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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Magoáveis, magoantes, magoados...


Do insight até agora fiquei pensando qual passagem bíblica poderia usar para ilustrar o que se passou em meu coração quando este pequeno jogo de palavras veio à minha mente. Em resposta, um silêncio, nada escrito que pudesse inserir sem distorcer seu significado. Até por que, algo tão pessoal assim não precisa de álibi bíblico para ser escrito.

Como fruto da observação de diversos acontecimentos que cercaram minha jornada e a dos meus próximos, vi o quanto nós somos frágeis, contundentes e vítimas nas relações interpessoais, em seu infindáveis e complexos contextos.

Quantas vezes saímos de casa sem nossa pele de dragão e somos alvo das setas inflamadas lançadas por (e através) (d)aqueles que nos cercam, setas estas que nós mesmos, diversas vezes, lançamos (ou somos instrumentos para lançar) em direção do outro? Como vítima ou vitimizador, passamos pelos estreitos caminhos da vida, relacionando-nos com várias pessoas ativa ou passivamente como cercas de arame farpado, grosas dichavadoras de almas, britadeiras de emoções, rolos compressores de vidas humanas...

Isso me faz lembrar da ilustração dos porcos espinhos com frio, tentando aquecer-se mas não podendo se aproximar do outro pois ferem e são feridos. Por qual razão somos assim meu Deus? Por qual razão nos machucamos e somos machucados por aqueles que nos cercam? A esta altura, até que enfim vem um grito da alma de Paulo que pode dar um pouco de luz a estes devaneios:

“Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?"
Romanos 7.24

Esta é a condição humana, condição de miseráveis seres relacionais que não conseguem desfrutar dos prazeres da existência em comunidade pelo fato de sofrer com o cheiro do outro, com o toque do outro, com as palavras do outro, com os silêncios do outro...

Por qual razão somos assim, magoáveis (sensíveis, impressionáveis), magoantes (contundentes, agudos, cortantes), magoados (feridos, doloridos, não cicatrizados)?

Queremos o outro próximo mas não sabemos lidar com os excessos, os espinhos, com a forma disforme e algumas vezes desfocada que tanto nós quanto eles assumem. E sofremos por isso. Sofremos e fazemos sofrer...

Não consigo concluir este texto, ele ainda está sendo escrito dentro de mim...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Minha alma está triste até a morte...


Vira e mexe acabo chegando aos sentimentos que neste momento estão me consumindo. Olho no espelho de minha alma e fico me perguntando a razão de ser tão aquém do mínimo que gostaria de ser. Sem falsa modéstia ou pieguice, noto a contragosto que por mais que me esforce, faço apenas o mínimo que deveria fazer para ser um pouco “menos pior” do que aqueles que não conhecem a Cristo.

Digo isso de coração, que neste momento está com um peso enorme, fruto da minha incapacidade em avançar a passos largos. Sonho entrar em vôos altos, à velocidade de cruzeiro, tudo equilibradamente disposto. Mas o que vejo como frutos são somente decepções comigo mesmo. Frutos amargos, trazendo angústia e dor.

Entendo perfeitamente o que Paulo quis dizer quando abriu seu coração e falou em Romanos 7:18-24 “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte”.

Não pensem que neste momento de minha vida fiz ou estou fazendo algo abominável ao meu Deus ou ao próximo. Não é isso. Meus algozes me torturam pela minha humanidade falha como um todo. Volto ao espelho da alma e digo novamente: “Rapaz, tu não presta!” Só isso, nada mais.

Vivo pela Graça, somente pela Graça. Não consigo descanso e vejo que isso faz parte do processo. Quem aqui está plenamente satisfeito consigo próprio? Quem aqui vive de glória em glória, sendo cabeça e não cauda, mais que vencedor? Que vida é essa? Minha alma desabafa como fez a de Paulo, quando diz em 1Timóteo 1:15-16: “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal; mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, a fim de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para a vida eterna”.

Há momentos assim em minha vida. Creio que na vida de todos deve acontecer algo parecido, mas nestes momentos devo me recolher e aguardar o que está para ser feito por Deus. Creio que seja mais um degrau a subir, creio que seja mais uma revisão, mais um ‘recall’, sei lá. So sei que hoje, como disse Jesus no Getsemani, “...a minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo”. Mt 26:38b.

Vai passar, sei que vai passar. Passar e voltar, como as ondas do mar.