiente para afundar toda a relação. Lembrem-se dos votos de fidelidade até que a morte os separem.

Outra coisa: abra a porta da gaiola NA HORA, se necessário. Fale para ele ou ela pegar suas coisas e ir embora. O parceiro infiel precisa sentir que cometeu um grave erro. Na verdade ele está em crise. Não dê tempo à ele para racionalizar a situação e começar a perder mais ainda o senso de certo e errado. Deixe ele/a sem chão!

Digo por experiência própria. Ao aceitar a situação por um tempo, crendo que estava sendo “cristão”, diminuí-me como ser humano, passado a ter menos valor do que realmente tinha, tanto para ela como para mim...

Acham que não há base bíblica para abrir a porta da gaiola?

“E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele. Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz”.1 Corintios 7:13-15

Nenhum tipo de relação deve ser mantido à força. Nem mesmo Deus nos obriga a amá-lo. Ele nos deixa a opção de não O amar. Nós sabemos valorizar esta relação e não o abandonamos por nada. Mas todos quanto apenas nos usam, quer sejam cônjuges, familiares, parentes, amigos, colegas de trabalho, que eles tenham claramente em suas mentes que não estamos à mercê de suas patifarias.

A base para isso continua sendo o AMOR e a PALAVRA. Veja o que disse Jesus ao ser questionado sobre qual era o grande mandamento na lei:

“ Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo COMO A TI MESMO. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. Mateus 22:37-40

Se não nos amarmos, não podemos amar o próximo. E este amor envolve respeito a si próprio, manutenção da dignidade, auto-estima. Isso não está à venda. Hoje vivo plenamente com uma mulher de Deus que me ama e me respeita da mesma forma que eu a ela.

Nota: Tudo o que escrevi acima se baseia nas minhas experiências pessoais, na Palavra de Deus e do excelente livro do Dr. James Dobson, conselheiro matrimonial, chamado “O Amor Tem Que Ser Firme”, Editora Mundo Cristão. Já li este livro duas vezes, estou lendo pela terceira vez e "pena" que o fiz a primeira leitura tarde demais. Aconselho a todos que estiverem passando por momentos de crise em suas relações que leiam este livro, ou indiquem-no para alguma pessoa próxima que o cônjuge esteja sendo infiel. Como o próprio autor diz, DE MANEIRA NENHUMA dê este livro para aquele que estiver praticando infidelidade.

P.S: Acabei de descobrir que aparentemente tenho em mãos uma das últimas edições deste livro em português. Ao pesquisar no site da Mundo Cristão para colocar o link para o livro, vi que o mesmo está fora de circulação. Ao fuçar mais, vi alguns textos que mencionam este livro, mas não avalizando o ministério do Dr. Dobson. Well, como diz a Palavra em 1 Tessalonissenses 5:21, "Examinai tudo. Retende o bem". Pessoalmente creio que os conselhos dados neste livro são excelentes. É fácil para alguns religiosos dar palpite "no jogo dos outros". Estando de fora, têm-se outra visão do que significa passar por um adultério e um divórcio subsequente...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Infância roubada ou vivida? Futuro incerto ou seguro? Rumo ao alvo?


“... não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus”. – Filipenses 3:12-14

Muitas vezes começo a escrever meus textos com a expressão “há momentos”. Acabei de me pegar fazendo isso novamente. Por isso, peguei este estúpido atalho para não dizer que há momentos em nossas vidas que temos que sacudir a poeira e dar a volta por cima. Isso muitas vezes é desagradável, pois levamos tantos solavancos na longa estrada da vida que há momentos (catzo!) que desanimamos e ficamos tentados a nos prostrar, esperando que nossos pais venham nos acudir após uma queda.

Mas não é isso que acontece. Como "adultos", constantemente temos que recolher os destroços de nossas vidas para vermos se é possível recomeçar a nossa caminhada. Como bem diz o André, “isso dói, isso fere, isso machuca”. Cansa mesmo. É muito difícil ser gente grande. É muito desgastante sermos responsáveis por nossos atos. Andamos na corda bamba dia e noite, sem termos a visão de onde ela acabará. Dá vontade de parar de andar, mas se pararmos perderemos o equilíbrio e cairemos.

Cara, isso cansa pra caramba! E o pior é que não dá para olhar para trás. Se assim o fizermos, possivelmente nos transformaremos em estátuas de sal, como aconteceu com a mulher de Ló. Mas e esta falta de algo que aparentemente ficou lá atrás? O que fazer? Nem bem sabemos do que se trata! Não é nada específico. Não são os brinquedos da infância, não são os momentos livres que podíamos fazer nada depois da lição de casa... O que será que sinto falta nesse momento?

Será que é a saudade de ver todos reunidos um sábado a tarde qualquer, vendo Os Waltons (se você se lembra do “boa noite, pai, boa noite mãe, boa noite John Boy, boa noite Mary Ellen”, tu é velho pra caramba!!!!), esperando os cachorros quentes na sala? Mas agora não tem mais como! Mamãe se foi ano passado. Cada filho foi para um lado diferente...

Putz, qual a razão deu estar tão melancólico? Estou cansado de ser gente grande? Deve ser, tem hora que cansa. Hoje me peguei buscando um monte de músicas do Michael Jackson, da época do Jackson Five. ABC, One Day in Your Live, Ben, Got to be There… bons tempos. Eu era criança, não a tanto tempo como o Michael "era criança sem ser", muito menos explorado pelo pai como ele foi. Lembrei-me disso pelo um ano sem ele. Bombardeado por todos os canais de televisão durante o fim de semana, passei a entender um pouco mais da “síndrome de Peter Pan” do Michael.

Meu, ele foi absolutamente roubado de sua infância! Se tornou uma máquina de dinheiro para o “pai”, inescrupuloso, explorador... Tão pedófilo quando os pedófilos, só que ele abusou foi dos sonhos de 5 crianças que se viram vivendo no mundo de gente grande desde que sairam das fraldas! Como não entender seus sonhos da “Neverland”, a Terra do Nunca, seu paraíso cheio de brinquedos de criança para tentar amenizar a dor de sua “misplaced childhood”? (nome do terceiro disco do Marillion, simplesmente maravilhoso...)

Acham que é fácil lidar com tudo isso? Veja bem, não estou nem de longe defendendo os supostos casos de pedofilia do Michael, o assunto surgiu do nada em minha mente. Apenas lembrei. Lembrei pois estou falando de como é difícil esquecer das coisas que para trás ficaram, quando na verdade nada aconteceu para trás da maneira correta, no curso normal do que deve ser uma infância bem vivida.

Michael não deve ter assistido “Os Waltons” com seu pai. Não soltou pipa, não jogou basquete na infância. Mais uma vez, “isso dói, isso fere, isso machuca” (adoro isso). Imagine então como é difícil olhar fixamente para “o alvo” se você não O conheceu! O Alvo, O Alvo, nosso objetivo maior, coincidentemente alvo como a neve. Para nós que O conhecemos temos momentos que os joelhos estão fracos e nos falta força para continuar! Cara, é complicado.

Glorifiquemos a Deus por não estarmos vivendo nossas vidas sem O Referencial maior que é Cristo Jesus. Somos privilegiados por termos sido um dia alcançados pela Graça.

Estamos na estrada, caminhando...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Filho da Dona Maria e o Banho de Chafariz



Era uma vez um cara que se chamava João. Muita gente achava que ele era um mendigo mas não era não. O João é o filho da dona Izabel, aquela que mora lá no Jardim Ângela. É que ele curtia andar todo esfarrapado e comer churrasco grego com suco grátis lá no Centro. Por isso a fama...

Como era verão, João gostava de ficar lá pela Praça da Sé, gritando feito louco de dentro do chafariz, dizendo que todo mundo estava errado, e que tinham que se arrepender e mudar de vida.

Alguns paravam para ouvi-lo, outros não. Com o calorzão que tava fazendo e as palavras de João esquentavam as orelhas de seus ouvintes, os que paravam para ouvi-lo acabavam ficando tanto tempo lá que decidiam tomar um banho com ele. E João gostava muito de mergulhar com o pessoal no chafariz, ficava o dia inteiro lá exatamente para isso.

Um grupo de pastores neo-pentecostais estavam passando por lá e pararam para ouvir aquele louco falando. Como começaram a sentir muito calor, também ficaram com vontade de dar um mergulho com João, mas este disse:

“Vaza daqui suas cobras! Estão com calor? Vão tomar banho de água benta do Rio Jordão que vocês vendem nas suas igrejas, aqui é só para quem realmente não tem opção! Se apruma, toma linha e parem de se achar filhinhos do ‘apóstolo’! O Pai (sempre que eu falo isso me lembro do Hinri Cristo, risos...) tá de saco cheio de vocês"!

Apontando para o Marco Zero João disse: “é mais fácil Ele transformar aquela pedra ali em um filho do que vocês, seus vendilhões! Deus está a ponto de passar o machado em vocês, pois seus frutos são podres!"

João tava virado num Jirai e continuou sentando a ripa: "Eu tô aqui na boa dando banho no povão, que realmente sabe que está sujo e querem se livrar da catinga, mas vem um aí que vai passar todo mundo pelo fogo! Este é o cara, e eu não mereço nem tocar em suas Havaianas! Ele virá e trará um monte de garis com Ele, daqueles mesmos que o Boris Casoy ridicularizou na TV, vão varrer toda a Praça da Sé e recolher o lixo. Se o conheço bem, vai levar todos vocês e tacar fogo em suas próprias fogueiras santas, seus hipócritas"!

Só foi João falar isso e pá! Do nada, o filho da dona Maria chegou. Veio de busão, lá do Capão Redondo e estava suadão. Ouviu-o por um tempo e pediu ao João para dar um mergulho, mas João respondeu: “Mano! Eu é que tenho que ser lavado por você e você vem até mim?” O filho da dona Maria respondeu: “Cara, deixa quieto, vamos fazer deste jeito mesmo, aí eu não queimo tua fita”. João, constrangido, concordou e fez como Ele havia pedido.

João mergulhou o filho da dona Maria no chafariz e o tirou de dentro dágua. Na mesma hora, um pombo veio voando na direção dEle. Todo mundo pensou: "Xiiii, o cara é zicado, acabou de tomar banho e o pombo vai fazer titica na cabeça dele"... Nisso, aconteceu um barato louco: Os céus se abriram e uma voz disse:

"ESTE É O CARA, SE LIGA NO QUE ELE FALA!"

Mano, todo mundo ouviu e ficou arrepiado. Este filho da dona Maria dever ser assim com o cara lá de cima, pensaram eles...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Dores de parto. Uma nova fase!


Atravessamos momentos em nossas vidas onde tudo parece fora de controle. Sentimos dores no peito, sofrimento por termos perdido as rédeas das situações, que mudam a cada instante, como dunas de areia durante uma tempestade no deserto. Corremos atrás de algo que vemos à nossa frente mas, ao chegarmos onde supostamente havia um oásis, descobrimos que é mais um local deserto, onde sentimos nossas forças se esvaírem.

Desfalecendo, tentamos desesperadamente encontrar um lugar de descanso, sem portanto obter êxito. Sentimos todo o peso do mundo em nossas costas. Olhamo-nos no espelho e não conseguimos nos reconhecer. Marcado em nosso peito, a letra escarlate rouba a cena, fazendo com que todos que nos olham tenham aversão a nós.

A solidão invade a cena. Deserto de um lado, deserto do outro. Deserto este totalmente pessoal. Se trata de um estado de espírito, não geográfico. Na verdade, você está cercado de muita gente, mas todos aqueles que antes sorriam para você estão zombando e escarnecendo de ti. Você ao meio, sem água, sem proteção, exposto ao sol causticante, que rouba suas últimas energias.

Fazer o quê? Há dias vagando sem encontrar lugar de repouso! Tentamos entender o que fez aquela situação tomar aquela proporção. Não faz sentido. Nada faz sentido. Isso aumenta o sofrimento, pois se ao menos pudéssemos entender o que fizemos para atravessar este vale sombrio, poderíamos aceitar os fatos mansamente. Saberíamos que aquilo era “punição” por nossos maus atos.

Olhamo-nos de novo no espelho. Vemos nossa aparência e notamos que estamos atravessando uma fase onde realmente criamos repulsa aos que nos olham como bizarro espetáculo. Mais zombaria. Mais escárnio.

Enfim, fazemos o que deveríamos ter feito desde o início: Prostramo-nos, rosto ao chão. Choramos lágrimas silenciosas, pois nossa alma está seca, estamos agonizantes. Pedimos misericórdia a Deus. De repente, um silêncio invade a cena. Todos param, assustados. Menos você. Você que, enfim, reconhece uma voz muito familiar. É Ele. Ele surgindo por entre os montes, montado em seu cavalo branco. Sua doce e poderosa voz entra em seus ouvidos e começa o processo de restauração.

As dores que estavam nos consumindo começam a abrandar. Levantamos a cabeça, a muito tempo prostrada. Ele se aproxima de você, em toda a sua Glória. Você se prostra perante seu Senhor. Ele não fala nada. Apenas aponta para uma direção totalmente nova em nossas vidas.

Passamos então a entender todo aquele sofrimento. Estávamos acomodados em uma situação que não era mais da vontade d’Ele. Nossa missão estava no fim. Novos campos a serem trabalhados. Uma nova seara, pedindo novos ceifeiros. Entendemos então que toda dor, sofrimento e humilhação fazia parte do processo. O desconforto era a mão do Senhor permitindo que fossemos tocados, visando nosso próximo passo.

Tomamos coragem. Abrimos a porta e saímos do pesadelo. Ares de renovo invadem nosso peito. Um novo recomeço, pois não tinha sido a primeira vez que havíamos vivido situação parecida. Mais uma vez recomeçar. Reescrever uma nova história. Novos desafios. Nova vida.

Soltamos o cabo da nau, tomamos o remo na mãos e começamos uma nova viagem. O que nos espera? Nada que não esteja sob controle de Deus. Ele está no barco e certamente não iremos afundar.

"Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios.

Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.

Este receberá do Senhor uma bênção, e a justiça do Deus da sua salvação. Tal é a geração daqueles que o buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó.

Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha.

Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos exércitos; ele é o Rei da Glória!"
- Salmo 24

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Semeadura e colheita - o óbvio...


“Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. – Gálatas 6:7

Não precisamos ser agricultores, filósofos, psicólogos ou teólogos para discorrermos sobre este assunto. Planto limão, colho limão. Planto cenoura, colho cenoura, planto injustiça, colho injustiça, planto tristeza, colho tristeza, planto destruição, colho destruição. Por outro lado, se planto amor, colherei amor, se planto perdão, colherei perdão. Nenhuma novidade nisso...

Não haverá nada que tenha sido plantado por nós que dará frutos diferentes do que semeamos. Por mais que queiramos, oremos, façamos mil e uma acrobacias, o pezinho de sei-lá-o-quê que plantamos dará seu fruto no seu tempo. E estes frutos falam muito sobre nós. Como disse Jesus:

“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”. – Mateus 7:16-20

Quando agimos, colocamos engrenagens em movimento as quais não temos como controlar seus movimentos. Algo como o vazamento de petróleo que está acontecendo no Golfo do México. Especula-se que a British Petroleum quis economizar (não usaram Tigre nem Amanco, rsrs) e deu esta caca homérica. Nada está adiantando o uso de robôs, drenos e dispersantes para amenizar o desastre. Quase um milhão de litros de óleo se espalha no mar por dia nos EUA.

“O que semear a perversidade segará males; e a vara da sua indignação falhará”. – Provérbios 22:8

Queremos um futuro melhor para nós? Vamos plantar bons frutos. Vamos vencer nossos orgulhos feridos, nossas mágoas contra pessoas que mal são capazes de discernir a mão direita da mão esquerda, como disse o Senhor a Jonas a respeito de Nínive.

“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito; porque não sabes que mal haverá sobre a terra”. – Eclesiastes 11:1-2

Como diria o “profeta” da “geração Coca-Cola”, o grande Renato Russo:


(se não me engano eu estava neste show...)


Pais E Filhos

Estátuas e cofres
E paredes pintadas
Ninguém sabe
O que aconteceu...

Ela se jogou da janela
Do quinto andar
Nada é fácil de entender...

Dorme agora
Uuummhum!
É só o vento
Lá fora...

Quero colo!
Vou fugir de casa
Posso dormir aqui
Com vocês

Estou com medo
Tive um pesadelo
Só vou voltar
Depois das três...

Meu filho vai ter
Nome de santo
Uummhum!
Quero o nome mais bonito...

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há...


Me diz, por quê que o céu é azul
Explica a grande fúria do mundo
São meus filhos
Que tomam conta de mim...

Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua
Não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar...

Já morei em tanta casa
Que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais
Huhuhuhu!...ouh! ouh!...

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há...


Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais
Não entendem
Mas você não entende seus pais...

Você culpa seus pais por tudo
Isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Com um beijo trais teu amigo?


“E estando ele ainda a falar, eis que surgiu uma multidão; e aquele que se chamava Judas, um dos doze, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar. Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?”Lucas 22:47-48

Creio que todo mundo tem ou já teve ao menos um Judas em sua vida. Um vizinho, um colega de trabalho, um conhecido não importa de onde. Aquele tipo de pessoa que você é obrigado a conviver diariamente, que olha nos seus olhos, te fala bom dia, brinca, faz gracejos, simula uma amizade, beija teu rosto sem ao menos mover um músculo de sua face enquanto trai você sempre que tem uma oportunidade.

O pior de tudo é que algumas das vezes estas pessoas nos são queridas. Mesmo sabendo que são falsas, insistimos em conviver com elas. Tratamo-las cordialmente, fazemos favores, ajudamo-las em suas necessidades. E isso dói.

Dói por termos dentro de nós um amor inexplicável. Um amor incondicional, que parece nos conduzir ao matadouro, mesmo sabendo do triste fim que nos espera.

Neste exato momento sinto dentro de mim a vontade de esticar o braço esquerdo e pegar no pescoço de uma pessoa assim. Está ao meu alcance. Ontem destilou todo seu veneno contra mim. Por acaso fiquei sabendo... Quero enchê-lo de porrada e depois perguntar aos prantos (pois doerá mais em mim do que nele) por que razão ele me odeia tanto.

Sempre o tratei muito bem. Sempre ajudei-o em suas necessidades. Hoje ele ocupa uma posição que ele não tem cacife para se manter. Sou eu que o ajuda até para escrever emails em português e inglês. Fez seu nome na empresa às minhas custas. Nunca me importei. Passei apenas a tomar mais cuidado com ele após chegar aos meus ouvidos suas trairagens.

Mas não o suficiente. Vez por outra ingenuamente volto a crer que ele mudou. Mas sempre chega aos meus ouvidos mais uma tentativa dele de me prejudicar. Não sou importante. Não sou bem sucedido. Muito menos rico ou bonito. Mas sou feliz com o que tenho e - principalmente - com quem eu sou. E isso o incomoda profundamente.

Neste momento, está ao meu lado em silêncio total, esperando colher os frutos de sua ingratidão de ontem. Crê ele que as 30 moedas de prata que possivelmente irá receber pagarão pelo sangue derramado e lhe trará algum benefício. Ledo engano. Normalmente os "Judas" não conseguem conviver com sua natureza podre.

Quanto a mim, não aprendo. Continuo crendo na raça humana, mesmo contra as evidências.

Espero que um dia ele olhe para trás e se arrependa. Vai ser bom para ele, para sua alma, sua eternidade...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Times fortes, seleções fracas...


Uma vez o Ricardo Gondim pregou uma mensagem sobre a idéia de que muitas vezes nossas maiores virtudes podem se tornar a origem de nossos maiores fracassos. Foi uma mensagem super interessante, onde ele deu como exemplos desta afirmação que o excesso de sinceridade pode nos tornar pessoas grossas, nossa devoção pode descambar em fanatismo, nossa inteligência pode nos tornar orgulhosos e esnobes e por ai vai...

Lembrei-me disso por causa do que tenho visto na Copa do Mundo 2010. Na verdade tenho uma teoria sobre o que tenho visto que não é de hoje. Há anos penso sobre isso, mas ela se fortalece quando vejo 32 Seleções disputando um Mundial.

Note que as nações mais ricas como Itália, Espanha, Inglaterra e França, onde os torneios regionais são poderosíssimos, com times milionários, acabam por contratar jogadores brasileiros, argentinos, paraguaios, uruguaios e africanos, transformando seus times em máquinas imbatíveis. Real Madrid e Barcelona na Espanha, Manchester United e Chelsea na Inglaterra, Internazionale de Milão, Milan, Roma, Parma, Genova, Lazio na Itália, Lyon, Olympique de Marselha, Nance, Paris Saint Germain na França são apenas alguns exemplos de times praticamente imbatíveis no continente Europeu.

SÓ QUE isso é uma faca de dois “legumes”, como dizem por aí: Alimentando-se de jogadores estrangeiros, acabam por fazer com que estes jogadores adquiram experiência internacional, tornando-os aptos para qualquer tipo de competição mundial. Afinal de contas, além de atuarem com colegas de várias nações em seus times, também entram em campo contra os jogadores mais valorizados e habilidosos do mundo. Como bem disse Daniel Alves da seleção Brasileira, “o Barcelona (time onde joga na Espanha) é mais forte que a Seleção Argentina”, devido à constelação de estrelas (redundante?) que atuam por lá.

Conseqüentemente, adquirem know-how, bagagem, quilometragem para fortalecerem suas seleções nacionais. POR OUTRO LADO, os jovens talentos da Itália, França, Espanha e Inglaterra acabam por não ter o devido espaço em seus times. Com tanto dinheiro, preferem contratar os estrangeiros por cifras astronômicas, inconscientemente enfraquecendo suas seleções nacionais.

Este é o mal do poder econômico. Crendo que podem tudo, enfraquecem seus alicerces. Não são obrigados a trabalhar com afinco nas categorias de base. Não “cozinham em casa”, saem para comer fora todo dia... O resultado disso está sendo visto nas campanhas medíocres dos gigantes europeus nesta Copa da África. A Seleção da França está praticamente fora da Copa, Itália ontem empatou com a "toda poderosa" Nova Zelândia, Inglaterra e Espanha também não fizeram nada melhor que isso, decepcionando seus frustrados torcedores.

Bom para nós, para os paraguaios, uruguaios e chilenos. Bom também para os argentinos (blergh!). Os "pobres" agradecem a riqueza dos ricos, pelo menos neste caso...

Puxa-saco de Deus!


Ontem a noite estava falando sobre tudo o que tem acontecido em minha vida e ao meu redor: As tribulações, as dores, as decepções, as frustrações, as orações não respondidas, as curas não recebidas, as portas na cara, as traições dos ‘amigos’... Tanta coisa ao mesmo tempo, me jogando para um lado e para outro, como se estivesse nadando dentro de um liquidificador gigante, lutando desesperadamente para não afundar e ser triturado pelas lâminas.

Pude ver que tinha vários motivos para seguir o conselho da mulher de Jó, no capítulo 2, verso 9: “Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua integridade? Blasfema de Deus, e morre!”

Quando este texto veio à minha mente, meus olhos se encheram de lágrimas. Um aperto em meu peito, uma sensação de vazio. Ficar longe do meu Pai? Não tem como! Não sirvo a Deus pelo o que Ele faz ou deixa de fazer por mim, e sim por quem Ele É.

O Deus de Abraão, Isaac e Jacó. O grande EU SOU, que se apresentou assim a Moisés. Ele tem cuidado de mim. Por mais que as circunstâncias digam não, eu vejo sua mão poderosa sobre mim. Foi uma experiência maravilhosa esta de tentar pensar na possibilidade de viver longe de Deus e sentir que estou algemado a Ele eternamente. Tenta correr de Deus! Se você conseguir cuidado! Há alguma coisa errada em tua relação com Ele...

Lá estava eu: Uma taça de vinho na mão, sentado no sofá, olhando para o nada e chorando silenciosamente. Deus ali comigo, eu dentro dEle, Ele dentro de mim (Deixa eu tomar cuidado com as palavras, senão vão me chamar de herege. Quem estava dentro de quem não sei explicar...)

Este caboclo aqui está perdidamente apaixonado pelo Deus Eterno. E o Deus EU SOU não deixa que ele vá para longe dEle, pois também o ama! Isso é loucura para os que não sabem o que é isso. Senti o que Pedro deve ter sentido quando, em João 6: 68, ele disse a Jesus: "Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna!"

Fiquei pensando nas pessoas que não amam este Deus. Não entra em minha cabeça imaginar uma pessoa conhecer o Deus da Bíblia e não amá-lo. Deu vontade de fazer uma placa daquelas de ‘homem sanduíche’ com os dizeres ‘AME A DEUS ACIMA DE TUDO! e sair pelas ruas, feito louco. Sinto-me um puxa-saco de Deus. Quero amá-lo cada vez mais. Não existe ‘droga’ mais poderosa do que a que utilizei ontem a noite, nesta experiência louca que tive com Deus.

Não sei se isso está fazendo sentido para vocês, mas quero muito que todos experimentem esta... esta.... não dá, não tem como definir isso...

A carta de Paulo aos Romanos, capítulo 8, fez sentido para mim como nunca havia feito antes:

“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.

Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado, para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.

Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus.

Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.

Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne; porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (era isso que eu estava sentindo!!!!!!!!!!); e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.

Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada. (fala Deus!!!!!!!!) Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus. Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.

Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos. Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos.

E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (!!!!!!!!!!!) Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou.

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica;

Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós; quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.

Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”


Falar mais o quê?? Foi isso!!! Quer um pouco???

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Não temos sobre o que falar? Então vamos falar mal de alguém!


"Certa vez li uma frase em inglês que – traduzida – diz: “Pessoas inteligentes falam sobre idéias. Pessoas comuns falam sobre coisas. Pessoas medíocres falam sobre pessoas”.

Esta frase - como se costuma dizer – "deveria estar na Bíblia", mas, infelizmente, não está.

Lembrei-me dela ao ler o excelente texto da Regina (nada de novo, sempre são bons), “O Rei Está Nú”, inspirado por sua revolta ao ver um cardume de piranhas devorando vorazmente um homem através de seus comentários em um texto que tinha como alvo tentar expô-lo ao ridículo, movidas e interessadas apenas pelo grotesco show de horrores gospel e para conseguir divulgação de seus medíocres blogs.

Creio que crêem que, ao fazer isso, seus "pecadinhos" ocultos serão relevados pelo seu deus, pois existem critãos que cometem "pecadões".

Esquecem do conselho de Paulo aos Romanos: "Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e nào agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo, visando o que é bom para edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus" (Rm 15:1-5)

Deixou-se de lado a crítica ao pecado e passou-se a priorizar a destruição de um irmão em Cristo. Destruição moral, intelectual, espiritual. Parece que precisam oferecer sacrifícios humanos ao seu deus pagão. Esqueceu-se de seguir a seqüência ensinada por Jesus no Evangelho de Mateus 18:15-17

“Ora, se teu irmão pecar, vai, e REPREENDE-O ENTRE TI E ELE SÓ; se te ouvir, terás ganho teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada. Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano”.

Perda de tempo! E perda de uma oportunidade de se tornar “famoso”, nem que seja às custas da difamação e humilhação de um irmão. Pra quê perder a oportunidade de lançar aos leões um tão vil pecador? Assim como disseram Tiago e João em Lucas 9:54, pedem cinicamente autorização ao Mestre para fazer descer fogo dos céus e consumir seus desafetos.

Vi uma frase no curso de inglês que define muito bem esta situação: “Good news are not news. Bad news are news!” Não dá Ibope falar bem das pessoas se você visa reconhecimento rápido. Boas notícias não são notícias. As más notícias é que são notícias!

Para que denunciar a prática do pecado ao invés de amar o irmão pecador? Vão sempre denunciar o pecador e torcer para que muitos mais continuem praticando o pecado pois, desta forma, terão sempre o que falar! Senão a fonte seca, pois seus corações são podres, habita dentro desses verdadeiros abutres comedores de carniça.

Fazem como aquele apresentador amazonense que recentemente encomendava as mortes para poder dar a notícia em seu programa. Isso é doentio. Isso é abominação!

Cansei de freqüentar blogs que o prato do dia é cabeça de pastor à parmegiana. Peguei nojo depois de ter visto um post elogiando uma atitude específica de um líder que era alvo freqüente de ataques (não que suas práticas não merecessem...) mas, logo em seguida, talvez visando se redimir com seu público, retirou a postagem, evitando assim ser incoerente com seus freqüentes ataques a este líder.

Entendem o que quero dizer? Este é o mal em falar mal das pessoas e não de suas práticas. Denunciar o pecado? Ótimo! Destruir o pecador, esmagar a cana que fumega? Esquecem-se estes que o mundo dá voltas. Ignoram os conselhos de Paulo em 1Co 10:12 que diz "Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide para que não caia"...

Isso é deplorável.

O Reino de Deus deve sentir vergonha com este comportamento. Eu, pessoalmente, quero vomitar.

Já o Diabo, este agradece...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Calar ou não calar?


“Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos. Tendo Paulo e Barnabé contenda e não pequena discussão com eles, os irmãos resolveram que Paulo e Barnabé e mais alguns dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, por causa desta questão. Eles, pois, sendo acompanhados pela igreja por um trecho do caminho, passavam pela Fenícia e por Samária, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos. E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles. Mas alguns da seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se dizendo que era necessário circuncidá-los e mandar-lhes observar a lei de Moisés. Congregaram-se pois os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande discussão, levantou-se Pedro e disse-lhes: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem. E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós; e não fez distinção alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles também”. – Atos 15:1-11

Muitas vezes me questionava se discutir opiniões sobre pontos de nossa fé eram saudáveis. Ficava muitas vezes com peso na consciência por ter várias vezes “ganho a batalha” no campo das idéias, ao expor minha liberdade em Cristo e opondo-me radicalmente aos usos e costumes humanos.

Houve tempo também que optei em fugir das discussões. Não foram poucas as vezes que passei por irmãos em Cristo e não me manifestei como cristão, apenas para não chocar os mais tradicionais, os mais legalistas. Lembro-me de passar em portas de igrejas extremamente legalistas nos finais de culto e ver os irmãos saindo, louvando, conversando sobre o culto, a mensagem, o Cristo e preferi me calar, mesmo doido para me revelar como irmão.

Ficava neste dilema. Pensava nas palavras de Paulo em Romanos 14 que diziam que éramos para acolher os que eram débeis na fé, mas não para discutir opiniões. Por outro lado, não conseguia ver pessoas que estavam carregando um julgo maior do que suas capacidades de carregá-lo. Não o julgo de Jesus que – como Ele mesmo disse – é leve, mas o julgo das doutrinas esdrúxulas e contraditórias à liberdade que há em Cristo Jesus.

Entendeu como ficava minha cabeça né? Discutir, expor, ou calar-se, acomodar? Já oscilei entre estes dois extremos. Só que, entre os dois lados, o que mais me fazia sofrer era o da omissão. Nunca consegui me calar perante usos e abusos (acabei de inventar...) da religiosidade humana sem me indignar. Sempre me doeu ver pessoas sinceramente devotas de crenças que só faziam-nas relacionar-se com Deus por medo das conseqüências (exclusão, inferno, etc).

Até hoje conheço pessoas assim. Pessoas que evitam pessoas e preferem ser sal dentro do saleiro para não comprometerem sua “pureza”. Andam apenas com pessoas “crentes”, falam como crentes, vestem-se como crentes e torcem o nariz para os “mundanos” como eu. Recentemente ouvi da boca de uma pessoa dessas que via a liberdade que nós tínhamos em nossas descontraídas reuniões entre amigos (cristãos), mas que não se sentia à vontade para "comungar" conosco.

Me senti “o desviado”. Ao mesmo tempo quis dar uma surra de Bíblia nela, pois o testemunho de vida e de relacionamento com Cristo que ela (ela = a pessoa, antes que pensem que menciono o sexo) dava era egoísta, “segregacional” digamos assim. Fazia o papel que nem mesmo Jesus fazia, tanto que Ele era contado como amigo de publicanos e pecadores (Lucas 7:34).

Então pergunto: Devemos ou não nos posicionar quanto ao assunto? Minha resposta é a mesma dada por Pedro no texto acima. Devemos SIM, opor-nos ao legalismo e à religiosidade, pois “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. (João 4:24). Não devemos fugir do debate, devemos estar preparados para apresentar a razão de nossa fé, como diz Pedro em sua primeira epístola:

“Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atento à sua súplica; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. Ora, quem é o que vos fará mal, se fordes zelosos do bem? Mas também, se padecerdes por amor da justiça, bem-aventurados sereis; e não temais as suas ameaças, nem vos turbeis; antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós; tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, fiquem confundidos os que vituperam o vosso bom procedimento em Cristo".

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O banquete escandaloso


“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas, sabendo Jesus em si mesmo que murmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: Isto vos escandaliza? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido. Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós já temos crido e bem sabemos que tu és o Santo de Deus.João 6:51-69

Tento imaginar o que se passava na cabeça de Jesus quando proferiu estas duras palavras. Pessoalmente creio que Ele deveria estar meio sem paciência em ver que boa parte daquela multidão o seguia visando algum benefício próprio e não em estabelecer uma relação íntima com Ele.

E Ele dispara o convide escandaloso: Comam da minha carne, bebam do meu sangue! Aquilo chocou profundamente os presentes. Canibalismo? Loucura? Pior.... era muito mais do que o visível. Jesus convidava todos a Tê-lo dentro de si. Ele queria uma íntima comunhão, um mergulho no âmago do ser deles e eles no Dele.

As palavras de Jesus nunca foram fáceis de serem ouvidas sem gerar amor ou repulsa por Ele. Mesmo no aclamado e floreado Sermão do Monte, Jesus não queria menos que tudo daqueles que o ouviam. Mas todos (ou boa parte deles) eram tão duros de coração e entendimento que avaliavam suas palavras com superficialidade. Estavam lá pelo show, pelo espetáculo, pelos pães e pelos peixes. Queriam apenas ver os milagres que aquele Homem fazia, mas não para dar testemunho de quem Ele era. Visavam seus próprios interesse, ou - quando muito - apenas ter assunto na rodinha dos amigos ou entre os familiares.

Li há muitos anos atrás um livro chamado “Mais que um Carpinteiro”, o qual definia Jesus, sua obra e seu ministério de maneira contundente. Um homem que se auto-proclamava Um com Deus. Não havia meias palavras no discurso do Mestre. Ou você tomava sua cruz com Ele ou poderia odiá-lo. Ignorá-lo era impossível. Poderia também considerá-lo um louco, um fanático. Mas suas obras acompanhavam suas palavras. Ele era o que Ele dizia ser. Ele era o “Eu Sou” de Deus revelando-se a Moisés. Todos os onze que andaram com Ele foram testemunhas de quem Ele era, de sua morte, de sua ressurreição, a ponto de terem aceito morrer por este Homem (e me respondam: Quem daria sua vida por uma farsa? Quem morreria de morte violenta defendendo a mensagem de um Homem que disse ser algo que não era? Quem anunciaria a ressurreição de um Homem e sua ascensão ao Céu se não tivessem sido testemunhas oculares do fato?).

Este Homem havia providenciado um banquete de carne e sangue para todos aqueles que o seguia, séria ou frivolamente. Como costumo dizer, Jesus havia “sacudido a peneira” para separar o grão da palha e das impurezas. Havia sacudido as pulgas que apenas o atormentava com suas bajulações, palavras vãs.

Jesus era "cara dura". Ao ser perguntado sobre o caminho não apontou para lá ou para cá. Apontou para si próprio como sendo o Caminho. O Evangelho que eu creio é duro. É um caminho estreito, mas não por manipulações humanas. Não por imposições, regras, usos, costumes, procedimentos. É duro pois você se vê nú perante Aquele que tudo vê. É estreito pois não há espaço para cambalear entre duas opções. Não obriga nenhum daqueles que optam em segui-lo a fazê-lo em troca de alguma benesse. Ao optar em segui-lo, você se coloca na lente do microscópio e se auto-disseca dia-a-dia. Se vê como realmente é. Sofre por isso, agoniza por isso, clama para se desvencilhar de seu corpo de morte, vendido ao pecado.

Ao mesmo tempo, vê-se redimido pelo ato maior do Criador, que não titubeou ao enviar seu Filho, o Pão Vivo em corpo de carne, para viver uma vida sem pecados em prol da humanidade perdida. Acha-se indigno de tão grande ato de amor. Mas não recusa comer do corpo Dele, não recusa beber Seu Sangue. Torna-se um com Ele. Enxerta-se na Videira Verdadeira e passa a ter vida plena, vida abundante.

Não consegue recusar o convite escandaloso, pois somente Ele tem as palavras de vida eterna.

sábado, 12 de junho de 2010

O mergulho...



Desde minha conversão vi e vivi muitas experiências sobrenaturais intercaladas com fatos normais do dia a dia. Manifestações demoníacas verdadeiras, palavras proféticas, orações por cura, salvação e libertação respondidas. Caminhava no início neste sobrenatural maravilhoso ao mesmo tempo que tinha que limpar a casa, fazer comida e trabalhar.

Irmãos em Cristo várias vezes questionavam o fato de não terem passado por estas experiências. Na verdade não buscava por elas, elas vinham até mim. Paralelamente ao lado sobrenatural, sempre gostei de ler e, além da Bíblia, li muitos autores cristãos. Não deixei de ler o que se considera literatura secular, pois não acredito neste dicotomismo do preto x branco, céu x inferno, luz x trevas. Tem muita coisa considerada secular que é boa, e não necessariamente do inimigo.

Os livros que li se dissolveram dentro de mim. Dificilmente pego um deles pela segunda vez lembrando de seu conteúdo. Parece que eles se tornam parte de você. Cada um preenche um espaço, como se fossem tijolos de uma parede sendo construída.

Leitura, oração, comunhão, meditação. Lembro-me de que certo sábado eu estava sozinho em casa e resolvi ler o livro de Hebreus. Foi uma experiência maravilhosa e que nunca mais aconteceu. Cada linha que lia o Espírito Santo ia me dando o entendimento do papel de Jesus como sacrifício perfeito, sumo sacerdote perfeito oferecendo o sacrifício. Nunca mais aconteceu como daquela vez.

Acho isso maravilhoso no cristianismo. Dinâmico certas vezes, aparentemente entediante em outras, mas sempre edificante. Tijolinhos colocados na parede e construindo meu caráter. Este mix do sobrenatural, que te faz caminhar por sobre as águas e da dureza da letra e da roda viva em outras vezes acabou formando o que sou.

Passei a entender que Deus não queria que eu me tornasse um religioso fanático. Faço coisas que muitos irmãos duvidam. Já senti a presença de Deus em shows de rock de bandas seculares, preguei para pessoas tomando cerveja (e estas se converteram) ou em churrascos, fiz reuniões informais com meus amigos mais íntimos, comendo pizza e tomando vinho e que se tornaram momentos maravilhosos de comunhão com Deus.

É um caminho fascinante. Não se repete, não deixa de ser vivo, mesmo perante muitos silêncios de Deus. Acho isso incrível. Deus não quer nos transformar em retardados que não são capazes de dar um passo sem a direção dEle. A bagagem que ele nos dá permite sermos seres humanos independentes de “horóscopo gospel”, caixinhas de promessas e profetadas. Ele valoriza a capacidade dada por Ele de sermos seres humanos plenos.

Este equilíbrio entre o divino e o humano no dia a dia nos torna pessoas capazes de discernir os tempos, avaliar as situações e agir da maneira apropriada nas mais diversas situações. Creio que Deus gosta disso. Eu não gostaria de ter filhos que fossem totalmente dependentes de mim no sentido prático da coisa. Quero ver meus filhos sabendo andar com suas próprias pernas. A dependência de Deus não nos torna seres infantis emocional e espiritualmente. Ele nos ensina a pescar, nos dá as ferramentas para isso e só interfere no processo (quando interfere) quando é realmente necessário, dizendo para que lado lançar as redes.

Enquanto escrevo isso me vem à mente o texto de Ezequiel 47:1-6

“O homem levou-me de volta à entrada do templo, e vi água saindo de debaixo da soleira do templo e indo para o leste, pois o templo estava voltado para o oriente. A água descia de debaixo do lado sul do templo, ao sul do altar. Ele então me levou para fora, pela porta norte, e conduziu-me pelo lado de fora até a porta externa que dá para o leste, e a água fluía do lado sul. O homem foi para o lado leste com uma linha de medir na mão e, enquanto ia, mediu quinhentos metros e levou-me pela água, que batia no tornozelo. Ele mediu mais quinhentos metros e levou-me pela água, que chegava ao joelho. Mediu mais quinhentos e levou-me pela água, que batia na cintura. Mediu mais quinhentos, mas agora era um rio que eu não conseguia atravessar, porque a água havia aumentado e era tão profunda que só se podia atravessar a nado; era um rio que não se podia atravessar andando.”

Este é o rio que tenho pela frente. Chegou o momento em sua travessia que simplesmente tenho que nadar, pois não tenho mais como continuar andando. É o momento do mergulho no sobrenatural de Deus, mas não o sobrenatural que vivi no início de minha carreira cristã. É o sobrenatural de quem vive o natural entendendo que ele é apenas parte da realidade, que é infinitamente maior.

Isso faz muito sentido para mim, mas é tão pessoal que não encontro palavras para definir. Perdoe-me pela minha incapacidade. Mergulhe também neste rio e talvez você possa definir o que tentei acima de maneira mais coerente.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Paulo, Dostoiévski e a podridão humana


Cara, estou lendo Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski, aproveitando a boa fase de leitura que estou vivendo, pois tenho períodos de ‘entressafra’ os quais não consigo nem triscar em um livro por meses.

Sobre o autor, Dostoiévski consegue penetrar na alma do ser humano de maneira impressionante. Se ele estivesse vivo hoje e fosse escrever os roteiros do seriado americano ‘Criminal Minds’ os episódios seriam assustadoramente sinistros. Nunca li nenhum autor com tamanha capacidade de colocar no papel as dúvidas, questionamentos, dilemas... sei lá, fica difícil explicar...

Quando pego um livro de Dostoiévski me vejo ora em um personagem, ora em outro. Sinto medo. Tenho a impressão que uma jaula está sendo aberta e de lá sairão monstros a muito adormecidos. É uma sensação estranha, não de insegurança, mas de estupefação (ainda não é esta palavra, droga!) em reconhecer que dentro de mim existe uma natureza doentia. Doente na carne, que arrasta aos incautos a cometerem torpezas.

O que nos freia numa situação dessas são os valores tatuados a fogo em nossos corações. Pensando bem, creio que houve sim um escritor com tal capacidade de externar os dilemas humanos: Paulo (calma Ricardo, desta vez não é o "Coelho" e sim o apóstolo...), conforme podemos ver em sua carta aos Romanos:

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico...”Romanos 7:14-19

Você tem coragem de assumir estas dúvidas que dilaceram a razão? Reconhece que dentro de você existe uma pessoa essencialmente má, ao mesmo tempo em que tem sua natureza sendo trabalhada dia após dia, queda após queda, tropeço após tropeço, através da influência do Espírito Santo? É paradoxal, vivemos uma crise dialética entre o que sabemos ser certo versus o que queremos fazer pela velha natureza.

Qual o ser humano que não vive isso? Como você se sente ao olhar no profundo de sua alma e ver que, se deixar sua natureza rolar solta, o barco navegará à deriva, sem leme para controlá-lo, sendo arrastado para penhascos ou abismos profundos e tenebrosos a seu bel prazer?

As duvidas crescem. Continuamos na agonia de Paulo: “...Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros...”versos 20 a 23

Isso me faz pensar em outro ponto: Como um ser humano pode ver dentro de si este animal indomado e não se compadecer do seu próximo que, por fraqueza ou falta de referencial, deixa-se arrastar por seus instintos e comete algum ato condenável? Sofremos as mesmas dores, tememos os mesmos gigantes, caminhamos no mesmo fio da navalha. Por mais que cometam “pecadões” contra nós, também temos cometido nossos “pecadinhos”. Não podemos nos sentir justificados “contra” nossos “agressores”. Na verdade devemos nos apiedar daqueles que nos ofendem e glorificar a Deus por isso. A Graça cobre a nós todos.

Fico com Paulo para terminar (sem porém concluir o assunto): “...Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”. – versos 24 e 25

Somos todos miseráveis. Estamos todos dentro do mesmo barco e ele está fazendo água. Temos como opções pular fora sem se importar com o resto, discutir acaloradamente para descobrir quem fez o buraco inicial enquanto o barco afunda ou deixarmos nossos melindres de lado e juntos buscarmos a salvação de tão grande naufrágio gerado por nossa natureza humana.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ninguém me moleste, porque trago em meu corpo as marcas de Jesus

"Todos os que querem ostentar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma, mas sim o ser uma nova criatura. E a todos quantos andarem conforme esta norma, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. Daqui em diante ninguém me moleste; PORQUE EU TRAGO NO MEU CORPO AS MARCAS DE JESUS"
. - Gálatas 6:12-17

De acordo com o dicionárion Michaellis on line, a palavra molestar tem vários significados:

(lat molestare) vtd 1 Afetar, atacar (falando-se de moléstia): Está a gripe molestando muita gente. vtd 2 Magoar, maltratar: Molestou a colega falando rudemente. vtd 3 Oprimir: "...do vizinho poder que o molestava" (Luís de Camões). vtd 4 Contundir, maltratar, pisar: O salto desajeitado molestou os pés do rapaz. vtd 5 Causar dano ou prejuízo a: O excesso de chuva molestara as plantações. A melindrosa situação política molestou o comércio externo. vtd 6 Inquietar, tirar o sossego a: As dívidas o molestavam. vtd 7 Enfadar, incomodar, importunar: Seus longos discursos molestavam o auditório. vtd e vpr 8 Melindrar(-se), ofender(-se): Essas piadas o molestam. Molestou-o com chacotas. Advertido, não se molestara. Não se molestava com a rispidez do comandante. vtd 9 Causar desgosto ou pena a: Notícias muito tristes o molestavam.

Interessante isso. Quando nos convertemos somos incentivados a desenvolver uma relação pessoal com Jesus Cristo, Aquele que morreu e ressuscitou, tendo derramado seu precioso Sangue na Cruz para nos purificar de todos os nossos pecados. Começamos a trilhar um caminho emocionante, motivados pela chama ardente que queima em nosso peito, por uma necessidade de preencher aquele vazio dentro de nosso peito que antes fora inutilmente abarrotado de banalidades e coisas vãs.

Vamos trilhando e descobrindo o quanto a proposta de Jesus é revolucionária. Começamos a andar na contramão do sistema, fazendo parte de uma revolução ao mesmo tempo silenciosa e escandalosa. Andamos ao lado de um Homem que nos ordenou a comer de sua carne e beber de seu sangue. Acreditamos piamente em cada vírgula, cada ausência, cada silêncio do Mestre, que nos atrai de tal maneira que damos a volta no lago para encontrá-lo novamente.

Cremos tão apaixonada e intensamente neste Homem que seremos capazes de dar nossas vidas por Ele. Cremos firmemente nisso. Agüentamos chacotas, piadinhas, comparações com o lixo televisivo apresentado como Evangelho. Somos contados como farinha do mesmo saco. E lutamos contra isso em defesa da fé.

Ao final de tudo, entretanto, descobrimos que nossos piores críticos são aqueles que teoricamente deveriam estar do nosso lado, por dizerem professar a mesma fé. Mas não professam. Vivem de aparência, repetem cantos espiritualóides, liturgias emboloradas, regras e procedimentos enferrujados. Levantam uma bandeira de um cristo inquisidor, que não dá seu sangue pelo seu rebanho e sim cobra o sangue de seus discípulos em troca de um pacote de regras incoerentes que prometem um lugarzinho num paraíso de 144 mil eleitos.

Nós vivemos o que pregamos! Nós somos crucificados dia após dia junto de nosso Senhor. Sentimos suas dores, sofremos sua agonia no Getsêmani, somos coroados com sua coroa de espinho. Andamos lado a lado com Ele pela via sacra da vida. Não apontamos um caminho, andamos no Caminho. Não pregamos uma religião, vivemos Cristo em nossas vidas.

Para depois ter que agüentar as afrontas de quem trata de Jesus como um garoto propaganda de um produto de marketing qualquer?

Não. To fora. Não aceito ficar quieto enquanto zombam de minhas cicatrizes, cicatrizes essas que me enfeiam para os senhores da lei, para os religiosos, para os que estão em busca do ter, em busca do aparentar, se ostentar e impressionar os pseudo piedosos.

Minhas cicatrizes são troféis de guerra, pois trago em mim as marcas de Cristo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Na boa? Tá na hora de deixar de ser criança!!! – parte 2


“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!” - Mateus 6:22-23

Na boa? Está na hora de deixar de ser criança era apenas mais uma postagem, onde coloquei meu ponto de vista pessoal sobre a reação que algumas pessoas tem no meio Evangélico perante o cinema, recente e especificamente sobre o filme Avatar, que foi demonizado por alguns por suas supostas mensagens subliminares com a doutrina da Nova Era. Isso já tem quase dois meses e nem mais pensava sobre o assunto.

Sábado passado entrei em meu email e notei que tinha um comentário de uma pessoa que não identifiquei quem era. Pensei que fosse em algum texto recente mas, ao clicar no link, caiu no texto acima mencionado. Ao ler o comentário, senti um profundo mal estar, uma sensação de ter sido invadido em minha individualidade, em minha relação com Deus:

Sábado, 05 Junho, 2010

“Fulano disse...

Amigo, nao entendi direito sua posiçao em relaçao ao cristianismo...

Voce le, efetivamente, a Biblia, ou voce soh sabe Alguns versiculos "famosos" e alguns jargoes pra falar sobre o assunto?? Retornarei aqui no blog dentro de alguns dias para ver sua resposta.

Por favor, seja sucinto
!! Defina-se em relaçao a igreja e em relaçao ao cristianismo!!

Obrigado!!

Um abraço,

Fulano”


Minha primeira reação após ler o comentário foi de profunda revolta. Sou cristão a mais de 16 anos (sei que "tempo de igreja" não serve pra nada), li a Bíblia de capa a capa por três vezes, sendo que a última foi em inglês (me sinto ridículo ao falar isso), fora as incontáveis vezes que pesquisei assuntos específicos, li e reli centenas de livros de escritores cristãos, mas – acima de tudo - vivi e vivo intensamente uma relação íntima com Jesus, relação saudável, madura, sem meninices, sem barganhas, sem melindres, totalmente centrada na Pessoa do Senhor.

Pensei: Respondo ou não respondo? Se eu responder, vou fazer exatamente o que ele quis que eu fizesse. Melhor seria ignorar o comentário. Ignorando, eu vou fazer com que ele fique no ostracismo. Mas se eu ignorar, vou alimentar uma postura que eu simplesmente abomino, não só no meio Evangélico, mas nas relações interpessoais em geral: Esta meninice, ou, indo na raiz do problema, esta falta de educação, esta postura arrogante e petulante que faz com que “fulano” se ache o fiel da balança e tenha o direito de inquirir de maneira totalmente desprovida de tato, de equilíbrio, uma pessoa que ele nem conhece.

Mandei sem pensar muito:

Sábado, 05 Junho, 2010

“João Carlos disse...

Prezado Fulano,

Ao ler seu comentário também não entendi sua postura em relação a um irmão em Cristo, conseqüentemente ao cristianismo.

Num primeiro contato normalmente devemos ser um pouco mais atentos ao poder que as palavras mal pensadas podem gerar de impressão, e foi isso o que me fez chegar a tal conclusão.

Não conheço apenas alguns versículos famosos, também não sou teólogo. Apenas sou cristão desde 1993, membro da Igreja Batista.

Não sou neófito na fé e - por isso mesmo - estou cansado da meninice que vejo no meio considerado evangélico.

Quanto a ser sucinto, se me desse vontade de escrever muito mais em meu blog eu o faria.

Perdoe-me pela reação, caso se sinta ofendido, mas sua postura inicial gerou isso.

De mais a mais, não vejo necessidade de provar a ninguém o "nível" de minha relação pessoal com Cristo, pois nem meu pastor pede isso, ele me conhece um pouco, mas - mais importante que isso - Jesus me conhece muito bem, assim como eu a Ele e - mais uma vez, como disse Jesus - "Minhas ovelhas conhecem a minha voz, elas me ouvem e me seguem" (mais um versículo famoso, como diria você, creio que impensadamente).

Cordialmente

João Carlos”


Por um lado, senti-me muito mal em responder. Por outro lado, não quero dar corda a este tipo de postura nem comigo nem com NINGUÉM. Entro em blogs de pessoas que mal conheço e vejo algum comentário ofensivo. Tomo a defesa da parte ofendida, independente de que for, pois não suporto nenhum tipo de injustiça desse tipo.

O “inteligente” que humilha o simples, o “rico” que pisa no pobre, o “forte” que agride o fraco, o “astuto” que ludibria o incauto. Isso me revolta. Como diria o Cristão Confuso, “isso dói, isso fere, isso machuca”...

Em relação à “religião”, não suporto aqueles que se colocam em posição superior a quem eles consideram inferiores. Que cristianismo é esse? Que ganho ao Reino de Deus alguém trará ao exibir suas “insígnias”, seus diplomas, seus mestrados, seus “doutorados em divindade”, seu conhecimento teórico que não é vivido na prática cotidiana?

Ganhar debates entre irmãos é trabalhar para o Inimigo, que tem seu reino dividido e semeia sua maldita semente no meio cristão através destas futricas, destas pequenas raposinhas inflamadas correndo soltas em nosso meio.

Bem, deixe eu parar de alimentar esta situação patética com meus versículos famosos e jargões...

Morrer como um passarinho?


Muitos dizem que gostariam de morrer como os passarinhos. Dar um beijo na esposa, nos filhos, deitar para dormir e acordar no Paraíso. Sem sofrimento nem dor, sair dessa vida de maneira suave e não chocar ninguém com algum tipo de sofrimento. Todas as partes envolvidas ficam satisfeitas e o contrato é cumprido plenamente.

Pena que nem todos os passarinhos morrem dormindo. Muitos são presas de gatos, cobras e outros bichos, pedradas de meninos caçadores com seus estilingues, que atiram a torto e a direito por pura maldade. Outros caem em arapucas, redes ou alçapões e acabam adoecendo e morrendo de tristeza por terem perdido sua alegria de gozar suas breves existências em liberdade.

De um certo modo realmente vivemos e morremos como passarinhos. Temos nossa liberdade de escolha, e voamos para as direções mais diversas. Boas árvores, belas florestas, lindas paisagens, sendo supridos dia a dia por Deus, sem terem que semear ou colher. Até o dia que um imprevisto nos alcança.

Uma dor aqui, uma tontura ali, um caroço acolá. Vamos ao médico ou nos auto-medicamos. Em alguns casos até nos calamos e passamos a conviver com a dor. Encontramos zonas de conforto onde, dependendo do que comer, como dormir ou se movimentar, a inimiga dor faz um pacto de trégua e passa a não nos importunar a todo momento. Passamos a achar então que tudo está sob controle.

O problema é que vamos sendo minados. Nosso corpo começa a entrar em lenta decomposição. Invisível e silenciosa, vestida à paisana, a morte começa a cobrar nossa vida e os anos de descuidos e excessos. Até o dia que ela tira sua fantasia e mostra todo o seu horror. Gelada, ela começa a nos tocar. Ela está acostumada com o processo. Desde a expulsão do primeiro casal do Jardim do Éden ela entrou em campo. A partir de Abel e Caim ela começou a arrancar as penas dos passarinhos sem misericórdia.

Não há morte decente ou digna. A morte sempre será um horror, mesmo que seja como na utópica morte dos passarinhos. Um tumor, um câncer, um AVC, um infarto. Longos meses de sofrimento, caso eles não tenham sido fulminantes. Um atropelamento, um acidente de avião, uma bala perdida. Não importa a máscara que ela usar. Um dia ela vai chegar.

Não tenho medo da morte. Tenho nojo. Asquerosa e cínica, brincando de pega-pega com os seres viventes, sempre à espreita, aguardando uma oportunidade.

Glorifico a Deus pois o dia de nossa redenção se aproxima. O dia que não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas terão passado.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Saudades de uma casinha branca...


Certos momentos de nossas vidas são emocionalmente mais intensos que outros. Vagueamos entre um misto de torpor para os fatos concretos do cotidiano e uma hiper sensibilidade a situações não tangíveis, não mensuráveis, sem saber a razão daquilo, como num sonho.

Nestes momentos, as portas da percepção se abrem e pequenos insights deflagram fortes reações. Às vezes uma paisagem, uma palavra ouvida, outras vezes um filme, uma cena de carinho entre pais e filhos, um bichinho, uma musica...

Estou atravessando um momento assim.

Ontem foi um dia bacana. Nossos vizinhos organizaram um churrasco para comemorar o aniversário de um querido novo amigo aqui do Rio de Janeiro. Uns cinco casais se reuniram e tivemos uma tarde muito agradável. 90% dos presentes eram cristãos, mas muito tranquilos em relação ao "pode não pode".

Depois de algumas horas o povo se espalhou, foi um pra cada lado. Como a Cilene tinha que entrar de plantão no hospital, fui com ela até o ponto de ônibus, voltei pra casa, tomei banho e deitei no sofá.

Nisso o interfone tocou. Era o Johnny me chamando para descer ao subsolo do prédio, onde eles estavam novamente reunidos. Estava rolando um "rodízio de tapioca" e queriam que eu fosse lá. Tava meio triste e preferi ficar em casa. Tocaram novamente o interfone. Era o Cleber, dizendo que o Johnny estava triste pois eu não tinha aceito o convite e que ele iria tocar para nós, sendo que uma música seria especialmente para mim. Disse mais uma vez que estava tarde, iria trabalhar na sexta e preferia descansar (tem horas que sou muito chato, e eu não estava afim de mais nada aquele dia...).

Deitado no sofá ouvia-os fazendo a maior festança no porão do prédio. Cinco minutos depois vieram pessoalmente e enterraram o dedo na campainha. Fiquei pê da vida, mas desta vez o Lenildo conseguiu me convencer a descer.

Cheguei lá e 'fizeram uma festa' por eu ter descido. O Johnny subiu em seu apartamento e pegou sua guitarra. Já tinha ouvido falar que ele tocava e cantava muito (era músico da noite e tocava em vários barzinhos anos atrás), mas até então não tinha visto ele em ação. Apenas ouvia-o cantarolar algumas músicas em seu apartamento, vez ou outra.

Guitarra em punho e dono de uma voz poderosíssima, Johnny tocou por mais de uma hora ininterrupta algumas músicas que me emocionaram profundamente, pois sou extremamente musical. Gilberto Gil, Toquinho, Seu Jorge, Legião Urbana, Djavan, Gonzaguinha, Queen, Belchior, Zé Ramalho, Milton Nascimento, George Benson e John Lenon entre outros, deixaram-me encantado. Não conseguia falar nada, não ousava cantar junto. Ficava quieto, olhos fixos em meu amigo que, num determinado momento, tocou Casinha Branca. Tinha vários vídeos no Youtube, mas preferi adicionar a versão original com Gilson:



Tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer

Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher

Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

Às vezes saio a caminhar pela cidade
À procura de amizade
Vou seguindo a multidão

Mas eu me retraio, olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão


Comecei a chorar. Senti o peso da metrópole, que me consome a cada dia. Senti saudade de um lugar que nunca fui antes. Ansiei estar nesta casinha bucólica, no meio deste lugar de mato verde, respirando ar puro, vendo o sol nascer pela janela de meu quarto.

Senti a presença de Deus. Senti ao mesmo tempo uma tristeza misturada com felicidade, um turbilhão de emoções.

Acabou a música e a cantoria, pois passava das 22:30h e deveríamos ter interrompido o sarau meia hora antes. Ajudei o Johnny a levar suas tralhas para seu apartamento. Dei um abraço nele e agradeci a Deus e a ele por aquele momento.

Não há mais nada a dizer, é difícil compartilhar um momento desses, ainda mais por escrito...

Sei lá, só sei que foi assim...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Evangelho da GRAÇA, segundo Marméladov


Quis encher o copo, mas a garrafa já estava vazia.

- Por que te lastimar? Bradou o dono da tasca, que apareceu novamente com dois homens.

Gargalhadas misturadas a impropérios estouravam no salão. Eram os ouvintes do funcionário que riam e zombavam. Os demais, que não o tinham ouvido, juntaram-se aos outros apenas para ver sua cara.

- Lastimar-me? É por que lastimarão eles – gritou de repente Marmeládov, levantando-se , agitando os braços, exaltado como se não ouvisse senão estas palavras. – “Por que me lastimar?”, disseste. Sim, o caso não é para lastimar, é preciso crucificar-me, pregar-me numa cruz e não me lastimar. Crucifique-me, pois, juiz, faça-o e, crucificando-me, tenha dó do sacrificado. Então eu mesmo superarei o próprio suplício porque não é de alegria que tenho sede, mas de dor e de lágrimas.

Acreditas, porventura, vendeiro, que tua meia garrafa me trouxe prazer? É a dor, a dor que procuro no fundo destes frascos, a dor e as lágrimas. Encontrei-as e sorvi-as. Porém não precisaremos apiedar-nos porque Aquele que teve piedade de todos os homens, Aquele que compreendeu, o Único e nosso primeiro julgador, voltará no dia do Juízo e perguntará: “Onde está a virgem que se sacrificou por uma madrasta cruel e tísica, por crianças que não são suas irmãs? Onde está a filha que se apiedou de seu pai terrestre e não voltou a face, horrorizada, a esse bêbado crapuloso?”

Ele lhe dirá: “Vem. Já te perdoei uma vez... perdoei uma vez... E, agora, que todos os teus pecados sejam remidos, porque muito amaste...” . E Ele perdoará a minha Sônia. Ele a perdoará, eu sei que Ele a perdoará... Eu senti, há pouco, em meu coração, quando estive em sua casa. Todos serão julgados por Ele, os bons e os maus, os sábios e os humildes, e nós ouviremos o Seu Verbo: “Aproximai”, dirá Ele, “aproximai também os bêbados, as criaturas fracas e modestas”. Avançaremos todos, sem temor, e pararemos diante d’Ele, que dirá: “Sois porcos, tendes a aparência do animal, trazei sua marca, mas vinde também”.

Então, para Ele se voltarão os sensatos e sábios e eles exclamarão: “Senhor, por que recebeis aqueles outros?” E Ele lhes dirá: “Eu os recebo, ó sensatos, eu os recebo, ó sábios, porque nenhum deles se julgou digno dessa graça. E Ele nos estenderá seus braços divinos e nós nos precipitaremos para eles... E nos desfaremos em lágrimas. E compreenderemos tudo... Então, compreenderemos tudo... E todos compreenderão... Ekaterína Ivánovna também compreenderá... Senhor, que o Teu Reino não tarde mais!

Deixou-se cair no banco, esgotado, sem olhar para ninguém, como se tivesse esquecido todos que o cercavam, na profunda meditação que o absorvia. Tais palavras produziram certa impressão. O silêncio imperou, um momento, depois os risos estouraram maiores ainda, misturados às imprecações:

- Boni...to!

- Mentiu demais!

- Burocrata!

- Vamo-nos, senhor, exclamou Marmeládov, de súbito, levantando a cabeça e dirigindo-se a Raskólnikov...

Trecho do livro Crime e CastigoFíodor Dostoiévski – págs 38/39 – Clássicos Abril Coleções

terça-feira, 1 de junho de 2010

Cumpra o teu ministério com tua vida, não apenas com palavras...


"CONJURO-TE diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério".1 Timóteo 4:1-5

A primeira vez que li este trecho do livro de Timóteo e ele tornou-se uma palavra específica para minha vida foi no (s) primeiro (s) ano (s) de minha conversão. Não sei precisar exatamente o tempo, mas sim sua intensidade e sua personalidade.

Como era recém convertido e vinha de experiências fortes de minha vida pré-conversão, sempre fui muito intenso na minha luta pela revelação da Verdade em minha vida, que havia sido revestida com a vida de nosso Senhor em mim.

Estranhamente para muitos, inclusive cristãos, um jovem (mas nem tanto) estava intensamente envolvido em ganhar almas, sendo por muitas vezes chato, intrometido, ousado em levar as boas novas do Evangelho.

Eu parecia carro velho: Onde parava pregava. Lembro-me de um churrasco em Umuarama, Paraná. Todos nós em família, alguns conhecidos de conhecidos, comendo, bebendo e rindo. Um jovem desconhecido próximo a mim abriu a oportunidade de falarmos de Deus. Comecei a falar do Jesus que eu tinha um relacionamento pessoal, entre uma cerveja e outra.

O pessoal da família começou a brincar: “Xiii, coitado do fulano (não lembro seu nome), o João pegou ele...”

Eu na verdade não estava nem ai. Estava com as melhores cartas na mão e não estava disposto a perder a partida. O jovem fulano, ao final de nossa conversa, estava chorando e repetindo comigo as benditas palavras de confissão de pecados, arrependimento e aceite de Jesus como seu único Senhor e Salvador.

Soube anos atrás que ele estava firmão na presença de Jesus. Rolaram muito mais situações como esta, e nunca me envergonhei de falar sobre aquilo que eu vivia com o Senhor (P.E.: "com cerveja na mão ou não" pois, desculpem ai alguns mais santos que eu, NA HORA AGÁ, tem hora que funciona melhor do que com Bíblia na mão, que deveria na verdade estar gravada nas tábuas do coração do pregador... Não se pode perder as oportunidades para ganhar uma alma...)

Rolou minha separação e posteriormente o divórcio e me afastei da minha segunda família por questões ‘logísticas’, mas no mundo virtual tenho contato com quase todos. Eles sempre falam em momentos de crise que gostariam que eu estivesse lá, pois eu saberia o que falar, o que fazer, e certamente oraria e Deus responderia (isso é o que eles criam...).

Até com minha ex-esposa tenho esta relação sadia nos dias de hoje. Na verdade, ela se surpreende com a maneira que eu reagi após a separação. Diz que (como posso paravraseá-la?) eu reagi de uma maneira que ela própria ficou constrangida por tudo o que ela me fez, não se sentindo merecedora do amor que eu passei a ter por ela, amor de amigo, de irmão, pois com a separação perdemos muito, praticamente tudo o que tínhamos conquistado e estávamos conquistando, inclusive um apartamento de 3 dormitórios no Morumbi que ficaria pronto 6, 7 meses após nossa separação.

Em minha última visita a São Paulo (a trabalho) no mês de Abril fui até seu trabalho e tomamos um café juntos. Conversamos muito, demos risada, tornamo-nos grandes amigos. Foi muito bom. (Que fique registrado: minha atual mulher sabe de tudo isso, ela tem a mesma maturidade, a mesma intensidade na relação com Jesus que eu).

Ao falar do apartamento, veio-me à mente o naufrágio de Paulo descrito em Atos 27. O barco se perdeu, mas todos sobreviveram. Nem eu imaginei que conseguiria encontrar forças para continuar, mas minha vida já estava totalmente nas mãos do Pai, que em nenhum momento me desamparou.

Parece que eu mudei de assunto mas não. Quero dizer com isso que vale muito a pena viver aos pés da Cruz. Vale a pena você ser um testemunho vivo do poder transformador da Palavra de Deus, mesmo que você não perceba isso, mesmo que muitas vezes você aja e reaja de maneira que você se sinta uma farsa, se sinta aquém do que gostaria de ser. Mas tem que ser assim. A verdaderia relação com Deus sempre te deixa com esta sensação de que você poderia ser melhor do que você é, pois seu referencial é grandão e você, pequeno, frágil e falho...

Hoje, ao ter compartilhado ontem um capítulo de minha vida, recebi da minha querida e amada irmãzinha em Cristo, alguns versículos para meditar. São os que utilizei na abertura do meu texto, e que apenas confirmaram o quanto vale a pena viver a vida de Jesus, caminhar nos passos dEle, tentar agir como ele agiria.

Longe de ser perfeito, apenas sincero. Coração inclinado para o Pai.

O resto é com Ele...