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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tem hora que cansa...


Está escuro. Procuro seguir meus instintos, sendo guiado pelos sons, pelo eco de meus passos, por meus sentimentos, por meus arrepios e premonições.

Ando, esbarro, caio, me ralo todo, levanto, sinto dor, vazio, frustração. Nada de luz. Somente densas trevas.

Procuro avançar novamente. Sinto que estou preso. Parece pesadelo, quando tentamos correr mas nossos pés estão presos ao chão, como que concretados.

Penso em chorar de angústia e dor, mas não resolverá nada. Não tem ninguém que virá ao meu socorro. Engulo as lágrimas e fico sem ação.

Adianta correr para cair? Adianta chorar e ninguém me abraçar?

O que faço então?

Respiro fundo. Procuro recontextualizar a situação. Se é que ela existe mesmo. Parece que na verdade tudo é virtual. O torpor então invade meu peito, a bendita sensação de ter sido sedado. Será que isso acontece para que eu possa continuar sem sentir mais a dor que na verdade está lá escondida, mas camuflada pela morfina injetada na alma?

Olho para baixo. Vejo agora meus pés. Estão lá, firmes. Paro então de querer olhar para frente, para o futuro incerto. Dou um pequeno passo, ainda sem poder ver a direção.

Volto a confiar ao ver que desta vez não houve esbarrão ou tropeço.

Como criança, procuro me equilibrar e avançar. Cambaleio um pouco, como que tomado pelo vinho, mas readquiro a fé.

Vejo que não estou sozinho. Mas por que ele não evitou que tudo aquilo acontecesse?

Será que viveremos sempre assim, caindo e levantando, sentindo o desânimo de recomeçar do nada, tendo em mãos apenas as palavras ouvidas e guardadas, as experiências dolorosas, poucos verões e muitos dias de frio?

E agora? Vale a pena?

Vale. Vale sim. Vale muito. Não me preocuparei então. Continuarei em frente, passo a passo, sem pressa nem expectativas irreais...

3 comentários:

  1. Pastor,

    Desculpe se parece uma comparação tosca mas me lembrei da música (música?!) beber, cair e levantar, beber, cair e levantar he he que invadiu as rádios... Por um curto tempo, ufa!

    E vê se vc dá aí um desconto nesse meu terrível senso de humor affff

    Enfim...

    Esse beber/sorver constante da graça é que nos faz entender sem explicar esse paradoxo da firmeza na rocha, ainda que achando que estamos trôpegos, bêbados, no chão; é quando se dá a tal leveza, a sensação suave e deliciosa que não dá lugar para inquietações e perguntar se vale a pena.

    bj

    R.

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  2. Interessante. Eu pensava ainda ontem em escrever algo sobre o mesmo tema. Só os sinceros consigo mesmo podem olhar além da superfície e enxergar as fendas do seu próprio íntimo. Só sabe quem esteve lá embaixo no esgoto, que custou achar o caminho de volta para a casa do Pai e conseguir lavar-se da podridão. Estes sim experimentaram a graça, mas a sensação é exatamente esta - recomeçar com a triste sensação de vazio sempre.

    Abraços meu amigo. Ótimo texto!

    Tiago Sc

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Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...