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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Mais um aninho de VIDA!!!

"Xa" eu falar como foi minha conversão... afinal de contas, amanhã faço 17 aninhos...

Durante minha vida antes de Cristo me envolvi em quase todo tipo de excesso. Bebidas, cigarros, drogas, mulheres, confusões, brigas... Tantas coisas aconteceram que hoje olho para trás e vejo que apenas sobrevivi pelo fato de Deus ter tido muita misericórdia de mim.

Paralelo aos meus descaminhos, dentro de mim sempre houve algo que queimava em meu peito e me fazia tentar procurar algo mais do que estava à minha vista. Sentia sede pelo sobrenatural, sabia que devia existir uma força maior, uma energia, algo que fizesse com que a vida fizesse sentido.

Nesta minha busca, freqüentei o catolicismo por vários anos, devido à "fé" de minha família. Quando cheguei à adolescência, comecei a achar que pensava. Comecei a questionar os fatos, os por quês das coisas. Influenciado por uma namorada, comecei a freqüentar o espiritismo. Fui em duas das vertentes, o considerado ‘alto espiritismo’ e o ‘baixo espiritismo’. Isso merece um capítulo à parte, devido a quantidade de acontecimentos que vivi neste período.

Devido a inúmeras decepções e sustos nesta área, me afastei e cai ainda mais na gandaia. Mais bebidas, mais drogas, mais mulheres, mais um monte de coisas. Mas a sede pelo sobrenatural estava lá. Lia livros de magia negra, flertava com satanismo, brincava com fogo, literalmente. Por mais estranho que possa parecer, tudo isso foi feito com muita sinceridade e inocência. Estava na busca, mas não discernia o que era certo do que era errado.

Nesta época um de meus melhores amigos era também meu companheiro de loucuras, baladas e também na busca pelo sobrenatural. Só que ele era muito ‘zicado’. Para você ter uma idéia, bastava nós sairmos e de alguma maneira a polícia vinha dar geral na gente. Era impressionante como com ele parecia que se fechava um circuito e tudo o que não prestava acontecia. Uma vez na casa dele ficamos tirando cartas de tarô e começamos a ver que coisas estranhas começaram a acontecer. Arrepios, fortes sensações, temor, opressão, medo. Decidimos acabar com a brincadeira e o baralho foi enterrado no fundo da casa dele. No dia seguinte pela manhã as cartas estavam desenterradas, ao lado da cabeceira de sua cama...

Um determinado sábado decidimos ir à Galeria do Rock pela manhã. Os pais dele tinham ido viajar. Marcamos com outros dois amigos e fomos para a casa dele depois. Lá começamos a ouvir música, beber e fumar. Depois de um tempo, este meu amigo bolou um baseado e eu dei um pega. Fumava de vez enquando. Até cocaína já tinha cheirado (com a pó o máximo que tinha acontecido comigo até ali foi ter ficado numa rebordosa desgraçada...). Só que aquele dia foi diferente: A parada BATEU.

Bateu forte e comecei a ter visões. Ao redor de meu corpo parece que acendeu uma luz roxa, como neon. O meu amigo olhou para mim e disse: ‘Agora sim Johnny, agora sim bateu!’. Ele via isso em mim, mas os outros dois não viam.

Nós quatro sentamos no chão e fechamos um círculo de mãos dadas. Tocava ‘The Doors’ ao fundo (nada mais propício para abrir as portas da percepção...). Eu e meu amigo começamos a ter as mesmas visões. Estávamos numa ilha, subíamos em árvores, retirávamos frutos e comíamos. Dávamos risada, corríamos. Nós falávamos tudo o que estávamos vendo, mas os outros dois não viam as mesmas coisas. Eles estavam desconfiando que estávamos brincando. Mas era tudo real.

Nisso começou a acontecer algo muito estranho. Uma luz muito forte apareceu do chão, iluminando tudo ao nosso redor. Eram como spots muito potentes, e nossos corpos eram iluminados de baixo para cima, formando colunas de sombras e luzes. Nós estávamos ali, e de repente brotou no meio de nós quatro uma bolhinha branca, que começou a crescer e se tornou um cogumelo branco. Ele ia crescendo cada vez mais, até se transformar no Jim Morrison, vocalista do The Doors, a banda que estavamos ouvindo (loucura total né? mas aguenta firme que ainda não acabou...).

Para quem não sabe, Jim Morrison tinha morrido no começos dos anos 70 e tinha um envolvimento muito grande com xamanismo, um tipo de espiritismo dos índios americanos. Foi então que Jim Morrison começou a conversar conosco. "Ele" falou mais ou menos assim:




"Esta é a última vez que volto para o plano material. Ainda não tinha me libertado e precisava que quatro rapazes, loucos como eu era, estivessem no mesmo espírito para que eu pudesse passar deste plano para o outro. Isso que estou fazendo aqui é um presente que dou a vocês. Não contem isso para ninguém, pois não acreditarão”.



Nisso ele desapareceu. Como nós conhecíamos a história da vida do Jim, eu e meu amigo chorávamos muito. Nos levantamos e nos abraçamos, felizes por termos participado de um momento tão ‘sublime’. Como ex-espíritas, mais ainda flertando com tudo quanto era tipo de atividade ligada ao ocultismo, realmente acreditamos em tudo o que aquele ‘espírito’ tinha falado conosco.

Me afastei do meu amigo por um instante, ainda chorando e olhei para ele. Quando vi seu rosto notei que ele estava branco. Olhos fechados e braços estendidos. Me assustei. Parecia que ele estava morto. Sobre o corpo dele, como imagens sobrepostas, havia um outro corpo, sem densidade, não tangível e muito maior. Este olhava para mim e tentava me abraçar. Seus olhos faiscavam terror. Vi neste corpo todo o mal que até então não tinha visto em toda minha vida. Gritei, me afastei, comecei a falar que ia embora dali.

Os outros dois rapazes tentavam me acalmar. A visão espiritual tinha passado, mas meu amigo depois daquilo começou a me olhar com os olhos daquele ser que tinha visto sobrepondo o corpo dele. Quase quebrei as coisas da casa dele. Foi então que os outros dois rapazes decidiram me colocar num carro e me levar para casa. O meu amigo veio junto, mas parecia que éramos dois galos de briga, se medindo para atacar.

Ao chegar no portão de minha casa os três rapazes esperaram que eu abrisse o portão. Deram partida no carro e se foram. Só que eu não entrei em casa. Dentro de mim algo começou a falar mais alto. Havia uma luta no mundo espiritual por minha alma, mas eu ainda não discernia exatamente o que estava acontecendo. Fechei o portão e desci a rua. Fui até uma encruzilhada, tirei um par de tênis que estava calçando e joguei ali, no chão. Um Nike caríssimo. Eu fazia isso e respondia a uma voz que falava comigo. Eu dizia a ela: 'Foi você que me deu? Então toma de volta! Não quero nada seu!’ Em minha cabeça veio diversas coisas que pareciam que tinha sido dadas à mim pelo demônio. Mas ainda não sabia que ele era o dito-cujo.

Voltei para casa e fui direto no quarto de minha irmã. Ela acordou e olhou para mim. Eu estava um farrapo humano. Fedendo maconha, bêbado, mijado, sujo e chorando. Ela se assustou, não sabia o que fazer. Eu chorava muito. Soluçando, eu falei para ela:

“Leila, to cansado desta vida, quero conhecer seu Jesus!”

Ela tinha acabado de se converter, influenciada por minha outra irmã e tinha falado alguma coisa sobre Jesus. Ela me abraçou chorando, me levou pro quarto e eu dormi.

Tive uma noite boa de sono. Pela manhã ela tinha ligado para minha outra irmã e as duas vieram ao meu quarto. Minha irmã mais velha, a que tinha se convertido antes da Leila, expôs o plano de salvação para mim. Eu entendi mais ou menos, mas era aquilo que eu queria. Estava sendo guiado pelo Espírito Santo à tomar aquela descisão. Minhas irmãs oraram por mim e após isso elas falaram: ‘Cá, você tem um monte de coisa aqui que você vai ter que jogar fora’.

Comecei então a fazer a catação. Guias de orixás, roupas que usava em rituais, quadros, CDs, fitas de vídeo. Até meu colchão. Dentro dele eu tinha colocado um monte de ‘palha da costa’, instruído pelo pai de santo do terreiro que eu freqüentava, devido à um ataque que sofrera no mundo espiritual numa determinada noite. (esta estória merece um post à parte).

Fomos ao fundo do quintal e metemos fogo em tudo. Senti muita paz.

Uma semana depois, numa sexta feira, fui à uma ‘sessão de descarrego’ na Universal. Quando coloquei os pés na calçada e vi escrito ‘Jesus Cristo é o Senhor’, comecei a chorar feito criança. Foi ali, na calçada, que o que minha irmã tinha falado no final de semana anterior se tornou real em minha vida. Como já falei anteriormente em outro post, a Universal foi meu pronto socorro espiritual. Poucos meses depois estava seguindo outros caminhos, sempre baseado na Palavra.

Isso foi em Agosto de 1993. Amanhã, 28/08, fará 17 anos que me converti!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Não posso esquecer!


Sou muito sistemático.

Ao chegar em casa, deixo minha carteira sobre a mesa da sala, ao lado da minha chave e do meu celular. Este último, antes, nem era necessário alguns anos atrás, mas hoje faz parte do meu kit básico de sobrevivência. Se eu tentar sair de casa, terei que obrigatoriamente pegar minhas chaves. Com isso, tudo virá comigo. Caso eu mexa nesta configuração, a possibilidade de deixar algo para trás é enorme.

Outra mania que tenho é a de deixar bilhetes para mim mesmo no teclado do meu computador, sobre a carteira (que já não vai ser esquecida por estar junto da chave) ou em qualquer outro lugar para lembrar algo importante que devo fazer no dia seguinte. Sem isso eu possivelmente esquecerei do que fazer, ficando apenas aquela sensação de oco reverberando em minha mente, trazendo desconforto.

Tenho outra maniazinha para evitar esquecimentos: Quando coloco roupa para lavar na máquina, costumo deixar a luzinha da lavanderia acesa. Mesmo que esqueça da roupa, sou obrigado a ir até lá, associando automaticamente a luz acesa ao final do ciclo de lavagem.

Uma mania um pouco mais normal é a de ter todas as minhas despesas lançadas em uma planilha de Excel. Se eu pegar um Real de alguém para completar um troco, lanço o nome da pessoa e o valor para não me esquecer do compromisso. Funciona que é uma beleza!

Confesso que passei a agir desta forma pelo fato de confiar demasiadamente em minha memória e de ter tomado vários ‘pelés’ por isso. Ficava repetindo para mim mesmo o que deveria fazer, tipo “amanhã eu tenho que ligar pra fulano, amanhã tenho que pagar tal conta, não posso esquecer de mandar o email para o cliente, etc e tal”. Sabe o que acontecia? Perdia noites inteiras de sono, rolando de um lado para outro, preocupado em não esquecer minhas obrigações.

Na verdade, estou escrevendo sobre isso por outra razão. Sou sistemático em tudo o que diz respeito ao meu cotidiano. Só não sou em relação a meu relacionamento com Deus, especificamente a oração.

Ajo como se ELE tivesse que me lembrar da minha necessidade DELE. Deixo de orar por longos períodos, sentindo então a aridez de caminhar solitário, sem ter o ombro amigo do Pai para reclinar a cabeça.

Em relação a isso, parece que coloco minha vida no piloto automático. De fato, eu lembro constantemente de Deus, mas não arrumo tempo para conversar com Ele. Estou na minha quarta leitura da Bíblia. Todo o dia devoro alguns capítulos. Mas conversar com Ele, que é o Deus que preza o relacionamento com seus filhos, acaba ficando de lado.

O que quero dizer é que creio que deveria deixar alguns bilhetinhos me lembrando que Ele quer conversar comigo de vez em quando. Não que eEle precise. Eu que preciso mas parece que costumo esquecer disso. Meio besta né? É apenas um desabafo infantil, tipo caiu a ficha desde o que escrevi no texto anterior.

Vou me policiar mais. Não numa atitude legalista/religiosa que não leva a lugar nenhum. Apenas valorizar mais o bate papo com Papai...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Deus o que é de Deus (pois o diabo mora nos detalhes...)


A vida, de tão simples que é, muitas vezes se torna complicada por pequenos detalhes.

Damos o que temos de melhor para a pessoa errada, mesmo que esta pessoa seja a pessoa certa, mas passa a ser errada pelo fato de estar sendo agraciada com algo que não é dela.

Agimos assim na inocência, sem discernirmos que a sobrecarga colocada nos ombros da pessoa, se for aceita, deixará de ser motivo de alegria e bênção e poderá se transformar em maldição para ela, para ambos...

Caso isso ocorra, a pessoa carregará algo que não a pertence. Isso a transformará em uma pessoa pior, pois estará de posse de algo que não é dela. De certa forma, agirão como dois ladrões.

Vem o silêncio, o distanciamento e a dor do sofrimento. No começo, não entenderão a razão da dor, pois como pode ser que aquilo que é bom se tornou em maldição?

E por que maldição? Pois tudo o que pertence a um não pode ter outro destino senão seu verdadeiro dono. Ele então, ao ver tudo isso, apenas irá silenciar. Já o doador enganado, bem como o recebedor, começarão a sentir o distanciamento daquele que ficou privado do que é seu por direito.

Começará então o lento e torturante processo de desgaste. O tempo passará e os dois sentirão que algo está errado, mas como houve consenso no processo, ambos sentirão o gosto amargo do erro sem contudo falar um ao outro.

Sem saber a razão, ambos estarão se distanciando do dono e começando a se acusar, não com palavras, mas com pequenas atitudes.

Um dos dois então identifica o erro, toma coragem e fala. Suas palavras são consideradas duras. O outro não entende a razão de estar ouvindo aquilo, já que sente que o outro está devolvendo algo que fora dado com a melhor das intenções.

O distanciamento então passa a ser entre ambos. E o verdadeiro dono do que fora dado erroneamente de um para outro assiste tudo, pacientemente.

A distância vai aumentando. Pequenas coisas que eram naturais entre eles passam a dar errado, a não funcionarem. Começam a se questionar então se estavam certos. Um por ter dado seu presente precioso ao outro; o outro questionando se agira certo ao devolver o que não lhe pertencia. Mas isso não é nada consciente, a batalha se desenrola em níveis não tangíveis.

Não suportando mais a falência do relacionamento, mais uma vez conversam. No começo são farpas, espinhos pontiagudos que são trocados. Ambos choram e por um breve momento chegam a acreditar que tomaram a decisão errada de se unirem naquela empreitada.

Não aguentando mais a pressão da condenação, resolvem conversar novamente. Só que desta vez decidem chamar o verdadeiro dono para participar da conversa.

E ele vem.

Sem muitas palavras, abraça os dois e deixa claro o quanto ele os ama. Sem impor sua vontade pela força, faz com que ambos vejam onde foi cometido o engano.

Encabulados, reconhecem que aquilo de mais importante só pode ser dado para quem realmente o merece. Lembram-se então dos primeiros passos e notam que em um determinado momento se deixaram amedrontar pelas circunstancias adversas, tomando então a decisão de unir as forças para encarar o desconhecido.

Sob a influencia de muito amor, ambos desfazem a longa trança feita de duas linhas só e a refazem, incluindo aquela que pode dar a verdadeira firmeza ao que os sustentará.

Agora sim. Todos estão novamente unidos, como deve ser, cada um carregando sua parte do processo, recebendo do outro o que é devido a cada um.

Houve então a cura!

Glória a Deus por tudo isso, que é o único que é digno de receber de nós, humanos falhos, pecadores, cheios de defeitos, o verdadeiro louvor e adoração.

“Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar tributo a César, ou não? Jesus, porém, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um denário. Perguntou-lhes ele: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. – Mateus 22.17-21

Algumas de minhas primeiras vezes...

Dizem que a primeira vez, independentemente do assunto, a gente nunca esquece. No bom e no mal sentido...

A primeira vez que bati em um menino na rua foi da hora. Até então só apanhava, e numa briga banal com um amiguinho, acho que por causa de uma discussão por bolinha de gude, sentei a mão na cara dele. Saiu sangue no canto de sua boca. Ele começou a chorar e eu quis acudir. Entrei em desespero, corri pra casa e me escondi debaixo da cama, com medo de apanhar da minha mãe...

A primeira vez que andei de ônibus sozinho até que foi tranqüila. Sabia onde pegar o ônibus e onde descer. Meu pai tinha feito o caminho várias vezes comigo, e não tive muita dificuldade em refazer o trajeto.

Meu primeiro assalto também foi emocionante. Época de Natal, tinha ido ao Largo Treze pagar uma conta pra minha mãe e comprar um Ferrorama para mim. Meu presente. Fiz tudo direitinho e voltei pra casa. Ao me aproximar de casa um rapaz me viu com aquela caixa e me enquadrou. Inexplicavelmente, ele levou todo o dinheiro do troco da conta e do trenzinho mas não levou a caixa. Ainda tomei uns tapas. Ninguém em casa acreditou que tinha sido assaltado, pois não levaram o trem. Acharam que eu tinha gasto o dinheiro todo no Ferrorama...

Minha primeira namorada. Sempre fui muito tímido, ninguém acredita nisso. Já estava no colegial. Boca aberta que sempre fui, ela que me pediu em namoro.

Meu primeiro beijo foi uma experiência maravilhosa mas, para variar, foi minha namorada que cansou de esperar e tomou a iniciativa. Fiquei sem ação mas adorei...

A primeira relação sexual foi catastrófica. Sonhava com ela, mas fiz tudo errado. Prefiro esquecer...

Também houve o primeiro emprego. Era em uma agência de anúncios de jornal. Devido ao fato de ter tomado uma chuva homérica no primeiro dia de trabalho, adoeci. O dono da agência me mandou embora com menos de uma semana, alegando que eu era muito novo pra ficar doente.

Meu primeiro salário, já em outra empresa, foi emocionante. Comprei uma calça jeans, camisetas e um All Star verde. Não que quisesse verde, mas estava em promoção.

A primeira (e única) vez que fui preso foi da hora: Um show de rock que tinha ido sozinho. Ouve uma confusão na entrada do Ginásio do Ibirapuera e, quando vi, tinha levado uma chave de braço de um policial, que me levou a uma pequena cadeia debaixo do ginásio. Tiraram minha roupa, perguntaram se estava drogado. Eu só chorava... Viram que eu era um bundão e me liberaram logo em seguida. Uma hora preso. Vi o final do show, mas não me lembro de nada, de tão assustado que fiquei...

Houveram inúmeras outras ‘primeiras-vezes’ em minha vida. A primeira vez que fui traído, a primeira vez que casei, a primeira vez que fiz comida sozinho, a primeira vez que fiz uma cirurgia, a primeira tatuagem, o dia de minha conversão, o batismo com o Espírito Santo, a primeira vez que quis morrer, a primeira vez que me divorciei, a primeira vez que morei sozinho... Boas e más recordações.

Recentemente vivi a primeira morte de alguém realmente próximo de mim: A perda de minha mãe, alguns meses atrás. Não existe manual de instruções de como proceder. Esta está sendo a pior primeira vez de minha vida. É um acontecimento único, totalmente insólito. A vida, pelo ponto de vista da primeira vez, pode soar como totalmente injusta. Temos que encenar nossos papéis sem ensaio.

Algumas destas primeiras-vezes geram bons frutos, outras são ‘primeiras e únicas’: Traumáticas, sem anestesia e sem a oportunidade de refazer. Assim caminhamos, tropeçando, caindo, levantando, contando as perdas... Me lembro da música do Kiko Zambianchi, Primeiros Erros:



Primeiros Erros


Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão

Se você não entende, não vê
Se não me vê, não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende

Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas, só chove e chove
Chove e chove

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros

O meu corpo viraria sol
Minha mente viraria
Mas, só chove e chove
Chove e chove...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Pergunto outra vez: Deus se decepciona com você?



“Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (...) “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto”
. Genesis 1.27/31

“Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar. Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. - Genesis 2.15-17

“Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás? Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me. Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi. Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi”. - Genesis 3.6-13

Diante destes trechos do relato da criação do homem, sua desobediência e queda, fomos ensinados que Deus ficou profundamente decepcionado com o primeiro casal, criado à sua imagem e semelhança. Perante uma única imposição divina, ambos não souberam agir e desobedeceram ao Senhor, tornando-se conhecedores do bem e do mal.

Deus, que estava dando um rolê no jardim ao final da tarde "notou" que os dois não estavam se portando da maneira habitual e chamou por eles, que responderam que estavam nus se esconderam de Deus entre as árvores do jardim. Com isso, Deus perguntou se o homem havia comido do fruto da árvore do conhecimento. Este empurrou a responsabilidade da desobediência para Eva, que também cruzou a bola para a serpente, animal bandido, salafrário, cafajeste, "covááááárdiiiii" e enganador. O resto da história todo mundo sabe.

Minha intenção ao citar estes conhecidos versículos e escrever estas linhas é a de levantar uma questão:

VOCÊ CRÊ QUE DEUS FICOU DECEPCIONADO COM ADÃO E EVA POR ELES TEREM DESOBEDECIDO SUA ORDEM?

Vou além e pergunto outra coisa:

VOCÊ CRÊ QUE DEUS SE DECEPCIONA COM VOCÊ?


Pensem seriamente a respeito.

Eu li recentemente o livro do rabino Harold Kushner entitulado “O Quanto é Preciso Ser Bom” e ele fala sobre este assunto. Na verdade li este livro duas vezes. Após esta última releitura, fiquei com estas perguntas na minha cabeça, mas cheguei às minhas conclusões.

Minhas respostas para estas perguntas são:

1) NÃO, Deus não ficou decepcionado com o primeiro casal;

2) Da mesma forma NÃO, Deus não se decepciona com você.

Sem me estender muito no meu ponto de vista, digo que baseio o mesmo em algumas características de Deus:

1) Deus é ETERNO;
2) Deus é ONISCIENTE;
3) Deus é ONIPRESENTE;
4) Deus é AMOR.

Tendo Deus, entre outras, estas quatro características naturais de seu Ser, como Ele poderia se decepcionar com alguma falha humana?

Por ser ETERNO, Deus não está limitado ao tempo cronológico. Tanto é que, em Apocalipse 13: 8, temos um dos textos chave para basear minha opinião: “E adora-la-ão todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do CORDEIRO QUE FOI MORTO DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO.

Por ser ONISCIENTE e ONIPRESENTE, Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo, ciente de tudo o que acontece.

Junte estas três primeiras características. Ele não está limitado ao tempo, sendo que tudo pra Ele é um eterno HOJE. Sabe de todas as coisas e está presente em todos os lugares.

Por esta razão, você acredita ser capaz de fazer algo que Deus já não soubesse que você faria?

Mesmo assim, e até por isso mesmo, o Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo. Antes de você pecar ele já sabia. Seu arrependimento posterior também. Sua queda seguinte também. Sua fuga também. Seus anos tentando estar longe dEle por vergonha também. Suas pequenas vitórias e fracassos “longe” dEle também. Seu amadurecimento também, sua “volta” à Ele também.

Se você pensa contrário a isso, de certa forma você crê ter uma característica de seu ser maior do que a de Deus. Se você crê que é capaz de enganar a Deus, errar sem que Ele saiba, esconder algo dEle, você de certa forma crê ser maior que Deus, pelo menos nesta área.

Imagina eu ser capaz de fazer algo fora do conhecimento de Deus? É inconcebível! Mergulha no mistério varão (risos)! COMO EU OU VOCÊ SEREMOS CAPAZES DE DECEPCIONAR DEUS, SE ELE JÁ SABE DE TUDO ANTES MESMO DE ALGO TER SIDO FEITO? Quer competir com Deus?

Isso por acaso quer dizer que “já que Ele sabe tudo mesmo eu vou viver de qualquer maneira, pois nada será novidade para Ele?”

De maneira nenhuma! Como escrevi anteriormente, a presença de Deus em nossas vidas vai nos transformando dia a dia, para que sua Santidade venha me tornar santo. Mas isso é um processo, não é automático. Sua presença em mim faz com quê eu sinta nojo e repulsa de minhas falhas... MASSSSSSS (este é um bendito ‘mas’), tendo em vista o reconhecimento de meus defeitos e limitações, fruto da doce presença dEle em mim, cada vez mais eu agirei menos errado, digamos assim.

Para Deus então, cada erro ou tropeço já é esperado e se torna “um a menos” até que cheguemos onde Ele quer que estejamos: No centro de Sua vontade, se relacionando com Ele e com o próximo da maneira que Ele já sabe que um dia acontecerá.

Isso faz com que eu não caia na paranóia de ter um rigor excessivo contra mim mesmo e contra os que errarem ao meu redor. Cada vez mais o último ponto que citei da personalidade de Deus agirá me transformando:

Por Deus ser AMOR e habitar em mim, cada vez amarei mais meu próximo, da mesma forma que me amo. Um degrau acima, cada vez mais amarei meu Deus e terei com Ele a relação do noivo e da noiva.

Creio desta forma. Parece viagem, mas faz todo o sentido do mundo...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Decência e Ordem pô!


“Disse, pois, Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós: um dos novilhos, e preparai-o primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do Senhor, vosso deus, mas não metais fogo ao sacrifício. E, tomando o novilho que se lhes dera, prepararam-no, e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia, dizendo: Ah Baal, responde-nos! Porém não houve voz; ninguém respondeu. E saltavam em volta do altar que tinham feito. Sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e necessite de que o acordem. E eles clamavam em altas vozes e, conforme o seu costume, se retalhavam com facas e com lancetas, até correr o sangue sobre eles. Também sucedeu que, passado o meio dia, profetizaram eles até a hora de se oferecer o sacrifício da tarde. Porém não houve voz; ninguém respondeu, nem atendeu.”1 Reis 18.25-29

Ontem ao final da tarde estava em casa com minha mulher que se recupera de uma pequena cirurgia tentando ver se encontrava alguma coisa que prestasse na TV, mas domingo a tarde é deprimente, não tem nada que valha a pena assistir. Fui na cozinha e depois ao banheiro, quando comecei a ouvir uma gritaria no andar de cima. Prestando mais atenção, pude ver que a zoada era na verdade algumas pessoas reunidas, ‘profetizando’ na casa de uma senhora.

Voltei para a sala e baixei a TV. Sei que é feio ficar ouvindo ‘conversa’ dos outros, mas como ultimamente me tornei muito crítico com este tipo de situação, não queria julgar a mesma sem me atentar aos detalhes (e mesmo que assim não fizesse não teria como: estavam gritando tanto que nem uma nem outra coisa conseguiria fazer...).

Destacava-se a voz de uma mulher. Conhecia aquela voz. Não era a da senhora que falei, era uma voz de uma mulher um pouco mais nova, que falava mais ou menos assim:

“Ah Senhor, visita a sua serva! Faça com que ela volte a tomar a ceia Senhor! Trás cura, faz isso ou aquilo outro, etc e tal...”

Aquilo me chocou.

Primeiro pela falta de ordem e decência. Não estavam numa igreja (onde já considero falta de noção...), mas no apartamento de uma senhora localizado em prédio onde não se pode nem roncar em paz a noite que no dia seguinte tá todo mundo comentando.

Segundo pelo conteúdo da “profecia”. Sinceramente não me lembro de tudo agora, apenas me detive na insistência em usar o nome de Deus em vão, pressionando a pobre senhora a voltar a tomar ceia.

Para que isso? Ninguém obriga ninguém a fazer nada! Deus não faz isso! Ela estava sendo pressionada ‘em nome di gizuz’ para fazer coisas que vêm de dentro para fora, não como imposição! Se ela opta em não tomar a ceia (papo de louco, fala sério...), ela pode estar tendo uma atitude sensata, pois como está escrito em 1 Coríntios 11.26-30, “ Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha. De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem”.

Costumo dizer que não tem ninguém no céu de braço torcido. Ninguém tem a autoridade e/ou o poder de forçar uma pessoa a agir de acordo com os costumes, por mais certos que eles estejam.

Aquilo foi deprimente. Ridículo para falar a verdade.

Algum tempo depois desceram as duas visitantes. Realmente uma era muito conhecida nossa: Uma ex-zeladora do prédio onde moro e que fora demitida por passar mais tempo na casa da pastora do que cumprindo com suas obrigações no horário de trabalho (já tinha escrito dois textos a respeito: este e este outro...). Quando estava trabalhando, passava o dia gritando no prédio a plenos pulmões enquanto fazia a faxina. Era “Oh glória!” pra cá, “Oh papai!” para lá, escandalizando o nome do Senhor, por fazer com que os incrédulos tivessem cada vez mais motivos para virar as costas para a verdade do Evangelho.

Como está escrito em 1 Coríntios 14.37-40, “se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor. Mas, se alguém ignora isto, ele é ignorado. Portanto, irmãos, procurai com zelo o profetizar, e não proibais o falar em línguas. MAS FAÇA-SE TUDO DECENTEMENTE E COM ORDEM

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tem hora que cansa...


Está escuro. Procuro seguir meus instintos, sendo guiado pelos sons, pelo eco de meus passos, por meus sentimentos, por meus arrepios e premonições.

Ando, esbarro, caio, me ralo todo, levanto, sinto dor, vazio, frustração. Nada de luz. Somente densas trevas.

Procuro avançar novamente. Sinto que estou preso. Parece pesadelo, quando tentamos correr mas nossos pés estão presos ao chão, como que concretados.

Penso em chorar de angústia e dor, mas não resolverá nada. Não tem ninguém que virá ao meu socorro. Engulo as lágrimas e fico sem ação.

Adianta correr para cair? Adianta chorar e ninguém me abraçar?

O que faço então?

Respiro fundo. Procuro recontextualizar a situação. Se é que ela existe mesmo. Parece que na verdade tudo é virtual. O torpor então invade meu peito, a bendita sensação de ter sido sedado. Será que isso acontece para que eu possa continuar sem sentir mais a dor que na verdade está lá escondida, mas camuflada pela morfina injetada na alma?

Olho para baixo. Vejo agora meus pés. Estão lá, firmes. Paro então de querer olhar para frente, para o futuro incerto. Dou um pequeno passo, ainda sem poder ver a direção.

Volto a confiar ao ver que desta vez não houve esbarrão ou tropeço.

Como criança, procuro me equilibrar e avançar. Cambaleio um pouco, como que tomado pelo vinho, mas readquiro a fé.

Vejo que não estou sozinho. Mas por que ele não evitou que tudo aquilo acontecesse?

Será que viveremos sempre assim, caindo e levantando, sentindo o desânimo de recomeçar do nada, tendo em mãos apenas as palavras ouvidas e guardadas, as experiências dolorosas, poucos verões e muitos dias de frio?

E agora? Vale a pena?

Vale. Vale sim. Vale muito. Não me preocuparei então. Continuarei em frente, passo a passo, sem pressa nem expectativas irreais...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Se Deus mandar, você obedece?


“A palavra do Senhor, que veio a Oséias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel. Quando o Senhor falou no princípio por Oséias, disse o Senhor a Oséias: Vai, toma por esposa uma mulher de prostituições, e filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu, apartando-se do Senhor.”. – Oséias 1.1-2

Qual o nível de obediência que você tem em relação ao propósito de Deus em sua vida? Até que ponto suas racionalizações interferem no que você ouviu Deus mandar você fazer?

Obediência é algo muito bonito de se ver na teoria, legal de se debater, mas difícil de colocar em prática quando cruza o caminho de nossa vontade.

Quando penso no profeta Oséias, fico perplexo com a ordem de Deus. Para ilustrar o nível de degradação da nação de Israel, Deus ordena ao profeta que se case com uma prostituta. É punk cara. O profeta corno assim o faz e agüenta a gozação de todos, mal sabendo eles que aquela atitude insana na verdade era para mostrar a eles próprios os caminhos tomados, caminhos de prostituição com outros deuses.

Outro exemplo de obediência que me choca veio antes, ainda com o patriarca Abraão. Um belo dia, Deus tem um particular com nosso querido amigo e diz a ele, de forma até meio irônica:

“Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar”.
Genesis 22.2

Abraão creu na promessa de Deus, que faria de sua descendência uma grande nação. De alguma maneira, Deus cumpriria sua palavra. Sem pestanejar, pegou seu filho, a lenha para o sacrifício e meteu o pé na estrada, em direção ao monte Moriá. O final do causo todo mundo sabe.

Quando leio este texto, outro vem automaticamente à cabeça. Parece realmente ironia, quando lemos 1 Samuel 15.22:

“Samuel, porém, disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros”.

Exemplo maior de obediência, entretanto, foi de nosso Senhor Jesus Cristo:

“Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome".
- Filipenses 2.5-9

E ai, vai correr ou vai encarar?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Você é santo?


Certa vez ouvi um pastor compartilhar uma experiência riquíssima sobre santidade.

Ele havia ficado com um batalhão de pulgas atrás da orelha, que tagarelavam em seu ouvido o famoso versículo de Levídico 11.44a: "Porque Eu sou o Senhor vosso Deus; portanto santificai-vos e sede santos, porque Eu sou Santo".

Ele ficou com isso na cabeça dia e noite, repetindo para si: "Devo ser santo, pois o Senhor é santo... Devo ser santo, pois o Senhor é santo..." Orava, chorava, sofria por não conseguir alcançar este padrão tão elevado de santidade.

Em meio à sua angústia, certo dia o Espírito Santo falou em seu coração:

- Filho, Eu sou Santo?

- Sim, tú és Santo Senhor!

- Então Eu sou Santo?

- Sim Senhor...

- Você se relaciona comigo, certo filho?


- Sim Pai...

- Se eu me relaciono com você e você comigo, onde eu estou em sua vida?


- O Senhor habita em meu coração, em minha vida Senhor...

- Então entenda: Se Eu sou Santo e habito em você, você é santo, não por suas obras, nem por sua capacidade, mas por minha presença em sua vida.


Creio no diálogo entre este pastor e Deus. Creio também que a santidade se passa através deste caminho. A santidade não é algo que seja fruto de esforço pessoal, senão cairia no legalismo, na adoção de usos, costumes, aparência externa. Este esforço desumano serviria apenas para afundar ainda mais o pobre e desesperado pecador em sua luta hercúlea contra sua natureza caída.

O que fazer então?

Não existe uma regra prática de como agir. Uma luz pode ser encontrada em um princípio simples que uma vez li muitos anos atrás (nem lembro o nome exato do livro, algo como “Santidade” mesmo...). O tema é tratado tendo como alicerce um conceito muito simples, que parafraseio abaixo:

"O princípio da santidade é o de você ter uma visão exata de quem você é, nem a mais, nem a menos..."

Simples assim, talvez complicado para alguns, principalmente àqueles que querem dar uma maquiada na situação pessoal ou àqueles que querem impressionar os outros.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Como ou não como? Compro ou não compro? E agora?


Estive pensando ultimamente na lista de proibições esdrúxulas que algumas denominações sustentam para manter seu rebanho (no mal sentido) sob controle. Desde cabelo sim ou não até cores de roupas. Por isso, aliei algumas das que já tinha ouvido com uma pequena pesquisa na internet para expor o tamanho do jugo que se obriga a colocar sobre os ombros, caso queiram viver “sob a lei” (dos homens, claro...)

Afinal de contas, vamos distorcer versículos bíblicos para que ninguém viva sob a aparência do mal, certo?

• Não coma mais maionese Hellman’s! Dizem que é a junção das palavras em inglês hell (inferno) + man (homem), ou seja, “homem do inferno” (forçou a amizade...)

• Pare de tomar Coca-Cola! Dizem que lendo o rótulo ao contrário está escrito “alo diabo” (essa eu não conferi...)

• Carne de rã não pode, pois foi uma das pragas do Egito (praga é praga, certo? Vai que pega ni-mim????)...

• Pipoca, galinha, frango, mel, carne, frutas e legumes, azeite de dendê, flores, velas – entre outras coisas – também estão proibidos por serem utilizados em trabalhos de umbanda (tem mais coisas, é só olhar pelas encruzilhadas...)

• Roupa preta não pode, roupa vermelha também não pode, mas roupa branca também não pode! É a cor da roupa dos umbandistas! (e agora?)

• Não use nenhuma roupa da M’ Officer! Dizem que os donos são macumbeiros e sempre rola um saravá antes de abrir a loja, o que já fez que muitos funcionários cristãos pedissem demissão (esta é verdade, mas estou neste momento usando uma pólo cinza da marca, e agora???)

• Na sua infância você era fã do Fofão, na época do Balão Mágico lembra? Você era um adorador do capeta e não sabia! Dizem que dentro dos bonecos do Fofão existia um punhal, estrategicamente colocado por seu fabricante, que havia feito pacto com o capiroto para vender mais (hummmm, que bonitiiiiiiiinhooo...)

• Não deixe sua filha ter uma Barbie, dizem que ela é uma boneca lésbica (sempre desconfiei...)

• Dizem também que Mickey Mouse é gay (esta eu não duvido, ele tem uma pegada estranha...)

• Hello Kitty então nem se fala, é um cumprimento ao rabudo, dizendo “alô diabo” (tadinha da gatinha...)

• O Homem Aranha também é do capeta, pois quando ele lança a teia dele faz aquela mão de chifrinho, mostrando a que veio (o cara é metaleiro, só isso...)

• Dizem que a marca Fido Dido significa, num dialeto francês antigo, algo equivalente a “filho do diabo” (pensei que o diabo fosse só pai da mentira...)

• Não compre uma Honda Titan 150, pois o símbolo supostamente pode ser um punhal virtual, a cruz do capeta (aff) ou o símbolo do pacto do engenheiro com o vremeião (o cara é da gangue dos hells angels...)

• A Procter & Gamble, que fabrica desde batata Pringles até sabão em pó Ace, também é uma empresa do capeta (agora eu quero ver!!!)

• Dizem que os produtos vendidos no Carrefour são consagrados ao diabo (consagrado eu não sei, mas são caros...)

• O dono da Fiat consagrou o Marea (de onde tiraram isso?)

• O palhaço ridículo do Mc Donald’s (Ronald) “foi visto” fazendo gestos obscenos, fora também terem visto que ele tem um demônio no peito (olha que escrotão!!!)

• Um blogueiro ai encanou que o sonho, aquele bolinho que vende em padaria é pornográfico. Olha isso: “Olhe do lado direito superior dos sonhos, o que te lembra a "fenda" e a 'bolinha' logo acima?” (este pervertido não pode nem andar solto por aí, consegue ver cada coisa... aff)


A lista é interminável, cômica em alguns momentos, deprimente em outros. Se temem tanto a aparência do mal, peçam a Deus para serem arrebatados logo e acabar com este sofrimento. Pois nem morrer pode, fazem muitos trabalhos de feitiçaria nos cemitérios. Eu ein!!!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Já sentiu fome?


Eu era um vendedor de consórcios iniciante. Tímido como sempre, fui sem nenhuma experiência e acabei aceitando o emprego justamente por não precisar comprovar a mesma. Para a administradora de consórcios era indiferente: Se eu tivesse talento e vendesse ótimo. Se não levasse jeito para a coisa era só me demitir, mesmo por quê nem registro em carteira eu tinha.

Como tinha sido office-boy em dois empregos anteriores (experiência indispensável em minha formação, pois fui obrigado a 'ficar esperto' em vários sentidos), conhecia inúmeras regiões da capital paulistana e também das cidades circunvizinhas, a tal de Grande São Paulo.

Andava muito, literalmente. Não tinha carro ou moto e, muitas vezes, tinha que optar em utilizar o pouco dinheiro disponível para comer algo na rua ou pagar minha condução. E assim aconteceu no relato abaixo.

Um certo dia estava fazendo a região da Vila Maria, próximo à Av. Gulherme Cotching, e durante boa parte do dia ainda não tinha vendido nada. Exausto e com fome, estava além do horário de almoço. Chequei minha carteira e vi que o dinheiro que tinha era suficiente apenas para pagar meu ônibus da Vila Maria até o Belenzinho, e de lá pegar o Metrô até a Vila Mariana, onde ficava o escritório da adminstradora de consórcios que trabalhava. De lá, pegaria mais um ônibus até minha casa, onde , enfim, faria a única refeição decente do dia.

Naquela época já tinha perdido uns 10 quilos, exatamente por esta equação maldita do "ou volto pra casa ou como alguma coisa". Como estava exausto e quase desmaiando de fome, avaliei rapidamente a situação e decidi enfrentar à pé alguns kilômetros à pé para poder 'comer' alguma coisa, senão ia desmaiar pelo caminho.

(Importante salientar que ainda não era cristão. No máximo um misto de ex-católico / espírita / 'porra louca', não mais que isso.)

À frente de mim uma lanchonete cheia de gente almoçando. Eu estava lá, vestido de calça social, camisa, gravata, cinto e sapatos vagabundos, comprados em alguma liquidação qualquer. Uma pasta com contratos em branco na mão e, em meu nariz, um delicioso cheiro de "bife-ovo" vindo do prato dos outros. Para gastar, apenas o dinheiro de uma passagem de ônibus...

Aproximei-me do balcão, chamei um atendende e perguntei quanto estava a vitamina. Ele me disse o valor, que se encaixava no que 'podia' gastar. Pedi um copo. Sentei-me na cadeira do balcão e vi o rapaz colocar duas bananas, metade de um abacate, uma generosa fatia de mamão, meio litro de leite e açúcar. Aquilo me chamou a atenção. Deveria estar fazendo vitamina para mais de um cliente. Após bater a vitamina, ele encheu um grande copo e colocou em minha frente todo o resto da vitamina que estava no liquidificador.

Em seus olhos pude ver que ele não era um ser humano 'normal'. Me olhava com discrição, mas ao mesmo tempo via em seus olhos um amor incondicional. Hoje para mim é fácil compreender, mas na época apenas achei que ele viu o estado que estava e ficou com pena do adolescente de 19/20 anos, faminto e cansado.

Devorei a vitamina em poucos minutos. Paguei, agradeci o balconista e saí para tentar bater em mais algumas portas, revigorado com a 'refeição'. Não tendo obtido sucesso, 'encerrei meu expediente' e fui a pé até o Metro Belém. Andei pra caramba...

Quando olho para trás lembro-me deste episódio com carinho e emoção (estou com lágrimas nos olhos ao escrever sobre isso). O quê move o coração de uma pessoa que não te conhece a fazer o bem para ti, incondicionalmente? Eu não era uma 'gostosa' qualquer, que ele poderia ter ficado interessado. Pelo contrário! Estava mais para Isaias 53:3: "Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum" do que qualquer outra coisa! E creio firmemente que foi isso o que ele viu.

Onde quero chegar com este relato? Quero por acaso que fiquem com pena de mim? De maneira nenhuma! Quero chamar a sua atenção para algo que tem me intrigado ultimamente! Veja o que o Senhor disse:

"E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.

Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes"
. - Mateus 25:31-41

Já se viu na posição de "pequenino"? Por outro lado, já fizeste isso por alguém? Já criticou o assistencialismo de inúmeras religiões não cristãs que agem desta maneira?

E agora? O que dizer de nossa religião vazia, cheia de palavras e pobre em atitudes práticas?

Este rapaz que me deu de comer por acaso vai pro inferno? Já fui um pequenino...

Tenho apenas mais uma citação da Palavra de Deus, após isso termino:

"E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração. Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados".
- 1 Pedro 4:6-7

E agora, o que dizer????

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

As maiores cagadas que já fiz depois de minha conversão


Desculpem a expressão, mas não há outra melhor. Segue algumas que lembro aleatoriamente:


=> Em uma campanha na igreja, levei para casa uma ‘réplica’ da Arca da Aliança em papelão, onde coloquei um pedaço de papel com meus pedidos. A tal de arca tinha que ficar em casa por um determinado período, sendo depois devolvida na igreja com uma oferta sacrificial pré-estabelecida no dia que peguei a mesma. A passagem bíblica que serviu de “base” para isso foi 2 Samuel 6.11-12: “E ficou a arca do Senhor três meses na casa de Obede-Edom, o gitita, e o Senhor o abençoou e a toda a sua casa. Então informaram a Davi, dizendo: O Senhor abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo quanto é dele, por causa da arca de Deus. Foi, pois, Davi, e com alegria fez subir a arca de Deus, da casa de Obede-Edom para a cidade de Davi”.

=> Em uma reunião numa outra igreja recebemos um “pedaço de pau ungido” que representava o cajado de Moisés (mediante uma oferta considerável, claro). Com o dito-cujo em mãos, teoricamente tudo o que eu tocasse seria meu. Entrei em uma loja de eletro-eletrônicos e saí profetizando a posse de geladeira duplex, TV 29 polegadas (na época era o máximo), fogão de 6 bocas e por aí vai. Obviamente não funcionou. Nota: Só usei o “pau de Moisés” com fins lícitos (afinal, já era casado...). Passagem bíblica de base foi Números 20.11: “Então Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu água copiosamente, e a congregação bebeu, e os seus animais”.

=> Baseando-se em Josué 6.2-5 que diz “Então disse o Senhor a Josué: Olha, entrego na tua mão Jericó, o seu rei e os seus homens valorosos.Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, contornando-a uma vez por dia; assim fareis por seis dias. Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifres de carneiros adiante da arca; e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas. E será que, fazendo-se sonido prolongado da trombeta, e ouvindo vós tal sonido, todo o povo dará um grande brado; então o muro da cidade cairá rente com o chão, e o povo subirá, cada qual para o lugar que lhe ficar defronte”, um pastor da mesma igreja pregou que deveríamos circular 7 vezes ao redor de tudo o que quiséssemos conquistar. Eu e minha ex fomos até um conjunto de prédios que estava em construção e rodeamos o prédio onde queríamos um apartamento por sete vezes, ao olhar curioso de várias pessoas que lá estavam.

=> Freqüentava uma igreja ‘apostólica’ e estava ouvindo um pregador americano que estava sendo transmitido ao vivo pela rádio. Na mensagem, o dito-cujo pediu para raparmos nossas contas e trazermos a oferta no dia seguinte, quando se encerraria aquela campanha. Aos prantos, decidi participar. Fiz o cheque que seria para pagar as contas no fim do mês crendo. Ao chegar à igreja no dia seguinte, o apóstolo tomou a palavra e disse que deveríamos triplicar o voto feito no dia anterior. Sem pensar duas vezes, rasguei o cheque e fiz outro com três vezes o valor que tinha em conta, crendo que aquele ato de fé seria visto por Deus e ele proveria o saldo e minhas futuras bênçãos. Obviamente o cheque voltou e o departamento de cobrança da igreja (sim, eles tem um...) começou a me ligar direto perguntando quando iria mandar o dinheiro para eles. Foi aí que comecei a abrir o olho... Detalhe importante: Eu trabalhava no banco (NCNB, concursado!!!) e este foi o começo do fim de meu tempo por lá pois ter cheque devolvido sendo bancário é...

=> Ao ouvir uma rádio evangélica a noite, comecei a me emocionar com um pastor que todo dia pregava próximo da meia noite e dizia que estava em jejum total por 40 dias e precisava levantar um valor “xis” para pagar o programa. Ele falava como um bode, sem sacanagem. Arrastava a voz, quase chorando. O tonto aqui um dia resolveu mandar um depósito de um valor considerável para o pobre pastor. Um mês depois, o mesmo pastor estava fazendo a mesma campanha, dizendo que estava em jejum total por 40 dias. Só aí que o idiota aqui fez contas. Se antes ele estava 40 dias sem comer nada, 30 dias depois ele estava de novo em jejum total de 40 dias; ou seja: Ou ele não comia nunca ou ele era o maior trambiqueiro. Outra coisa que notei foi que ele falava como bode só enquanto contava sua triste história e pedia as ofertas. Na hora de falar os dados bancários para depositar a oferta, milagrosamente ele era curado daquela voz e falava clara e pausadamente... Esta foi uma das piores, pois já não era tão novo na fé assim, mas estava acabando de matar em mim este lado crente, no pior sentido da palavra...

=> Em uma campanha na igreja, precisava levantar o dinheiro para dar uma oferta pré-estabelecida no culto anterior e que, novamente, Deus não ‘cobriu’. O que fiz? Vendi minha jaqueta de couro novinha, comprada em várias vezes no cartão de crédito...

=> Na casa de um irmão, onde vários outros estavam reunidos após o culto para o noivado de sua filha, um foi tomado de um lado, outro começou a rodopiar de outro, foi aquela unção doida. Neste fervor todo, começaram a ter revelamentos de que na casa do irmão tinha um monte de coisa do capeta. Começou então um ‘arrastão gospel’. Jogamos fora TV, garrafa de bebida, discos, uma porrada de coisa. Cara, foi dantesco o negócio...

=> Na mesma ‘unção’ acima, várias vezes joguei fora itens de uso pessoal de valor inestimável, movido pela falsa noção de que tudo o que eu tinha algum apego e fosse material seria um ídolo colocado acima de Deus. Nesta brincadeira me desfiz de centenas (CENTENAS) de livros, discos, CD’s, fotos pessoais, roupas...

Pronto Regina, cumpri a promessa! A medida que for me lembrando, volto a escrever mais...

Comunhão...


Quero escrever. Sinto dentro de mim algo em ebulição, mas não consigo identificar o que é. Desta forma, deixo apenas que meus dedos corram sobre as teclas, para ver o que virá à tona. Engraçado isso. A sensação de que há algo a ser dito, mas que não está claro em minha mente.

Normalmente isso acontece quando estou conversando com alguém, aquela sensação de que parece que Deus quer falar com aquela pessoa através de você, ou que Deus quer falar com você através daquela pessoa. Quando isso acontece, deixo o papo rolar informalmente, sem a preocupação de forçar a coisa acontecer. No relacionamento informal vejo que Deus fala muito mais do que quando buscamos os profetas institucionalizados.

Coisa boa esta. Estar com alguém sem nos preocupar com as palavras. Coisa que só a verdadeira comunhão permite. Nestas horas parece que são os corações que estão conversando. Como diria uma música antiga do U2, Two Hearts Beat as One*...

E é isso mesmo. A verdadeira comunhão faz com que dois ou mais corações batam no mesmo compasso. O silencio não incomoda. Na verdade, falar alguma coisa neste momento sagrado faz com que as palavras que devem ser ditas sejam sufocadas pela necessidade de uma comunicação verbal, que é pobre e limitada algumas vezes, isso quando não é desengonçada e capaz de derrubar as taças de cristal dispostas na mesa da comunhão informal.

A verdadeira comunhão é leve, sutil, etérea. É um momento sagrado para mim. É o momento onde brindamos a alegria de estarmos vivos, livres, unidos. É quando não usamos máscaras, não nos preocupamos em agradar o outro, somos nós mesmos. Somos aqueles que são amados e amamos aqueles que estão comungando aquele momento. Algo meio difícil de colocar por escrito. Se fosse algo definível, não seria assim tão maravilhoso.

Acho que é isso. Deus quer falar comigo e com você sobre a comunhão. Isso me leva ao texto de 1 João 1.5-7:

“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e nele não há trevas nenhuma. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado”.

Comunhão com Deus, comunhão uns com os outros. Sem palavras, literalmente.

*Ah, uma canja, o vídeo de Two Hearts Beat as One do U2...