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terça-feira, 27 de novembro de 2012

A certeza daquilo que esperamos...

"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos."Hebreus 11:1

Uma forte dor nas costas me acompanhava e se tornava cada vez mais incômoda. No início não dei muita importância, deveria ter sido fruto de um “mosh” que dei no show do Red Hot Chilli Peppers no saudoso festival Hollywood Rock de 1993, quando todos abriram na hora que me joguei e caí de cóccix (pra não dizer bunda, pois não bateu na parte fofinha, mas no osso mesmo...) no chão. Fim de show pra mim, tive que assistir o resto sentado de tanta dor.

Algumas travadas ao andar, virar o pescoço, levantar, sentar... Só quem passou por isso sabe. Amigos “ortopedistas” tentaram “me estalar”, dando um tranco na coluna. Só piorava! Enfim, fui ao médico: Ressonâncias, tomografias, raios-x e foi dado o veredicto: Hérnia de disco na lombar. Nada fazia passar as dores lancinantes, que se irradiavam pelas pernas e me deixavam – literalmente – travado. Levantar da cama levava uns 5 minutos, não por preguiça, mas até encontrar a posição menos pior pra sair sem dor. Licença médica por 10 dias em casa. Dor, muita dor, desânimo, frustração, impotência perante tudo aquilo que me imobilizava.

Certo dia estava eu deitado no chão da sala com a luz apagada. Era o melhor lugar que eu podia ficar (a gente vai se acostumando com a dor e aprendendo a sobreviver né?). Eu estava ouvindo uma rádio cristã que nem conhecia quando – próximo das 18:00hs – o narrador começou a orar. Orou pelas viúvas, órfãos, presidiários, doentes em hospitais em estado terminal e todos os demais “sofredores” de plantão. Eu estava lá, ouvindo tudo “em terceira pessoa” até o momento que o narrador disse:

“Deus está me mostrando um rapaz em casa, deitado no chão, com muitas dores nas costas. É uma hérnia de disco e o Senhor manda te dizer que a partir de agora você está curado, em Nome de Jesus!”

Na mesma hora comecei a chorar e sentir um calor muito grande na região lombar. (Não seu infame, não era fogo no rabo, antes que você venha deturpar meu testemunho...) Coloquei a mão na região e apertei. Não senti nada. Esquecendo da dor e de todas as manobras acrobáticas que havia desenvolvido para sair daquela posição, me levantei como se não tivesse nenhum problema. O resto vocês podem deduzir: Curado, milagrosamente curado!

Talvez alguns de vocês já soubessem desse episódio, mas senti que deveria compartilhar novamente por estar vendo isso acontecer novamente, bem próximo de mim...

Depois de anos, tive algumas recaídas. Entretanto, notei que elas sempre vieram acompanhadas por momentos de profundo stress, aqueles momentos que pegamos todos os problemas de todas as pessoas da face da Terra e achamos que somos os responsáveis em encontrar a solução para cada um deles. Com o tempo, aprendi que não sou Deus nem não sou eu quem teria a obrigação de encontrar as soluções da dor da raça humana. Foi libertador!

Descobri que bem na base da minha coluna tinha um botãozinho mágico. Nele estava escrito “FODA-SE” e tinha que ser apertado com regularidade. Descobri também que este botãozinho estava conectado a um mecanismo semelhante a um disjuntor de eletricidade. Quando a demanda era maior do que minha capacidade de acionar o bendito botão, entrava em alfa do nada, “saía de mim” e via tudo de fora, conseguindo desta forma um foco melhor da situação, o quê se provou ser muito útil.

Um tempo, dois tempos e metade de um tempo depois (é bíblico, sei que está fora de contexto mas é bíblico...) não fui mais acometido daquela maldita dor nas costas. Desde então, procuro compartilhar com os que me cercam três pequenos conceitos que aprendi dessa situação toda:

1) Aquele dia fui curado. Da forma como doía, nunca mais sofri nada parecido. Não fiz novos exames por não sentir necessidade, mesmo com pequenas recaídas que acabei de me referir. Jesus Cristo continua o mesmo, graças à Deus;

2) Todo mundo tem um botãozinho “foda-se” e este deve ser utilizado sempre (e tão somente) quando necessário;

3) Não somos Deus. Não somos responsáveis pela dor alheia, não importa qual seja. Nosso disjuntor tem que desarmar sempre que necessário, senão “travamos” juntos com quem sofre, ficando assim impossibilitados de fazer qualquer coisa.

Utilizei e tenho utilizado esses “três segredinhos” nas mais diversas áreas de minha vida. Problemas que não tenho como resolver de imediato sempre aparecem com alguma solução no tempo certo. Não adianta me desesperar. Incertezas quanto ao amanhã idem. Aliás, de tudo isso, o mais importante e confortante foi descobrir que Deus, no nosso dia-a-dia, faz mais milagres considerados pequenos, frutos do “acaso”, do que somos capazes de discernir.

Estes pequenos milagres é que são os grandes, pois eles são pequenos detalhes diários de uma história de vida sendo escrita. Minha cura foi um presentinho de Deus e necessário naquela época de minha caminhada com Jesus. Tive inúmeras orações respondidas (incluindo uns três infartos de meu pai, que continua conosco) e dez vezes mais orações sem final feliz (incluindo um coma de 5 meses de minha mãe, que faleceu em 2009, vítima de um AVC).

Aprendi a confiar, entendi que quando entreguei minha vida pra Jesus de coração eu realmente perdi o controle de tudo. As dores que vieram em decorrência desta entrega eram, na sua grande maioria, provenientes de tentativas de retomar o controle das situações que não estavam mais sob minha responsabilidade.

Como terminar? Talvez de maneira simplista para quem não sabe exatamente o que significa isso tudo, dizendo: Confie em Deus. Mesmo sem ver um palmo à frente do nariz (para mim, um palmo à frente do nariz é uma grande distância...), dê o próximo passo na certeza de que Ele está no controle de tudo e você está no centro da vontade Dele...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Nenhum poder terias se de cima não te fosse dado...


“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; porquanto ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal. Pelo que é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa da ira, mas também por causa da consciência.”Romanos 13:1-5

Apesar de ter todo o escopo deste texto em meu peito há semanas, tenho relutado em começar a escrever pelo simples fato de não querer fazê-lo envolvido nas diversas circunstâncias que estou atualmente. Não quero “borrar” a mensagem com dilemas pessoais e incertezas que me cercam mas, mesmo sem querer, já estou fazendo desta forma. Senão, alguns poderiam dizer, não seria eu escrevendo...

Todos nós estamos sob a autoridade de alguém: Pais, patrões, mestres, governantes, religiosos e outras formas de poder fazem parte de nosso dia-a-dia, mesmo que não queiramos. Uma decisão política no outro lado do planeta pode influenciar a economia do meu país e gerar o desemprego de centenas ou milhares de vidas. Uma palavra mal-dita por um líder religioso ou um filmeco de terceira categoria feito por um estadunidense pode gerar o furor de toda uma nação teocrática (não nação no sentido geográfico apenas, mas toda uma “nação” sob os dogmas de uma religião que se sinta ofendida), gerando fanatismo, mortes, guerra e dor.

Hoje em dia não podemos mais “peidar sozinho na sala”: Pela infalível Lei de Murphy, alguém certamente vai entrar e sentir o cheiro. A velocidade com que a informação atravessa o planeta é assustadora e isso tem seu lado bom e seu lado ruim. Sempre ocorreram tsunamis, furacões, terremotos e erupções vulcânicas devastadores. A diferença é que nos dias de hoje vemos a transmissão destes cataclismos ao vivo pela CNN ou Globo News. Estamos – por mais que não queiramos – irremediavelmente interligados.

Os líderes globais ou locais tomam suas decisões e estas afetam diretamente nossas vidas e as vidas de nossos descendentes. Uma empresa lança uma nova tecnologia, um novo produto, uma nova forma de prestar um serviço e isso gera a quebradeira de diversas outras empresas que atuam no mesmo nicho, mas não conseguem acompanhar aquele desenvolvimento. Interesses pessoais, uma antipatia, um desejo de vingança, uma vaidade, uma posição contrária aos interesses de outrem respingarão nas vidas de quem estiver “por perto”.

Agora vem a pergunta: O quê estas idéias aparentemente desconexas tem a ver com o texto bíblico citado no início? Aparentemente nada a ver e até eu reconheço isso. Não estou “psicografando” o texto, isso apenas está vindo à mente enquanto quero focar o ponto de que toda e qualquer forma de liderança toma suas decisões, certas ou erradas, e estas decisões afetam a todos.

Qualquer um que tenha autoridade – em qualquer âmbito – pode decidir algo e o que for decidido pode nos afetar, nem que seja de tabela, mesmo que esta decisão não nos seja direcionada. Isso acaba gerando um clima de insegurança, nos deixa sem saber como será o amanhã. Sendo dramático, para alguns nem haverá amanhã! Lidar com este clima que me remete aos dias da Guerra Fria nos deixa extremamente inseguros. Tememos o desconhecido, tateamos no escuro, tremendo com a possibilidade de que algo apocalíptico nos aconteça.

Tentando minimizar a angústia que por vezes ficamos, lembro que Paulo nos aconselha a orarmos por todos os homens para que tenhamos dias tranqüilos:

“Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador”. – 1Timóteo:2:1-3

Entretanto, há momentos em que tememos mais do que deveríamos. Não somos “super-crentes”, somos humanos e falhos, acreditamos que Deus está no controle de tudo mas nossa fé por vezes se torna infinitamente menor que um grão de mostarda. Confesso que eu temo e creio ao mesmo tempo. O que me dá alento é que – por mais que homens estejam decidindo os destinos de nossas cabeças – eles não o fazem sem limites:

“E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou. E entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: NENHUM PODER TERIAS CONTRA MIM, SE DE CIMA NÃO TE FOSSE DADO
. - João 19:8-10