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sexta-feira, 29 de maio de 2009

O dia que deixei de ser Carlinhos



Aqui estou eu novamente, pensando em um monte de coisas ao mesmo tempo. No momento o que mais tenho pensado é em como alguém como eu pode ter chegado aos 40 anos depois de tomar tantas porradas.

Superei situações que imaginava serem impossíveis de serem superadas, inimigos imaginários, medos, traumas... creio que a origem de tudo foi em minha infância.

Eu era um moleque insuportável (sei que não mudei muito quanto a isso), sempre querendo coisas que não estavam ao meu alcance, dando trabalho aos meus pais, pentelhando minhas irmãs, fazendo escândalos por não me darem o que eu queria... até hoje me lembro do Autorama que eu não tive, do trenzinho Santa Fé que era meu sonho de consumo, dos aeromodelos que sonhava construir e por para voar. Foi muito difícil, mas esta dificuldade foi gerada pelo fato de eu não saber lidar com o NÃO. Até bem pouco tempo atrás 'não' não existia para mim. Sempre dava um jeito para conseguir as coisas, ou pelo menos tentava remediar de alguma maneira. E quando o 'não' era definitivo eu me fechava, chorava, resmungava contra Deus, contra as pessoas que me amavam... mas isso é outra história, qualquer dia eu conto.

Voltanto ao assunto superação, me lembro vivamente da primeira vez que tive que resolver minhas coisas sozinho.

Estava em casa, sobre a laje que havia sobre o portão no terreno ao lado da casa de meu pai (o terreno era dele, mas vendeu por ter ficado muito tempo sem trabalho) soltando pipa. Minha lata tinha muita linha, tinha feito um cerol muito bom... estava feliz, desbicando meu 'bólido' quando de repente vi um dos meus pesadelos subindo a rua em minha direção. Era um garoto (influência carioca em meu vocábulário) que sempre me batia quando estava brincando na rua. Acho que todos os garotos sabem bem do que eu estou falando. Ele me dava frio na espinha. Nem era maior que eu, mas sabia se impor, era folgado pra caralho e me intimidava.

Como eu estava sobre a lage pensei: "tranquilo (carioquês), to aqui em cima, ele não pode fazer nada".

O meliantezinho parou embaixo do portão e ficou conversando banalidades comigo, tipo 'seu pipa é da hora', 'desbica para eu ver', etc e tal. Como estava protegido fiz o que ele tava pedindo. Ai ele disse:

'Que legal! quanto de linha você tem na lata? Parece que é bastante né? Vê quanto você tem, manda linha até vermos onde você consegue 'mandar busca' (dialeto de quem empina pipa)!

O otário aqui mandou toda a linha da lata (afinal, estava seguro mas tinha que obedecer né? Depois iria para rua e poderia tomar uns cascudos dele) e assim que a linha chegou ao final ele pegou um pedaço de pau que estava por perto e baixou minha linha, quebrou e começou a puxar rapidamente. Foi tudo muito rápido, entrei em desespero e a primeira reação que tive foi gritar:


Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!

Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!

Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!


Gritava chorando e ele ficava rindo, enquanto enrolava a linha de improviso em uma lata que ele encontrou. Estava paralizado de medo, me sentindo traído, um trouxa, um bosta, um idiota... como eu pude acreditar nele? Como eu pude me deixar influenciar por ele???

Continuei gritando e ninguém vinha ao meu socorro. Aí eu descobri que estava sozinho e que ninguém iria me ajudar. Ele foi embora, eu chorei muito e tive que me conformar (eu era muito bunda-mole).

Após o almoço eu estava no quintal de casa brincando meio amuado quando vi que o meu pipa estava no ar bem longe, mas com a linha passando sobre a minha casa. Entrei em crise, pensei, pensei e decidi agir.

Peguei uma vassoura, subi no telhado e puxei a linha. Medi um palmo e dei um tranco para que ela quebrasse bem perto da mão dele (quem solta pipa conhece as técnicas... rere..) A linha rebentou, comecei a enrolar super feliz, orgulhoso de mim mesmo. Estava super excitado. O medo de apanhar era menor do que meu desejo de vingança, afinal de contas ele me batia por nada! Enquanto enrolava o demoniozinho veio correndo até meu portão e começou a me xingar, me ameaçando, falando que o pipa era dele... aquilo foi demais para mim. Num acesso de raiva fui até o portão e encarei ele. Disse tremendo de medo por dentro, mas cheio de uma força que hoje sei que veio de Deus:

"Olha aqui, este pipa É MEU, você ROUBOU de mim e TOMEI de volta! Se quiser de volta vai ter que tomar de mim de novo!!!"

Ele não esperava de jeito nenhum esta reação, perdeu a voz e pude ver que pela primeira vez na vida ele não estava no controle da situação (pelo menos comigo).

Ele amarelou, baixou a cabeça e foi embora. Depois disso ele NUNCA MAIS me enfrentou. Venci meus limites, venci meus medos, e - mais importante de tudo - descobri que dali para frente eu havia descoberto que meu pai não estaria sempre ao meu lado para me socorrer.

Parece bobeira mas isso foi um divisor de águas em minha vida.

Sempre me lembro disso (com lágrima nos olhos ao escrever)... Hoje luto ferrenhamente pelos meus objetivos e sei que - se não sou tudo o que sempre quiz ser - pelo menos estou no caminho.

É isso gente... escrevendo isso muitas coisas estão vindo à minha mente... sempre que lembrar de algum causo eu vou colocar para vocês aqui.

Um abraço!

João Carlos (deixou de ser 'Carlinhos' naquele dia... glória a Deus!)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Queridaaaa... cheguei!!!!!


Gente, estou emocionado... sem saber nem como nem por onde acabei criando meu próprio blog.

Estou me sentindo uma tartaruga no poste: Não sei como subi, não sei o que estou fazendo em cima e não tenho a mínima idéia de como descer.

Comecei a fuçar este negócio devido ao Pr. Ricardo Gondim mencionar em um texto dele que não era para ficar nem um só dia sem entrar no Pavablog. Realmente achei interessante. Foi relaxante descobrir que existem muito mais cristãos vivendo nos extremos mas sem tirar os pés da Rocha, alcançando vidas, brincando com os fatos do dia a dia, sem a neurose do que se considera ser crente.

Comecei a fuçar e ver alguns textos interessantes, vi também alguns comentários idiotas e isso despertou meu interesse em comentar os comentários. Daí a encontrar caminhos pelo site que me direcionaram a abrir minha continha foi algo imperceptível.

Se cheguei até aqui creio que Deus deve ter algum propósito. Minha vida tem sido assim. Me pareço muito com José do Egito, que tinha sonhos não compreendidos e foi vendido, levado a uma nação desconhecida, assediado, acusado injustamente, preso, explorado, esquecido e - quando aparentemente as coisas só poderiam piorar – apareceu um escape divino e tudo ficou claro: Era propósito de Deus todos aqueles anos perdidos, para transformá-lo no salvador de sua família, de sua nação.

Assim como ele, eu também falo demais e pago o preço. É mais forte do que eu. Me pego abrindo meu coração a pessoas que depois falo comigo mesmo: idiota! Você merece se ferrar mesmo!

Hoje estou aqui no Rio de Janeiro, depois de 39 anos bem vividos em São Paulo, tomando picada de mosquito toda noite, com falta de água e luz direto, trabalhando em algo que até gosto mas não é o sonho de minha vida... mas sinto algo no ar: o melhor de Deus está por vir.

Mais uma vez digo: espero que esta direção ao criar meu blog seja de Deus. Veremos!

Me perdoem pela falta de algo mais a dizer. Estou aqui no escritório e quero acabar isso antes das 18:10.

Aguardem, vou aprender a usar isso direito e creio que vocês vão gostar...