“Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte”. 2 Coríntios 12:7-10
Muitas vezes vemos e ouvimos testemunhos de pessoas que dormiram super-pecadoras e acordaram super-santas. Estes testemunhos me arrepiam todo. Não pelo poder transformador de Deus que eu conheço bem, mas pela vinculação pseudo espiritual feita entre o encontro com Cristo e a mudança radical de usos e costumes.
Sabe aqueles super-crentes que não comem, não bebem, não cheiram nem fedem? Aqueles que tem o poder de desmotivar os mais fracos com seu testemunho de "chatidade", daqueles que não se misturam com os que até tentaram mas não conseguiram se ajustar na moldura quadradinha e limitada do gospel way of life? Pois é. Não suporto este povo.
Mudam seu modo de vestir, de falar e de agir. Passam a viver como seres de outro planeta, dentro de uma bolha de vidro lacrada para não se contaminarem com as impurezas deste mundo tenebroso. Até certo ponto não há nada de mal nisso. Devemos ter uma vida exemplar. Mas o exemplo de vida que devemos dar vai muito além das aparências. A mudança tem que ser de dentro para fora.
A mudança tem que ser de caráter, não de fachada. A casa inteira tem que cair e ser reerguida sobre novos alicerces. Não adianta passar uma mão de cal por fora para dizer que o imóvel é novo. Tem que mudar lá no coração. Aprender amar, aprender a perdoar, aprender a aceitar as diferenças, aprender a aproveitar as oportunidades de ser um reflexo vivo do Senhor, atraindo as pessoas não pela fachada, mas pelo magnetismo irresistível de uma nova criação.
E isso não se faz por vontade própria. Isso é obra do Espírito Santo, que vai nos moldando dia após dia, trabalhando nosso caráter, limpando e podando aquilo que for necessário, mas limitando sua ação às nossas características pessoais.
O que quero dizer com isso é que no começo de nossa caminhada com Cristo podemos até querer seguir o catecismo da igreja “A” ou “B”, numa tentativa de ser O crente que todos esperam que sejamos. A treta é que, caso estejamos realmente andando com Ele em espírito e em verdade, algumas destas tentativas de mudança na marra simplesmente não acontecerão, pois deixaremos de ser quem Ele quer que sejamos.
Deus conhece e respeita nossas limitações. Sabe que se um dia eu conseguir deixar de fazer certas coisas que outros irmãos talvez não façam, eu deixarei de ser o homem que Deus escolheu para uma parte específica de sua obra aqui na Terra. Quando eu digo “eu” quero dizer qualquer irmão ou irmã em Cristo.
Certamente você faz coisas que não gostaria de fazer, que sabe que aparentemente são erradas. Principalmente naquela área que se costuma chamar de “pecados morais”. Nesta área pessoalmente creio que a mudança tem que ser radical, mas no tempo de Deus, caminhando com Ele e sendo contaminado por sua Santidade. Já na “área exterior”, digamos assim, a fachada pode mudar ou não, dependendo dos planos de Deus em sua vida.
Papo estranho né? Tá difícil para eu conseguir escrever o que realmente quero dizer. Creio ser mais fácil dar alguns exemplos para conseguir explicar... (como disse, ainda estou em primeira marcha!)
Pode ser que Deus não faça você parar de beber, pois Ele conhece seu coração e sabe que aquilo não te tira dos trilhos. Você pode até pedir para Ele te ajudar a parar, pois você quer ser igualzinho a todos os outros irmãos que se gabam de não ter este “vício”, mas Deus simplesmente te ignora na cara dura e te deixa sem resposta. Vai chegar um momento, porém, que você vai notar que aquilo não é o ponto primordial de sua relação com Deus.
Na verdade, você até ganha vidas para Jesus tomando uns golinhos com seus amigos. Eles olham para você e podem até dizer (condicionado pelos estereótipos): “Nossa, fulano toma seus golinhos, mas fala de Jesus de uma maneira que nunca ninguém falou comigo até hoje!” Com isso, aquela pessoa que foi impactada pelo testemunho de Cristo em sua vida será alcançada pela graça através de você, e não pela vida do também super importante irmãozinho que nem trisca em uma trufa de Amarula e pede perdão até hoje pelo fato de ter tomado Biotônico Fontoura quando era criança.
Ambos são igualmente importantes na obra, mas um foi chamado para alcançar um perfil de pecador, outro para outro perfil de pecador. Faz sentido para você?
Outro exemplo meio bobo, mas não menos importante, é sobre música secular versus musica cristã. Existe música secular que é muito melhor que música gospel, feita através do dom de Deus na vida de diversos músicos, assim como existe música feita por músicos evangélicos que são ridículas. Tentei parar de ouvir música “do mundo”, mas em nada cresci espiritualmente com isso. Me senti engessado. Como já disse, já estive na presença de Deus ouvindo cada banda de rock que deixaria alguns (muitos) irmãozinhos de cabelo em pé.
Uma coisa que sempre fico pensando em relação a isso é: Que tipo de música Jesus ouvia? Havia este tipo de distinção na época? Que som deveria estar rolando nas bodas de Cana, quando acabou o vinho? Sei não, Jesus era meio punk (risos)...
Não consigo falar deste assunto sem me lembrar da passagem abaixo:
"Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras: "Não manuseie!", "Não prove!", "Não toque!"? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne”. – Colossenses 2:20.23
Bom, creio desta forma. Tanto pela minha vida quanto por tudo o que vejo na vida de muitos irmãos, que tentam se enquadrar na moldura limitada da religião, mas não atentam no que é realmente importante para estabelecer o Reino de Deus aqui na Terra, que definitivamente não se ajusta aos valores do reino humano, falível e caído, nem da religião.
As coisas acontecem no tempo de Deus