“E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.” – Mateus 11.12
“Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.]" – Mateus 6.9-13
Estive pensando em tudo o que vem acontecendo em minha vida nos últimos dias, o que me fez parar para pensar em tudo o que aconteceu (e não aconteceu) em minha vida durante estes 42 anos.
Notei que nada (tirando os problemas, claro...) caiu dos céus, vindo de mão beijada. Muito pelo contrário!
Quando criança nunca tive o desejado Autorama nem o maravilhoso trenzinho Santa Fé. Não tinha o direito de escolher minhas próprias roupas, tendo que usar verdadeiras aberrações da moda infantil (não sei o critério que nossos pais utilizavam para escolher nossas roupas, só sei que eles conseguiam minar nossas auto-estimas desde a mais tenra idade). Meninos mais velhos tentaram mais de uma vez abusar de mim sexualmente, sem alcançar êxito nesta infame empreitada (enquanto gritava, lembro que fechei os olhos enquanto tentavam me segurar à força e sai batendo e quebrando tudo ao meu redor, numa força que eu nem sabia possuir...).
Quando comecei a jogar futebol de salão na escola, todos tinham o tênis Rainha Futsal. Quando convenci meus pais de comprarem um para mim, eles trouxeram uma imitação barata de um Rainha, uma marca que, de tão traumático que foi para mim, não esqueço até hoje: "Martiniano" (ninguém merece!), onde, no lugar da tocha olímpica que fazia parte do logotipo, tinha um... PÉ desenhado, o que virou motivo de gozação entre os cruéis “amigos” de escola.
Isso me faz lembrar do quanto era assediado pelos perversos, que sempre arrumavam um motivo qualquer para zoar de minha cara, de meu nariz, de qualquer coisa que eu fizesse, tivesse ou fosse. Foram anos cruéis e que só foram vencidos quando inverti o jogo e passei a ser o algoz dos meus torturadores, numa incrível virada de mesa gerada por estar no limite de minha resistência emocional. Usei deste expediente por um curto período, pois sabia exatamente o que um garoto assediado sentia. Apenas passei a marcar território, me tornando um temido "vulcão adormecido"...
Passados os anos, demorei para arrumar a primeira namorada, tanto que meu primeiro beijo na boca nem veio através daquelas brincadeiras de “tutti frutti, hortelã” ou “beijo, abraço, aperto de mão”, comuns na infância: Minha primeira namorada apareceu em minha vida (nem sei como) já no antigo colegial, eu já com 14, 15 anos de idade (pra você ver como eu era um ”mole”). Após 5 dias de namoro praticamente virtual (só andava de mãos dadas com ela e NADA de minha parte), a Lú (que eu carinhosamente chamava de “Bananinha” devido às sardas em seu rosto) perdeu a paciência, me agarrou na marra e me beijou na boca. Depois disso também inverti o jogo, caindo no extremo oposto e me tornando um verdadeiro galináceo, ou melhor, uma águia/galinácea, pois mirava uma garota e dizia para mim mesmo: “Esta eu vou catar!” E assim acontecia, para surpresa de meus incrédulos colegas de escola (êh tempo bão! rsrsrs).
Rolaram várias coisas, desde a falta de oportunidade para estudar (não que não tivesse escola, mas não tinha tempo e dinheiro para pagar uma facú) até outras coisinhas materiais, como comprar um carro, um apartamento financiado em zilhões de vezes (sonho este que esteve às mãos, ainda no primeiro casamento, quando compramos um apartamento de 3 dormitórios no Morumbi, Av. Giovanni Gronchi meu amigo, 1300 metros do Estádio dos Bambis...) ainda em fase de construção e, 6 meses antes de receber as chaves, minha ex pede o divórcio.
Tudo muito difícil, tudo muito suado, tudo na marra. O pouco que foi conquistado sempre foi através de um esforço sobre-humano. Constantemente me senti ( e sinto) desanimado, querendo jogar tudo para o ar, “tocar o foda-se” e “virar mendigo”, hippie ou entrar para a “legião estrangeira” (quem lembra disso?). Creio que não sou só eu que tenho estas viagens, mas nem todo mundo tem coragem de admitir.
Vendo o pouco que conquistei até aqui, noto que em tudo há uma grande carga emocional envolvida, muito suor, sangue e lágrimas. Nada foi fácil, nada é fácil, e sei que nada será. É tudo na porrada, é sempre arrombando portas, abrindo picadas no meio da densa floresta, me arranhando todo, me ralando todo, me arregaçando todo.
E de onde eu tiro forças para isso?
Somente no Senhor. Quem eu sou hoje é fruto direto da presença do Espírito Santo em minha vida. É conseqüência do fato d’eu um dia ter me rendido aos pés do Senhor e pedido arrego, assinando meu atestado de total incompetência de administrar sozinho o meu pequeno caos. Meu Gênesis pessoal foi neste momento. Foi ali que, parafraseando os primeiros capítulos da Bíblia, Deus tomou em suas mãos minha terra sem forma e vazia, onde havia trevas sobre a face do meu abismo mas, desde a eternidade, o Espírito de Deus já pairava sobre a face das águas turbulentas de minha existência, me chocando, me regando, me aguardando...
... até que houve o grande dia e Ele disse: HAJA LUZ! E houve luz sim, sempre me guiando, me dando forças para tomar à força o Reino de Deus aqui na terra, na minha terra, arada com muita luta e regada com suor e lágrimas. Não acredito que será diferente. Creio que o Reino de Deus aqui na terra se conquista desta forma, sempre lutando, sempre alerta, sempre se desviando de obstáculos que se erguerão por todos os dias de nossa vida, assim como um músculo que precisa ser estimulado e nutrido para se desenvolver.
Não sonho que encontrarei moleza na minha vida. Por outro lado, não enfrentarei a derrota pois sempre estarei de pé, lutando ao lado de meu amado Senhor para conquistar minha terra prometida...
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Se fosse fácil todo mundo faria...
9 comentários:
Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...
Adoro esse raio X que vc tira de si mesmo... E que, em certo sentido, é o de todos nós.
ResponderExcluirGosto dessa sua ousadia e liberdade em dar a cara a tapa.
Dizer a que veio rss
E esse negocio de moleza é uma cilada muito perigosa porque mascara o real sentido das coisas.
Uma hora neguinho tem que ralar pra dar valor, seja o que for.
Amo vc, em Cristo!
Eu concordo com a Bispa (novidade), eu curto ler seus reais-x, melhor ainda que só lendo, não pego radiação (rsrs)!
ResponderExcluirSua história é parecida com a de tantos outros caras que relaram pra caete na vida, e quando estavam pertinho de receber a coroa de louros, ganharam um corte no ventre gerado pela adaga da vida!
Sei como é isso, sei como é viver assim sem saber como será. Sei como é viver na porrada!
O reino é tomado por força, pois lá não entream 'bananas', só gente de gana!
Solicitude!
Abraços!
Putz... teclado analfa!
ResponderExcluirOnde tá reais-x, leia-se raios-x...
Onde ta 'releram pra caete', leia-se ralaram pra cacete!
Onde tá entream, leia-se entram!
Diacho de teclado!
ahuhauhauahuhauahuahuahuahuahuhauauhauhauha
ResponderExcluirTá vendo? Riu de euzinha...
Solicitude é nova ih ih
Assim como "Pai René" tudo sabe e tudo vê, a bispa tem o poder de lançar "mardições maligrinas" nos teclados de todos os que dela um dia "mangaram" de sua pessoa...
ResponderExcluirAfe!
Um texto deste merece reverência.
ResponderExcluirOs dois ultimos pararagrafos são de tirar o folego e servem de lição/estimulo/alerta para os filhinhos de Deus que são verdaderiso bundões chorôes.
Olha amigo, você é muito mais do um cara que conquista.
Sua identidade não se traduz naquilo que você construiu com esforço, porque ainda que a vida te tire tudo, não há você necessidade de auto afirmação. Eu tenho certeza que, de você fluirá a alegria do Senhor, ainda que os ventos mudem de direção.
A Graça te fez casca-grossa, Oh Gloria!
Você pode todas as coisas naquEle que te fortalece!
Sabe ser feliz na fartura mas sabe viver e sobreviver na escassez, isto é coisa de gente madura na fé.
Um exemplo.
abs
Pastor,
ResponderExcluirAcho simplesmente incrível se notar a alma das pessoas pelo que elas escrevem. E a sacerdotisa sacou uma coisa muito interessante - entre as outras igualmente interessantes - que muito me atraiu.
Ela fala com propriedade, e não pela formação acadêmica apenas, mas porque - desarmada - ela aprendeu a conhecer sua alma através de seus escritos.
Ora, a pessoa que "se garante" não tem essa de se auto-afirmar.
Sempre percebi isso na sua pessoa enquanto ser humano rsss.
Gente madura na fé, é isso!
Sinto-me honrada por fazer parte do seu rol heteroafetivo he he
Deus te abençõe!
R.
Dri, Rê & Cia...
ResponderExcluirEu que me sinto honrado de ter vocês como "muito mais que amigas virtuais".
Amo e preciso muito de vocês...
Mano, ao ler seu relato passou um filme na minha cabeça, fatos vividos vieram-me da memória e achei fantástica sua descrição de vida. Ri no Martiniano que era uma fábrica famosa aqui da cidade, conceituada e vendia produtos caros, ri da fugida da curra kkk, foi hilário. Dizem que quem não fez troca troca na infância faz quando adulto kkkkkk, não poderia perder a piadinha infame! kkkk
ResponderExcluirLembrei-me que era muito zombado na escola, tenho uma deficiência física, nasci com a perna direita, mais exatamente o fêmur direito 11 cm menor que a esquerda, aí era perseguido o tempo todo. Até que comecei a fazer musculação e artes marciais, depois quebrei uma meia dúzia de pirralhos zombadores e nunca mais ninguém ousou zombar da minha botona kkkk.
O mesmo acorre em relação as mulheres, virei predador como você narrou, Ê TEMPO BOM hein mano? Saudade boa, gostosa.
Finalmente veio o encontro com o Senhor e aí a transformação engravidou o meu ser e hoje, de glória em glória venho sendo gerado para o parto da vida eterna.
Você escreve de forma gostosa, divertida e equilibrada, consegue falar de coisas sérias com humor. Muito bom, obrigado por compartilhar João. Abração.