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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Não consegui orar mas escrevi...



“Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”


Romanos 8:22-28

Existem momentos em nossas vidas que estamos mergulhados em tantos problemas que apenas pela misericórdia de Deus não jogamos tudo pra cima, apertando o botão “foda-se tudo” e saindo por aí sem direção, deixando as coisas tomarem seus rumos aleatoriamente. Ficamos na maioria das vezes sem saber como agir mas, mesmo assim, algo não nos deixa simplesmente desistir de tudo.

Esboçamos alguma tentativa de reação, mas somos bombardeados por flashes de cada uma das situações que nos atormentam, de forma que não conseguimos articular o raciocínio para priorizar situação A ou B. Ao pensar em um problema, outro salta na frente gritando que ele é mais urgente. De repente, parece que o caminhão basculante vira sua caçamba sobre nossas cabeças e somos soterrados vivos, agonizando...

Sem ar, sem perspectiva e sem direção clara, procuramos manter a sanidade. Se abrirmos a boca para pedir, gritar ou clamar, o som não sai de nossas bocas. Então nos calamos, engasgados, sufocados. Pensamos e até tentamos orar, mas a única oração que sai vem da alma magoada pela dureza da vida é resumida em um gemido, um grunhido ou – no máximo – um “meu Deus.. em nome de Jesus... ai...”

Gemendo e chorando por dentro, somos obrigados a aparentar que ainda estamos conscientes e no controle da situação para não assustar quem nos rodeia. Por algumas leis formalmente não estipuladas de convivência fingimos que está tudo sob controle mas não está e deixamos isso transparecer de alguma forma, seja pela reação desproporcional, seja por uma palavra atravessada e fora do contexto.

Quem nos rodeia e nos conhece um pouquinho mais até percebe que algo está errado. Entretanto, elas também estão travando suas batalhas e humanamente falando a melhor opção é fingir que não viu. Pensando bem, quem na verdade quer ouvir lamentos e ajudar a carregar os fardos uns dos outros?

Assim, entendemos que todos estão além de seus limites, verdadeiros barris de pólvora ambulantes, loucos para explodir ao esbarrar em alguém. Todos estão gemendo por dentro, todos estão sofrendo, mesmo aqueles que parecem que a vida está voando tranquilamente em céu de brigadeiro, em velocidade de cruzeiro e no piloto automático.

Por qual razão este assunto está tão recorrente? Por mais que queira, olho para minha vida, olho ao redor e somente vejo sofrimento e dor dentro de cada um! Não interessa a fachada, não interessa a roupa nova, o bom corte de cabelo, o make-up, o bundão ou o bração tatuado e malhado: T-O-D-O-S estão gemendo, aguardando a redenção (não tão) pacientemente, mas – apenas – por falta de opção! Sei que não estou louco, sei que mais pessoas sentem, respiram e vivem esta realidade, tendo este discernimento!

Agora falo apenas por mim: Enquanto isso, faço apenas o que consigo fazer, na velocidade que me é permitida, tendo que avançar quando possível, retroceder quando necessário, parar e esperar quando não houver nenhuma outra opção, gemendo baixinho... Se eu vacilar um pouquinho e escorregar um milímetro que seja caio no fio da navalha. Travo os dentes, prendo a respiração e procuro fluir como a água, procurando os caminhos possíveis, não necessariamente os melhores caminhos, ao menos no meu entendimento, nas minhas necessidades imediatas...

Senhor, me entenda mesmo sem poder falar, apenas pelo meu silencio, por meu gemido, por minhas lágrimas. Na verdade eu sei que o Senhor entende, eu estou pleno de certeza disso, a certeza que vem de Seu Espírito em mim, me ajudando em minhas fraquezas. Não sei como pedir, mas sei que o mesmo Espírito que aqui dentro está intercede por mim. Sei que todo este aparente caos está totalmente sob o seu controle.

Sei que o Senhor também sofre comigo, não me foi prometido nada diferente disso quanto as escamas que cobriam meus olhos caíram e eu entendi o que significava te amar e te servir plenamente. Pai, fica comigo, fica conosco, segura nossas mãos e não nos deixe sentir medo ou solidão enquanto atravessamos tudo isso, em Nome de seu Filho Jesus...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os livros de Jó ainda estão sendo escritos...



“Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao Senhor, e Satanás também veio com eles.

O Senhor disse a Satanás: "De onde você veio? " Satanás respondeu ao Senhor: "De perambular pela terra e andar por ela".

Disse então o Senhor a Satanás: "Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal".

"Será que Jó não tem razões para temer a Deus?", respondeu Satanás. "Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui? Tu mesmo tens abençoado tudo o que ele faz, de modo que todos os seus rebanhos estão espalhados por toda a terra. Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face. "

O Senhor disse a Satanás: "Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não encoste um dedo nele". Então Satanás saiu da presença do Senhor."
- Jó 1:6-12

Procuro não ter uma visão simplista em relação a nada, muito menos sobre eu mesmo. Dentro deste contexto, posso dizer que “me conheço bem”, ao menos o suficiente para saber que não sou o ser humano mais perfeito da terra, mas também não sou o mais sacana. Este "mimimi" de se fazer de modesto soa hipocrisia da pior qualidade e, para mim, tem efeito inverso ao desejado por quem assim se porta (Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne - Colossenses 2:23).

Se estou ciente de minha relação com Deus e com os homens, se estou convicto de quê pouquíssimas vezes agi de forma contrária à ética que foi gravada em meu coração através do Espírito de Cristo que hoje vive em mim, arrisco dizer sem medo de errar que, se prejudiquei alguém, se fui motivo de escândalo ou decepcionei àqueles que me rodeiam, não foi uma atitude perversamente maquinada em meu peito. Posso ter errado e – certamente – erro muito mais do que gostaria, mas minha consciência não permite que eu erre por algum ardil que poderia ter raízes em meu ser.

Muitos cristãos verdadeiros (e eu ouso me colocar no balaio) estão sofrendo situações aparentemente impossíveis de se explicar pela lógica humana. Parece que, ao somar “1 + 1”, o resultado prático em minha vida caprichosamente continua a dar “3” (essa ilustração é a melhor que conheço para explicar isso, desculpe pela insistência nela, rsrs). A conta não fecha, o que era para dar certo dá errado, o que fora prometido não se cumpre, o mau te toca constantemente, a dor insiste em te debilitar, o ímpio continua a prosperar e eu fico no limite da sanidade mental procurando entender esta bagaça e não afundar.

De onde vem tanta angústia? Qual a razão de tanto sofrimento? Será que as contingências da vida são a razão deste caos que impera? Será que dá para tentar reduzir tanto a situação geral somente para tentar encontrar uma explicação que caiba em nosso entendimento? Estou eu procurando uma explicação simplista para tudo isso?

Eu costumo dizer que não aceito um diagnóstico médico quando o "doutor" me diz que tudo o que sofri foi fruto de uma “virose”. Virose o caramba! Quem precisa estudar medicina para dar uma resposta tão boçal para tentar justificar o sofrimento? Muitos aceitam este reducionismo, é até bom para alguns que querem viver com a cabeça enterrada no chão da existência por medo de encarar a realidade mas... EU NÃO!

Não consigo, não me conformo e nem quero me conformar! Não sou gado para ser enviado ao matadouro sem soltar um mugidinho que seja! Não estou procurando respostas fáceis, a vida não permite isso para quem realmente está no campo de batalha. Não estou sentado confortavelmente numa poltrona jogando o vídeo game da vida, estou vivendo, estou sangrando, estou sofrendo e está doendo!

Mesmo tendo chegado até aqui, confesso que tenho receio de abrir a caixinha de ferramentas e mostrar tudo o que penso. Por outro lado, sei que outros estão vivendo o mesmo tipo de situação. Os livros de Jó continuam a ser escritos todos os dias, as apostas continuam a ser feitas, nossa vida é, como diz as Escrituras...

“...Porque me parece que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte. Temo-nos tornado um espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados!

Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo.”
- 1 Coríntios 4:9-13

É exatamente isso o que sinto, e longe de mim me colocar como apóstolo (eu ein)! Na verdade, isso serve para todos os cristãos que estão com suas anteninhas viradas constantemente para o Senhor, não somente para os apóstolos. Minha vida é espetáculo diante de anjos e homens. O diabo insiste em pedir mais e mais espaço para “provar” que a visão que ele tem de mim é a correta, não a visão que Deus tem de mim. No meio dessa aposta lá estou eu, igual camarão entre a rocha e a onda...

Eu, porém, sei que não consigo nem imaginar como isso tudo vai ficar. O caos está se expandindo exponencialmente e praticamente ninguém está se dando conta! Está sendo “natural” ver tudo o que acontece no mundo, desde que não aconteça “comigo”! A desgraça? Na casa do cara que vive na Cochinchina! A peste? Lá pra pqp, aqui não! Basta poder ser visto na TV com aquela curiosidade mórbida, apenas para “ter assunto” entre os urubús, tendo a opção de mudar de canal e fazer de conta que nada está acontecendo!

Só que não é assim que a banda toca. O dia mau chega e chega pra todo mundo. Um dia vai cair O SEU teto, e não apenas o teto do fulano que mora no barraco do outro lado do planeta. Um dia a doença e a morte chegam, e não se tratará mais de um dado estatístico. Os dias são maus e não dá para se iludir. Temos que estar preparados:

"Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo." - Efésios 6:13

Não sei nem como acabar este texto, meu livro ainda está sendo escrito...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Como "estar dentro" sendo de fora?



“Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo.”
1 Coríntios 5:9-10, NVI

“Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo.”1 Coríntios 5:9-10, ARA

Ao procurar o texto acima, queria a tradução Almeida Revista e Atualizada por utilizar o adjetivo “impuro”. Entretanto, localizei primeiro a tradução NVI que fala sobre “imorais”, gerando uma dúvida quanto qual das duas utilizar. Afinal de contas, impuros e imorais são ótimos adjetivos para descrever o tipo de gente que nos relacionamos, atravessando nossos caminhos e nos obrigando a crescer dia após dia na habilidade de lidar com eles sem, todavia, nos desvirtuar.

Está cada vez mais difícil manter a cabeça fora da fossa humana, conseguir respirar sem nos intoxicar, o ambiente em que vivemos está se tornando cada vez mais pesado, parece que estamos sendo lentamente consumidos sem nos dar conta, assim como o sapo na chaleira, com a água sendo aquecida lentamente, até o momento em que estamos cozidos sem dar conta.

Se não tivermos o discernimento necessário, se não ouvirmos a voz do Espírito Santo dentro de nós, nos deixaremos levar pelas artimanhas que frequentemente são orquestradas contra nós. Com isso, não quero dizer que as pessoas, conscientemente, tramam ardis para nos atingir (ao menos na maioria dos casos, penso eu, “polianisticamente”...). Vejo, sim, que a constante batalha no mundo espiritual exige que nós tenhamos atenção redobrada quando aos instrumentos que o inimigo de nossas almas utiliza para nos atrapalhar em nossa caminhada rumo ao Reino de Deus.

Não é tarefa agradável levantar todos os dias, lidar com motorista do ônibus mal educado, com a mulher (ou homem, em ambos sentidos) que te dá mole sem cair em tentação, em negociar com clientes, fornecedores e “parceiros” que – se você baixar a guarda – vai socar com força no seu traseiro por qualquer pequena vantagem comercial, não se importando em ter o mínimo de ética.

A pressão está cada vez maior. Os impuros e imorais deste mundo estão cada qual agindo apenas em prol de seus interesses. Cada vez mais, entendo que existe muito pouco disponível e todos lutam desesperadamente por seu quinhão, mesmo que o preço a ser pago seja a desgraça "do outro". Estamos neste mundo, mas não fazemos parte dele no sentido moral e espiritual. Como disse Jesus em sua oração sacerdotal:

“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.”João 17:9-15

Este é para mim o ponto de tensão (na verdade, um deles...): Estar aqui e não ser mais daqui sem virar um fanático isolado em uma redoma, ter que lidar com os impuros e imorais de forma que não sejamos contaminados pelo seu conteúdo, apenas filtrando o que convém e descartando o que não convém, influenciar, orientar quanto ao Caminho, ser sal e luz sem permitir que nos usem como mero passatempo, um instrumento de “diversão”, como ironicamente disse Jesus:

“Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, e dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.”
- Mateus 11:16-19

Consigo visualizar quase que graficamente, tridimensionalmente, o que quero dizer, enquanto estas passagens bíblicas ficam pipocando em minha mente para servir de base ao que penso. Só não sou hábil o suficiente para amarrar tudo de forma coerente e colocar em palavras escritas, mas, mesmo assim, tento. Você está no meio, de todos os lados inúmeras demandas, de todos os tipos e você tendo que lidar com cada uma, procurando da melhor maneira possível não perder nenhuma vida, tentando ser o fiel da balança, conciliador, provedor, conselheiro, etc.

Não me interprete mal, não quero assumir um papel que pertence ao Senhor, apenas sou consciente do meu papel e rogo a Deus que eu o cumpra da melhor maneira possível. Que eu mantenha o foco no Alvo, trabalhe da melhor maneira possível a(s) moedinha(s) que Jesus deixou sob meus cuidados, de forma que Ele, ao voltar, não receba de volta o mesmo que me deu, por eu ter sido omisso e/ou covarde.

Por outro lado, também peço ao Senhor, em Nome de Jesus, que eu não me sinta confortável dentro desse sistema de coisas, enquanto a temperatura aumenta sem eu notar; até que – sem me dar conta – já esteja cozido como o sapo na chaleira...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Você está triste...



"Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram. Eis que a casa de vocês ficará deserta. Pois eu lhes digo que vocês não me verão desde agora, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor’” - Mateus 23:37-39


Você está triste. Ouvi isso hoje e nem tinha notado que minha tristeza, para quem me conhece, estava latente. Você também está triste, confesse. Não é pelo dinheiro curto, não é pelos problemas enfrentados no cotidiano (que você já tira de letra, assim como eu...), não é por algo tangível: É algo dentro de meu e do seu peito, algo que queima lentamente, te joga pra cima e você sente o frio na espinha e o vazio, o vácuo, te faz ficar com um olhar vidrado, olhando para tudo e não vendo nada.

De onde vem esta tristeza, enquanto praticamente todos estão fazendo festa, combinando viagens maravilhosas, namorando, casando e se dando em casamento, planejando o fim de semana, as férias, comprando e vendendo, acumulando enquanto deixa os outros sem aquilo que excedeu em sua despensa, gerando lixo e mandando pra frente sem saber onde ele vai ter seu longo final feliz?

A lista de questões são íntimas e infindáveis. Não tem a ver com a final do campeonato nem com a desclassificação prematura, não tem ligação com a dor nas costas ou com a eterna batalha do longo mês versus o curto salário, não é ligada à promoção ou não que você esperava, nem com a busca do seu Santo Graal pessoal.

É algo que não vem da horizontal, por mais que fique mais fácil discernir por alguns sinais vistos na CNN ou GloboNews, no jornal virtual que você lê em sua internet, no mendigo que você finge não existir e que te pede ajuda, nos escândalos no meio político e religioso, nos estupros, nas fomes, terremotos, atentados e pestes ao redor do mundo.

Cada item desses tem um papel detonador na vida de pessoas como eu e você, que estão tristes. Estamos sentindo a tristeza que vem de cima, a tristeza que vem do coração de Deus, a tristeza de quem acha que não tem muito mais o que fazer pela vida daqueles que estão mergulhados em seus mundinhos, em sua pequenezas, em sua busca desenfreada pelo pão nosso de cada dia, ao invés de deixar o campo arado e pronto para recebê-lo diariamente como benção de Deus...

Estamos sentindo que nada está se encaixando, inclusive nós. Nós não estamos mais nos encaixando nesta moldura pequena que se tornou nossa sociedade, por mais que ela aparente ser multi-mega-hiper facetada, descolada, repleta de infinitas possibilidades. Estamos nos sentindo caretas, mesmo que na moda, comprar ou vender algo não traz alívio, pois discernimos o preço que vem sendo pago nestes milhares de anos da história da humanidade.

Muito sangue foi, é e tem sido derramado. Se você "tem dois", saiba que alguém está sem nada, o mundo não está se sustentando mais, a água potável será motivo de guerra em breve (na verdade já o é em alguns locais) o mundo vai entrar em colapso e não nos vemos mais nem aqui nem lá, somos forçados a nos sentir alienígenas para não nos tornarmos alienados mas, infelizmente, não estamos sabendo agir.

Parece que a luz está se apagando, o sal está perdendo o sabor, estamos nos apequenando diante de tudo e de todos, por mais que estejamos ou sejamos evidentes no contexto social. A omissão é pessoal, nós e somente nós sabemos que estamos “pecando por omissão”. Parece que estamos sendo cúmplices de uma trama diabólica, apenas por não falarmos ou fazermos o que deve ser feito.

Creio que esta seja a razão da tristeza. Correr atrás do pão de cada dia é inútil e cansa, lutar por um novo negócio implica em saber que alguém perdeu enquanto você “ganhou”. Estou triste, não estou conseguindo juntar os pintinhos debaixo de minhas asas, até pelo fato de sentir que perdi as minhas, assim como Miguel no final do filme Constantine.

Ao menos esta tristeza vem da Fonte Eterna, vem do coração de Deus. Se estamos assim, o pulso ainda pulsa, o Espírito ainda nos convence do pecado, da justiça e do juízo. Devemos voltar ao nosso papel profético, mas entendo que de maneira diferente, mais eficaz, cirúrgica, sem desperdiçar bala.

Senhor, mostre a cada um o que fazer, em Nome de Jesus...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Angústia...



“E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do SENHOR para Társis. E descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR. Mas o SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se.

Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, e lançaram ao mar as cargas, que estavam no navio, para o aliviarem do seu peso; Jonas, porém, desceu ao porão do navio, e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono. E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que tens, dorminhoco? Levanta-te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de nós para que não pereçamos.

E diziam cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por que causa nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas. Então lhe disseram: Declara-nos tu agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és tu?

E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca.

Então estes homens se encheram de grande temor, e disseram-lhe: Por que fizeste tu isto? Pois sabiam os homens que fugia da presença do SENHOR, porque ele lho tinha declarado. E disseram-lhe: Que te faremos nós, para que o mar se nos acalme? Porque o mar ia se tornando cada vez mais tempestuoso. E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.

Entretanto, os homens remavam, para fazer voltar o navio à terra, mas não podiam, porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra eles. Então clamaram ao SENHOR, e disseram: Ah, SENHOR! Nós te rogamos, que não pereçamos por causa da alma deste homem, e que não ponhas sobre nós o sangue inocente; porque tu, SENHOR, fizeste como te aprouve. E levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar, e cessou o mar da sua fúria.

Temeram, pois, estes homens ao SENHOR com grande temor; e ofereceram sacrifício ao SENHOR, e fizeram votos. Preparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe”.
Jonas 1

Há certos momentos de nossas vidas que nada acontece como planejado ou esperado. A conta não fecha, 1 + 1 insiste em dar 3, você “faz regressão”, pede perdão até pelos pecados dos outros (se assim fosse possível), ora, chora, põe a cara no pó, se desespera e – simplesmente – as coisas insistem em dar errado.

Pesa sobre os ombros a sensação de que você – de alguma maneira – é responsável por tudo o que está zicado. Luta contra as circunstâncias, mas estas te subjugam, como se estivesse sendo engolido pelo mar bravio. O que fazer? A situação é desesperadora, é um labirinto interminável, as saídas estão fechadas, tudo cerrado, lacrado, impossível de avançar.

Ficamos imobilizados depois de tanto espernear, procurar o ar. As circunstâncias te engolem, você perde sua auto-estima, a impotência passa a ditar as regras. Não há como avançar, não há como retroceder, o que para frente está é invisível aos olhos, o que para trás ficou não existe mais.

Resignação, frustração, dor... dói até os ossos, dói na alma. Você acha que é culpado, mas sabe que não é assim que a banda toca. Mesmo sabendo disso, de tão surreal que o quadro se pinta, você procura mergulhar mais e mais no sentimento de culpa irracional que te invade. Tenta lembrar de algo que fez ou deixou de ser feito, algo que poderia ter sido o estopim de toda esta situação.

Seria mais fácil. Seria bom saber que você realmente é o responsável pelo momento pois, se assim fosse, poderia voltar atrás e reconstruir o que foi derrubado, consertar o que está torto, pedir perdão e perdoar à quem de direito. Todavia, este exaustivo exercício mental é vão.

Impotência. Assistir as coisas acontecerem sem poder mexer uma palha para mudá-la vai te consumindo.

Fazer o quê? Se fosse algo como o que aconteceu na vida de Jonas seria fácil. “Tá todo mundo se ferrando e a culpa e minha? Me joga no mar!" Ah, como seria bom que fosse isso! Mas não é! Não é assim que funciona.

O pior é não saber em qual momento você se encontra no processo. Se está em fuga, se está na tempestade, se está se afogando ou se já está nadando na bile de um grande peixe. Até quando vou agüentar mais viver nesta “Cidade Maravilhosa”, esta Nínive que insiste em não se arrepender de seus pecados? Por que será que tenho a impressão de que ainda não acabei (ou talvez nem tenha realmente começado) “minha missão” aqui na terra do funk, carnaval, sensualidade e prostituição?

Este é o ponto, não adianta mais falar desta angústia sem ser claro no que quero dizer. Estou sofrendo nesta cidade, muitos estão, alguns nem notam isso, de tão imersos que estão nesta cultura, iludidos pelas belezas naturais e o bom jeitinho malandro de viver, mas sendo consumidos pelo maçarico de 40º diários, a falta de água, luz, infra-estrutura, educação, moral e cívica (lembrar da matéria foi inevitável).

Todos aqui sofrem, mas acreditam que estão no paraíso. Eu não, considero isso a pança de um peixe cheio de restos apodrecendo, no qual me incluo sem querer. São poucas as opções, não consigo vislumbrar uma saída fácil. Ser simplista e jogar tudo pra cima seria fácil tempos atrás, como fazia em minha juventude. Hoje não, não posso, tenho responsabilidades e não posso parar de nadar, senão afundo e levo outros comigo.

To cansado Senhor, estou no meu limite. Não estou vendo a saída. Não estou entendendo até onde ainda vou nesta situação. Misericórdia...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Viver a Graça, errar de graça... que merda!



“Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”1 Coríntios 15:10

Perdi o “time” desta mensagem. Quando tive o insight, falar sobre a graça de Deus em minha vida tinha muito mais a ver com o momento que me inspirou, mas – agora – me sinto um hipócrita ao começar a falar sobre ela.

Semanas atrás, escrever sobre este assunto significava muito mais do que significa neste momento, pois estava no contexto de não apenas crer e ter sido alcançado pela mesma, mas sim o de ser instrumento para que a Graça fosse encarnada em mim e que esta pudesse alcançar àqueles que me cercam.

Na atual situação, me sinto envergonhado em falar de algo que agora está meio arranhado pelas minhas "atitudes", mesmo que estas não tenham sido colocadas em prática. Eu estava vivendo um momento em que minha vida em si estava dizendo mais do quê minhas palavras. Estava agindo em prol daqueles que me cercam de maneira abnegada. Estava tirando de mim para poder dar aos outros, mesmo sabendo que alguns daqueles que estavam sendo alcançados não mereciam meu despojamento.

Simplesmente era mais forte que eu. Como diz o texto bíblico, estava como ovelha no meio de alguns lobos, mas estava ciente disso, confiando que o Senhor estava comigo e eu estava fazendo a vontade Dele na vida destas pessoas. Sabia que alguns estavam mentindo para mim, sabia que estavam falando de mim pelas costas, sabia que estava numa posição à qual poderia optar em não remover obstáculos no caminho destas pessoas, mas optei em fazer o que meu "coração" mandava, o que considerei o certo...

E este certo foi (é) dolorido. Doeu na alma, doeu materialmente, doeu emocionalmente. Quando você é alcançado pela Graça de Deus, você não tem como não agir com a mesma Graça perante o próximo. Mesmo que este próximo seja uma víbora, uma pessoa que te usa para alcançar seus objetivos, se você é um com Ele, Aquele que te resgatou das trevas para a Luz, “infelizmente” acaba sendo Graça na vida destes também.

Minha frustração foi que eu, no meio de toda pressão em que me encontro (presente), acabei não sendo fiel até o fim nesta empreitada. Nos piores momentos me irritei, agi de forma parecida com que agiram contra mim, emputeci mesmo, tipo de querer ferrar com quem estava me ferrando. Entretanto, caiu a ficha...

Parei, me envergonhei e não tive coragem de pedir desculpas, até pelo fato de – caso pedisse desculpas por algo não feito, apenas sentido – daria mais armas para aqueles que conseguiram me tirar do sério. Pedi perdão a Deus e me vejo agora escrevendo sobre isso tudo. Não sei se faz sentido, mas eu sou assim mesmo, complicado. Queria mesmo ser melhor do que sou, mas eu mesmo não sou nada, não sou ninguém.

Sem querer plagiar Paulo, apenas um pecador, um dos piores, sentindo que algumas vezes forço a amizade com Deus. Por fora aparentemente irrepreensível, mas com o velho homem apenas amarrado dentro de mim, algumas vezes amordaçado, mas não morto. Pensando bem, que bom que não escrevi antes; poderia passar uma imagem de super-crente, coisa que eu não sou, Graças à Deus.

Misericórdia Senhor...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Judas: "Por acaso sou eeeuuu Senhor?"


“E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze. E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair. E eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, Senhor? E ele, respondendo, disse: O que põe comigo a mão no prato, esse me há de trair.” - Mateus 26:20-23

Oficialmente eles eram doze. Alguns foram chamados por Jesus no começo, outros um pouco depois, uns eram mais íntimos de Jesus, outros tinham outras participações na “logística” do ministério, mas todos andavam juntos com o Mestre, até o momento que as profecias a respeito do Messias deveriam se cumprir.

Tenho certeza que, independentemente da onisciência divina que habitava em Cristo, Ele – naqueles três anos de ministério terreno – sabia muito bem como era cada um deles, quem era de confiança e quem não era, quem aguentaria o tranco e quem arregaria. Mesmo assim, andou com eles, agüentou suas dúvidas, reclamações, picuinhas, disputas internas para saber quem seria o maior no Reino de Deus e todas as outras inúmeras fraquezas humanas que não foram registradas nos Evangelhos.

Ao mesmo tempo que Jesus expulsava demônios, curava todos os tipos de enfermidades, ressucitava os mortos, multiplicava os pães e peixes e "pregava" mensagens maravilhosas (posso imaginar todos os seus seguidores babando!!!!), também dava a entender ou afirmava explicitamente que seria preso, abandonado pelos homens, morreria e ressuscitaria três dias depois. Eles, resumidamente, falavam “de forma nenhuma!”, mas este era seu ministério, esta era sua sina, este era exatamente o motivo pelo qual havia vindo como homem aqui na terra. Só que isso passou a incomodar alguns...

À medida que seu dia se aproximava, tomou o caminho de Jerusalém. Chorou pela cidade, por aquele povo que rejeitava e matava todos aqueles que eram enviados a ela em nome do Senhor. Entrou na cidade e foi recebido como Rei. O cerco se apertava e Ele pediu que alguns dos doze fossem à frente e preparassem um local para que pudessem estar juntos pela última vez, comendo e bebendo. E assim foi feito.

Na mesa, Jesus começou a conversar com eles, falar o que estava por vir e, logo em seguida, iria demonstrar o que isso seria através do partir do pão, que representava seu corpo, e do beber o vinho, que representava seu sangue.

Só que aquilo foi demais para alguns deles. Especificamente para Judas, que aguardava outro tipo de líder. Não um líder que se tornaria Rei num plano "metafísico", digamos assim. Ele esperava um líder militar e político que unisse todos os exércitos da Palestina e derrubassem o poder romano. Mas este não era Jesus.

Judas, em sua lógica mesquinha, sentiu-se “traído” por Jesus por ter entendido errado qual era seu real papel no plano divino e resolveu se vender àquele que ele – Judas – julgava ter mais poder para fazer a “revolução”.

“Traído e vendido”, vendeu por 30 moedas de prata àquele que não tinha preço: Seu líder, seu Senhor, seu Rei, seu Deus. Em sua loucura, realmente acreditou que aquilo era o que deveria ser feito e avançou cegamente em direção ao seu triste papel na história. Saiu da mesa para fazer logo o que ele teria que fazer, encheu o bolso e tomou a frente na mais sórdida tropa de assalto de toda história da humanidade.

Ao encontrar o Senhor da Vida, encenou pela última vez seu papel na trama. Só de pensar no que relatam os Evangelhos sinto ânsia. Melhor colocar aqui:

“E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?”
- Lucas 22:48

Após a prisão, humilhação, julgamento e morte de seu verdadeiro Rei e Senhor, aparentemente arrependeu-se, devolveu o dinheiro e se suicidou. Não necessariamente nesta ordem, eu sei. Triste fim.

Hoje, diversos homens e mulheres se prestam ao mesmo funesto fim. Somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Ele habita em nós e – através de nossas vidas – milhares de Judas encenam os últimos atos deste que se tornou sinônimo de traição. Ao traírem seus próximos, traem ao "Deus em nossas vidas". Eles tem nomes diferentes mas não se tocam que são iguais.

Normalmente, os Judas dos dias atuais são identificados por duas ou três semelhanças ao original: Traem seus pares enquanto dão seus beijos, se vendem por qualquer ninharia e costumam perguntar cinicamente, na tua cara, ao serem confrontados com o fato de todas as evidências apontarem para eles:

“Por acaso sou eu...?"

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Eu creio mas tenho medo oras!


“E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio Senhor... Ajuda a minha incredulidade!”
Marcos 9:23-24

Hoje eu creio. Não cri sempre, mas fui obrigado à aprender a crer à medida que minhas possibilidades humanas, minhas estratégias, minhas recontextualizações mostraram-se ineficazes. Na prática, fui colocado na ladeira e me empurraram para aprender na marra.

Mesmo tendo visto milagres acontecendo ao meu redor, mesmo tendo orado por situações pessoais e de terceiros e visto a mão de Deus agindo poderosamente, na hora em que o problema está em seu clímax, quando estamos no olho do furacão, nossa fé é posta à prova e trememos.

Paradoxal, podem dizer. Crer acaba sendo um dom dado por Deus, mas – mesmo assim – cremos no meio de nossa própria incredulidade. Comparo o “medo em crer” com a sensação que temos quando ficamos na fila da montanha russa por horas, sentamos na cadeira e, na hora que o carrinho começa a subir, gritamos feito desesperados à cada descida, cada looping, cada emoção, por mais que acreditemos que o brinquedo é "seguro".

Da mesma forma, quando sentamos na poltrona de um avião e passamos por todas as instruções dadas pelos comissários de bordo quanto às medidas de segurança, apertamos os cintos e o avião taxia na pista, sendo disparado a mais de 250 km por hora na hora da decolagem. Quem garante que a aeronave sairá do chão no tempo certo? E na aterrissagem então? Ali sim, é a hora que eu mais temo! Será que os trens de pouso não sofrerão nenhum tipo de avaria? Será que a pista será longa o suficiente (quem usa o Santos Dumont e Congonhas sabe do que falo...) para que o reverso das turbinas sejam acionados e o grande pássaro de metal pare em segurança?

Nem por isso deixo de andar de montanha russa nem de voar. Algo dentro de nós diz que o brinquedo não vai quebrar logo na nossa vez, mesmo com o histórico de acidentes. Igualmente voar. Apesar de aviões terem um baixíssimo nível de acidentes, estes acontecem, mas cremos que não será em nosso vôo.

Este medo natural é por nosso instinto de sobrevivência. Somos humanos e espirituais. Conhecemos nosso Deus e sabemos que Ele está no controle de tudo, mesmo sabendo que as contingências da vida acontecem a todo momento ao redor do mundo. Não é pelo fato d’eu andar com Jesus que significa ter um seguro contra as contingências da vida. Ateus morrem da mesma forma que os que crêem, e não é por isso que deixaremos de crer.

Em outras áreas de nossa vida também temos esta certeza de que Deus está no controle de tudo, mas que – ao mesmo tempo – ficamos como quem pula de pára-quedas, aguardando que ao puxar a cordinha o bichinho abrirá como sempre. As guinadas que nossas vidas costumam dar, a incerteza sobre o trabalho, o sustento, a saúde, a segurança. Todos nós cremos que não ficaremos na mão, ao mesmo tempo que tememos.

Não acredito que Deus fique chateado conosco. Ele sabe que cremos, mas também sabe que somos pó, humanos imperfeitos, mas nem por isso deixa de nos inspirar para tomarmos as melhores decisões, providenciar livramentos quando precisamos, trazer uma provisão inesperada, uma cura...

Eu creio. Sei que “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11.1), mas tenho SIM medo de ficar na mão, do avião não decolar, de perder algo que considero uma fonte de segurança ou sustento. Creio a ponto de crer (perdoe-me pela redundância, mas acho que aqui cabe) que Ele nos entende em nossas limitações. E, só assim, posso avançar como o pai do menino, crendo e pedindo para ele suportar minha incredulidade. Afinal de contas, não tenho como evitar o frio na barriga na hora que desço em alta velocidade na montanha russa da vida...