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terça-feira, 27 de novembro de 2012

A certeza daquilo que esperamos...

"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos."Hebreus 11:1

Uma forte dor nas costas me acompanhava e se tornava cada vez mais incômoda. No início não dei muita importância, deveria ter sido fruto de um “mosh” que dei no show do Red Hot Chilli Peppers no saudoso festival Hollywood Rock de 1993, quando todos abriram na hora que me joguei e caí de cóccix (pra não dizer bunda, pois não bateu na parte fofinha, mas no osso mesmo...) no chão. Fim de show pra mim, tive que assistir o resto sentado de tanta dor.

Algumas travadas ao andar, virar o pescoço, levantar, sentar... Só quem passou por isso sabe. Amigos “ortopedistas” tentaram “me estalar”, dando um tranco na coluna. Só piorava! Enfim, fui ao médico: Ressonâncias, tomografias, raios-x e foi dado o veredicto: Hérnia de disco na lombar. Nada fazia passar as dores lancinantes, que se irradiavam pelas pernas e me deixavam – literalmente – travado. Levantar da cama levava uns 5 minutos, não por preguiça, mas até encontrar a posição menos pior pra sair sem dor. Licença médica por 10 dias em casa. Dor, muita dor, desânimo, frustração, impotência perante tudo aquilo que me imobilizava.

Certo dia estava eu deitado no chão da sala com a luz apagada. Era o melhor lugar que eu podia ficar (a gente vai se acostumando com a dor e aprendendo a sobreviver né?). Eu estava ouvindo uma rádio cristã que nem conhecia quando – próximo das 18:00hs – o narrador começou a orar. Orou pelas viúvas, órfãos, presidiários, doentes em hospitais em estado terminal e todos os demais “sofredores” de plantão. Eu estava lá, ouvindo tudo “em terceira pessoa” até o momento que o narrador disse:

“Deus está me mostrando um rapaz em casa, deitado no chão, com muitas dores nas costas. É uma hérnia de disco e o Senhor manda te dizer que a partir de agora você está curado, em Nome de Jesus!”

Na mesma hora comecei a chorar e sentir um calor muito grande na região lombar. (Não seu infame, não era fogo no rabo, antes que você venha deturpar meu testemunho...) Coloquei a mão na região e apertei. Não senti nada. Esquecendo da dor e de todas as manobras acrobáticas que havia desenvolvido para sair daquela posição, me levantei como se não tivesse nenhum problema. O resto vocês podem deduzir: Curado, milagrosamente curado!

Talvez alguns de vocês já soubessem desse episódio, mas senti que deveria compartilhar novamente por estar vendo isso acontecer novamente, bem próximo de mim...

Depois de anos, tive algumas recaídas. Entretanto, notei que elas sempre vieram acompanhadas por momentos de profundo stress, aqueles momentos que pegamos todos os problemas de todas as pessoas da face da Terra e achamos que somos os responsáveis em encontrar a solução para cada um deles. Com o tempo, aprendi que não sou Deus nem não sou eu quem teria a obrigação de encontrar as soluções da dor da raça humana. Foi libertador!

Descobri que bem na base da minha coluna tinha um botãozinho mágico. Nele estava escrito “FODA-SE” e tinha que ser apertado com regularidade. Descobri também que este botãozinho estava conectado a um mecanismo semelhante a um disjuntor de eletricidade. Quando a demanda era maior do que minha capacidade de acionar o bendito botão, entrava em alfa do nada, “saía de mim” e via tudo de fora, conseguindo desta forma um foco melhor da situação, o quê se provou ser muito útil.

Um tempo, dois tempos e metade de um tempo depois (é bíblico, sei que está fora de contexto mas é bíblico...) não fui mais acometido daquela maldita dor nas costas. Desde então, procuro compartilhar com os que me cercam três pequenos conceitos que aprendi dessa situação toda:

1) Aquele dia fui curado. Da forma como doía, nunca mais sofri nada parecido. Não fiz novos exames por não sentir necessidade, mesmo com pequenas recaídas que acabei de me referir. Jesus Cristo continua o mesmo, graças à Deus;

2) Todo mundo tem um botãozinho “foda-se” e este deve ser utilizado sempre (e tão somente) quando necessário;

3) Não somos Deus. Não somos responsáveis pela dor alheia, não importa qual seja. Nosso disjuntor tem que desarmar sempre que necessário, senão “travamos” juntos com quem sofre, ficando assim impossibilitados de fazer qualquer coisa.

Utilizei e tenho utilizado esses “três segredinhos” nas mais diversas áreas de minha vida. Problemas que não tenho como resolver de imediato sempre aparecem com alguma solução no tempo certo. Não adianta me desesperar. Incertezas quanto ao amanhã idem. Aliás, de tudo isso, o mais importante e confortante foi descobrir que Deus, no nosso dia-a-dia, faz mais milagres considerados pequenos, frutos do “acaso”, do que somos capazes de discernir.

Estes pequenos milagres é que são os grandes, pois eles são pequenos detalhes diários de uma história de vida sendo escrita. Minha cura foi um presentinho de Deus e necessário naquela época de minha caminhada com Jesus. Tive inúmeras orações respondidas (incluindo uns três infartos de meu pai, que continua conosco) e dez vezes mais orações sem final feliz (incluindo um coma de 5 meses de minha mãe, que faleceu em 2009, vítima de um AVC).

Aprendi a confiar, entendi que quando entreguei minha vida pra Jesus de coração eu realmente perdi o controle de tudo. As dores que vieram em decorrência desta entrega eram, na sua grande maioria, provenientes de tentativas de retomar o controle das situações que não estavam mais sob minha responsabilidade.

Como terminar? Talvez de maneira simplista para quem não sabe exatamente o que significa isso tudo, dizendo: Confie em Deus. Mesmo sem ver um palmo à frente do nariz (para mim, um palmo à frente do nariz é uma grande distância...), dê o próximo passo na certeza de que Ele está no controle de tudo e você está no centro da vontade Dele...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Nenhum poder terias se de cima não te fosse dado...


“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; porquanto ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal. Pelo que é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa da ira, mas também por causa da consciência.”Romanos 13:1-5

Apesar de ter todo o escopo deste texto em meu peito há semanas, tenho relutado em começar a escrever pelo simples fato de não querer fazê-lo envolvido nas diversas circunstâncias que estou atualmente. Não quero “borrar” a mensagem com dilemas pessoais e incertezas que me cercam mas, mesmo sem querer, já estou fazendo desta forma. Senão, alguns poderiam dizer, não seria eu escrevendo...

Todos nós estamos sob a autoridade de alguém: Pais, patrões, mestres, governantes, religiosos e outras formas de poder fazem parte de nosso dia-a-dia, mesmo que não queiramos. Uma decisão política no outro lado do planeta pode influenciar a economia do meu país e gerar o desemprego de centenas ou milhares de vidas. Uma palavra mal-dita por um líder religioso ou um filmeco de terceira categoria feito por um estadunidense pode gerar o furor de toda uma nação teocrática (não nação no sentido geográfico apenas, mas toda uma “nação” sob os dogmas de uma religião que se sinta ofendida), gerando fanatismo, mortes, guerra e dor.

Hoje em dia não podemos mais “peidar sozinho na sala”: Pela infalível Lei de Murphy, alguém certamente vai entrar e sentir o cheiro. A velocidade com que a informação atravessa o planeta é assustadora e isso tem seu lado bom e seu lado ruim. Sempre ocorreram tsunamis, furacões, terremotos e erupções vulcânicas devastadores. A diferença é que nos dias de hoje vemos a transmissão destes cataclismos ao vivo pela CNN ou Globo News. Estamos – por mais que não queiramos – irremediavelmente interligados.

Os líderes globais ou locais tomam suas decisões e estas afetam diretamente nossas vidas e as vidas de nossos descendentes. Uma empresa lança uma nova tecnologia, um novo produto, uma nova forma de prestar um serviço e isso gera a quebradeira de diversas outras empresas que atuam no mesmo nicho, mas não conseguem acompanhar aquele desenvolvimento. Interesses pessoais, uma antipatia, um desejo de vingança, uma vaidade, uma posição contrária aos interesses de outrem respingarão nas vidas de quem estiver “por perto”.

Agora vem a pergunta: O quê estas idéias aparentemente desconexas tem a ver com o texto bíblico citado no início? Aparentemente nada a ver e até eu reconheço isso. Não estou “psicografando” o texto, isso apenas está vindo à mente enquanto quero focar o ponto de que toda e qualquer forma de liderança toma suas decisões, certas ou erradas, e estas decisões afetam a todos.

Qualquer um que tenha autoridade – em qualquer âmbito – pode decidir algo e o que for decidido pode nos afetar, nem que seja de tabela, mesmo que esta decisão não nos seja direcionada. Isso acaba gerando um clima de insegurança, nos deixa sem saber como será o amanhã. Sendo dramático, para alguns nem haverá amanhã! Lidar com este clima que me remete aos dias da Guerra Fria nos deixa extremamente inseguros. Tememos o desconhecido, tateamos no escuro, tremendo com a possibilidade de que algo apocalíptico nos aconteça.

Tentando minimizar a angústia que por vezes ficamos, lembro que Paulo nos aconselha a orarmos por todos os homens para que tenhamos dias tranqüilos:

“Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador”. – 1Timóteo:2:1-3

Entretanto, há momentos em que tememos mais do que deveríamos. Não somos “super-crentes”, somos humanos e falhos, acreditamos que Deus está no controle de tudo mas nossa fé por vezes se torna infinitamente menor que um grão de mostarda. Confesso que eu temo e creio ao mesmo tempo. O que me dá alento é que – por mais que homens estejam decidindo os destinos de nossas cabeças – eles não o fazem sem limites:

“E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou. E entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: NENHUM PODER TERIAS CONTRA MIM, SE DE CIMA NÃO TE FOSSE DADO
. - João 19:8-10

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Força na fraqueza


“Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus”. - 1 Coríntios 2:1-5

Ser forte pela ótica do atual meio evangélico, o qual eu atualmente-e-glória-à-Deus-por-isso “me incluo fora dele”, significa – entre outras coisas – que detemos fórmulas mirabolantes para chantagear Deus, utilizando suas promessas de forma a obtermos tudo o que desejamos. Afinal de contas, basta pedir que nos será concedido, dar o dízimo para que o gafanhoto devorador voe longe de nossas plantações, não ficarmos doentes por Jesus ter levado sobre si todas as nossas enfermidades, e por aí vai longe...

Está lá, está escrito e pronto. Ele assinou e agora terá que cumprir. Senão, este Deus ou é fraco (por não conseguir atender nossos pedidos), é mentiroso (por falar algo que não faria), não nos ama ou, a pior das mentiras, só atende os filhos que não estão em pecado. Esta última, aliás, é uma das armas mais utilizadas nos púlpitos neo-pentencostais, a desculpa “bombril” que obviamente acaba funcionando com os fiéis que acreditam piamente em suas lideranças bispal-apostólicas-enganadoras...

Isso veio de supetão. Na verdade, quero focar outro ponto do conceito de forte e fraco. Noto com o passar dos anos na presença de Deus que muitas vezes falamos muito, mas MUITO mesmo sobre Jesus, seu poder, seus milagres, seu perdão, sua Graça e todas as virtudes possíveis e imagináveis, mas vivemos muito pouco desta realidade.

Falar é fácil e até um papagaio é capaz de fazê-lo de tanto ouvir algo. O que tenho visto e vivido, entretanto, é que o verdadeiro Evangelho não é algo que tem que ser falado, ele tem que ser VIVIDO diariamente, na prática, no comer e no beber, no andar e no parar, no se relacionar e se afastar. Cada ato nosso é a pregação do Evangelho que será ouvido com os ouvidos da alma. Bombardeio de informações nós sofremos por todos os lados, entrando por nossos ouvidos, olhos, poros, emoções. Todavia, uma pessoa vivendo uma vida em harmonia com Deus através de Cristo tem o poder avassalador de transformação, tanto em nós quanto nos que nos cercam.

Acho que é isso o que o apóstolo Paulo quer dizer em 2 Corintios 3:1-3:

“Começamos outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou, porventura, necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de vós? Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifestos como carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne do coração”.

Talvez escandalize alguns, mas não é pelo muito falar, é por nosso estilo de vida, pelo nosso equilíbrio, por um conjunto de variáveis que na verdade nada tem a ver com legalismo, usos e costumes, fachada, aparente santidade. É algo muito maior, é algo vivo e pulsante, não cabe dentro de você, transborda e afeta todos que te cercam, de uma maneira ou de outra.

Quando vivemos assim, uma das últimas coisas que fazemos é o inverso do que fazíamos quando nos convertemos: Cada vez mais pregamos menos!!! Nos tornamos atraentes ou repugnantes para os que optam por se perder, ao mesmo tempo nos cercam para tentar decifrar que bom perfume é aquele que exalamos. A Palavra pregada mesmo só é dita na hora certa, sob as circunstâncias certas e na medida certa. Uma única bala, atirada diretamente no alvo.

O mais impressionante disso tudo que tenho experimentado é que isso acontece em momentos que acreditamos estar bem fraquinhos. É algo muito louco (o Evangelho é loucura, isso é fato.), pois agimos ou interagimos com outras pessoas muitas vezes sem nem ter em mente que estamos pregando o Evangelho e, quando nos damos conta, alguma coisa acontece e não falamos uma (lá vem jargão) “palavra rhema”, revelada, mas temos uma postura rhema, uma atitude rhema, um silêncio rhema, e isso faz TODA diferença para a vida daquele a quem o Senhor nos colocou em contato para que ELE agisse.

Loucura, heresia, blasfêmia. Podem falar e achar o que quiser de mim e do que estou escrevendo. Todavia vivo isso, tenho visto isso acontecer com outras pessoas. Alguns dos momentos mais produtivos que já tive e vi outros terem para o Reino de Deus foram em “momentos Jonas”, na barriga do peixe, sendo vomitado na praia, fedendo bile de baleia. Não é um paradoxo?

Assim somos fortes. Sem saber que fortes somos e não tentando impressionar com palavras humanas, ainda que recheadas de “evangeliquês”, nem com atitudes hipócritas. Somos fortes naqueles momentos em que todos consideram game over para nós, quando acham que estamos no fio da rabiola. Experimente...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Eu com você ou eu CONTRA você?


"Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" - Amós 3:3

Esta interpretação não é minha, surgiu em um Cabra Macho Sim, Senhor, no site da Vem e Vê TV, quando Caio Fábio e o Mega-Bráulio discutiam sobre relacionamentos conjugais.

A postura de um cônjuge em relação ao outro era o foco. Em um determinado momento, eles disseram que alguns casais pareciam que não se relacionavam “um com o outro”, mas – sim – “UM CONTRA O OUTRO”.

E assim realmente tem sido visto em grande parte das relações, não só as entre marido e mulher, mas também na área profissional, comercial, al al al...

Na área que trabalho (logística) não tenho como coordenar tudo ao mesmo tempo, dependendo de terceiros, exportadores, importadores, parceiros, armazéns, caminhões, terminais de carga, armadores, despachantes, pessoas envolvidas na parte documental e financeira. Todos precisam estar afinados ou – na pior das hipóteses – ao menos esforçados para que um processo flua sem grandes entraves. Todavia, o que se vê é um monte de gente querendo que a coisa dê errada para poder te prejudicar.

São muitos interesses escusos. Parece que querem que você erre para poder colocar outra empresa em seu lugar, para te queimar, para ver você se ferrar. Minha área não perdoa erros. Recentemente, inverti dois dígitos em um documento e fiquei uma semana inteira negociando de joelhos para eu não pagar uma multa de 600 reais para corrigir e reemitir o documento. Quem deveria me atender e negociar a isenção da multa simplesmente se omitiu e disse não ser possível. Um outro funcionário, com muito menos bala na agulha, colocou o dele na reta e conseguiu a isenção.

Este é o ponto. Um executivo de contas que ganha dinheiro sobre nós não se esforçou para isentar. Um funcionário da documentação falou com aquela pessoa que o fulano anterior deveria falar e conseguiu. O primeiro só queria contar as verdinhas, literalmente (trabalhamos em dólares). O segundo prezou a relação de anos e colocou isso em prática.

Nos namoros, a mesma coisa. Nos casamentos, a mesma coisa. Nas famílias, a mesma coisa. Não andamos juntos, parece que queremos (não eu, falo como espécie humana) que o outro erre para ter assunto. Típico de pessoas medíocres. Como diz o ditado, “pessoas inteligentes conversam sobre idéias; pessoas normais conversam sobre coisas e pessoas medíocres conversam sobre pessoas”.

Qual o prato do dia? Cabeça de alguém? Não? Ah não, então não quero... Boas notícias não são notícias, más notícias é que são notícias que se vendem sozinhas e que rendem. Neste nível rasteiro, qual interesse alguém tem em falar que fulano está bem, mais bonito, se formou, casou e é feliz? O que dá Ibope mesmo é que fulano traiu cicrana, o filho de beltrano foi preso, caiu o avião e morreu todo mundo. O povão adora a bagaceira...

Acompanho muito de perto estes dramas. Dentro de minha família, na vida de conhecidos, pessoas se digladiando, lançando os pedaços nos liquidificadores e tomando o suco da infâmia. Vizinhos brigando e todo mundo com o copinho colado na parede para ouvir os detalhes mórbidos ao invés de dobrar o joelho e orar pela paz. Famílias desestruturadas, sociedades doentes, agonizantes...

O pior de tudo é que sabemos que isso seria assim. Na verdade, a tendência é que piore, pois lemos:

“E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará”. – Mateus 24:12

Aos que ainda se importam em conciliar, amar, perdoar, curar, fica o próximo versículo:

“Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo”. – Mateus 24:13

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fatos ou intenções?



"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno". – Mateus 5:27-30

Quero tratar de um assunto que me deixa profundamente frustrado, mas que – logo de cara – poderá dar tilt na cabeça de algumas pessoas, pois vou tirar o texto acima do contexto para mostrar os pretextos (adoro este jargão...) que muitos utilizam para interpretar erroneamente certas ações e reações perante coisas triviais que são feitas na inocência, mas quê vem carregadas de consequências nem sempre boas.

As intenções são infinitamente maiores que os fatos. Um bom exemplo disso é aquela criança de um ou dois aninhos que te chama de bobo. Eu, com 43 anos, falo palavrões muito mais cabeludos. Entretanto, um “bobo” vindo de uma criança é tremendamente mais ofensivo do que um “viadinho” dentro do contexto.

Hipocrisia? Não! Viadinho pode ser até uma maneira carinhosa de brincar com alguém. Todavia, “bobo” pode ser a palavra mais ofensiva que uma pessoinha possa conhecer. Aí entra o conceito aparentemente não mensurável (e lamento por quem não entender isso) da diferenciação radical entre os fatos e as intenções. E é aí que mora o problema...

Para quem tem estes conceitos claros dentro de si, o sofrimento emocional ao se ver envolvido em uma discussão sobre conceitos e não fatos é grande. Quantas vezes eu me vi na situação de estar discutindo que o que me motivou a ter determinada reação perante algo simples, tipo “o copo quebrou”? Como é uma merda você tentar explicar para “quem quebrou o copo” que você – na verdade – não está fazendo conta de um copo mas, sim, discutindo o que está por trás daquilo?

Quem não entende isso não entende o quê Jesus falou acima. O que importa para Deus não são exatamente os fatos, mas as intenções por trás deste. O que te motiva é muito mais importante do que o quê você fez ou deixou de fazer. Não adianta nada posar de certinho e não saber lidar com o que dentro de você está em ebulição, prestes a explodir. Não adianta a embalagem se não tem conteúdo de qualidade.

Como diz um colega de trabalho que brinca em relação àquelas meninas bonitas, mas que se acham as perfeições ambulantes em todos os quesitos, “pra quê tanta banca se a mercadoria é pouca?”. Em outras palavras, também tirando o exemplo do contexto imediato, qual a razão de você se preocupar em demonstrar ser algo muito maior do quê na verdade você é? A quem você quer agradar? A quem você quer enganar?

Quando a discussão entra no campo das idéias, dos conceitos, dos valores, do “o quê está por trás disso?”, a galera pira, diz que você é grosso, que pensa pequeno, que é mesquinho, que está fazendo tempestade em um copo d’água. E como isso soa como uma bomba explodindo no bom senso! Como diz o Gondim, bom senso não é exclusividade de gente inteligente. Bom senso é acessível a todos!

Qual a razão de tantos preferirem ficar boiando na superfície, sendo que existem profundidades maravilhosas para se mergulhar, onde estão os verdadeiros tesouros da vida e das relações humanas? Por qual razão as pessoas parecem que tampam seus ouvidos quando uma discussão entra neste nível? O pior: Cargas d’água fazem com que uma pessoa, quando você tenta explicar estes conceitos aparentemente abstratos, ache que você é um intolerante, radical?

Quem não passou por isso? Quem não se viu de repente tentando explicar que o quê te deixou contrariado com algo não foi o fato em si, mas, o que ele significava?

Me desculpem, estou sendo repetitivo. É que isso realmente me incomoda demais...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tolerância


Vou andar por um terreno pantanoso, mas estou incomodado com este assunto e preciso escrever...

Há aproximadamente quatro anos atrás, ouvi dizer que aqui no Brasil era possível conseguir uma cópia do Alcorão gratuitamente, bastando apenas entrar no site da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e fazer o pedido. Acessei o site e encontrei o link para solicitar minha cópia. Preenchi o cadastro e em menos de 20 dias estava recebendo em casa minha versão do Livro Sagrado muçulmano. Não pesquisei, mas não acredito que a Câmara de Comércio “Brasileira Árabe” teria um link no site árabe distribuindo Bíblias ou outro tipo de literatura religiosa nestes países...

Tentei ler na época e confesso que não consegui. Agora, quatro anos depois, vendo toda a turbulência que está acontecendo nos países muçulmanos após o “lançamento” do ridículo filme Innocence of Muslims (Inocência de Muçulmanos, em tradução livre), decidi voltar a ler o Alcorão para entender mais o que estava rolando. Eu, cristão (apenas para poder dar um “rótulo”), estou lendo o Alcorão com todo o respeito. Em meu braço esquerdo tenho tatuado o símbolo do Coexist, com a Cruz dos cristãos, a Lua Crescente dos muçulmanos e a Estrela de Davi dos judeus. Sou um sonhador...

Paralelo à leitura, andei fuçando o site da CCAB e notei que o link para solicitar uma cópia do livro não está mais disponível (ao menos não consegui encontrar). Olhei também alguns sites referentes à fé muçulmana e, resumindo, eles podem agir livremente nos países de maioria cristã, distribuindo seu livro, comparando e menosprezando o Evangelho e o Torá (veja este link). Já os cristãos e judeus...

Como diz o ditado: “Pau que dá em Chico também dá em Francisco”. Discordo totalmente de qualquer tipo de preconceito, principalmente os gerados por diferenças religiosas. Aliás, cada vez mais tolero menos a religião instituída. Esta tem sido a fonte de guerras desde os primórdios da humanidade. Dos cristãos e suas cruzadas no mundo árabe às jihads, mais precisamente – de acordo com o fragmento do texto encontrado no Wikipédia – “"Jihad Menor", descrita como um esforço que os muçulmanos fazem para levar a teoria do Islã a outras pessoas”.

A religião cristã, e não me refiro à relação pessoal com Jesus Cristo, mas – sim – ao esforço humano em fazer algo para se aproximar de Deus, está tão errada quanto o islamismo no quesito tolerância, respeito, co-existência. O ser humano tem esta tendência em querer empurrar goela abaixo suas crenças. Esta “catequese” em nada tem a ver com o “IDE e pregai” de Jesus.

Pode soar como inocência, pode parecer que perdi a noção do perigo, mas quero deixar registrada minha indignação crescente em relação a todo tipo de discriminação e preconceito. Eu tenho que saber conviver com meu próximo, seja ele ateu, espírita, muçulmano, cristão, judeu ou porra nenhuma, da mesma forma que tenho que saber conviver com o homo ou o heterossexual, com o branco, amarelo ou negro, com o corintiano ou com o palmeirense (aliás, deprimente o que aconteceu domingo passado no jogo entre São Paulo e Coritiba (time), em Curitiba (cidade), quando uma menina coritibana (torcedora do Coritiba) de treze anos, fã de Lucas do São Paulo, quase foi agredida pela torcida do time paranaense apenas pelo fato de ter pedido a camiseta deste jogador. Leia e veja o vídeo aqui).

Queria poder andar com a camisa de meu time sem medo de apanhar de uma torcida adversária. Queria ouvir dizer que as religiões acabaram e todos agora buscam a Deus sem se organizarem em guerrilhas fanáticas, não importando o lado que venha o fanatismo. Queria ver uma livraria vender lado a lado os livros sagrados de todas as doutrinas (sebo não vale, já é assim aqui) em um país “teocrático”, digamos assim. Ver as maiorias tolerarem as minorias, não ver o forte procurando empurrar goela abaixo do fraco seus pontos de vista. Queria que as diferenças fossem atraentes, assim como os pólos de um imã. Queria demais, mas este mundo jaz no maligno...

Poderia me estender mais, mas estou sem saco. Poderia escrever melhor, pesquisar mais, mas estou sem saco. É apenas um desabafo. Como costuma dizer o Caio Fábio, “bye bye planeta Terra”...



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ano do Jubileu


“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (...); ...tempo de estar calado e tempo de falar”. - Eclesiastes 3:1,7b

Está sendo muito difícil voltar a escrever. Não se trata de tempo livre, pois sempre consegui intercalar minhas atividades aos momentos em que eu dedicava a este prazer que é escrever.

Assuntos não faltaram, insigts a cada conversa iam e vinham, mas nada de parar e sentar para escrever. Este texto, obviamente, está sendo escrito na marra e é muito repetitivo, pois já tratei deste assunto outras vezes. Entretanto, decidi analisar o quê vinha acontecendo para que não passasse para a palavra escrita o que se passava em meu coração.

Não sei se é uma desculpa, mas decidi espiritualizar o assunto. E o texto acima, de Eclesiastes, acabou servindo como meu álibi para escrever ou não escrever...

Creio eu que há momentos em que temos que recolher, reduzir, simplificar ou – apenas – viver o que está acontecendo, sem que isso tenha que ser compartilhado. São momentos pessoais, você e Deus, você e a pessoa que despertou o assunto, você e a Palavra. Nem tudo deve ser compartilhado.

Senti que uma espada estava desembainhada à minha frente, limitando meu espaço, bloqueando meu caminho para continuar. Inicialmente achei que era apenas uma entressafra como outra qualquer, mas esta passou a tomar proporções preocupantes, visto que meu último texto fora escrito em 5 de maio deste ano! Desde que inaugurei este blog, nunca fiquei tanto tempo assim sem escrever.

O problema estava em aceitar este ano do jubileu. Como acabei de pesquisar ao lembrar deste período, encontrei um texto sobre o Ano do Jubileu em um site e extraí a seguinte definição deste período:

“Antigamente, no Yom Kipur do qüinquagésimo ano, tocava-se o shofar na Terra Santa como sinal feliz da libertação dos escravos e o retorno de terrenos a seus donos originais.

A palavra jubileu vem do hebraico, yovel. Refere-se ao carneiro, cujo chifre foi usado para anunciar o ano festivo. Há comentaristas que oferecem mais uma explicação. Dizem que yovel vem do verbo hebraico "trazer de volta", pois os escravos voltavam a seu estado anterior de liberdade, não sendo mais servos de homens e sim apenas do Criador; e os terrenos também voltavam aos proprietários originais.

Além da contagem do ano de shemitá, de sete em sete anos, existe a contagem do yovel - o jubileu, que ocorre a cada cinquenta anos, no ano seguinte ao término de 7 anos sabáticos.

Para um agricultor judeu, é muito difícil não trabalhar os campos e pomares durante um ano inteiro, não podendo dispensar-lhes os cuidados adequados. Que dirá então o quão difícil é para ele não trabalhar a terra por dois anos seguidos! O sétimo ano de Shabat Shemitá e o seguinte, do jubileu.”


Assim ficou meu blog. No meu entendimento, um campo sem os cuidados adequados, deixando-me angustiado em querer dispensar algum tempo a ele.

Agora creio que voltarei a escrever, mas no momento oportuno. Neste intervalo, entendo que Deus tratou outros pontos comigo, os quais relatarei quando necessário.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Coração gelado...


"Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros". - João 13:34-35

“Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará”. – Mateus 24:12

“Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. – 1 João 4:8

Jesus sempre pediu coisas aparente simples, mas de uma profundidade tão grande que, muitas vezes, não conseguimos nem triscar. E amar é uma delas.

Dizemo-nos discípulos, filhos do Pai, salvos pela Graça, não necessariamente nesta seqüência. O problema é que – se somos filhos – temos irmãos. Como isso vem de longe, também temos primos, parentes distantes, amigos, conhecidos, desconhecidos, inimigos... Todos são criados por Deus, com pleno potencial de relacionamento pessoal com Ele, mas nem todos são fáceis de serem amados por nós.

Este meu raciocínio é ligeiramente bobo e egoísta, mas infelizmente verdadeiro, ao menos para mim. Não é fácil amar a todos da mesma forma. Eu não consigo amar um notório estuprador da mesma forma que amo minha mulher. Não imagino colocar ambos sentados um ao lado do outro na poltrona da minha sala enquanto desço ao mercado para comprar alguma coisa que falta na geladeira. Não dá, ponto.

Talvez alguém argumente: “Você não precisa tratar ambos da mesma forma, até Jesus tinha 12 discípulos, mas na hora do “pega-pra-capá” Ele sempre chamava os mesmos três, mais íntimos dEle”. Sim, concordo plenamente. Aliás, é assim que eu penso também. O que quero dizer é que não consigo amar a todos como Deus ama. Tratar da mesma forma então, nem pensar.

Por mais que admire as Madres Terezas, confesso que meu olhar para os considerados “escórias e parias” da sociedade os transforma em homens invisíveis. Confesso que passo ao lado como se não existissem. Se puder fazer de uma maneira discreta, atravesso a rua e vou pela outra calçada dezenas de metros antes de cruzar com eles.

Entretanto, quando leio uma notícia de que algum indigente foi encontrado morto na calçada por alguém ter ateado fogo nele, fico extremamente revoltado com a crueldade humana. Só tem um problema: Cada um mata seu próximo à sua maneira; eu ao ignorá-lo, o outro ao eliminá-lo. No fim das contas, porém, ambos fizeram a mesmíssima coisa.

Volto então para dentro de mim e procuro achar algo de bom, algo que me dê esperança, alguma fagulha da chama Eterna que possa me trazer algum alento, só que vejo que cada dia que passa esta brasinha vai se apagando. Temo pelo que está acontecendo. Me assusto ao confirmar na prática que, como está escrito, assim está se cumprindo.

O amor dentro de mim diminui a cada dia. Ao redor de mim, não me interessa fazer como fazia logo ao me converter. Onde parava, pregava. Não tinham alminhas perdidas que não merecessem alcançar a salvação, não tinha pecador tão vil que me fizesse passar batido, tudo era possível, pois o primeiro amor ardia dentro de mim.

Qual esperança há então, se olho no espelho e aparentemente começo a vislumbrar o velho homem que não se importava com nada que não fosse diretamente ligado ao próprio interesse? Aparentemente foram-se os tempos de inocência. Tenho a impressão que estou me tornando mais frio, menos compassivo, mais interessado em meus próprios problemas, menos tolerante com os que ao meu lado sofrem.

Sinceramente, sinto vontade de quebrar minha cara. Me envergonho desta situação, mas o que é mais paradoxal é que ela (a situação de esfriamento do amor) não é algo que fica explícito para todos, nem mesmo para mim! Quem me olha, acha que eu sou bacaninha e tal, parará-pa-pá... A treta é aqui dentro, este coração aqui, movido à Atenolol 50 mg, que me faz achar que dentro de mim existe um Smeagol e um Gollum em constante batalha entre o bem e o mal.

Como diz o ditado: “Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”. Quero gritar como fez Paulo, gritar contra a luta que se trava dentro de mim, minha natureza pecaminosa e o Espírito de Deus habitando aqui no meio deste terreno baldio que é meu coração...

“Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio e, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo, pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.

Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim, pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros.
Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”
Romanos 7:15-24

Dependo totalmente da Graça de Deus em minha vida, pois, sem esta, estou totalmente perdido. Entretanto, podemos concluir esta batalha assim como Paulo o fez:

“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado”. - Romanos 7:25

Nossa, viajei grandão, comecei falando de amar o próximo, amor se esfriando e Deus ser o próprio Amor. Agora, nem sei como terminar este texto... Pensando bem, sei sim, e este é o conselho do Senhor para todos os que se encontram como eu:

“Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores. Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido.

Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor.

Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar”
. - Apocalipse 2:2-5

Ainda não é tarde, e esta é minha oração...

PS: Este texto estava incompleto se não fosse o comentário da bispa Rê... imperdível!






quinta-feira, 26 de abril de 2012

Honra teu pai e tua mãe...



Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. – Exodo 20-12

Quinta feira, 26 de Abril de 2012. Pelo meu computador, são 21:31hs. Era para eu estar agora no ponto de ônibus próximo ao Shopping Rio Sul, quase “do lado” da Unirio, Universidade Federal que entrei no Enem de 2010, estudando alegre e saltitantemente meu curso de Serviço Social, voltando de mais uma aula.

Entretanto, tranquei minha matrícula semana passada, em parte por não estar conseguindo chegar à tempo, devido ao fato de ter mudado a política de RH da empresa que trabalho, fazendo então que eu não conseguisse mais sair no horário que me tornava viável me deslocar da Barra da Tijuca até a Urca (quem conhece sabe...) em um horário razoalvelmente decente para assistir às aulas. O outro motivo, verão vocês, está entrelaçado às próximas linhas...

Cocei os olhos... como começar? Direto ou dizendo que o gato subiu no telhado? Creio que devo ser direto, pois estou aqui, nesta ociosidade que me permite acabar de ter saído da cozinha, fazendo algumas coisas que minhas queridas lumbrigas estavam ansiosas em comer, enquanto minha amada esposinha está cobrindo o horário de uma outra técnica de enfermagem que precisou se ausentar hoje.

Neste contexto, estava eu na varanda, entre uma mexida nas panelas e outra, quando comecei a lembrar de minha mãe, falecida em novembro de 2009 (pausa para colocar a mão em minha testa e sentir novamente toda a saudade...), vítima de um AVC que a deixou em coma por cinco meses (puta que pariu...), até ir de encontro ao Senhor...

O que me veio ao peito foi que, este que vos fala, sempre amou sua mãe. Entretanto, ela era a pessoa mais próxima de mim por um lado, extremamente distante por outro.

Isso pelo fato d’ela ter sido uma pessoa que sempre deixou extremamente explicito todos os sofrimentos que ela teve desde sua infância em Pernambuco (não lembro a cidade), quando seu pai costumava, entre uma garrafa de cachaça e outra, chegar em casa tacando o terror, pegando-a pelos pés e a jogando no quintal. Passou fome, lambeu sabão – literalmente – para tentar matar dita-cuja, fugiu por entre as caatingas juntamente com os irmãos e minha avó (que não cheguei a conhecer), tentando fugir de sua fúria etílica e desestrururada, como muitos outros de nós que conheço...

Este é o motivo de minha dissertação sobre estes assuntos tão íntimos, tão dilacerantes em meu peito! Só posso falar sobre isso agora, com 43 anos sofridos nas costas, pois HOJE EU ENTENDO MINHA MÃE, mas, com ela em vida, muito pouco eu demonstrei(tudo intercalado com suspiros e vergonhas retidas à anos aqui dentro)...

Ela era uma criança, roubada de sua infância, obrigada a encontrar um rumo à sua vida e vindo para aqui, São Paulo... (oooopsss.... São Paulo é lá, mas está aqui em meu peito Alvi-Verde, time que ela tanto amava e – segundo ela – era o “motivo” de tantas alegrias e decepções, mas sempre amado, assim como é por mim, mas isso é assunto para outro post...), arrumado um emprego em uma fábrica de chinelos, conhecido meu paizinho que continua firme e forte (apesar de T-O-D-A-S as inúmeras internações, comas e insistência em permanecer vivo...), casado e ter tido eu, a Lhêlha e a Ci, criado, cuidado do jeito que sua simplicidade e histórico anterior permitiu.

Ela casou e morou com meu pai e minhas irmãs em Moema, na Av. Lavandisca, até pouco antes d’eu nascer.... ai que ódio! Depois de acertar os 13 pontos da Loteria Esportiva (meu pai sempre teve um rabo homérico para jogos, mas parece que perdeu...), resolveram ir para o extremo da Zona Sul (Jardim Santa Margarida, Estrada do M’Boi Mirim, depois da curva do Figueira, quem conhece sabe...) pelo fato de São Paulo ter – naquela época – somente o Aeroporto de Congonhas (aaaaaaaaiiiii que saudade, mas me aguarde, em julho “I will be back!”), o que fazia um ruído tremendo e minhas amadas irmãs não conseguirem dormir com o barulho das constantes decolagens e pousos no dito-cujo aeroporto, fora o resto da história, onde papai simplesmente doou 90% do prêmio para “outras pessoas” (pense em quem pode ser, pois não quero ser excluído do convívio fam... não, não posso falar!!!!), tendo ficado – literalmente – na mão...

Diante do que foi posto, fica fácil entender minha mãe:

1) Não tinha nada;
2) Se fodeu;
3) Resolveu dar um rumo;
4) Conheceu papai;
5) Compartilhou o “pão seco”;
6) Ganhou muito;
7) (se fodeu de novo, perdeu tudo e...) 8) Voltou “à lona”...

E era adolescente, como alguns que me lêem agora. Como entender algo que somente após ter levado MUUUUITO na bunda alguém é capaz de entender? (no boteco em frente agora – 22:05 – está tocando The Smiths, um milagre, até para fazer sentido ao desabafo de um ex-adoslescente à época...)

Eu – através desta – confesso que tinha muito mais intimidade com minha mãe, mas tinha uma admiração louca por meu pai. Entretando, como costumo falar para a Cilene, “intimidade é uma merda”: uma relação onde costumamos saber o cheiro do peido da pessoa, onde conhecemos todas as virtudes e fraquezas de nosso super-heróis. Reluto em escrever, mas devo dizer que a primeira piriquita que reconheci com tal foi de minha mãe, fazendo xixi comigo no banheiro e ficando extremamente constrangida com minha reação, de olhos arregalados olhando para... “aquilo”, deixando-a extremamente envergonhada pela minha reação infantil e sendo punido ao não me permitir mais ir ao banheiro com ela... (Não quero expor ninguém, apesar de – talvez – estar falando demais. Todavia, também não quero deixar de compartilhar alguns fatos que podem trazer cura para muitos.)

“Cresci” (em tamanho), mas continuei carregando muita coisa aqui no meu peito. Não entendia muita coisa que passei a entender agora – 43 anos, drogado e prostituído...

Só queria dizer a vocês que talvez possa ser tarde demais para alguns, como eu, que devemos honrar nossos pais e mães. Renato Russo falou muito bem sobre isso em “Pais e Filhos”, vídeo que coloquei no início deste post. Nós vamos ser amanhã (no caso de alguns que me lerão) as crianças que eles se tornaram aos nossos olhos, olhos extremamente voltados ao nosso momento, olhos que não discernem o que eles sofreram, assim como nós “sofremos” com eles... Eles - sim – sofreram.

Nós somos um monte de merda, acostumados com tudo o que hoje o Estatuto da Criança e do Adolescente permite. Eles eram jogados pelos pés no quintal e obrigados a fugir pela caatinga, seja ela qual for.

Minhas caatingas – confesso eu – foram muito poucas. Passei algumas privações, não tive Autorama, não comi tudo o que gostaria de ter comido (no bom sentido, principalmente...), não tive “Rainha Futsal” e sim “Martiniano” (uma imitação grotesca), foram mais invernos do que verões em minha infância e começo de adolescência... todavia, quero que vocês amem e honrem seus pais, para que seus dias se prolonguem sobre a Terra.

Os dias são maus. O amor está se esfriando no coração de praticamente todos os que vivem nossos dias. Implantado o sistema que muitos de vocês defendem hoje, farão como muitos jovens chineses fizeram no século passado: Entregarão seus pais em prol de alguma “revolução” esquizofrênica, pois mais vale a dita-cuja do que aqueles que deram suas vidas por nós.

Tenho muito mais a dizer, só acho que não é a hora...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Não há como avançar olhando para trás


“Assim que os tiraram da cidade, um deles disse a Ló: Fuja por amor à vida! Não olhe para trás e não pare em lugar nenhum da planície! Fuja para as montanhas, ou você será morto! (...) Mas a mulher de Ló olhou para trás e se transformou numa coluna de sal.”Gênesis 19:19 e 26

Nunca é fácil tomar decisões, dizer “nãos”, fechar portas, virar páginas, derrubar o que foi mal edificado para reconstruir, aceitar perdas, ver outros ficando para trás enquanto avançamos, pois dentro de nós arde uma dor profunda, a dor de ver que quem esteve ao nosso redor não acompanhou nossos passos, não teve coragem de deixar os mortos enterrarem seus mortos, ficando velando os cadáveres de situações que não mais trazem vida por já terem perdido as suas.

Não há nada de amor ao próximo nesta aparente situação de solidariedade, pelo simples fato de não termos como fazer com que as pessoas que nos cercam aceitem trilhar o Caminho da Vida na marra, deixando para trás o que traz a morte e a destruição.

Muitos estão iludidos com as luzes das “Sodomas e Gomorras”, mas não se dão conta que estas luzes são fogo e enxofre caindo dos céus para sua destruição. Como continuar trilhando então? Como discernir os tempos? Como saber onde investir, edificar e criar raízes?

Como certa vez citou o Gondim em uma mensagem anos atrás, “um caixa de banco reconhece uma nota falsa no meio das demais não pelo fato de ter estudado todas as técnicas de todos os falsários do mundo, mas pelo simples fato de conhecer tão bem uma nota verdadeira que qualquer outra coisa que passe por suas mãos seja imediatamente identificada."

E desta forma temos caminhado por estes dias tenebrosos, esbarrando com verdadeiras obras de arte de perfeição e fidelidade ao que é original, mas não tendo o selo de autenticidade. E isso dói, pois vez ou outra nos apegamos até ao que não é verdadeiro por conta de nossas carências. Sabemos que aquilo não é bom, "mas aqui no peito tá doendo tanto, estou tão sozinho, preciso tanto de uma dose a mais de algo que me entorpeça para esquecer as dores do mundo que aceito esta cópia quase perfeita"...

Nossa, não esperava que pendesse para este lado relacional, pois apenas acreditava estar escrevendo sobre locais físicos ou circunstâncias, mas somos seres holísticos (vão me chamar de Nova Era, mas falo "aristotelicamente"...) e não existe nada “solto” e “sem razão”, pois tudo o que nos cerca faz parte de nossas vidas, influenciando direta ou indiretamente nosso ser.

Espero não esta viajando demais. O real intento destas linhas é mostrar que costumamos achar que somos obrigados a ter o controle de tudo o que acontece conosco e com quem está ao nosso redor, mas não temos como evitar que estes tirem suas próprias conclusões e tomem suas próprias decisões sobre como, o quê e quando fazer ou deixar de fazer algo.

Quando, porém, vem a calamidade ao nosso redor, olhamos para o lado (e não para trás) e vemos que alguns ficaram pelo caminho, por terem-se apegado ao que para trás ficou contra sua vontade. Mas a vida não nos dá a opção de retroagir! Temos que avançar sempre, cuidando daqueles que conosco decidem andar pelo Caminho da Vida, mas – ainda assim – sem o poder de obrigar ninguém a se manter em níveis mínimos de lucidez, necessários para continuar...

Nem Jesus fez isso! Em seu peito doeu ver o “jovem rico” que d’Ele se aproximou querendo saber como herdar a vida eterna, mas não estava pronto para largar tudo para trás e o seguir (Marcos 10:17-22).

Da mesma forma, vemos nos Evangelhos que, “Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: "Eu te seguirei por onde quer que fores". Jesus respondeu: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça". A outro disse: "Siga-me". Mas o homem respondeu: "Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai". Jesus lhe disse: "Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus". Ainda outro disse: "Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e me despedir da minha família". Jesus respondeu: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". – a Lucas 9:57-62

É isso o que quero dizer. Sei que dói, não é o que gostaríamos de ver acontecendo ao nosso redor, mas não temos – assim como Deus não tem, por Ele nos dar a opção de não segui-lo – como estar no controle das decisões pessoais de cada um. Atrás de nós, se nos fosse permitido olhar nesta direção, veríamos diversas estátuas de sal, daqueles que iniciaram ao nosso redor, mas optaram em amar mais o presente mundo do que o Reino de Deus e sua Justiça.

Não falo isso com alegria, mas com temor e tremor perante Deus e os homens. Sei que é difícil para alguns aceitarem nossas decisões, sei que não agradamos muitos por não ficarmos por mais tempo na inércia que eles se encontram, apenas deixando as coisas tomarem seus rumos, pois estamos escrevendo a História, não somos apenas coadjuvantes, figurantes nesta peça gigantesca que é a história da humanidade.

Post Scriptum: Recentemente, tive que tomar algumas decisões relativamente radicais, mas o fiz somente para não me tornar um cínico – não no sentido da corrente filosófica grega que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos – mas no sentido pejorativo dos dias de hoje que significa se tornar uma pessoa sem pudor, indiferente, à minha consciência e ao sofrimento alheio e que em nada se assemelha a origem filosófica da palavra.

Meus valores estavam em xeque, não tinha eu como avançar em uma direção contrária ao que considero como caminho, não havia como fazer concessões, por mais que o “prêmio” final fosse algo que desejasse muito. Neste caso, “os meios não justificavam os fins”. Perderia muito tempo com coisas infrutíferas, e já não estou mais na idade de jogar meu tempo fora em troca de algo que me faria estar em comunhão com uma filosofia oposta a tudo o que creio.


E assim termino, sem fim, pois a história ainda está sendo escrita e acho que falei demais...

quarta-feira, 28 de março de 2012

Tinha me esquecido que não sou o único...


Ora, Acabe contou a Jezabel tudo o que Elias tinha feito e como havia matado todos aqueles profetas à espada. Por isso Jezabel mandou um mensageiro a Elias para dizer-lhe: "Que os deuses me castiguem com todo o rigor, caso amanhã nesta hora eu não faça com a sua vida o que você fez com a deles".

Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte. "Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados. "

Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu. De repente um anjo tocou nele e disse: "Levante-se e coma". Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo.

O anjo do Senhor voltou, tocou nele e disse: "Levante-se e coma, pois a sua viagem será muito longa". Então ele se levantou, comeu e bebeu. Fortalecido com aquela comida, viajou quarenta dias e quarenta noites, até que chegou a Horebe, o monte de Deus.

Ali entrou numa caverna e passou a noite. E a palavra do Senhor veio a ele: "O que você está fazendo aqui, Elias? " Ele respondeu: "Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me".

O Senhor lhe disse: "Saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois o Senhor vai passar". Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave.

Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o rosto, saiu e ficou à entrada da caverna. E uma voz lhe perguntou: "O que você está fazendo aqui, Elias? " Ele respondeu: "Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me".

O Senhor lhe disse: "Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta. Jeú matará todo aquele que escapar da espada de Hazael, e Eliseu matará todo aquele que escapar da espada de Jeú.

No entanto, fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram"
. - 1 Reis 19:1-18

Estou envergonhado comigo mesmo. Sem notar, mais uma vez entrei numa espiral descendente e – quando me dei conta – estava no fundo de uma caverna, lambendo minhas próprias feridas, acreditando piamente que eu era “o único” que estava sofrendo perante um conjunto de situações às quais julgava eu ser opressoras somente para mim.

Numa situação dessas, você de repente começa a contextualizar as situações quotidianas de forma que encontra desculpas para tudo o que você decidir fazer ou deixar de fazer. E se você é confrontado por alguém que quer te tirar deste limbo, abre uma gigantesca lista de tudo o que sofreu, está sofrendo e sofrerá, tentando despertar a compaixão daquele que percebeu que você estava afundando para que ele te deixe em "paz" com seus problemas. Pode até funcionar com um ou outro, mas, com isso, você sai de cena e passa a ser contado entre os coitados.

Quando estamos assim, acreditamos nas nossas próprias justificativas ao descrevermos o quadro que nos encontramos. Afinal de contas, "os leões são assustadores e estão lá fora à espreita, as dores são insuportáveis, as calúnias são dignas de processos por danos morais, as distâncias e alturas são realmente intransponíveis, os caminhos são deveras perigosos, as noites são mais frias e escuras" e por aí vai...

Só que tem um "porém": Gente como eu, quando cai nessa de ficar ficar se achando o coitadinho e se isola, tendo vivido o que já vivi com Deus, não tem para onde correr. Para onde for, encontra o Espírito de Deus incomodando, dando na cara, jogando baldes de água fria para ver se tira o indivíduo deste ridículo estado de apatia.

Assim, “descubro” que não sou o único que está tendo que enfrentar os leões, suportar as dores, levantar a cabeça perante as calúnias, percorrer distâncias desgastantes, escalar picos aparentemente inatingíveis, trilhar caminhos cheios de armadilhas no meio da aparente escuridão.

E isso não tem nada a ver com o que o “sinédrio” disse a mim no texto anterior. Refiro-me ao caminhar que cada um de nós tem pelo simples fato de existir nesta terra cada vez mais desolada, onde o amor cada vez mais se esfria, onde o hedonismo impera, onde as injustiças te cecam. E coitado daquele que não tem a coragem de assumir isso, preferindo usar a capa de super-crente...

Na verdade, não precisava nem ter escrito o que escrevi! Bastava apenas ter colocado o texto bíblico acima e ficaria subentendido tudo o que falei agora. Não sou melhor nem pior do que os outros, muito menos sou o único que está vivendo isso. O problema foi eu achar isso e usar como desculpas para a vontade louca que tive de jogar tudo para cima, esquecendo-me do que diz o Salmista:

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho”Salmo 119-105

Lâmpada para os meus pés, não um holofote que ilumina toda a estrada, luz suficiente apenas para eu dar o próximo passo, desde que este seja para frente pois – se eu buscar a segurança total que um covarde precisa para continuar andando – morrerei frustrado, desiludido da fé, desiludido da vida, de Deus...

Ele não promete isso. Ele disse:

“...eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”Mateus 28:20-b

Foi um lindo “sacode” o que levei ontem, e glorifico a Deus por ele (o sacode) ter sido dado exatamente onde eu nem imaginava que levaria, provando que eu não era o único que estava tendo que lidar com toda esta demanda, dentro daquele contexto. E não foi através de algo devastador como um vento fortíssimo, um terremoto ou fogo: Foi como numa brisa suave que ouvi, ao final de tudo:

“...pois João, NÓS, PORÉM, NÃO SOMOS DOS QUE RETROCEDEM E SÃO DESTRUÍDOS, MAS DOS QUE CRÊEM E SÃO SALVOS
(parafraseando Hebreus 10:39)

sábado, 24 de março de 2012

Até que enfim estão me chamando de filho do Belzebú...


“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; E sereis até conduzidos à presença dos governadores, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles, e aos gentios. Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós. E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão. E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem. Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?” – Mateus 10:16-25

Ultimamente tenho sido bombardeado em meu blog. Tudo isso pelo fato de um jovem de Garanhuns - poucos dias atrás - ter lido um texto meu bem antigo, o “Ninguém me moleste, pois eu trago em mim as marcas de Cristo”, ter gostado do conteúdo e ter dito:

“Cara, parabéns, em cima desde texto, hoje Deus realizará prodígios na vida de vários Jovens em Garanhuns”

Quando li este comentário, confesso que chorei muito de alegria e glorifiquei à Deus pelo fato d’Ele pegar este monte de lixo em processo de reciclagem chamado João Carlos e fazer dele – assim como um relógio parado – “certo ao menos duas vezes ao dia”. Pensei comigo que valia a pena ser uma pessoa transparente, humana (ainda que falha), mas sinceramente motivado em fazer a coisa certa, pelos caminhos certos, ainda que eu seja um pecador de merda, um dos piores.

Minha motivação é fazer o melhor sempre, o que não signifique que eu o consiga. Nunca tive a intenção de prejudicar “A” ou “B”, nunca maquinei o mal conscientemente desde que conheci o Senhor de minha vida. Todas as vezes que errei, errei por ser humano e pecador. Nunca quis que fulano ou beltrano se estrepasse, quebrasse a cara, se desse mal.

Entretanto, as sarrafadas que estou levando apenas me fizeram lembrar do texto acima, no Evangelho de Mateus. Os comentários são todos aparentemente da mesma pessoa, ou de um grupo muito próximo e ligado ao que aconteceu em Garanhuns.

Claramente, a intenção de quem está por trás disso é desacreditar o jovem que utilizou o texto acima citado e provar por “A + B” que o “pastor João” é um herege, um lixo de vida que se acha cristão.

Invocaram com minhas tatuagens, encanaram com uma analogia que fiz entre os tele-evangelistas que hoje estão saindo no tapa na disputa pelo couro das ovelhas e o perverso sistema de castas hindu (nem leram o texto, se arrepiaram só de ver que ilustrei o texto com os falsos deuses hindus...), falaram que eu sou escuridão e que o capeta está me usando, etc, e tal. Melhor colar aqui (fazendo a correção em pontuação) do que tentar parafrasear:

Entendi o invisível. Quando Deus olha para o mundo vê muitas luzes brilhando e você João, está invisível para Deus porque não tem brilho, você é escuridão, é descrença, planta desilusão e colhe derrota. Está nas trevas e por isso é invisível, mas satanás te vê e te usa para brincar com a palavra de Deus e você pagará por isso e vai colher o maldição para sua vida e para sua família. Mas Deus ainda assim quer ver você (uffaaa!!!), quer ser seu Pai, quer te chamar de filho. Amar a Deus é somente para aqueles que foram tocados por seu olhar. Jesus pode te salvar de você mesmo, quando sentir perdido e nada mais lhe restar grite por Jesus e será visível para Deus. Que a paz, a graça e a misericórdia de Deus o encontre.”

O problema é que esta é uma situação paradoxal. Ninguém gosta de ser esculachado, por outro lado, não tem como servir a Cristo em espírito e verdade E NÃO SER! Nossa carne quer "aplauso", nosso espírito quer tomar sua cruz dia após dia e seguir a Jesus. Caramba, jogaram “praga gospel” até sobre minha família e depois disfarçaram, profetizando que eu vou me sentir perdido e neste dia eu poderei gritar por Jesus para me tornar “visível para Deus”!

Gostaria de entender este deus (“dê” minúsculo, pois não é o das Escrituras) que não consegue ver um pecador. Só pode ser o deus da religião, o deus impotente da religião que salva apenas os certinhos e não os sinceramente arrependidos por seus pecados. Tem a “ousadia de tirar a chave dos Céus das mãos de Pedrão” e ficar dizendo quem é salvo e quem não é.

Não entendem analogias simples, comparações do quotidiano e das realidades individuais com o Espírito das Escrituras, assim como fez Paulo no Areópago, para trazê-los à verdade pura e simples do caminhar com Cristo.

Quanto a mim, continuo no Caminho, sendo chamado de Belzebu, pois Aquele que deu sua vida por mim no Calvário e ressuscitou em carne no terceiro dia disse que desta forma seria...

quarta-feira, 14 de março de 2012

MINHA é a vingança, diz o Senhor

Andando pela orla da praia do Recreio segunda feira à noite, inesperadamente vieram à minha mente duas pessoas consideradas ameaças contra a sociedade ocidental: Osama Bin Laden e Saddam Russein. Só que não lembrei deles como inimigos dos estadunidenses, mas, sim, as (supostas, no caso de Osama) fotos de ambos presos e mortos.

Aquilo me deixou inquieto pois, pra variar, sabia que tinha que falar sobre o assunto, mas não sabia como começar.

Estes dois homens eram considerados “inimigos públicos número um” pela sociedade ocidental. Saddam, um genocida, Osama, um terrorista, ceifaram milhares de vidas, cada um em seu contexto.

Não quero me ater aos detalhes históricos, mas, sim, a uma visão geral da cena. Os estadunidenses, em sua necessidade vital de guerras, vingança, caça aos “public enemies” e controle do mundo para movimentar sua indústria bélica, empreenderam a tal da “guerra ao terror”, ao custo de bilhões de dólares e milhares de vidas humanas, tanto civis como militares, de ambos os lados.

Entretanto, os pontos culminantes sempre foram quando capturaram as lideranças terroristas ou os chefes de Estado envolvidos na “grande conspiração contra o mundo ocidental e seus valores”.


Quando prenderam o Saddam, fato que praticamente todos nós desejávamos que acontecesse, olhei aquele homem que parecia ter saído do filme “A Guerra do Fogo”, barbudo, cheio de piolhos, bestializado, escondido em um buraco qualquer, longe de ser aquele ditador. Confesso que não consegui olhar para ele e ver o “satã” Russein... só via um homem derrotado e cercado por seus inimigos. Enfim, a “justiça” foi feita e Saddam foi enforcado, para delírio da galera.


Da mesma forma, Osama Bin Laden, considerado um herói e mártir para os seus, mas odiado pela sociedade ocidental, também foi morto em seu esconderijo, mesmo com a possibilidade te o terem preso para ser julgado em um tribunal internacional.

Outros fatos recentes abalaram o mundo árabe. Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano, desempregado, ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato desesperado, que terminou com a própria morte, seria o pontapé inicial do que viria a ser chamado mais tarde de Primavera Árabe.

Inspirados pelo sucesso dos protestos na Tunísia, que culminaram com a queda do então presidente Zine el-Abdine Ben Ali, vimos outros ditadores à décadas no poder caírem ou renunciarem, como Hosni Mubarak do Egito e Ali Abdullah Saleh, do Iêmen.


Entretanto, na Líbia, vimos o coronel Muamar Kadafi, ditador que estava havia mais tempo no poder na região (42 anos, desde 1969) sendo capturado vivo em um buraco de esgoto e sendo morto por seus inimigos na cidade de Sirte, sua terra natal, de maneira covarde e brutal.

Agora me digam: Eles não poderiam ter sido levados presos e julgados por seus crimes? Por qual razão sentimos prazer em ver a “boa e velha” lei do Talião sendo colocada em prática nos dias de hoje?

O ser “humano” gosta mesmo é da bagaceira, sente prazer em ver a “justiça” sendo feita na base do “olho por olho, dente por dente”. “Good news are not news, BAD NEWS are news”, como aprendi no curso de inglês.

O que concluo de tudo isso é que existem situações em nossas vidas que nos oprimem, existem pessoas que geram tudo isso, “enviados de satã”, protótipos de anticristos, enviados para “matar, roubar e destruir”. O "único problema" é que nossa luta não é contra a carne e o sangue e, sim, contra os principados e potestades geradoras deste estado de coisas.

Que Deus nos livre de gozar diante de cenas transmitidas para o mundo inteiro destes ditadores (ou quem quer que seja) sendo mortos “justamente”, porque...

“...bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. Hebreus 10:30-31

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ingratidão


A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre Samaria e Galiléia. Ao entrar num povoado, dez leprosos dirigiram-se a ele. Ficaram a certa distância e gritaram em alta voz: "Jesus, Mestre, tem piedade de nós!" Ao vê-los, Ele disse: "Vão mostrar-se aos sacerdotes". Enquanto eles iam, foram purificados. Um deles, quando viu que estava curado, voltou, louvando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Este era samaritano. Jesus perguntou: "Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro?" Então Ele lhe disse: "Levante-se e vá; a sua fé o salvou".Lucas 17:11-19

Estou escrevendo meio sem estar com vontade de escrever, tá ligado? É que li este texto hoje pela manhã e ele ficou em minha cabeça... Quando isso acontece, tenho que obedecer, mesmo sem saber onde isso vai dar.

Entretanto, depois de uma pausa de algumas horas – já com o texto bíblico colado em uma página em branco e sem eu saber como começar estas linhas (o parágrafo anterior foi escrito às 9 da manhã e agora são 2 da tarde!) – li e reli este acontecimento narrado nos Evangelhos e uma palavra veio à minha mente: INGRATIDÃO. Acho que é sobre isso que o Senhor quer falar, principalmente comigo.

Indo direto ao ponto, quantas vezes eu me deito e levanto no dia seguinte sem me dar conta que o simples fato de acordar mais um dia é um milagre de Deus? Estou trabalhando, acabei de almoçar, disponho de um tempo para escrever, estou com saúde, etecétera e tal. E lógico que tenho inúmeros problemas em diversas áreas, mas - até nisso - o Senhor me abençoa com Seu Espírito em mim, dando-me graça, sabedoria, mansidão e discernimento para decidir e tomar os melhores (ou “menos piores”, dependendo do caso) caminhos.

Então, onde está o problema? Para quê ficar murmurando, revoltado com algumas situações que certamente podem mudar o destino da humanidade, tipo, “pô, o Corinthians empatou aos 48 do segundo tempo!”, “será que eu vou ter dinheiro para ir no show do Kiss em junho e viajar de férias em Julho?”, “quando chegar em casa vai ter água hoje? (típico problema de quem mora na Zona Oeste do Rio)”.

Tenho é que louvar a Deus, pois enchi a máquina de lavar roupa e o tanque com água esta manhã, antes de sair para o trabalho, tendo a bendita e tão esquecida (só lembrada quando falta) por ao menos 4 dias, não dependendo assim do fornecimento externo. Talvez isso não faça sentido para alguns de nós, mas para mim passou a fazer desde que mudei para o RJ.

Na verdade estamos acostumados às pequenas conveniências da vida de apenas chegar, apertar um botão e a luz acender, abrir a torneira e cair água, abrir a geladeira e os armários e encontrar comida e bebida suficiente para pelo menos algumas semanas. Achamos que isso simplesmente tem que ser assim, como se fosse obrigação de Deus para conosco!

Faça um teste a nível intelectual, pois não creio que teríamos coragem de agir desta forma: Abra o guarda roupas e veja que – se pararmos de comprar roupas hoje e só voltar a fazê-lo quando todas não mais tiverem condições de uso, estaremos vestidos razoavelmente bem por pelo menos 4 anos! Por qual razão nos deixamos ser consumidos por um modelo social e econômico que nos impulsiona a gerar todos os dias novas necessidades/banalidades? Não preciso ir ao mercado hoje! Não preciso me preocupar com aquilo que o Senhor disse que nos daria de bom grado, caso buscássemos em primeiro lugar Seu Reino e Sua Justiça!

Cacete, sou muitas vezes ingrato. Rolou a greve da PM aqui e nada nos aconteceu. Sexta comi pizza (mesmo que horrível, pois aqui não sabem fazer), sábado fui ao Outback com minha mulher e minha sobrinha, na geladeira tenho várias garrafas de vinho e durante as noites tenho tido espetáculos maravilhosos proporcionados por Deus, vistos da varanda do apartamento onde moro, lindas noites de verão, o ar fresco, estrelas e nuvens cor-de-rosa fazendo seus desenhos aleatórios no céu! Todavia, prefiro me ater ao problema do bar em frente de casa com sua gritaria e a música alta. É sério, perco muito tempo e fico muito irritado com questiúnculas...

Não quero deixar de ser grato a Deus. Tenho que retornar ao hábito de agradecer ao Senhor por TUDO, pois mesmo o que parece estorvo e desconforto é proporcionado e/ou permitido pelo Pai para que cresçamos um pouquinho mais a cada dia. Isso me faz lembrar das palavras de Paulo:

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu”.Romanos 5:1-5

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"Porventura sou eu Senhor"?


“E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze. E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair. E eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, Senhor? E ele, respondendo, disse: O que põe comigo a mão no prato, esse me há de trair”. – Mateus 26:20-23

Como é duro lidar com a fraqueza de caráter e valores daqueles que convivem conosco. Pode ser desde o fulano que você mal conhece e que te ferra num determinado momento em que os dois se cruzam no caminho, como o motorista que não para no ponto que você vai descer, o vendedor que te atende mal, a pessoa que te irrita do e por nada, mas que você – teoricamente – nunca mais vai cruzar com ela, o que faz com quê aquilo te afete apenas momentaneamente, até aquela pessoa que faz parte de seu convívio diário, que caminha com você todos os dias, como um colega de trabalho, um parente, um familiar.

Estes são os que têm o poder de realmente nos ferir, pois partimos do pressuposto de que quanto maior o laço que nos une, mais escrúpulo, respeito e amor devemos ter com eles. E não que não tenhamos com os demais, pois nossos valores estão entranhados em nosso ser. O fato é que – sendo sincero – é muito mais fácil você mandar à merda a pessoa “que pisa no seu pé” do que a um ente querido.

Como dói lidar com as coisas que chegam aos nossos ouvidos. Como ficamos arrasados com as picuinhas que nos cercam. Como é difícil aceitar que as pessoas te tratam da melhor maneira possível pela frente (isso quando tratam), mas não pensam duas vezes para servir sua cabeça em uma bandeja de prata num banquete.

É horrível descobrir que pessoas que você ama te tratam bem pela frente mas metem o pau na sua ausência. O pior: Esquecem (ou não se importam, o que é pior) que aquilo possivelmente vai chegar aos seus ouvidos.

Isso me lembra de uma frase que aprendi no curso de inglês que – traduzida – diz mais ou menos assim:

Pessoas inteligentes falam sobre idéias
Pessoas comuns falam sobre coisas
Pessoas medíocres falam sobre pessoas...


Não consigo aceitar o fato de que “pessoas que põem comigo a mão no prato”, assim como Judas fez com Jesus, não pensam duas vezes na hora de te vender por algumas moedas. Por outro lado, também está escrito que:

“Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós. E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão. E odiados de todos sereis por causa do meu Nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo”. – Mateus 10:19-22

É assustador ver que estamos vivendo estes momentos. Lemos e entendemos, sabemos que estas coisas acontecem não somente em novelas, mas, quando é conosco, temos que recontextualizar os fatos, trazer à nossa existência mais uma passagem bíblica que infelizmente começa a se concretizar.

Acima da experiência negativa da traição, da maledicência, da fofoca e outros vícios morais, está o fato de que quem está fazendo isso são pessoas que você ama – ou seja – estas pessoas estão terrivelmente doentes, precisando se libertar das garras do inimigo, o grande acusador que os vem usando sem que se dêem conta disso mas, pensando bem, o apóstolo Paulo disse:

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”
Gálatas 5:19-21

Pensando bem então, isso é obra da carne e o diabo não tem culpa... coitado dele! Isso é natureza humana não tratada, não convertida, não nascida de novo...

Pior, muito pior, pois não adianta orar para que um demônio se manifeste e seja expulso. Uma mudança de atitude nesta área envolve a vontade da própria pessoa. Sei que não adianta peitar, por mais que se tenha como “acabar com a pessoa na argumentação” (e sou “bom” nisso, seria um advogado fdp se me enveredasse nesta profissão). Se fossemos tirar satisfação das pessoas que nos ferram por trás (sem duplo sentido), bem o faríamos pensando na carne, mas colocaríamos engrenagens em movimento que prejudicariam outras, em várias esferas.

Será que temos que agir como nosso Senhor? É uma pergunta idiota, sabemos a resposta, mas é difícil querer aceitar isso! É difícil, dói demais agir como está escrito em Isaias 53:7, que diz que “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca”...

Senhor, é difícil agir assim, tá doendo e eu preciso de sua Graça...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Orem pelo Rio de Janeiro


“Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles. Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. E passou a narrar esta parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, e não o achou. Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente? Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe deite estrume; e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás.” - Lucas 13:1-9

Este é um daqueles textos bíblicos que lemos mas que, aparentemente, não tem nada a dizer diretamente a nós, até o momento em que há uma conjunção entre os fatos cotidianos e o insight do Espírito Santo, traçando uma ponte entre os fatos.

Quando li este texto esta manhã confesso que me assustei com o que entendi. Vivendo neste contexto complexo que é a cidade do Rio de Janeiro, não tive como não fazer uma ponte imediata entre a Palavra e tudo o que tenho visto por estes lados.

De cara, quero que me entendam: Não pensem que estou fazendo uma leitura preconceituosa em relação a esta cidade, muito menos espero estar passando uma idéia religiosa de alguém que crê num deus (dê minúsculo) de causa e efeito, mas sim de um Deus que não age somente por Justiça, mas que – acima de tudo – age com Graça, Misericórdia e AMOR.

Isso me faz lembrar de um interessante diálogo entre o Senhor e Abraão:

“Disse-lhe, pois, o Senhor: "As acusações contra Sodoma e Gomorra são tantas e o seu pecado é tão grave que descerei para ver se o que eles têm feito corresponde ao que tenho ouvido. Se não, eu saberei" Os homens partiram dali e foram para Sodoma, mas Abraão permaneceu diante do Senhor. Abraão aproximou-se dele e disse: "Exterminarás o justo com o ímpio? E se houver cinqüenta justos na cidade? Ainda a destruirás e não pouparás o lugar por amor aos cinqüenta justos que nele estão? Longe de ti fazer tal coisa: matar o justo com o ímpio, tratando o justo e o ímpio da mesma maneira. Longe de ti! Não agirá com justiça o Juiz de toda a terra?" Respondeu o Senhor: "Se eu encontrar cinqüenta justos em Sodoma, pouparei a cidade toda por amor a eles". Mas Abraão tornou a falar: "Sei que já fui muito ousado ao ponto de falar ao Senhor, eu que não passo de pó e cinza. Ainda assim pergunto: E se faltarem cinco para completar os cinqüenta justos? Destruirás a cidade por causa dos cinco?" Disse ele: "Se encontrar ali quarenta e cinco, não a destruirei". "E se encontrares apenas quarenta?", insistiu Abraão. Ele respondeu: "Por amor aos quarenta não a destruirei". Então continuou ele: "Não te ires, Senhor, mas permite-me falar. E se apenas trinta forem encontrados ali?" Ele respondeu: "Se encontrar trinta, não a destruirei". Prosseguiu Abraão: "Agora que já fui tão ousado falando ao Senhor, pergunto: E se apenas vinte forem encontrados ali?" Ele respondeu: "Por amor aos vinte não a destruirei". Então Abraão disse ainda: "Não te ires, Senhor, mas permite-me falar só mais uma vez. E se apenas dez forem encontrados?" Ele respondeu: "Por amor aos dez não a destruirei". Tendo acabado de falar com Abraão, o Senhor partiu, e Abraão voltou para casa”. – Gênesis 18:20-33

Para mim, traçar um paralelo entre as palavras de Jesus, o diálogo entre Deus e Abraão quanto as acusações contra Sodoma e Gomorra e o que tenho visto aqui no Rio de Janeiro é algo (infelizmente) natural, ao mesmo tempo em que me constrange, me deixa pisando em ovos, com “medo de apanhar” do pessoal, mas – antes e acima de tudo – com uma coisa queimando dentro de meu peito, me impulsionando a escrever.

Outro dia sonhei com o prédio em que eu moro. No sonho, estava na sala do “nosso apartamento alugado” e notava que as paredes começavam a se esfacelar aos poucos, como se fossem feitas de areia. Conseguia olhar entre uma parede e outra através das frestas que se abriam, via o que acontecia no apartamento ao lado, sentia que devia sair correndo dali antes que desabasse tudo, mas estranhamente temia ir para a rua por não me sentir seguro perante as pessoas que – naquele sonho – eram hostis a mim.

Puta viagem, talvez você diga...

Também acho, respondo eu. Entretanto, confesso que depois daquele sonho passei a sentir um desejo imenso de sair de lá. Todavia, não me via saindo de lá e indo para outro lugar no Rio, ao mesmo tempo em que não queria sair da cidade. Acho que me senti como inicialmente deve ter se sentido Ló ao receber a instrução de sair de casa levando todos os seus amados antes do Senhor colocar abaixo tudo aquilo.

Isso foi (e está) crescendo dia a dia dentro de nós (a Cilene compartilha das mesmas “sensações”) e temos orado para que Deus nos mostre a melhor opção, pois estamos falando de mudança literal, e não de uma coisa qualquer.

Voltando ao início de tudo (o texto de Lucas), não tive como não ler o texto e não me lembrar do prédio que caiu “do nada” no Centro do Rio de Janeiro. Quem estava no prédio não eram maiores pecadores do que os que estavam do lado de fora. Entretanto, o prefeito Eduardo Paes disse algo que veio ao encontro do que eu – temendo e tremendo – tenho visto aqui no Rio de Janeiro, quando quatro (isso foi o que conseguiram flagrar, certamente muitos mais) funcionários da concessionária do Porto estavam roubando dos entulhos os pertences das vítimas:

"Eu acho que são uns delinqüentes. Ali está a miséria humana retratada. É inacreditável que alguém numa situação como essa vá roubar --aquilo é roubo-- de um entulho vindo de uma tragédia como aquela. Eu vejo com muita tristeza, com uma certa raiva. Os nomes já foram passados para a polícia e eles serão demitidos da concessionária lá do Porto"


Aqui no Rio de Janeiro impera a Lei de Gerson: O IMPORTANTE É LEVAR VANTAGEM EM TUDO. Se tá bom para mim, FODA-SE O RESTO. Isso está impregnado no ar. Isso você vê todos os dias em todas as áreas possíveis, do lixo jogado na praia ao motorista que costura, fecha, xinga, estaciona sobre a calçada ou de qualquer jeito e acha que está certo. A sensualidade exacerbada impregna o nariz de quem não compartilha dos mesmos “valores”. Você não pode reclamar do bar em frente à sua casa por ele estar tocando funk nas alturas durante toda a madrugada. Literalmente, eles te ameaçam e você se torna refém dentro de sua casa.

Hoje mesmo, dentro do Terminal Alvorada, tinha um pedestre dando porrada no vidro de um ônibus parado, enquanto discutia com o motorista em altos brados/palavrões. Ninguém fez nada. Assim como ninguém faz nada quando bueiros explodem e ceifam vidas. Assim como a Gilka Machado é um campo de entulho e podridão pelo fato dos moradores jogarem seus dejetos embalados em sacolas plásticas de supermercado no meio da rua. Mendigos, cachorros e urubus disputam o prêmio e – cada vez mais – me sinto menos “gente” por estar inserido neste contexto e não poder falar nada sem correr risco de vida.

Não pensem que estou exagerando. Aqui, a inversão de valores é gritante. A mãe, na porta do boteco, chama seu filho de filho da puta (ela certamente sabe de quem está falando) por ele estar chorando, enquanto ela toma todas às altas horas da madrugada. O marido, outro cachaceiro, olha aquilo tudo com a maior naturalidade. A mesma mãe, já com os filhos despachados, começa a gritar, falar putaria, discutir e – quando um vizinho reclama da gritaria por estar com a esposa doente em casa – é ameaçado e xingado por todos os cachaceiros... “desce aqui seu filho da puta!” ou “a rua é pública porra!”. Ao final da discussão, ela chama outro homem para ir beber com ela em outro bar, na frente do marido, dizendo “vamos lá fulano, meu marido não quer ir e eu quero sair. Hoje eu vou pagar para macho sair comigo, vamos! Vamos! Ele não manda em mim!”...

Outro dia, no mesmo bar, um homem mordeu o olho de uma mulher (sim, mordeu o olho que enxerga, na cara...) numa briga, arrancando sangue, enquanto os dois rolavam no meio do pó da rua. No bar, todos olhavam, alguns riam da situação, ninguem fez nada, tirando eu, que tive a infeliz idéia de ligar para o 190. Em resposta, o dono do bar intimou minha mulher na entrada do prédio, dizendo que "alguém tinha ligado para a polícia e ele iria descobrir quem tinha ligado e denunciar nosso prédio por este não RGI", o que - em São Paulo - chama-se de Habite-se...

Poderia citar zilhões de pequenos dramas testemunhados por mim, mas não creio ser necessário. Há três anos vejo esta figueira não dar frutos, frutos de arrependimento, frutos de um espírito coletivo que indique a possibilidade de alguma mudança. Esta é a cidade que vai receber Copa do Mundo e Olimpíadas. Esta é a cidade que está sendo totalmente repaginada, mas que não tem um alicerce moral que indique que a mudança da fachada virá acompanhada de uma metanóia, de uma mudança de pensamentos e de valores.

Estou no Rio a 3 anos. Coincidência demais para mim, pois a três anos procuro frutos nesta figueira. Por mais um ano, (não literalmente, mas espiritualmente... no contexto de “para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos são como um dia...”) o Senhor permitirá que a terra seja adubada com estrume. Caso ela continue não gerando frutos, esta figueira será cortada.

Orem pelo Rio de Janeiro. Orem por nós, que aqui estamos. Está doendo escrever isso, mas é o que tenho recebido do Senhor...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O ano que não queria acabar...


"Cantai louvores ao Senhor, vós que sois seus santos, e louvai o seu Santo Nome. Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite; pela manhã, porém, vem o cântico de júbilo". – Sl 30:4-5

O mês de Dezembro de 2011 foi extremamente desgastante para mim. Parecia que estava em meio a um terrível pesadelo, delirando, suando e falando sozinho em meio ao turbilhão de acontecimentos que me cercaram.

Não conseguia ver saída nem esperança perante a quantidade de coisas que simplesmente aconteciam erradas, sem nenhuma explicação plausível. Corria para tapar um buraco e imediatamente via outro vazamento no barco, de forma que chegou um momento no qual simplesmente desisti de tentar manter a situação sob controle.

Estava emocionalmente exausto, sem vontade de acordar, sem vontade de ficar, sem vontade de sair, sem vontade de nada. Tudo o que costumava me dar prazer se tornara um peso. Queria reagir a tudo, mas me faltavam forças. Meus inimigos eram maiores e mais poderosos que eu.

Ao meu redor, ninguém se disponibilizava em me apoiar. Pareciam sentir prazer em ver que meu barquinho estava indo a pique. Sem ter com quem conversar, mesmo cercado de gente, me calava face à dor que me consumia. Engrujava, definhava, agonizava sem esperança. Joguei a toalha e fiquei ali, prostrado em terra, à mercê daqueles que silenciosa ou descaradamente riam de minha dor.

Passei o Natal assim. Virei o Ano Novo assim. Todos comemorando 2012 e eu ainda preso a tudo o que me afligira no mês anterior. Preso a 2011, as coisas não avançavam. Senti-me o pior dos homens, o pior dos cristãos, acreditando que talvez pudesse ter tomado o caminho errado em minha postura quanto à fé. Cheguei a crer que deveria fazer tudo como fazia nos primeiros anos, negando Àquele que me tomara pelas mãos e me guiava dia e noite e voltando a trilhar os caminhos obscuros da religião.

Não queria aquilo, não queria me ver novamente alguém menos do que já era. Não no sentido de orgulho, não no sentido de não querer me submeter, mas – assim como alguém inocente, porém torturado por seus algozes – pensava seriamente em assinar o rol de acusações que me eram feitas apenas para ver o fim de todo aquele sofrimento.

De que valia a vida? De que valia procurar estar andando retamente; não por justiça própria, mas pela Graça? Como o beduíno no deserto, pego de surpresa por uma tempestade de areia, apenas me deitei no pó, me cobri com a capa e me deixei ser encoberto pela cruel tempestade que caía sobre mim. Quanto tempo se passou eu não sei, pois não sentia prazer em contar meus dias.

Aos poucos, o ruído da tempestade cessou. Como que acordando, passei daquele torpor inicial que sentimos após uma péssima noite de sono ao estado de alerta. Levantei, sacudi minha capa, tirando a areia e procurando me localizar. Estava tão longe e ao mesmo tempo tão perto de tudo! Cansado, levantei-me e procurei seguir o caminho de volta, para um lugar que não sabia qual.

Aos poucos, notei que as coisas estavam se encaixando novamente. Tudo muito surreal, diga-se de passagem. O que estava dando errado passou a se ajustar, o que havia sido quebrado ou foi jogado fora e reposto ou se arrumou milagrosamente. Durante minha dor, confesso que blasfemei contra Deus, dizendo que 2011 tinha sido o pior ano de minha vida. Passada a loucura, lembrei-me que apenas o mês de Dezembro tinha sido o causador de tanto sofrimento. Pedi perdão a Deus.

Hoje, nada de novo acontece debaixo do sol. Entretanto, saí desta situação mais forte. Ele estava comigo, Ele não me abandonou. Mergulhei em outro nível de águas profundas, praticamente morri mas ressuscitei com Ele, passando a dar valor ao que realmente importa...