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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os livros de Jó ainda estão sendo escritos...



“Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao Senhor, e Satanás também veio com eles.

O Senhor disse a Satanás: "De onde você veio? " Satanás respondeu ao Senhor: "De perambular pela terra e andar por ela".

Disse então o Senhor a Satanás: "Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal".

"Será que Jó não tem razões para temer a Deus?", respondeu Satanás. "Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui? Tu mesmo tens abençoado tudo o que ele faz, de modo que todos os seus rebanhos estão espalhados por toda a terra. Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face. "

O Senhor disse a Satanás: "Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não encoste um dedo nele". Então Satanás saiu da presença do Senhor."
- Jó 1:6-12

Procuro não ter uma visão simplista em relação a nada, muito menos sobre eu mesmo. Dentro deste contexto, posso dizer que “me conheço bem”, ao menos o suficiente para saber que não sou o ser humano mais perfeito da terra, mas também não sou o mais sacana. Este "mimimi" de se fazer de modesto soa hipocrisia da pior qualidade e, para mim, tem efeito inverso ao desejado por quem assim se porta (Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne - Colossenses 2:23).

Se estou ciente de minha relação com Deus e com os homens, se estou convicto de quê pouquíssimas vezes agi de forma contrária à ética que foi gravada em meu coração através do Espírito de Cristo que hoje vive em mim, arrisco dizer sem medo de errar que, se prejudiquei alguém, se fui motivo de escândalo ou decepcionei àqueles que me rodeiam, não foi uma atitude perversamente maquinada em meu peito. Posso ter errado e – certamente – erro muito mais do que gostaria, mas minha consciência não permite que eu erre por algum ardil que poderia ter raízes em meu ser.

Muitos cristãos verdadeiros (e eu ouso me colocar no balaio) estão sofrendo situações aparentemente impossíveis de se explicar pela lógica humana. Parece que, ao somar “1 + 1”, o resultado prático em minha vida caprichosamente continua a dar “3” (essa ilustração é a melhor que conheço para explicar isso, desculpe pela insistência nela, rsrs). A conta não fecha, o que era para dar certo dá errado, o que fora prometido não se cumpre, o mau te toca constantemente, a dor insiste em te debilitar, o ímpio continua a prosperar e eu fico no limite da sanidade mental procurando entender esta bagaça e não afundar.

De onde vem tanta angústia? Qual a razão de tanto sofrimento? Será que as contingências da vida são a razão deste caos que impera? Será que dá para tentar reduzir tanto a situação geral somente para tentar encontrar uma explicação que caiba em nosso entendimento? Estou eu procurando uma explicação simplista para tudo isso?

Eu costumo dizer que não aceito um diagnóstico médico quando o "doutor" me diz que tudo o que sofri foi fruto de uma “virose”. Virose o caramba! Quem precisa estudar medicina para dar uma resposta tão boçal para tentar justificar o sofrimento? Muitos aceitam este reducionismo, é até bom para alguns que querem viver com a cabeça enterrada no chão da existência por medo de encarar a realidade mas... EU NÃO!

Não consigo, não me conformo e nem quero me conformar! Não sou gado para ser enviado ao matadouro sem soltar um mugidinho que seja! Não estou procurando respostas fáceis, a vida não permite isso para quem realmente está no campo de batalha. Não estou sentado confortavelmente numa poltrona jogando o vídeo game da vida, estou vivendo, estou sangrando, estou sofrendo e está doendo!

Mesmo tendo chegado até aqui, confesso que tenho receio de abrir a caixinha de ferramentas e mostrar tudo o que penso. Por outro lado, sei que outros estão vivendo o mesmo tipo de situação. Os livros de Jó continuam a ser escritos todos os dias, as apostas continuam a ser feitas, nossa vida é, como diz as Escrituras...

“...Porque me parece que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte. Temo-nos tornado um espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados!

Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo.”
- 1 Coríntios 4:9-13

É exatamente isso o que sinto, e longe de mim me colocar como apóstolo (eu ein)! Na verdade, isso serve para todos os cristãos que estão com suas anteninhas viradas constantemente para o Senhor, não somente para os apóstolos. Minha vida é espetáculo diante de anjos e homens. O diabo insiste em pedir mais e mais espaço para “provar” que a visão que ele tem de mim é a correta, não a visão que Deus tem de mim. No meio dessa aposta lá estou eu, igual camarão entre a rocha e a onda...

Eu, porém, sei que não consigo nem imaginar como isso tudo vai ficar. O caos está se expandindo exponencialmente e praticamente ninguém está se dando conta! Está sendo “natural” ver tudo o que acontece no mundo, desde que não aconteça “comigo”! A desgraça? Na casa do cara que vive na Cochinchina! A peste? Lá pra pqp, aqui não! Basta poder ser visto na TV com aquela curiosidade mórbida, apenas para “ter assunto” entre os urubús, tendo a opção de mudar de canal e fazer de conta que nada está acontecendo!

Só que não é assim que a banda toca. O dia mau chega e chega pra todo mundo. Um dia vai cair O SEU teto, e não apenas o teto do fulano que mora no barraco do outro lado do planeta. Um dia a doença e a morte chegam, e não se tratará mais de um dado estatístico. Os dias são maus e não dá para se iludir. Temos que estar preparados:

"Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo." - Efésios 6:13

Não sei nem como acabar este texto, meu livro ainda está sendo escrito...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Como "estar dentro" sendo de fora?



“Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo.”
1 Coríntios 5:9-10, NVI

“Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo.”1 Coríntios 5:9-10, ARA

Ao procurar o texto acima, queria a tradução Almeida Revista e Atualizada por utilizar o adjetivo “impuro”. Entretanto, localizei primeiro a tradução NVI que fala sobre “imorais”, gerando uma dúvida quanto qual das duas utilizar. Afinal de contas, impuros e imorais são ótimos adjetivos para descrever o tipo de gente que nos relacionamos, atravessando nossos caminhos e nos obrigando a crescer dia após dia na habilidade de lidar com eles sem, todavia, nos desvirtuar.

Está cada vez mais difícil manter a cabeça fora da fossa humana, conseguir respirar sem nos intoxicar, o ambiente em que vivemos está se tornando cada vez mais pesado, parece que estamos sendo lentamente consumidos sem nos dar conta, assim como o sapo na chaleira, com a água sendo aquecida lentamente, até o momento em que estamos cozidos sem dar conta.

Se não tivermos o discernimento necessário, se não ouvirmos a voz do Espírito Santo dentro de nós, nos deixaremos levar pelas artimanhas que frequentemente são orquestradas contra nós. Com isso, não quero dizer que as pessoas, conscientemente, tramam ardis para nos atingir (ao menos na maioria dos casos, penso eu, “polianisticamente”...). Vejo, sim, que a constante batalha no mundo espiritual exige que nós tenhamos atenção redobrada quando aos instrumentos que o inimigo de nossas almas utiliza para nos atrapalhar em nossa caminhada rumo ao Reino de Deus.

Não é tarefa agradável levantar todos os dias, lidar com motorista do ônibus mal educado, com a mulher (ou homem, em ambos sentidos) que te dá mole sem cair em tentação, em negociar com clientes, fornecedores e “parceiros” que – se você baixar a guarda – vai socar com força no seu traseiro por qualquer pequena vantagem comercial, não se importando em ter o mínimo de ética.

A pressão está cada vez maior. Os impuros e imorais deste mundo estão cada qual agindo apenas em prol de seus interesses. Cada vez mais, entendo que existe muito pouco disponível e todos lutam desesperadamente por seu quinhão, mesmo que o preço a ser pago seja a desgraça "do outro". Estamos neste mundo, mas não fazemos parte dele no sentido moral e espiritual. Como disse Jesus em sua oração sacerdotal:

“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.”João 17:9-15

Este é para mim o ponto de tensão (na verdade, um deles...): Estar aqui e não ser mais daqui sem virar um fanático isolado em uma redoma, ter que lidar com os impuros e imorais de forma que não sejamos contaminados pelo seu conteúdo, apenas filtrando o que convém e descartando o que não convém, influenciar, orientar quanto ao Caminho, ser sal e luz sem permitir que nos usem como mero passatempo, um instrumento de “diversão”, como ironicamente disse Jesus:

“Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, e dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.”
- Mateus 11:16-19

Consigo visualizar quase que graficamente, tridimensionalmente, o que quero dizer, enquanto estas passagens bíblicas ficam pipocando em minha mente para servir de base ao que penso. Só não sou hábil o suficiente para amarrar tudo de forma coerente e colocar em palavras escritas, mas, mesmo assim, tento. Você está no meio, de todos os lados inúmeras demandas, de todos os tipos e você tendo que lidar com cada uma, procurando da melhor maneira possível não perder nenhuma vida, tentando ser o fiel da balança, conciliador, provedor, conselheiro, etc.

Não me interprete mal, não quero assumir um papel que pertence ao Senhor, apenas sou consciente do meu papel e rogo a Deus que eu o cumpra da melhor maneira possível. Que eu mantenha o foco no Alvo, trabalhe da melhor maneira possível a(s) moedinha(s) que Jesus deixou sob meus cuidados, de forma que Ele, ao voltar, não receba de volta o mesmo que me deu, por eu ter sido omisso e/ou covarde.

Por outro lado, também peço ao Senhor, em Nome de Jesus, que eu não me sinta confortável dentro desse sistema de coisas, enquanto a temperatura aumenta sem eu notar; até que – sem me dar conta – já esteja cozido como o sapo na chaleira...