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quarta-feira, 27 de abril de 2011

E o profeta Raul estava certo...



Há muito tempo tenho sido incomodado com a venda de terras brasileiras para investidores estrangeiros.

O engraçado é que este assunto talvez teria passado batido para mim, da mesma forma que passa para a maioria dos brasileiros, se a algumas décadas atrás o profeta Raul Seixas não tivesse falado isso através da música ALUGA-SE. E olha que ele foi inocente, interpretando a visão como sendo apenas uma locação...

Veja a letra e clique em algumas matérias que pesquei na internet de forma aleatória a respeito deste assunto. Depois, tirem suas conclusões...


ALUGA-SE
Raul Seixas

A solução pro nosso povo eu vou dá
Negócio bom assim ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui, é só vim pegar
A solução é alugar o Brasil!...

Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
É tudo free!
Tá na hora agora é free
Vamo embora dá lugar pros gringo entrar
Pois esse imóvel tá prá alugar
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!...

Os estrangeiros eu sei que eles vão gostar
Tem o Atlântico, tem vista pro mar
A Amazônia é o jardim do quintal
E o dólar deles paga o nosso mingau...

Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
É tudo free!
Tá na hora agora é free
Vamo embora dá lugar pros gringo entrar
Pois esse imóvel está prá alugar
Alugar! Ei!

Grande Soluça!

Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
Agora é free!
Tá na hora é tudo free
Vamo embora dá lugar pros outro entrar
Pois esse imóvel tá prá alugar
Ah! Ah! Ah! Ah!

Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
Agora é free!
Tá na hora é tudo free
Vamo embora dá lugar pros gringos entrar
Pois esse imóvel
Está prá alugar...
Está prá alugar meu Deus!

Nós não vamo paga nada!
Nós não vamo paga nada!
É tudo free!
Vamo embora!

( a melhor versão desta música com Raulzito ao vivo não está disponível para ser incorporada mas segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=YcvKkJwP6NA&NR=1 )

Após esta porrada sonora, vamos às matérias:


Estrangeiros compram "seis Mônacos" de terra no país por dia, mostra pesquisa


Governo bloqueia compra de terras por estrangeiros


E aí, consegue dormir com um barulho desses?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

De 15:47 às 16:18...


15:47h...

Daqui a 43 minutos estarei correndo para o ponto de ônibus em direção à faculdade. Queira Deus que o trânsito até o Barra Shopping e na Ayrton Senna esteja bom. Cansa fazer todo o esforço que tenho feito e ser pego no contrapé num engarrafamento, chegando atrasado quase todo dia...

Hoje haverá um estudo dirigido de Bioquímica. Tenho gostado muito da matéria pois o Rafael, nosso professor, consegue cativar os alunos com seu humor e habilidade em repassar seus conhecimentos. Matérias até muito mais “simpáticas” como Citologia e Histologia conseguem me entediar até as tampas, apesar de ser um assunto interessante, devido ao fato das professoras sofrerem de uma falta de sal daquelas...

Outra aula que tenho curtido muito é a de Anatomia. Apesar de ser aos sábados, o professor também é muito bom. O material de apoio também: Vários cadáveres de indigentes que não são reclamados por suas famílias e acabam prestando este nobre serviço em prol do conhecimento médico e científico. O problema é o cheiro: Deve ser formol misturado com a morte, deixando os corpos amarronzados, como se fossem feitos de borracha, esponja, sei lá. Ultimamente tenho manuseado muito os dito-cujos, chamados de “peças” pelos monitores...

Parando para pensar nisso tudo, começo a lembrar de um trecho daquela música do profeta Raul Seixas, Ouro de Tolo (e que consta em minha versão da Harpa JC):

“Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...”


Creio que são estas “coisas grandes prá conquistar” que me deixam ultimamente meio anestesiado. É uma sensação estranha! Consegui a duras custas entrar na faculdade, e uma baita faculdade, uma Universidade Federal e, agora que estou lá, sinto falta do tempo que costumava ler muito mais minha Bíblia em inglês, confortavelmente sentado na poltrona de um busão. Afinal de contas, estou na minha quarta leitura capa a capa. Tá certo que o momento não ajuda muito. Afinal de contas, “II Crônicas” é um livrinho chato, intercalando narrativas interessantes com genealogias cansativas, mas, but, however, anyway, ela sempre consegue se tornar viva na hora certa.

Passei então a fazer penitência. Leio uma apostila de uma matéria qualquer e um capítulo da Bíblia. Desta forma, não deixo ninguém de lado, muito menos eu, apesar de carregar um peso desgraçado na mochila. Sem ler a Bíblia eu me sinto em débito comigo mesmo, parece que fica faltando alguma coisa... e fica mesmo!

Outra coisa que tem me deixado triste foi que tive que parar com a musculação devido aos horários conflitantes. Em um mês, perdi 4 quilos, o que me tem deixado profundamente deprimido. Coloco a mão em meu ombro e tenho a mesma sensação que sinto ao tocar nos meus amigos cadáveres das aulas de Anatomia. Um monte de osso, a musculatura atrofiando. Dá até vontade de chorar, pois não se trata apenas de estética mas, principalmente, de saúde e qualidade de vida.

Ossos do ofício, literalmente...

Agora junta tudo e vocês entenderão a razão de ultimamente eu andar tão sorumbático e ausente em meu próprio blog: Dá vontade de escrever mas só vem desabafo. É um momento de adaptações em pleno andamento. Ainda haverão mais mudanças, e coisas importantes para mim só poderão ser decididas após eu encontrar algumas pequenas fatias de pão que lancei sobre as águas algum tempo atrás.

Poderei re-equacionar minha vida. Sabendo o resultado de certas apostas feitas, saberei se minha parada na academia é “temporária ou momentaneamente definitiva”, digamos assim.

Saberei também quanto tempo a mais terei para dedicar ao meu querido “Livro Preto Anacrônico” (apesar da minha ser laranja). Enquanto esta congruência de situações diversas não ocorre, sinto dentro de mim que estou fragmentado em minúsculos pedaços.

Como li várias vezes no “Cristão Confuso”, “isso dói, isso fere, isso machuca”, mas isso já é assunto para outro post. Consegui desabafar e fazer com que o tempo andasse um pouquinho. Vou escovar meus dentinhos, lustrar a careca e meter o pé para a Facú...

Valeu por perderem seu tempo comigo!

domingo, 24 de abril de 2011

Por quê brinco de roleta russa com o Senhor?


“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isso saúde para o eu corpo e refrigério para os teus ossos.” Provérbios 3.5-8

Tenho visto na prática que em praticamente todas as vezes que acreditei que minha capacidade de resolver problemas ou ao menos dar um jeitinho para alcançar algum objetivo sem consultar o Senhor me dei mal.

Quantas vezes recorri às velhas técnicas para resolução de buchas e, invariavelmente, ralei pra caramba, desperdicei energia inutilmente e consegui somente fazer remendos em situações que não deveria nem estar passando, devido aos longos anos de estrada?

Por qual razão costumo ser tão inconseqüente e insisto em trilhar velhos caminhos que já sei que não são confiáveis? O que me motiva a constantemente abusar da Graça e da misericórdia do Senhor?

Reconheço que, inúmeras vezes, ajo como criança, criança mimada, daquelas que acreditam que sempre que “o bicho pegar” terá o papai vindo correndo para ajudar. Várias vezes cruzei a bola na área sem ao menos olhar se havia algum atacante do meu time para enfiar a gorducha para o gol. Pior ainda: Quantas vezes recuei a bola para a defesa, sem olhar para trás e ver se o goleiro estava bem posicionado e sem atentar para o detalhe de haver algum jogador adversário no caminho e que poderia interceptar a jogada?

Agindo desta forma, várias vezes tive que sair correndo atrás de meu próprio passe, tentando arrumar a cagada. Algumas vezes levei o gol por pura falta de cautela, pois agi sem sevar em conta o treinamento que meu Técnico me deu. Confiei em meu próprio entendimento, como diz o texto acima. Acreditei que o mundo sempre conspiraria a meu favor, agindo como “filhinho do Papai”. O preço, invariavelmente, foi desgaste físico e emocional desnecessário.

Há anos atrás o Senhor me alertou que chegaria uma hora em que ele daria um basta, um “não mais” às minhas atitudes inconseqüentes. Assim como Sansão, achei que poderia brincar com as “Dalilas” de plantão. Não digo isso na área emocional, que fique bem claro: Agi assim em áreas que tenho experiência suficiente para saber que “uma hora a casa iria cair”. Isso só não aconteceu ainda por pura misericórdia do Senhor.

Conhecimento não falta. Experiência também. Falta, na verdade, assumir minha posição, exercer meu papel, parar de brincar com a Graça e a misericórdia do Senhor.

Em outras palavras: Este post é um pedido de perdão ao Senhor que, pacientemente, tem me suportado...

sábado, 23 de abril de 2011

Um para trás, dois para frente, de novo...



Por qual razão frequentemente sinto que as coisas começam a ficar sem sentido? Comer ou não comer não altera o apetite, rir ou chorar não abala o estado emocional, correr ou deitar não alivia o corpo, orar ou não orar não me aproxima mais de Deus.

Sem eu perceber, a luzinha de alerta começou a piscar. Falha no sistema, sensação de já ter vivido aquilo antes.

Um passo atrás não é sinônimo de dúvida ou falta de fé. Pelo contrário. A meu ver, este passo atrás muitas vezes é necessário para pegar impulso e seguir em frente. Não tenho resposta para tudo. Me canso e me sinto frágil muitas vezes. Sou obrigado a recomeçar com frequência, e a sensação de impotência no começo pode gerar imobilismo e frustração, mas depois vejo que estas emoções conflitantes são o campo fértil para novas perspectivas.

Tive que recomeçar várias vezes, de várias formas. Por vontade própria ou por força das circunstâncias. Perdi quase tudo que havia conquistado e me senti um fracasso. Fiquei impotente, sem norte, sem direção ou coragem de continuar. Mas a vida tem seus caminhos misteriosos e, com toda sua sutileza, me empurrou para frente. Mesmo com medo e dor, continuei caminhando. Desejando a morte e quase jogando a toalha, vi que não tinha opções. Avancei.

Esta nova força advinda da fraqueza pode soar contraditória, mas não é. Como diz Paulo em sua carta aos Coríntios “Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2Co 12:10). Não levo este pensamento de Paulo ao campo espiritual apenas. Assumir a fraqueza abre um leque de novas e impensadas opções. Muitas vezes estamos perto demais de nossos problemas, inseridos demais em nossas situações cotidianas e ficamos sem uma visão da situação como um todo. Se afastar um pouco do tabuleiro do jogo gera uma visão melhor da situação, possibilita reavaliamos a estratégia e entrar novamente na batalha.

Não vejo nenhum problema em assumir ser fraco. Assumir a fraqueza gera um alívio muito grande. Tirar o peso das costas e poder dizer “e agora, o que eu faço?” é libertador.

Sou fraco, me canso e preciso fazer isso de tempos em tempos. Assim como agora...

sábado, 16 de abril de 2011

Peita mesmo!!!


“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão.”Mateus 18.15

Todo mundo acha que crente é bobo. Quem acha isso, infelizmente, está... CERTO. Sei que esta afirmação terrível (risos) poderá magoar 13,78% dos meus leitores, mas quero que saibam que crente é bobo sim.

Digo isso pois aprenderam a “interpretar” as Escrituras não pelo contexto geral e por sua relação pessoal com o Espírito de Cristo, mas sim pela forma (ah, as malditas formas...) que foram catequizados (sim, expressão utilizada no contexto dos portugueses chegando no Brasil e enfiando RELIGIÃO goela abaixo nos nativos) pelos líderes religiosos que procuram controlar seu rebanhos de ovelhas apenas visando a tosquia e o abate.

Entre ser crente (faz bem em creres, até o diabo crê e treme...) e ser CRISTÃO existe um abismo indigesto para estes, pois ser cristão não tem nada a ver com ser crente.

As primeiras pessoas a serem chamadas de cristãs assim o foram pelo fato de serem parecidas com Jesus Cristo e não por seguirem um pacote de usos, costumes e preceitos religiosos.

Por este ângulo, ser cristão envolve muita rebeldia, revolução e quebra de paradigmas, principalmente contra o câncer religioso.

Como já disse baseado nas Escrituras (e não estou afim de procurar o texto, só me lembro que se encontra no livro de Atos dos Apóstolos), ser cristão é ser parecido com nosso Senhor Jesus e não parecido com o quê estereotiparam a respeito dos verdadeiros discípulos do Mestre.

Ser cristão é ser muito punk, e ser contracultura, principalmente a cultura religiosa. Basta ver algumas estripulias que Jesus cometeu em seu tempo aqui na Terra.

O Cara transformou água em vinho numa festa de casamento e curtia muito as duas coisas: Tanto o vinho como as festas. Chutou o balde na porta da Universal, quero dizer, no templo ao ver os mercadores enganando os judeus devotos que ali levavam seus holocaustos e eram enganados pelos vendilhões do templo. Foi chamado do comilão e bebedor de vinho, amigo de prostitutas, pecadores, publicanos e todas as outras consideradas catrevas da época.

Para piorar, disse que não veio trazer paz à Terra, pelo contrário, veio trazer divisão entre pai e filho, entre nora e sogra (esta é fácil, em qualquer combinação que queiram fazer, invertendo os sexos e a hierarquia), disse que teríamos que comer de seu Corpo e beber do seu Sangue, deixou um pequeno momento de intimidade entre os verdadeiros seguidores como instituição para lembrar de seu sacrifício vicário (em outras palavras, fazer uma reunião informal entre os amigos regada a pão e vinho), entre outros inúmeros atos que seriam considerados como motivo de exclusão de uma porrada de denominações por aí afora.

Sei que para a grande maioria dos “crentes”, é difícil chupar esta manga. O problema é que não podemos assistir tudo o que rola por aí como ovelhas mudas que vão para o matadouro.

Com isso posto, chego agora onde queria chegar (isso foi só uma introdução, mas Papai está mandando eu escrever e à Ele eu obedeço... então TOOOOOOMMMMMEEEEEE!!!!!).

O motivo inicial deste post foi algo que aconteceu com a Cilene esta semana: Ela está trabalhando no plantão noturno de uma grande rede hospitalar aqui do Rio e, durante este plantão, os técnicos de enfermagem podem fazer um revezamento de soneca de três horas, divididos entre meia noite às três da manhã e das três até as seis, uma hora antes do término do plantão.

Ao se dirigir ao primeiro turno de cochilo, uma funcionária antiga, mal amada, cheia de vontade de ser chefe que iria dormir no segundo turno disse às meninas que iam dormir:

“Vão para a sala “xis” e não à que sempre vão pois haverão vários partos normais nesta sala (xiiiii, acho que entreguei o hospital) e não vou conseguir dormir se for na “xis” pois ela é do lado da sala de partos e as grávidas fazem um escândalo desgraçado.”


Entretanto, ao passarem na sala onde sempre dormem, estava tudo pronto para recebê-las. Como todas elas estavam viradas e cansadas, resolveram ficar por lá mesmo.

Ao deitarem, todas desmaiaram e só acordaram pelo despertador que uma delas colocou para serem rendidas pela próxima leva de funcionários.
Ao saírem da sala, porém, esta funcionária que falou para dormirem na outra sala pegou a Cilene de canto e disse com todas as letras:

“Não falei que era para vocês dormirem na outra sala? ATÉ MEU CACHORRO ouve mais do que vocês!”

Pela agressão, talvez motivada pelo fato da Cilene ter menos de três meses neste hospital ou por uma tremenda falta de “consolo” que ela vinha sofrendo à décadas (ou tudo junto e misturado mesmo), meu amorzinho simplesmente travou, ficando sem resposta.

Ao chegar em casa, super amuada, ela me contou...

O problema é que eu tenho sangue no zóio e odeio injustiças. Conversamos (resumão) e disse à ela que ela deveria peitar a mal amada na primeira oportunidade.

Hoje à tarde, ao voltar da faculdade (16 horas, nobody deserve...), ela estava deitada no sofá angustiada, pois seria a primeira vez que ela encontraria a jovem criatura pela frente, com a missão de colocá-la em seu devido lugar.

Disse a ela pra ficar tranqüila, pois o Senhor era com ela e ela saberia dizer exatamente o que ela deveria ouvir.

Há uma hora, meu amorzinho ligou, dizendo que tinha acabado de conversar com a fulana, mencionando boa parte do que tínhamos conversado antes. Algo do tipo:


“Fulana, devemos conversar sobre o que aconteceu no plantão passado. Você me colocou abaixo de seu cachorro com seu comentário infeliz seu que eu seja. Logo de cara existe uma diferença básica entre ele e eu: Seu cachorro recebe ração de você, você leva ele para o pet-shop para ser cuidado banhado e tosado, leva para passear e, acima de tudo, é um ser irracional. Nós, as meninas que você agrediu através de mim, somos apenas colegas de trabalho.

Quero que você nos respeite primeiramente como seres humanos, depois como cidadãs e colegas e trabalho. Não merecia ser o bode expiatório para sua raiva e quero que fique claro que este tipo de situação nunca mais deverá acontecer...


Resumindo (só agora, rerê) a “agressora“ foi pega de surpresa pois não esperava este tipo de reação da Cilene. Pediu desculpas, disse que estava precisando de férias e nunca mais faria aquilo.

Fiquei orgulhoso de meu amor. Fiquei muito mais feliz ainda com a Palavra de Deus, que nunca volta vazia. Muito mais elevado à enésima potência pelo fato de Jesus ser O Cara que Ele foi, é e sempre será, indigesto para muitos mas extremamente amoroso e bom, zelando por suas ovelhas e nos dando exemplo de como devemos ser CRISTÃOS aqui neste mundo tenebroso...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Suportar uns aos outros... ai!


“Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito. Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração. Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.”Colossenses 3.12-17

Compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Quem tiver tudo isso na medida certa por favor me dê um autógrafo. Ou melhor, vários autógrafos, pois vou vender e ficar rico.

Eu faço um esforço desgraçado para procurar revestir-me destas virtudes mas confesso que estou muito aquém do meu "target". A todo momento cruzo com gente que, ao olhar apenas na horizontal, merece levar porrada. Isso vai desde o motorista de ônibus (carioca...) que não para no ponto e te "obriga" a lembrar que sua digníssima senhora não é uma mulher de boa fama até o prestador de serviços que assume um compromisso com você e na hora agá tira o dele da reta, fazendo que você fique na maior saia justa com seu cliente (obviamente isso acontece comigo praticamente todo dia...).

Temos também aqueles que habitam os espaços virtuais, principalmente para nós, blogueiros. Estes pequenos estorvos entram, falam um monte de merda e nos deixam numa sinuca de bico pois, a meu ver, devemos respondê-los com amor mas também com firmeza, não deixando-os acreditar que estão corretos em seus desvarios. E quando fazemos isso, sempre aparece algum desavisado nos criticando, dizendo que pregamos uma coisa mas vivemos outra.

Isso já entra na questão do “suportar uns aos outros”. Parece que este é o próximo passo, também muito difícil de colocar em prática. Como disse antes, não acredito que seja apenas fingir que está tudo bem quando alguém maquiavelicamente cruza nosso caminho para nos tirar a paz. Creio SIM que devemos suportar os fracos mas, em relação aos mau intencionados disfarçados de religiosos/piedosos, devemos confrontá-los, assim como Paulo fez com Pedrão em Gálatas 2.1:

“Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável”


Por acaso Paulo estava errado ao peitar Pedro por este estar sendo um hipócrita? Certamente não. Somente os mais limitados podem achar que Paulo não agiu com amor cristão mas, para mim, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa: Eu te amar não significa que não vou te peitar quando você agir errado com quem quer que seja. Suportar não significa engolir nem muito menos retroceder enquanto o outro avança, invadindo seu espaço. Suportar é impor a resistência necessária contra o outro para que este não caia.

E como é complicado quando Deus acha que nós somos capazes de suportar nosso próximo e a condenação daqueles que “pegaram o bonde andando” e só vêem nossa “dureza” em relação à pobre vítima que, na verdade, é o gerador de nossa reação! Como é embaçado (pausa inútil: carioca não fala embaçado, fala sinistro ou outra coisa qualquer. Já fui identificado como “paulixxxxxxta” só por um “embaçado” que falei em uma frase) termos que muitas vezes fazer o “serviço sujo” de resistir aos perversos no caminho!

O que tem me mantido firme em manter minhas convicções pessoais tem sido, em primeiro lugar, minha relação pessoal com Cristo e a presença do Espírito Santo que, vez ou outra, me dá uns”‘tapões na orêia” para eu não me levar pela minha natureza carnal (aquela história do “não mata o velho homem não, deixa ele amarrado num canto pois vez ou outra precisamos dele!”). Isso é para mim, em outras palavras, A PAZ DE CRISTO como juíza em meu coração.

Em segundo lugar a COMUNHÃO com os verdadeiros irmãos, física ou virtualmente. Através desta comunhão, constantemente nos aprimoramos, nos corrigimos e corrigimos aqueles que estão descarrilando dos trilhos da sã doutrina. Quantas vezes nos aconselhamos pessoalmente, por telefone ou através de emails antes de meter o (s) pé (s) na (s) jaca (s)? Quanta dor conseguimos evitar por usarmos o crivo da maturidade cristã de nosso amado irmão? E quantas vezes este irmão maduro também vem até nós para pedir arrego? Como diria a Dri, “A-DO-GO!”

Para concluir, digo que tudo isso que escrevi é apenas para incentivar meus amados irmãos e a mim mesmo quanto à real motivação de nossos atos: Fazermos tudo para a glória do Senhor, e em seu Nome!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Malhando trigo no lagar...


“Então o anjo do Senhor veio, e sentou-se debaixo do carvalho que estava em Ofra e que pertencia a Joás, abiezrita, cujo filho Gideão estava malhando o trigo no lagar para o esconder dos midianitas. Apareceu-lhe então o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor é contigo, ó homem valoroso.”Juízes 6.11-12

Ontem a Cilene saiu para resolver várias coisas e levou um monte de “portas na cara”. Praticamente nada do que ela tentou resolver saiu do jeito que ela gostaria, deixando-a triste, meio desanimada, cansada de ralar pra caramba e ver que todo o esforço e energia despendidas geraram tão pouco resultado prático.

Quando ela me ligou e falou o que tinha (e não tinha) acontecido, senti e forte direção do Espírito Santo de conversar com ela ao chegar em casa depois da faculdade. Só não sabia exatamente o que falar...

Quando entrei em casa, comecei a assobiar para ela para “localizá-la”, (uma mania que temos, parecemos dois passarinhos conversando por assobios...). Ela deu um assobio meio “muchinho” e descobri então que ela estava deitada na cama depois de ter tomado banho.

Puxei ela pelos pés, comecei a fazer minhas habituais macaquices para fazê-la rir. Missão cumprida, sentei no chão aos pés da cama e comecei a falar. Como tinha acabado de escrever a respeito das dificuldades em alcançar nossos objetivos, o assunto estava fresquinho e o que aconteceu com ela durante o dia apenas testificou que não havia escrito aquilo em vão.

Comecei a falar que ela só estava cansada pelo fato de estar subindo. Quem está descendo nem sente a energia sendo consumida. Parado então nem se fala, fica lá atrofiando, enfraquecendo, se tornando pequeno e mesquinho enquanto a vida se esvai...

Lembrei-me e falei sobre Gideão, quando ele estava malhando trigo no lagar e foi visitado pelo anjo do Senhor. Falei a ela que não se malha trigo no lagar e sim na eira, que é um espaço plano com um chão duro, de dimensões variáveis, onde os cereais, eram malhados e peneirados, depois de colhidos, com vista a separar a palha e outros detritos dos grãos de cereais. Já o lagar é um tanque retangular baixo, de tamanho variável, quase sempre de pedra, onde homens pisam os cachos de uva.

A diferença essencial entre os dois é o instrumento utilizado para este trabalho. Como disse acima, no lagar se pisam as uvas com os pés e o trigo é malhado na eira com um mangual, que consiste em um pedaço de madeira comprido e fino no qual se sustenta a base, chamado de mango, que serve de cabo. Esse cabo é ligado por uma correia de couro e, com este trem nas mãos, você “açoita” o cereal visando separar os grãos da palha.

Falei a ela que malhar trigo no lagar significava que quem estivesse fazendo isso estaria utilizando os pés e não o instrumento apropriado. Ao pisar nos grãos de trigo, certamente os pés de Gideão estavam muito machucados. Ele fazia isso para não fazer barulho. Ele fazia aquilo também por ser aquele lugar o único apropriado para não chamar a atenção dos midianitas, que certamente roubariam tudo o que ele havia produzido.

Tracei um paralelo entre as dificuldades que ambos estávamos enfrentando e consegui colocar que não importava o que tínhamos em mãos para lutar, nunca desistiríamos, avançaríamos mesmo com dor e sofrimento por sabermos que o simples fato de estarmos agindo e não lamentando era o suficiente para que Deus abençoasse nosso trabalho.

Quando notei, ela estava chorando. Sem notar, tinha sido instrumento de Deus para não deixá-la desistir. Por outro lado, vejo que num período muito curto tenho batido na mesma tecla e não acredito que seja falta de assunto ou mera coincidência. Não estou falando sobre isso para que fiquem com peninha dos coitadinhos. Sinto em meu espírito que o Senhor tem permitido constantemente que nossas vidas sejam um “laboratório” para que aqueles que olham para nós sejam motivados a não desistirem no meio das lutas que certamente estão atravessando.

É isso gente. Confesso que relutei o dia inteiro para não escrever sobre isso mas não teve jeito. Quero que saibam que todo o esforço que estão fazendo, aparentemente sem resultados tangíveis (certamente por enquanto...) estão sendo vistos por Deus.


Logo logo o anjo do Senhor será enviado com a resposta. E fiquem atentos pois, muitas vezes, eles não vem com duas asinhas nas costas...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Se fosse fácil todo mundo faria...


“E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.” – Mateus 11.12

“Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.]"Mateus 6.9-13

Estive pensando em tudo o que vem acontecendo em minha vida nos últimos dias, o que me fez parar para pensar em tudo o que aconteceu (e não aconteceu) em minha vida durante estes 42 anos.

Notei que nada (tirando os problemas, claro...) caiu dos céus, vindo de mão beijada. Muito pelo contrário!

Quando criança nunca tive o desejado Autorama nem o maravilhoso trenzinho Santa Fé. Não tinha o direito de escolher minhas próprias roupas, tendo que usar verdadeiras aberrações da moda infantil (não sei o critério que nossos pais utilizavam para escolher nossas roupas, só sei que eles conseguiam minar nossas auto-estimas desde a mais tenra idade). Meninos mais velhos tentaram mais de uma vez abusar de mim sexualmente, sem alcançar êxito nesta infame empreitada (enquanto gritava, lembro que fechei os olhos enquanto tentavam me segurar à força e sai batendo e quebrando tudo ao meu redor, numa força que eu nem sabia possuir...).

Quando comecei a jogar futebol de salão na escola, todos tinham o tênis Rainha Futsal. Quando convenci meus pais de comprarem um para mim, eles trouxeram uma imitação barata de um Rainha, uma marca que, de tão traumático que foi para mim, não esqueço até hoje: "Martiniano" (ninguém merece!), onde, no lugar da tocha olímpica que fazia parte do logotipo, tinha um... desenhado, o que virou motivo de gozação entre os cruéis “amigos” de escola.

Isso me faz lembrar do quanto era assediado pelos perversos, que sempre arrumavam um motivo qualquer para zoar de minha cara, de meu nariz, de qualquer coisa que eu fizesse, tivesse ou fosse. Foram anos cruéis e que só foram vencidos quando inverti o jogo e passei a ser o algoz dos meus torturadores, numa incrível virada de mesa gerada por estar no limite de minha resistência emocional. Usei deste expediente por um curto período, pois sabia exatamente o que um garoto assediado sentia. Apenas passei a marcar território, me tornando um temido "vulcão adormecido"...

Passados os anos, demorei para arrumar a primeira namorada, tanto que meu primeiro beijo na boca nem veio através daquelas brincadeiras de “tutti frutti, hortelã” ou “beijo, abraço, aperto de mão”, comuns na infância: Minha primeira namorada apareceu em minha vida (nem sei como) já no antigo colegial, eu já com 14, 15 anos de idade (pra você ver como eu era um ”mole”). Após 5 dias de namoro praticamente virtual (só andava de mãos dadas com ela e NADA de minha parte), a Lú (que eu carinhosamente chamava de “Bananinha” devido às sardas em seu rosto) perdeu a paciência, me agarrou na marra e me beijou na boca. Depois disso também inverti o jogo, caindo no extremo oposto e me tornando um verdadeiro galináceo, ou melhor, uma águia/galinácea, pois mirava uma garota e dizia para mim mesmo: “Esta eu vou catar!” E assim acontecia, para surpresa de meus incrédulos colegas de escola (êh tempo bão! rsrsrs).

Rolaram várias coisas, desde a falta de oportunidade para estudar (não que não tivesse escola, mas não tinha tempo e dinheiro para pagar uma facú) até outras coisinhas materiais, como comprar um carro, um apartamento financiado em zilhões de vezes (sonho este que esteve às mãos, ainda no primeiro casamento, quando compramos um apartamento de 3 dormitórios no Morumbi, Av. Giovanni Gronchi meu amigo, 1300 metros do Estádio dos Bambis...) ainda em fase de construção e, 6 meses antes de receber as chaves, minha ex pede o divórcio.

Tudo muito difícil, tudo muito suado, tudo na marra. O pouco que foi conquistado sempre foi através de um esforço sobre-humano. Constantemente me senti ( e sinto) desanimado, querendo jogar tudo para o ar, “tocar o foda-se” e “virar mendigo”, hippie ou entrar para a “legião estrangeira” (quem lembra disso?). Creio que não sou só eu que tenho estas viagens, mas nem todo mundo tem coragem de admitir.

Vendo o pouco que conquistei até aqui, noto que em tudo há uma grande carga emocional envolvida, muito suor, sangue e lágrimas. Nada foi fácil, nada é fácil, e sei que nada será. É tudo na porrada, é sempre arrombando portas, abrindo picadas no meio da densa floresta, me arranhando todo, me ralando todo, me arregaçando todo.

E de onde eu tiro forças para isso?

Somente no Senhor. Quem eu sou hoje é fruto direto da presença do Espírito Santo em minha vida. É conseqüência do fato d’eu um dia ter me rendido aos pés do Senhor e pedido arrego, assinando meu atestado de total incompetência de administrar sozinho o meu pequeno caos. Meu Gênesis pessoal foi neste momento. Foi ali que, parafraseando os primeiros capítulos da Bíblia, Deus tomou em suas mãos minha terra sem forma e vazia, onde havia trevas sobre a face do meu abismo mas, desde a eternidade, o Espírito de Deus já pairava sobre a face das águas turbulentas de minha existência, me chocando, me regando, me aguardando...

... até que houve o grande dia e Ele disse: HAJA LUZ! E houve luz sim, sempre me guiando, me dando forças para tomar à força o Reino de Deus aqui na terra, na minha terra, arada com muita luta e regada com suor e lágrimas. Não acredito que será diferente. Creio que o Reino de Deus aqui na terra se conquista desta forma, sempre lutando, sempre alerta, sempre se desviando de obstáculos que se erguerão por todos os dias de nossa vida, assim como um músculo que precisa ser estimulado e nutrido para se desenvolver.

Não sonho que encontrarei moleza na minha vida. Por outro lado, não enfrentarei a derrota pois sempre estarei de pé, lutando ao lado de meu amado Senhor para conquistar minha terra prometida...

domingo, 3 de abril de 2011

Que título dou a este post?


Decidi escrever sem ter bem ao certo sobre o quê...

Foi assim desde o princípio deste blog. Não é todo dia que tem um assunto específico. Já escrevi até baseado em "encomendas" da bispa de da apostolisa (eu e meus neologismos...) ou de frutos de conversas com outras pessoas e direções específicas do Senhor. Só que hoje escrevo apenas por escrever.

Escrevo pois através deste veículo, consigo colocar para fora algo que na verdade nem está dentro dos parâmetros convencionais.

Quando decido escrever sem assunto específico, deixo o vácuo em minha mente colocar para fora meus devaneios, minhas emoções, minhas percepções de algo que não é tangível, mensurável.

Pode parecer meio bobo, mas gosto disso. Aliás, para quem é está muito bom (eu = bobo).

Nunca quis demonstrar ser algo ou alguém que sempre teria algo útil para passar ao meu leitor. Escrevo primeiramente para mim e deixo a critério de quem lê decidir se aquilo foi de alguma valia ou não, ao mesmo tempo sem me preocupar com este feedback.

Tem coisa melhor para quem "bloga" (acabou de virar verbo) do que simplesmente sentir o prazer de sentir seus dedos deslisando pelo teclado sem se preocurar com fórmulas, conceitos teológicos ou filosóficos, mas apenas pelo escrever em si?

Como alguém disse por aí, "navegar é preciso, viver não é preciso"...

Escrever também é como navegar, tipo uma terapia entre você e você mesmo. Curto compartilhar estes momentos e a muito tempo não sento a bunda numa cadeira à frente de um teclado de lan house (por enquanto, vou pegar minha máquina em breve, de alguma forma...) sem ter um assunto específico à tratar.

(Aproveito o momento para mais uma vez pedir desculpas a todos aqueles amigos verdadeiros, ainda que através da virtualidade, por não poder estar presente no espaço virtual de vocês.)

Estes dias iniciais de adaptação à Universidade tem me consumido muita energia, mais do que tempo propriamente dito. Tenho que lidar com novos conceitos, orando à Deus para que Ele abra meu entendimento para a enxurrada de informações que tem sido derramada em minha mente.

Ainda estou preso ao modelo antigo de aprendizado, com professores pacientemente explicando as matérias, parando e tirando dúvidas, ao mesmo tempo que faço anotações. Eu sou das antigas e tentei me adaptar ao "novo mundo" desta forma, só que isso simplesmente não está funcionando.

"Todos" os alunos, a grande maioria teens, simplesmente colocam seu "MP mil" sobre a mesa do professor enquanto ele literalmente disseca a matéria. Fui obrigado a me adaptar e somente este fim de semana consegui comprar um "chinezinho" para me auxiliar no processo...

Por falar em dissecar, ontem tive aula de Anatomia. Sabadão, 5 horas de aula, fala sério! Por outro lado, é o dia mais produtivo para mim, pois vou de minha casa pra a facú sem me preocupar em chegar atrasado. E ontem foi punk, muito punk...

Fomos instruídos a levar aventais (jalecos) pois a aula teria uma parte prática. Só não esperava que ela fosse TÃO prática como foi. A última hora de aula foi na "ala, sala" (sei lá o nome daquilo) onde os estudantes de Medicina da facú aprendem a "Anatomia em Braile"...

Antes de descermos, o professor avisou que respeitaria os limites de cada um neste processo de adaptação e não se importaria caso algum aluno não aguentasse entrar no "recinto" (melhor assim). Também brincou, dizendo: "Vocês acharam que o curso de Nutrição se limitaria a aprender receita de bolo?"...

Ao entrarmos, dois cadáveres nos esperavam. Fui direto aos corpos, corpos estes conservados em um produto químico (que ainda vou descobrir o nome) que o deixaram amarronzados. O cheiro era horrível. Não cheiro de carne podre, mas era uma mistura nauseabunda deste tal produto químico com um cheiro de algo que não consigo definir, mas certamente era o dos dois corpos + esta mistura.

Analisamos a musculatura dos cadáveres, matéria teórica da aula anterior. Era impossível respirar fundo sem sentir ânsia. Nunca tive problemas em lidar com estes assuntos (como costumo dizer, tenho "sangue no zóio"), só que desta vez a sensação foi inexplicável.

Olhava aqueles corpos sem vida, um deles "prestando serviços" à mais de 10 anos (segundo um dos alunos de Medicina que ficaram incumbidos de dar esta aula prática) aos alunos da Faculdade de Medicina e Nutrição, com uma pergunta idiota que me incomodou muito durante toda aula: "Imagina você entrar numa sala daquelas e encontrar uma pessoa conhecida sua e que simplesmente desapareceu ou que você imaginou que estava enterradinha da silva?"

Fala sério, eu viajo muito mas era isso que eu pensava durante toda explicação anatômica.

Uma garota não aguentou e saiu da sala, tipo um lugar para necrópsias. Só esqueci de falar no início que na sala ao lado tinha uma portinha entreaberta e nela pude ver alguns caixões vazios. Aquilo aumentou minha sensação de desconforto, pois fiquei imaginando idiotamente que os alunos tinham que sair a noite, pular os muros dos cemitérios e sair carregando caixões nas costas para levar àquele lugar para serem dissecados.

Bem, acho que na verdade precisava desabafar. A sensação de lidar com a morte por este ângulo estava me deixando incomodado. Fiquei também com a sensação de que aquele cheiro não sairia de meu nariz por vários dias...

Well, como diria o filósofo "bigbrotheriano" de algumas edições atrás, "faz parte".

Como ironizou o professor, que venham logo as receitas de bolo!!!