Labels

quarta-feira, 30 de março de 2011

Quer aprender comigo ou com eles?


“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão.”João 10.27-28

Lembro-me como se fosse hoje: No afã de seguir a cartilha denominacional, decidi cursar Teologia. Já não bastava todos os bons livros que comprava aleatoriamente nas livrarias evangélicas, baseando-me apenas nas indicações que recebia ou do que lia nas contra-capas. Não queria mais apenas ser um esquentador de banco. Tinha que mostrar a Deus e aos homens que estava avançando firmemente em direção ao que considerava ser formação de um líder cristão qualificado.

Sem dinheiro, conversei com os diretores do Instituto onde cursaria Teologia. Aceitaram minha inscrição praticamente sem custos em troca de serviços prestados diariamente, chegando uma hora antes do início das aulas e ajudando a tirar cópias das apostilas, limpando a sala de aula, coisas assim.

Orgulhoso, dizia a todos que estava cursando Teologia. Aquilo soava lindo demais, era quase um curso superior, em breve aceito pelo MEC, estas patacoadas todas. Achava o máximo os mapas bíblicos sendo dissecados pelos professores, ver aquele monte de rabiscos em grego e hebraico sem entender patavina nenhuma sendo pacientemente explicados por meus mestres.

Sentia-me realizando um sonho! Se antes já tinha uma relação intensa com meu amado Senhor, imagine então todo “teologado”? Se já tinha experiências extremamente sobrenaturais na área de batalha espiritual, imagine então eu puxando meu canudo de teólogo e esfregando na cara do capeta? E assim eu caminhava, iludido por minha carnalidade, numa tentativa inútil de emoldurar meu Deus num quadro limitado, formalizando uma relação que, apesar de recente, era intensa, verdadeira.

Só que algumas coisas aconteceram neste meio tempo. Coisas ruins, muito ruins...

Um dia cheguei mais cedo do curso e minha ex-mulher não estava em casa. Senti um frio na espinha e saí de casa, deixando tudo como estava. Esperei dar o horário que costumava chegar e voltei para casa. Minha ex estava tomando banho. Naquela época ela assistia novelas e eu perguntei como tinha sido aquele capítulo. Ela comentou que tinha sido legal (bem genérico) mas não tinha prestado muita atenção por estar fazendo outras coisas em casa.

Perguntei então que horas ela tinha chegado e ela me disse que tinha sido tipo umas duas horas antes deu ter aparecido sem ela saber, ao que eu respondi: VOCÊ ESTÁ MENTINDO SUA P*$#@!, ONDE VOCÊ ESTAVA? EU CHEGUEI EM CASA NA HORA DA NOVELA E VOCÊ NÃO ESTAVA!

Prefiro não dar mais detalhes do que aconteceu naquela noite surreal (me dá náuseas mexer nesta fossa...). Só sei que parei o curso no mesmo dia por ter perdido (mais ainda) a confiança em quem deveria estar me dando apoio naquele momento de minha vida.

O que me dava um alento era já ter aquela relação com Deus que alguns tentava fazer eu considerá-la insuficiente e nela Ele me dizia que “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”... (Romanos 8.28)

Sem cursar Teologia e com o casamento cada vez mais deteriorado, decidi que não poderia conciliar estar fora de casa a noite para estudar com aquele barco indo a pique que era minha relação. Como estudar então?

Passei a comprar mais e mais livros, só que desta vez voltados para as matérias que tinha começado a estudar no Instituto Bíblico (prefiro não falar o nome para não revelar a denominação). E lá fui eu me engraçar com o primeiro livro que comprei, a respeito de Hermenêutica.

Todo pimpão, andava com aquele livro pra cima e pra baixo, fazendo um esforço desgraçado para conseguir avançar na minha leitura. O problema é que aquele primeiro livro parecia estar selado para mim, não conseguia romper o lacre, não conseguia ler mais do que duas páginas sem ter que parar, respirar fundo, voltar atrás e reler novamente.

Não saía água viva de lá! Não tinha fôlego, era árido, me tirava as forças. Pensava que teria que orar mais para ter entendimento daquilo tudo. Afinal de contas, seria autodidata até o momento que estivesse vivendo outro contexto relacional. Orando por “aquela” sabedoria específica, comecei a ouvir de Deus através de seu doce e irônico Espírito Santo (sim, Ele é bem irônico quando quer, e só quem com Ele se relaciona sabe disso) algumas coisas que iam contra meu intento de me aprofundar nas doces artes hermenêuticas.

Tentava racionalizar o que ouvia e dizia para mim mesmo que deveria ser alguma rádio pirata sendo sintonizada pelo meu receptor espiritual. Só que tinha outro problema: como dizia o Renato Russo em uma das músicas da Legião Urbana, “mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira...”. Sabia o que Deus queria mas estava fingindo não entender. Como poderia me mostrar uma pessoa digna de confiança para aqueles que me ouvissem anunciar as boas novas se eu não tivesse uma sólida base acadêmica na área teológica?

Para bater o último prego no caixão daquele debate com o Senhor, o Espírito Santo falou comigo claramente:

Você quer que Eu continue te guiando e falando contigo como sempre fiz ou prefere seguir a sabedoria deste mundo? Você me conheceu aprendendo regras de como se relacionar comigo e de como interpretar minhas palavras ou foi simplesmente se humilhando e pedindo sabedoria?

Com este esporro via megafone espiritual em minha orelha (e que reverbera até hoje), enfiei o rabinho entre as pernas, peguei o bendito livro da santa, imaculada e indispensável Hermenêutica Bíblica, rasguei folha por folha e fiz uma fogueirinha no fundo do quintal. Entendi que buscava provas documentais para mostrar aos homens que eu tinha uma relação com o Senhor. O problema básico era o preço a ser pago por isso: Deixaria de ter uma relação pessoal e passaria a ser um mero expositor de um produto religioso chamado "deus".

Este meu relato talvez possa escandalizar alguns nobres irmãos que seguiram este caminho. Minha intenção não é esta. Quero apenas dizer que COMIGO o Senhor agiu e vem agindo desta forma. Como eu sei que é Ele e não coisa de minha cabeça? Por ser ovelha e conhecer a voz do Bom Pastor. Como eu posso provar isso? Não posso, apenas respondo por mim, assim como fez o cego de nascença aos que o interrogaram:

Então chamaram pela segunda vez o homem que fora cego, e lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador. Respondeu ele: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo. Perguntaram-lhe pois: Que foi que te fez? Como te abriu os olhos? Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não atendestes; para que o quereis tornar a ouvir? Acaso também vós quereis tornar-vos discípulos dele? Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele és tu; nós porém, somos discípulos de Moisés."João 9.24-28

terça-feira, 29 de março de 2011

Apenas um desabafo...


“Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz. O que ganha o trabalhador com todo o seu esforço?”Eclesiastes 3:1-9

Creio que esta passagem bíblica é uma das mais conhecidas e mais utilizadas para servir como base para momentos que todos nós atravessamos periodicamente em nossas vidas.

Me refiro aos incômodos momentos de tomada de decisões importantes, momentos de abrir novas portas e ter a coragem de fechar portas antigas, momentos de deixar de trilhar velhos caminhos e optar em desbravar novas estradas, desconhecidas e aparentemente perigosas, somente pelo fato de serem novidade para nós.

Para tomarmos certas decisões, invariavelmente somos obrigados a abdicar de nossas zonas de conforto, talhadas por décadas e profundamente enraizadas em nosso âmago.

Quem se sente confortável e começar tudo de novo?

Quem gosta de mudar hábitos, rotinas, iniciar novos relacionamentos, tirar as teias de aranha dos velhos cômodos de nossa alma?

Confesso que para mim não é fácil. Mesmo sabendo que o que me espera no futuro é algo muito bom, sofro muito no processo de transição.

Já escrevi outro (s) texto (s) baseado (s) nestes versículos bíblicos pois ele sempre vem à minha mente na hora de mudanças. E estou neste preocesso.

Sinto-me confuso, sem saber o que manter e o que deixar para trás. De tudo, o que mais não estou sabendo lidar é com a falta de tempo. Ainda não consegui colocar minha agenda em dia.

Estou em falta com muitos, inclusive meus amigos blogueiros. Não encontro tempo para me deliciar com seus textos e comentários. Espero que tenham paciência comigo, pois os tenho na mais alta estima...

Sei lá, estou feliz e triste ao mesmo tempo. Hora de crescer, amadurecer, ampliar horizontes. Só não quero me afastar de mim mesmo...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Homens-Urubús


Posto novamente este texto de 2010 por ser cada vez mais atual este tipo de postura na blogosfera...


quarta-feira, 31 de março de 2010 Postado por João Carlos às 3/31/2010 11:13:00 AM

Tanta gente hoje já me perguntou se eu fiquei feliz com a vitória do Dourado que eu estou começando a ficar pê da vida com a imbecilidade de 154 milhões de brasileiros que perderam seu tempo assistindo/votando no lixo do Big Brother para fazer um cabra ganhar uma bolada de 1,5 milhões de reais.

Se pararmos para ver, o Big Brother – assim como as novelas, Pânico na TV, Ratinho, Super Pop, outros lixos/programas de auditório (E ALGUNS BLOGS!!!!!!!!!) – são como cigarro: Mesmo que você não fume acaba se intoxicando como fumante passivo, pois sempre alguém vem falar com você do que rolou no programa do dia anterior.

Como uma nação pode ser tão imbecilizada assim? Como o mundo tem necessidade de consumir junk food, lixo mesmo, daqueles que para poder assistir você é obrigado a colocar seu bom senso e valores de lado, caso ainda o tenham?

Enfatizo, repito: Eu creio que perder tempo com este tipo de programação é uma negação de seus próprios valores, caso tenham algum. É se nivelar por baixo, é despir-se de dignidade. Comer este tipo de lixo mostra o tipo de estômago que cada um tem.

Assim como os urubus que devoram carniça, os romanos que iam ao Coliseu assistir os cristãos sendo devorados por bestas, da mesma forma a sociedade hoje é ávida por carne humana, más notícias, lixo...

Que tipo de sadismo é esse? Não é apenas ‘assistir um programa’, sem contaminação. É exposição do interior, que digere qualquer coisa por também estar podre. Ao menos os urubus cumprem um papel importantíssimo na natureza, pois – sem querer dar uma explicação super científica - possuem um estômago com capacidade de digerir aquilo tudo, devolvendo através de seus dejetos a podridão ‘reciclada’.

Mas com a humanidade não é assim. Aquilo entra, fermenta, azeda, estraga, apodrece e transforma o caráter.

Não vejo por onde um consumidor compulsivo por este tipo de programação não ter seus valores corrompidos pois, se estão assistindo de livre e espontânea vontade, estão compactuando com aquilo, demonstrando assim que são urubus carniceiros.

Só por Deus mesmo! (E desculpem o desabafo.. rsrs)

Em tempo: Me perdoem os urubus...

terça-feira, 22 de março de 2011

Mente e Espírito

Wolfhart Pannenberg, o jovem professor de Teologia Sistemática de Munique, escreveu algo similar em seu livro "Basic Questions in Theology" ("Questões Teológicas Fundamentais"):

"Uma mensagem não convincente, como alternativa, não é capaz de alcançar o poder de convencer simplesmente apelando ao Espírito Santo... A argumentação e a operação do Espírito Santo não são mutualmente exclusivas. Ao confiar no Espírito, Paulo de forma alguma dispensou-se de pensar e argumentar".


Assim, pois, em nossa proclamação do evangelho, temos que nos dirigir à pessoa toda (mente, coração e vontade) com o evangelho todo (Cristo encarnado, crucificado, ressurreto, soberano, sua segunda vinda e muito mais ainda). Deveremos argumentar com sua mente e apelar fervorosamente a seu coração para que mova a sua vontade, estando nossa confiança depositada no Espírito Santo do começo ao fim.

Não nos é dada a liberdade de apresentar Cristo parcialmente (como homem mas não como Deus, sua vida e não sua morte, sua cruz mas não sua ressurreição, como Salvador mas não como Senhor).

Nem ainda temos o direito de pedir uma resposta parcial (da mente mas não do coração, do coração mas não da mente ou da mente e do coração mas não da vontade). Não. Nosso objetivo é ganhar o homem todo para o Cristo total e, para isso, é necessário o completo consentimento de sua mente, coração e vontade.

Oro insistentemente que Deus levante hoje uma nova geração de apologistas cristãos, pessoas que comuniquem a mensagem cristã, tendo uma absoluta fidelidade ao evangelho bíblico, e uma inabalável confiança no poder do Espírito, combinada com um entendimento profundo e sensível às alternativas contemporâneas do evangelho; pessoas que se relacionem com as demais com vivacidade, ardor, autoridade e propriedade; pessoas que façam uso de suas mentes para ganharem outras mentes para Cristo.

John R. W. Stott
Crer é Também Pensar - ABU Editora - págs. 50/51

segunda-feira, 21 de março de 2011

Louvor, comunhão, discernimento, livramento, avivamento...

Há algum tempo tenho notado a presença do Espírito Santo agindo de uma maneira especial em minha vida, me influenciando a tomar decisões e direções específicas, como a muito tempo não acontecia. Isso até se deu (o “não acontecer”) por eu ter endurecido meu coração para alguns assuntos espirituais e relacionais, devido à porradas que tomei e não soube lidar.

Entretanto, desde que notei isso acontecendo, tornei a me inclinar ao Senhor como nos primeiros dias. Inevitavelmente, passei a ter uma maior comunhão com o Senhor e Ele passou a encontrar espaço em mim para agir.

Uma das decisões que tomei e cheguei até a insinuá-la em um de meus últimos posts foi a de que voltei a dar espaço ao sobrenatural de Deus em minha vida. Não consigo conceber uma relação com Deus onde somente a mente ou somente o sobrenatural domine. É necessário o movimento constante do pêndulo em um e outro extremo para que haja uma vida cristã autêntica e equilibrada.

Com espaço para agir, o Senhor passou a me dar discernimento sobre certas situações que eu estava vivendo sem, entretanto, conseguir alcançar êxito.

Isso posto, vou tentar abreviar o que aconteceu comigo este final de semana.

Como alguns da “cúpula” da IBL devem se lembrar, após ter recebido a excelente notícia de ter conseguido uma vaga em Nutrição na Unirio, revertendo um quadro aparentemente impossível (alguns teriam desistido no primeiro “não”), disse em um email de agradecimento aos meus amados irmãos que perseveraram em oração que:

“...com este ‘Sinédrio’ unido não tem oração contrária que resista!

Vou te falar: O que teve de gente que ficou feliz ao ver que eu tinha rodado! Agora, como disse o Velho Lobo Zagallo, VÃO TER QUE ME ENGOLIR!

Não no sentido de orgulho, pois estou ciente que isso que aconteceu foi um "mimo" do Papai, mas no sentido de poder testemunhar que SIM, DEUS FAZ O QUE QUER, QUANDO QUER E SE QUISER!”


Isso foi sexta feira durante o dia. À noite, cheguei em casa após ir à academia, fiz uma pizza (FIZ, não comprei pronta), jantei com meu amor e fomos dormir. Lá pelas tantas da madrugada acordamos com uma explosão muito forte. Corri para a varanda e vi um carro preto, grande, luxuoso (não consegui identificar o modelo) parado em frente ao prédio que moro. Um homem desceu do carro se dirigiu até onde estavam colocados dois grandes sacos de lixo preto, se agachou e aparentemente remexeu os sacos.

Fiquei olhando aquilo sem saber o que ele estava fazendo, até que ele olhou para cima, me encarou por alguns segundos e entrou no carro. Antes de ver o que aconteceria saí da varanda, fechei a porta de vidro e entrei no meu quarto, voltando a dormir alguns instantes depois. Na teoria o carro parado não tinha necessariamente ligação com a explosão...

No dia seguinte pela manhã encontrei o zelador de meu prédio e perguntei se ele sabia o que tinha acontecido. Ele disse que tinha enchido a cara na noite anterior e nem ouviu o que aconteceu. Saí então com ele e expliquei o que havia visto, reconstruindo os movimentos do homem que saiu do carro. O pessoal do bar da frente estava prestando atenção e perguntei também para eles se haviam visto/ouvido algo e um deles disse que o kit gás do carro tinha explodido.

Aliviado, disse “que bom, pois quando houve a explosão fiquei preocupado pela forma que o rapaz ficou olhando para mim quando ele me viu na varanda na hora que ele remexia aqui nos sacos de lixo...” enquanto refiz os movimentos daquele homem.

Para surpresa minha, ao levantar o saco de lixo encontrei algo que não esperava: Um cartucho calibre 12...

Todos vieram ver o cartucho. Eu achei que ele estava deflagrado, o que explicaria o som de “explosão”, mas eles falaram que aquele cartucho estava intacto. Um deles disse para o outro: “é, não explodiu kit de gás p@#*! nenhuma, foi tiro mesmo!...”

Sem saber como agir, peguei o cartucho e disse: “vou encontrar alguém para entregar isso”, obviamente pensando em algum policial. Saí, comprei pão com aquela coisa na minha mão e vi uma viatura da polícia passando na pista contrária ao lado da calçada em que me encontrava. Orei rapidamente a Deus, pedindo que ele não me deixasse entrar em alguma enrascada e acenei.

Eles pararam a viatura e eu comecei a explicar o que tinha acontecido ao policial que estava no volante, enquanto outro desceu com metralhadora em punho e perguntou pra mim: “Ei, isso em suas mãos é munição?” ao que respondi meio que inconseqüentemente: “É exatamente sobre isso que estou falando com seu companheiro...”

Entreguei o cartucho aos policiais (após o que desceu baixar a metralhadora que estava “meio” apontada em minha direção...), fui instruído a ligar para o 190 caso acontecesse algo diferente e fui embora, tremendo nas bases (algumas vezes temo mais a polícia do que os bandidos...).

Conversei muito mais sobre Deus com a Cilene durante aquele dia, um dia “ressaquento” digamos assim. Durante a noite não sabia exatamente o que assistir na TV por “sentir” que não era para perder tempo com nenhum lixo que estava passando. Como que para confirmar o que sentia em meu espírito, faltou luz...

Fui com a Cil para a varanda e conversei muito mais a respeito o que Deus vinha fazendo em minha vida. Falei de minha desilusão com a liderança da igreja que insistia que eu deveria fazer um “A Sós Com Deus” e me deixava com a sensação de ser um neófito na fé (aos olhos deles), falei da forte impressão que a atual igreja que estávamos indo tinha um “quê” de “Arca de Noé”, apenas preocupada em salvar quem estava dentro, falei de minha visão de “não deixar de congregar”, dizendo que “congregar” era mais do quê estar no templo construído por homens e sim estar em comunhão com gente “de Deus mesmo”, como o que tem acontecido entre eu e o René, a Regina, o Cláudio, a Dri, o Wendel (não é jabá nem “puxa-saquismo”, pergunta pra ela se não falei muito sobre vocês, em lágrimas...) e tantos outros que conheci virtual ou pessoalmente e que me influenciaram profundamente.

Sentindo-me mais leve e cansado de levar picada de mosquito, entramos e fechamos a porta da varanda. Sem luz, a sala estava meio abafada. Fomos para o quarto, acendi uma vela e pedi a Deus para que Ele nos desse uma palavra específica sobre o que tínhamos conversado, até para selar aquele momento, pois em nossa conversa foquei muito no que tinha vivido com o Senhor em comunhão simples, sem a necessidade de “um pregando e o resto dizendo amém”...

Enquanto a Cilene foi ao banheiro eu orei a Deus dizendo, “Senhor, eu sei que queres estreitar nossa relação, assim como éramos no início de minha caminhada. Pode deixar Senhor, vou continuar na sua presença mas faz voltar a luz, aqui está muito abafado...”

Abri a Bíblia ao acaso e comecei a ler aleatoriamente, mas NÃO procurando um texto tipo, “fala comigo Deus!”.

Caiu em Isaías 26:

“Naquele dia este cântico será entoado em Judá:

Temos uma cidade forte; Deus estabelece a salvação como muros e trincheiras.Abram as portas para que entre a nação justa, a nação que se mantém fiel. Tu, Senhor, guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia. Confiem para sempre no Senhor, pois o Senhor, somente o Senhor, é a Rocha eterna.

Ele humilha os que habitam nas alturas, rebaixa e arrasa a cidade altiva, e a lança ao pó. Pés as pisoteiam, os pés dos necessitados, os passos dos pobres. A vereda do justo é plana; tu, que és reto, tornas suave o caminho do justo.

Andando pelo caminho das tuas ordenanças esperamos em ti, Senhor. O teu nome e a tua lembrança são o desejo do nosso coração. A minha alma suspira por ti durante a noite; e logo cedo o meu espírito por ti anseia, pois, quando se vêem na terra as tuas ordenanças, os habitantes do mundo aprendem justiça.

Ainda que se tenha compaixão do ímpio, ele não aprenderá a justiça; na terra da retidão ele age perversamente, e não vê a majestade do Senhor. Erguida está a tua mão, Senhor, mas eles não a vêem! Que vejam o teu zelo para com o teu povo e se envergonhem; que o fogo reservado para os teus adversários os consuma.

Senhor, tu estabeleces a paz para nós; tudo o que alcançamos, fizeste-o para nós. Ó Senhor, ó nosso Deus, outros senhores além de ti nos têm dominado, mas só ao teu nome honramos. Agora eles estão mortos, não viverão; são sombras, não ressuscitarão. Tu os castigaste e os levaste à ruína; apagaste por completo a lembrança deles!

Fizeste crescer a nação, Senhor; sim, fizeste crescer a nação. De glória te revestiste; alargaste todas as fronteiras da nossa terra. Senhor, no meio da aflição te buscaram; quando os disciplinaste sussurraram uma oração. Como a mulher grávida prestes a dar à luz se contorce e grita de dor, assim estamos nós na tua presença, ó Senhor.

Nós engravidamos e nos contorcemos de dor, mas demos à luz o vento. Não trouxemos salvação à terra; não demos à luz os habitantes do mundo. Mas os teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão. Vocês, que voltaram ao pó, acordem e cantem de alegria. O teu orvalho é orvalho de luz; a terra dará à luz os seus mortos.

Vá, meu povo, entre em seus quartos e tranque as portas; esconda-se por um momento, até que tenha passado a ira dele. Vejam! O Senhor está saindo da sua habitação para castigar os moradores da terra por suas iniqüidades. A terra mostrará o sangue derramado sobre ela; não mais encobrirá os seus mortos”.

Glorificamos a Deus por aquele momento. Entendemos que Ele havia me dado um livramento de morte aquela noite anterior (afinal de contas, o inferno não ficou nada satisfeito com minha vitória e com o que disse no email que enviei ao presbitério da IBL, glorificando ao Senhor). Entendi que estávamos tomando a direção certa em não mais nos preocupar nos “senhores” que dominavam sobre nós (a “igreja”). Relemos o texto juntos mais duas vezes, glorificando ao Senhor. Nisso, voltou a luz...

Domingo de manhã fomos a outra igreja para visitar, mas EM OUTRO ESPÍRITO. Foi uma benção. Hoje, um novo dia, na presença do Senhor...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sonhei, parte 1

Há alguns anos atrás, sonhei que estava levando minha ex-esposa no ponto de ônibus pela manhã (e sonho de pobre é uma merda mesmo...). No meu sonho, assim que ela pegou o ônibus, veio logo atrás outro ônibus indo para Itapecerica da Serra. Por alguma razão, eu dei sinal. Subi no ônibus e fui até o final da linha. Ao chegar lá comecei a andar pela cidade, mas não era Itapecerica, e sim São Vicente, litoral paulista. Fui andando em direção à Ilha Porchat. Gostava muito de São Vicente naquela época..

Andando pelas pedras vi um homem de joelhos. Parei ao seu lado e vi que ele estava chorando. Coloquei minhas mãos sobre sua cabeça e comecei a ministrar sobre a vida dele. Quando fiz isso eu acordei com o despertador. Sonho louco, pra variar.

Levantamos, tomamos café e fui levá-la ao ponto. Ela pegou o ônibus e adivinha: logo atrás vinha um Itapecerica da Serra. Por impulso dei sinal e subi. Estava encanado com o sonho, queria ver o que ia acontecer.

Cheguei ao ponto final e comecei a andar. Andei, andei e nada acontecia. Fiquei por lá meia hora batendo perna. Decidi voltar para casa.

Peguei um ônibus de volta e desci no Vila Remo. Ao passar em frente a uma padaria tive a impressão de ter ouvido alguém fazendo ‘psiu’, mas não deveria ser pra mim. Continuei andando e ouvi novamente o ‘psiu’, desta vez mais perto. Parei e olhei para trás. Era um homem de uns 40, 45 anos, roupas simples. Ele chegou perto de mim e disse: ‘Você não me ouviu te chamando não?’ Aquilo me irritou. Respondi ‘quem me conhece me chama pelo nome, não olho pra ‘psiu’. O que você quer?’

Ele me disse: ‘Não te conheço mas te vi passando pela porta. Quando você passou uma voz falou ao meu ouvido “chame ele e peça para ele orar por você”. Por isso te chamei.’

Me arrepiei todo. Perguntei: ‘Você é cristão?’ Ele respondeu ‘não, mas ore por mim’.

Me lembrei do sonho, do homem de joelhos e não pensei duas vezes. Coloquei a mão sobre a cabeça dele e comecei a orar. Dizia ‘Deus, em nome de Jesus, toma a vida deste homem em suas mãos...’ Nisso ele começou a tremer e caiu de joelhos. Ele, chorando, me perguntou: ‘moço, que poder é este que você tem?’ Respondi: ‘Eu não tenho poder nenhum, mas Deus, em nome de Jesus, tem todo o poder sobre os Céus e a Terra.’ Um monte de gente passava por nós, mas não estava nem aí. Obedecer é melhor do que sacrificar, como diz a Palavra...

Enquanto eu orava ele chorava e tremia. As pessoas que passavam não entendiam nada. Clamei pela vida dele, pela sua salvação, pela família. Quando acabei de orar ele me disse, com os olhos cheios de lágrimas: ‘Moço, eu estava na padaria tomando pinga com um amigo meu (eram 8 horas da manhã!) e de lá nós iríamos para os cinemas da Av. São João. Iríamos passar o dia assistindo filmes pornográficos. Agora não vou mais. Vem aqui, quero que você ore pelo meu amigo, ele precisa disso que você me fez.’

Entramos na padaria. O outro homem, visivelmente perturbado, ao me ver se encostou no balcão e gritou: ‘Eu não quero nada com você não, vai embora!!!’ O amigo dele replicou: ‘Fulano (não lembro dos nomes deles, para variar), ele orou por mim, quero que ele ore por você!’, mas ele fugia de mim. Fui até a direção dele e peguei em sua mão, mas senti que o que tinha que acontecer já tinha acontecido. Sem fazer julgamentos, mas era para orar só pelo primeiro rapaz. Disse apenas ‘Fica com Deus’ e me voltei para o outro.

Ele me pediu, olhos cheios de lágrimas: ‘Meu amigo, quero que você vá até minha casa e ore por todos que estão lá. Eles estão precisando de Deus’. Falei: ‘Então vamos agora!’ Ele replicou: ‘Não, é melhor que você vá no sábado.’ Ele então me passou o endereço e me mostrou ao longe onde era mais ou menos.

Fui para casa e, à medida que se aproximava o sábado, confesso que fui ficando cada vez menos à vontade para ir à casa dele. É aquela história do ‘panela suja se lava quente’.

Chegou o sábado. Peguei o papel com o endereço, minha Bíblia e fui procurar sua residência. Perguntei pra um onde era a rua; não sabia. Perguntei para outro; também não sabia. Andei uns 10 minutos e confesso que fui ficando aliviado por não encontrar o endereço que ele me passou. Existem situações que tem que ser resolvidas na hora. Voltei para casa com um peso enorme na consciencia.

Na época me condenei muito por não ter insistido em ir no mesmo dia nem de não ter ficado mais tempo procurando a casa dele. Hoje eu entendo que a parada era com ele. O sonho, o ônibus, o andar pelas pedras, o encontro, a oração...

Acredito que não devo ter sido o primeiro a ministrar sobre a vida dele, nem muito menos o último.

Não acho que pisei na bola...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Os trens assombrados da linha Osasco x Jurubatuba - parte II (again)



Depois do último post Deus começou a me cobrar algumas coisas... Segue um dos posts que ELE pediu para eu postar novamente... (creia se quiser!)


Me converti na Universal. Conheci Jesus e a Palavra, fui batizado na água e no Espírito, tudo muito rápido. Foi um pronto socorro espiritual, um desfibrilador, uma quimioterapia digamos assim... Inicialmente me fez um bem muito grande por ter me tirado da morte, mas não tinha como continuar por lá depois de um tempo. Neste comecinho já era fortemente direcionado pelo Espírito Santo.

Procurei a Renascer em Cristo. Outro clima, mais jovem, a presença de Deus muito forte também. A ‘Bispa’ Sonia pregava a minha vida. Dava a impressão que ela estava acompanhando cada passo que eu dava. Domingão e pá! O Espírito Santo revelava detalhes de meu dia-a-dia durante a ministração da Palavra. Mas o Espírito não me deixava confortável. Parecia me empurrar para frente.

Sentia que Deus queria cavar mais fundo, pois eu havia dado toda liberdade ao Espírito para me dirigir. Parecia carro velho, onde parava eu pregava.

Fui fazer uma visita à Assembléia de Deus, creio que o ministério do Belém, perto de casa. Deus falou muito comigo, mas foi apenas uma visita. Os usos e costumes foram a razão de minha não permanência por lá. Minha ‘ex’ teria que mudar o ‘look’ e achávamos que não era por ai. Ainda não era casado, apenas namorávamos e ela morava no Jaguaré, razão pela qual passava algumas vezes na semana pela estação de trem de lá.

Nesta estação trabalhava um irmão ‘fogo puro’ chamado Gessi. Quando começamos a conversar ele me disse que era da Congregação Cristã no Brasil e eu disse que era da Renascer em Cristo. Nossa amizade foi se tornando cada vez mais profunda. Este irmão era daqueles que só de olhar em seus olhos começa a profetizar. Deus falava muito comigo através dele, dava até aflição. Ele, no meio da conversa e do nada me olhava, parava e dizia: ‘É varão...’ ficava em silencio por uma fração de segundo e eu sabia que vinha bomba. Ele nem falava ‘assim diz o Senhor’. Falava em primeira pessoa: ‘Eu vou fazer tal coisa em tua vida amanhã’. A parada acontecia do jeito que ele falava, fora fatos e dúvidas que se passavam em meu íntimo e que Deus revelava a ele.

Em nossas conversas, um belo dia estávamos falando sobre nossas igrejas ele fez um convite para eu ir visitar a Congregação onde ele congregava (me perdoe pela aparente redundância). Aceitei o convite e fui com a minha ex no sábado. Ele nos recebeu na estação de trem de Carapicuíba (sim, é longe pra caramba, como diria o Jota Quest) e nos levou à casa dele. Apresentou-nos seus amigos, familiares, irmãos e fomos ao primeiro culto. Deus falou demais. Demais. Demaaaaaaaaiiiiiiiisssss. Foi maravilhoso, me batizei nas águas (já era batizado, mas Deus me quebrou as pernas lá), a ex também.

Voltamos do culto e fomos para a festa de noivado da filha dele. Muito guaraná e salgadinho, bolo e docinhos. Conheci mais irmãos, me senti em casa. Orávamos, louvávamos. Rolou umas profecias dizendo que não era para eu me casar com a Rosi, rolou uns papos fortes sobre doutrina (ela estava de calça de moleton), um monte de coisa. A mesma irmã que falou da maneira de se vestir foi tomada por Deus e usada para ministrar sobre a vida dela. Ela foi batizada no Espírito Santo aquela noite. No fim da festa rolou até um ‘pega-pra-capá santo’: Os irmãos ‘cheios do espírito (com ‘e’ minúsculo mesmo), começaram a quebrar disco de musica secular, televisão, garrafa de bebida... Até eu entrei na ‘unção’ do ‘vâmo quebrá tuuuddoooo’ e joguei uns discos do Raul Seixas pela janela, aff...

No dia seguinte, depois de mais algumas visitas a outras ‘Congregações’ nas redondezas (foi uma imersão o que fizeram conosco), nosso irmão nos levou até a estação de trem e nos perguntou se gostaríamos de nos tornar membros da Congregação. Decidimos que sim, pois havia sido diferente de tudo o que tinha acontecido até então, mesmo pagando o preço de termos que mudar drasticamente nosso estilo de vida, devido aos usos e costumes desta denominação.

Agora que o bicho pega: Tomamos o trem em Carapicuíba e vínhamos conversando sobre tudo o que tinha acontecido naquele fim de semana. É importante frisar que estávamos conversando baixo. O trem não tinha muita gente. Um rapaz que estava sentado no outro extremo do vagão se levantou, veio até nós e pediu licença para conversar. Ele aparentava ser um cara normal, não demonstrava ser algum bandido. Concordamos e ele sentou-se ao nosso lado. Apresentou-se (na verdade não lembro o nome) e perguntou:

‘Vocês são crentes?’

Estávamos à paisana, nem Bíblia estava à mostra. Respondemos como o pessoal da Congregação constuma dizer:

‘Pela graça e misericórdia de Deus, SIM.

Ele perguntou: ‘de que igreja?’. Respondi, cheio de orgulho:

‘Somos da Congregação Cristã no Brasil!’


Nisso, o rapaz arregalou o olho e disse:

‘Aahhhhh.... com vocês eu não posso não!’

Pausa na cena, ‘a lá Matrix’. Inspire, respire...

Eu olhei pra ele e já o chamei pelo nome:

‘diabo, você de novo...’

Já fui querendo expulsá-lo, pra variar. Ele disse para mim:

‘calma, não vou fazer mal nenhum a vocês. Na verdade eu MORRI EM 1967 e estou aqui apenas para conversar um pouco’.

Era ele mesmo, o rabudo. Continuamos ‘conversando’ (entenda: ele falava e eu ficava ordenando que ele se fosse, em nome de Jesus) até que ele se levantou e desceu em uma estação.

Assim que ele desceu, me virei para a Rosi e disse:

'Você viu só como ele ficou quando dissemos que éramos da Congregação? Ele disse que conosco ele não tinha poder nenhum! Agora sim, estamos na igreja certa!'


Levei-a em casa e nos sentamos na calçada por um momento para conversar a respeito de tudo o que iríamos fazer dali para a frente. Meu amor por Deus era (e é) tão grande que estava disposto a tomar a direção que Deus desse para minha vida, para meu ministério. Nisso, o vizinho começou a reclamar que estávamos sentados na frente do portão dele. Nos levantamos. Afinal de contas, éramos servos do Altíssimo e não deveríamos ficar sentados no chão. Meu coração estava cheio de orgulho pela ‘descoberta’ da igreja certa.

No dia seguinte pela manhã, estava indo para o banco (trabalhava na Nossa Caixa). Abri minha Bíblia ao acaso e comecei a ler. Não gosto de brincar com a Bíblia, como se fosse uma caixinha de promessas, mas não há como negar que de vez em quando Deus fala SIM desta maneira conosco. Ela se abriu em Gálatas, e comecei a tomar um tapão atrás do outro:

Gl 1:6-12 - Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação de Jesus Cristo...

A cada linha que eu lia ficava mais e mais tenso. Será que ‘era Deus’? Será que era coincidência? Será que o diabo tava tentando me enganar? Continuei lendo. Caía em trechos falando assim:

Gl 2:3-7 – Mas nem mesmo Tito, que estava comigo, embora sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; e isto por causa dos falsos irmãos intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos escravizar; aos quais nem ainda por uma hora cedemos em sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. Ora, daqueles que pareciam ser alguma coisa (quais outrora tenham sido, nada me importa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me acrescentaram; antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me fora confiado, como a Pedro o da circuncisão...

Lia e chorava... Cada linha escrita pulava em minha cara. Viva e pulsante... Não era possível! Tinha acabado de sair de um final de semana maravilhoso perante Deus e havia decidido mudar totalmente minha trajetória. Tinha aceitado servir ao Senhor, mesmo sob uma doutrina pesada, cheia de regras, por amor ao Senhor! Peguei meu filho Isaac – minha LIBERDADE – e coloquei no altar em sacrifício. A presença do Espírito Santo era muito forte. Li mais e mais em Gálatas e entendi que não era aquilo o que Deus queria de mim... Abri em outro trecho da Bíblia. Meu queixo caiu mais ainda:

Cl 2:4 – Digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas...

Cl 2:8 – Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo...

Cl 2:16 – Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados...

Cl 2:18 – Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal...


Estava desesperado e ao mesmo tempo aliviado... O Espírito continuava derramando seu bálsamo:

Cl:2-20-23 – Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.

Era Deus e era comigo. Sei que toda Palavra é Deus, mas ali era direto para aquele assunto. Bati o martelo: Não ficaria na Congregação.

Encontrei-me no final do dia com meu irmão Gessi e ele perguntou se poderia me levar para ser apresentado em ‘minha comuna’, que significava a igreja próxima à minha casa. Respondi que não, pois não teria como servir a Deus sob a doutrina da Congregação. Ele caiu pra trás.

‘Depois de tudo o que Deus falou com você lá em casa neste final de semana você NÃO QUER ser apresentado na minha igreja?’


‘Não meu irmão, e você não sabe da metade do que Deus falou comigo DEPOIS deste final de semana!’


Expus as passagens da Bíblia a ele. Como ele é de Deus, por mais que tivesse ficado contrariado, entendeu. Relutou um pouco mas entendeu. Eu disse a ele exatamente as coisas que escrevi entre uma passagem e outra. Meu ministério era um, o dele era outro.

Por outro lado, depois disso tudo, fiquei sem chão. Apresentava a Deus minha angústia por não ter ainda encontrado A IGREJA onde serviria a Deus. Visitava uma aqui, outra ali... Chorava muito a respeito disso. Sabia que tinha que estar sob a autoridade pastoral. E o Espírito sempre me lembrava de uma passagem das Escrituras:

‘O filho do homem não tem onde reclinar a cabeça’...

Nesta época freqüentava assiduamente o Instituto Cristão de Pesquisas, que na época era presidido pelo grande Pr. Paulo Romeiro, que até hoje tem minha grande admiração e respeito. Benção pura, como diria o Pr. Jabes Alencar...

Ia lá direto pois, como tinha sido muito usado pelo inimigo antes de minha conversão, vivia no campo de batalha espiritual, evangelizando pra tudo quanto era tipo de seita, e o ICP era o local onde conseguia muito material para evangelismo e estudo.

Um dia apresentei esta minha necessidade de encontrar uma igreja sadia, que não fosse nem ‘farra do boi’ nem legalista demais. Equilibrada e santa. O Pr. Paulo Romeiro então, após perguntar onde eu morava, indicou a Assembléia de Deus Betesda, de seu amigo pessoal, PR. Ricardo Gondim.

Daí pra frente foi só alegria...

Para finalizar, gostaria de comentar uma coisa: A Congregação é uma benção para quem sente que lá deve servir a Deus. O Corpo de Cristo tem vários membros, todos com sua importância.

A astuta intenção diabo, ao usar aquele homem no trem e dizer através dele que não podia lutar contra mim pelo fato de agora (naquela época) eu ser um crente da Congregação Cristã no Brasil, era apenas de me engessar, me imobilizar e fazer com que eu não desse todos os frutos que Deus queria que eu desse.

Lá eu teria que lidar com usos e costumes, e assim esfriaria da fé ao cuidar do ‘não fazer isso, não comer aquilo, não vestir isso, não olhar para aquilo’. O orgulho que entrou em meu coração após aquela investida do diabo já deveria ter sido o suficiente para eu notar que tinha algo errado.

Satanás é um exímio estrategista, capaz de sacrificar umas peças para ganhar o jogo no final. Não podemos menosprezar suas estratégias sórdidas.

Agora véio, a parada é sinistra!

Não é um ou outro: É UM E OUTRO!


Refletindo sobre estes últimos meses, tenho notado que muito de minha angústia e aflição se deu pelo fato de estar tentando me enquadrar em uma moldura pequena e quadradinha demais para mim, sofrendo por isso esta sensação de claustrofobia praticamente insuportável.

Neste período, me vi profundamente cansado e irritado sem um motivo aparente. Achei que era por estar atravessando problemas familiares, profissionais, logísticos, relacionais. Por esta razão tentei equacionar tudo novamente, cavando e procurando encontrar de onde vinha minha irritação e angústia, sem, entretanto, descobrir o motivo.

So que ao fazer isso, não encontrei respostas às minhas inquietações. Pelo contrário! Ao mexer com o que estava quieto, acabei gerando novas fontes de desgastes relacionais e insatisfações pessoais, numa – como disse ontem – espiral descendente, somente aumentando o rombo dos tecidos velhos com remendos novos.

Ontem a noite, após ouvir uma ministração de um pastor que gosto muito (apesar de vez ou outra ele falar algumas coisas que não concordo 100%, Sóstenes Mendes do Projeto Adoradores), comecei a ter um vislumbre do que estava (está) me incomodando tanto: Sou um pentecostal tentando me enquadrar numa denominação tradicional não pentecostal.

Esta “descoberta” jogou um canhão de luz no meu espírito que se encontrava aperreado, tateando no escuro, tentando encontrar respostas...

Para entender melhor, acho bom resumir meus primeiros passos.

Me converti em uma igreja neopenteco$tal muito conhecida. Decepcionei-me rapidamente da direção daquele ministério e passei a congregar numa igreja apo$tólica. Lá também não virava, apesar de ter passado bons momentos com Deus, tendo sido batizado no Espírito Santo. Cheguei a peitar o santo apó$tolo pessoalmente, falando coisas que o Senhor havia colocado em meu coração para entregar à sua santidade (vida de profeta não é fácil...).

Nesta busca, rodei inúmeras denominações, querendo por que querendo encontrar uma que eu me sentisse em paz, feliz e satisfeito por estar lá, mas sempre tendo como o fiel da balança minha relação vertical com Deus, sua Palavra e a minha mente que dia após dia era trabalhada pelo Espírito Santo para cruzar a visão horizontal dos fatos com aquilo que Ele testificava em meu espírito.

Costumava orar a Deus pedindo para que Ele me colocasse na “igreja certa” (para mim), pois nunca achei justo de minha parte continuar congregando em uma denominação que minha visão de Reino era contrária. Temia pelos outros irmãos, que poderiam se contaminar com esta minha insatisfação, não queria ser pedra de tropeço. Tem igreja para todo tipo de crente e eu não podia cuspir no prato daqueles que se alimentavam nelas. Em resposta às minhas orações ouvia constantemente em meu espírito as palavras de Jesus:

“As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.”Mateus 11:20b.

Pensava comigo que eu estava ficando louco, muito chato, talvez até me desviando dos caminhos do Senhor por ser assim tão rebelde. O problema era que eu achava isso por tentar me enquadrar de todas as maneiras na forma que prepara os cristãos evangélicos. Lógico que isso não funcionava.

Vários anos depois, voltando às últimas semanas que me referi no início deste post, lembrei-me que havia mais de um mês que estava evitando ir à igreja que congrego atualmente, mas não sabia exatamente o porquê.

Cheguei a falar para as pessoas próximas a mim que gostaria de visitar outras congregações mas não fui bem entendido na época, até pelo fato d’eu não saber explicar a razão de minha insatisfação. Ontem porém, tudo ficou claro: Na atual igreja que congrego, sempre que eu chego ao culto um ou outro pastor me cerca e pede para eu participar de algum grupo de irmãos para aumentar minha comunhão com a igreja. Grupos com nomes tipo “Conhecendo Deus”, “A Sós Com Deus”, “Voltando aos Caminhos do Senhor”...

Por querer ser agradável e não deixar os irmãos tristes, acabava aceitando o convite mas, logo em seguida, ficava duas ou três semanas sem dar as caras na igreja. Pensava comigo que eu não estava querendo conhecer a Deus, com quem eu já me relaciono a quase 20 anos. A sós com Deus juntamente com outros irmãos é uma contradição em termos e voltar aos caminhos do Senhor só se eu tivesse desviado deles.

Além disso, como falei antes, sou pentecostal. Prezo ao extremo o conhecimento intelectual, inclusive das Escrituras, mas não é só isso o que importa. Para mim uma relação com o Senhor tem como condição “sine qua non” TAMBÉM o lado experimental, vivencial do cristianismo. Este não se limita às experiências intelectuais, assim como não se limita às experiências emocionais, pentecostais. É UM E OUTRO e não um ou outro ou, talvez para alguns, o estar plantado no meio destas opções.

Minha fé é completa, procuro ter uma visão global do Reino de Deus aqui na terra e não acredito existir vida cristã genuína sem um profundo mergulho nas Escrituras aliado à experiências pessoais com o sobrenatural de Deus. Um ou outro não, tem que ser um e outro.

De volta à estrada, pois o Caminho é longo...

terça-feira, 15 de março de 2011

João e o pé de feijão, digo, rúcula...


“E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram. E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram. Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um. Quem tem ouvidos, ouça."Mateus 13.3-9

Apesar de nunca ter morado no campo, sempre tive contato com pequenas hortas que meu pai costuma plantar no fundo do quintal. Sem terra ele não sobreviveria. Como os antigos costumam dizer, ele tem “mão verde”: TUDO o que ele planta ele colhe, impressionante. Minha ex já era o oposto: Qualquer coisa verde que ela tentava manter viva, como um simples vaso de flores, não duravam mais que uma semana, um espetáculo! Chegava a brincar com ela, dizendo que não carpinaria mais o fundo do quintal de uma casa que morávamos e que se transformava em uma belezura de matagal de tempos em tempos: Bastaria ela pegar um regador e sair aguando os pobres matinhos...

Brincadeiras a parte vem o Janjão aqui, começar suas aventuras agrícolas após conseguir um bom espaço na varanda do apartamento que moramos. Assim que nos instalamos comprei um vaso retangular razoavelmente grande e enchi de terra, daquelas que vendem em saquinhos nas lojas especializadas. Saí a procura de sementes e a única que julguei ser possível de plantar naquele espaço foram sementes de rúcula, matinho que eu amo e coloco em praticamente tudo, de saladas a pizzas.

Diariamente estava eu lá, aguando o vaso e olhando constantemente, esperando os brotinhos aparecerem. Que alegria foi a minha quando os primeiros pontinhos verdes começaram a borbulhar da terra! Fiquei todo pimpão, crendo que herdara a bendita mão verde de meu pai. Todo dia aguava o vasinho, vendo os galhinhos pegarem força e crescerem, até uma época que fiquei muito ocupado e chegava em casa só no pó. O prazer de manter minha hortinha se tornou uma pequena obrigação e passei a regar as plantas com certo descaso, quase que conversando com elas e dizendo: “Toma água aí seus matinhos chatos!”

O que eu já tinha ouvido falar mas não acreditava ser verdade (talvez não seja mas tem coisa que os antigos falam que é melhor não duvidar) é que as plantas aparentemente absorvem as energias de quem está cuidando delas. Sendo assim, elas começaram a ficar tristes e algumas folhas começaram a murchar. Ciente de meu pecado, passei a cuidar mais delas, só que aparentemente o estrago já estava feito. Elas ficaram de mal de mim e se recusaram a continuar a crescer.

Irritado, comecei então a deixar elas de castigo: Em pleno verão do Rio de Janeiro, que este ano firmou por mais de um mês acima dos 37 graus, eu as deixava no sol, não levando em conta sua fragilidade e crendo que elas já saberiam cuidar de si próprias. Conseqüentemente, todas elas murcharam, apesar de algumas continuarem verdes.

Arrependido de minha maldade agrícola, voltei a recolhê-las na sombra e dobrei a quantidade de água. Para minha surpresa, elas perceberam que eu tinha voltado a ser um bom garoto e – comovidas com meu profundo arrependimento – passaram a tentar se reerguer. E assim foi, todas ficaram eretas, apesar de não crescerem mais.

Como elas não cresciam mais nem um milímetro e aquela situação se arrastava por semanas, decidi que havia chegado a hora delas. Durante a noite, enquanto elas dormiam, colhi todos os pequenos ramos de rúcula, lancei fora grande parte das folhas secas e aproveitei um pequeno punhado, suficiente apenas para incrementar um prato que fiz naquela noite.

Devo reconhecer: Elas bem se esforçaram. Estavam deliciosas e fizeram o máximo possível para me satisfazer. O problema foi que nesta relação “sementes x JC” eu acabei fazendo menos do que podia. Me dediquei pouco... Alguém com mais espaço e tempo poderia ter comprado aquele saquinho de sementes e elas poderiam ter desenvolvido seu pleno potencial mas eu acabei atravessando seu caminho.

Acho que aprendi a lição. Sábado passado, conforme falei no post anterior, comprei sementes de coentro e alfavaca (um parente do manjericão). “Arei” a terra (grande terra), aumentei a distância entre as pequenas covas e plantei metade em um lado, metade no outro. Reguei bastante e agora voltei a sentir prazer na minha pequena hortinha. Todo dia à noite chego e troco uma idéia com elas, antes mesmo delas colocarem suas folhinhas de fora. Fico olhando e pensando: "Olha lá, daqui a pouco vai nascer!", igual fazemos quando estamos esperando o leite ferver...

Aprendi também outra lição prática: Se até numa relação entre um homem e um vegetal o cuidado, o respeito e o carinho são os responsáveis pelo sucesso ou fracasso da colheita, imagine em nossas relações com o próximo?

Quantas vezes nos irritamos com quem se relaciona conosco e devolvemos a demanda da maneira que ela veio até nós? Como está escrito, “um abismo chama outro abismo” (Salmo 42.7a). Numa espiral descendente, cada lado procura revidar de forma que, quando nos damos conta, um está de um lado se achando totalmente certo, cheio de todos os motivos do mundo para não ter cuidado da relação como ela deveria ter sido, enquanto o outro lado está praticamente morto, destruído com nosso descaso. No caso das plantas, até tem como tentar replantar. Já nos relacionamentos...

Parece brincadeira mas Deus falou muito comigo através desta situação simples. Quem entendeu entendeu, quem não entendeu...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tente só um pouquinho mais forte...

Ultimamente ando muito angustiado. Muitos devem ter notado, até porque eu não faço questão de disfarçar. Sou exatamente como todos vocês podem ver, sem grandes surpresas, nem para melhor, nem para pior.

Gosto e prefiro ser assim. Dá menos trabalho poder sair nú de casa, sem ter que me preocupar em cobrir minhas vergonhas. Pior seria se eu usasse uma fachada de intocável, ungido, super-santo. Tanto é que a bandeirinha na foto do meu blog diz claramente: “Perigo: Correnteza”. Sob estas águas, só entre se souber nadar e explorar as profundezas. Caso contrário, fiquem bem confortáveis nos espaços mais seguros, pois aqui procuro abrir minha alma.

Desabafos a parte, foi neste espírito que me encontrava por estes dias. Sem ter ao certo a certeza de estar tomando as decisões corretas, entrei este fim de semana totalmente esgotado. Acordei, fui comprar pão na padaria enquanto minha mulher não chegava em casa (agora ela trabalha a noite), preparei o café quando ela chegou, comemos e fui tentar dormir um pouco ao lado dela, sabendo que dificilmente conseguiria por ter desmaiado na cama na noite anterior.

Logo em seguida me levantei, fui para a academia e malhei sem pressa, apesar do meu corpo ficar pedindo para eu parar (fruto desta "nhaca" desgraçada que acompanha estes momentos de angústia), conversei um pouco com uma instrutora sobre estudos, acabei meu treino, fui à quitanda comprar alguns legumes (queria fazer uma peixada), passei numa loja de artigos de pesca e comprei sementes de coentro e alfavaca (não me pergunte porquê lá vende sementes) para replantar minha pequena horta após uma colheita medíocre de rúcula (isso será melhor tratado em um post à parte) e voltei para casa.

Cheguei cansado e olhei o relógio: 13:00h. Meu amor ainda estava dormindo. Decidi preparar a comida rapidamente, mesmo com vontade de não fazer nada. Lavei o peixe, cortei os ingredientes, joguei tudo na panela e fiquei ali meio que adormecido, cansado, fazendo as coisas pela necessidade e não tanto como pelo costumeiro prazer que tenho em cozinhar.

Nisso ouvi uns ruídos: Era meu amor indo ao banheiro sonambulisticamente. Olhei no relógio e faltavam 15 minutos para as duas da tarde, o horário combinado para acordá-la. Fui lá no banheiro e fiquei fazendo macaquice para ela acordar, coitada. Após abrir os olhos e perguntar as horas ela disse que iria voltar e dormir os 15 minutos que faltavam. Fui até o aparelho de som e pensei: “Vou colocar algum disco que ela goste muito de ouvir para ela acordar disposta”. Entre outros, decidi colocar uma coletânea da Janis Joplin que eu mesmo fiz (bendito Ares & Nero). Não deu outra. Ela ficou feliz com minha escolha e passou do estágio de hibernação de olhos abertos ao de cobrinha mal matada, fingindo que estava dançando deitada na cama.

Com minha missão de acordá-la cumprida, voltei para cozinha e continuei a preparar a comida, só que desta vez saracoteando e me esgoelando todo, pois ouvir Janis Joplin sem ao menos bater o pezinho no chão é sinônimo de alguma deformidade no músculo ouvidor de música de primeira qualidade. Cantava, tocava minha guitarra imaginária e aos poucos fui me alegrando. SÓ QUE eu tenho um curto circuito em meu sistema e quando me alegro ouvindo música começo a me encher do Espírito Santo, independentemente do estilo musical que estiver ouvindo.

Podem me criticar a vontade, mas comigo é assim e ponto. Lá estou eu, cantando música “secular” e me debulhando em lágrimas na presença de Deus. Nisso, veio um renovo em minha alma cansada. O Senhor começou a falar comigo sobre vários assuntos que estavam pendentes ou sem solução visível, me dando direção enquanto mexia a comida na panela (e ouvindo Janis Joplin, não se esqueça). A Cilene apareceu na cozinha e lá estava eu chorando, com cara de gozo indescritível. Ela voltou para o banheiro com um sorriso nos lábios, também cantando e eu fui atrás dela.

Ao alcançá-la apenas consegui dizer:

“Glória a Deus amor, Ele está falando tanta coisa comigo que eu não estou mais agüentando!”

Parei de falar com ela e direcionei esta afirmação feita a ela para Ele, desta vez em forma de pergunta:

“Senhor, porque tudo de uma vez?” (tudo eram as coisas que Ele falava comigo)

“Por que quando você está assim você só presta atenção em sua dor e só me ouve quando eu grito com você”

"E de que forma o Senhor está gritando comigo agora?"


Ele apenas disse: “Ouça!”

Ao fundo, lá estava Janis a plenos pulmões cantando:

“Tryyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy just a little bit harder
So I can love, love, love him, I tell myself
Well, I'm gonna try yeah, just a little bit harder
So I won't lose, lose, lose him to nobody else.
Hey! Well, I don't care how long it's gonna take you now,
But if it's a dream I don't want
No I don't really want it
If it's a dream I don't want nobody to wake me...”


Então eu entendi…

Entendi que Deus usa o que Ele quiser, da forma e na hora que Ele quiser, para nos despertar de nossa letargia e começar o processo de cura de nossas dores....

Ele falou várias coisas e todas eu irei postar por estes dias. Enquanto isso, assista ao vídeo abaixo de um show da Janis de 1969.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Tem hora que é melhor não fazer nada...


"O beduíno quando está caminhando pelo deserto e é surpreendido por uma tempestade de areia não tenta voltar correndo para sua tenda para se abrigar. Se fizer isso ele certamente se perderá, pois as dunas mudam de lugar constantemente, não servindo de referencial. Se ele se arriscar segui-las, certamente morrerá. Para se proteger, ele para exatamente onde está, se cobre com sua capa e deixa a areia cair. Quando a tempestade termina, ele se levanta, sacode sua capa, se localiza pelo sol, lua ou estrelas e volta a caminhar até sua tenda, em segurança".


Quem costumava falar isso era o pastor Ricardo Bitun. O conheci ainda na época que ele era o segundo pastor da Igreja Betesda em São Paulo, um grande irmão, quase um paizão para mim.

Lembrei-me deste causo depois de uma breve conversa com uma colega de andar aqui onde trabalho. Ela me perguntou se iria viajar no carnaval. Disse que não, não estava a fim de viajar. Em uma fração de segundo, tentei imaginar o que estaria a fim de fazer. Não estava a fim de ficar no Rio, não estava a fim de ir a algum lugar, não estava a fim de dormir, não estava a fim de ficar acordado, não estava a fim de trabalhar, nem de descansar, nem de ir pra academia, muito menos de... Caramba! Estranhamente descobri que não estava a fim de fazer NADA!

Você também fica assim? Momentos em que nada te satisfaz?

Creio que seja a insatisfação de Eclesiastes com a futilidade que a vida se transforma de tempos em tempos. Momentos que a melhor atitude a se tomar é não tomar nenhuma atitude.

Isso é estranho pra mim, pois creio ser hiper ativo. Mas quando sinto esta bola de ferro presa em meus pés nada me satisfaz. Até fazer nada enche o saco. É aquela sensação de estar de pé em ônibus lotado, parado no “trânsito infernal desta megalópole” (como diria o motoboy “Jackson Five”, personagem do Marco Luque do CQC) em dia de chuva, com as janelas fechadas. Resta o quê a ser feito? Agüentar o desconforto, a irritação e a impotência quieto, resignado.

Fazer como Davi fez quando viu Saul dando um barro na caverna em que ele estava escondido: Ficar quieto, agüentar o cheiro e não poder fazer nada! (quem comentou esta passagem dessa maneira foi o pastor Silmar Coelho, risos...)

Se tentar fazer alguma coisa num momento de extrema sensação de ‘cozimento’ como essa vai fazer caquinha. Se for obrigado a fazer algo possivelmente vai comer cru e quente.

(Nota: Aff, to cheio de exemplos idiotas para falar sobre isso, um verdadeiro ‘parabólico’. É que estou escrevendo do jeito que estou pensando e minha mente hoje está muito adubada...)

Continuando. Tentar agir num momento de incerteza e imobilidade me fez lembrar daquele filme, “Mar em Fúria”, quando os pescadores mandam arrumar o sistema de refrigeração do barco, saem em alto mar para pescar, entopem os porões com uma quantidade absurda de peixes mas descobrem que o sistema de refrigeração ainda estava com o mesmo defeito de antes. Devendo horrores, próximos a perderem o barco e com a chance de pagarem todas as suas dívidas com a venda da preciosa carga a bordo, resolvem voltar, mesmo contra uma tempestade monstruosa que se formava em seus caminhos. O título do filme e a lógica dos fatos apresentados já podem fazer vocês imaginar o que aconteceu com eles...

É isso que dá. Tem hora que é pra ficar parado mesmo, sentindo o mal cheiro, apertado, impaciente, morrendo de calor, coberto pela tempestade de areia.

O importante é não se esquecer que uma hora ela vai passar. Aí você volta a ver as coisas como elas realmente são.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Um para trás, dois para a frente


Ontem dei um passo para trás. Voltei a ser menino, assumi minha fragilidade e chorei no colo do Papai. Não me importei com o que poderiam pensar de mim. Apenas me importei com o que EU estava pensando de mim. Tem horas que canso de mim. Isso normalmente acontece quando começo a entrar em um estado de dormência e torpor.

Acontece assim: As coisas começam a ficar sem sentido. Comer ou não comer não altera o apetite, rir ou chorar não abala o estado emocional, correr ou deitar não alivia o corpo, orar ou não orar não me aproxima mais de Deus.

Sem que eu percebesse, a luzinha de alerta começou a piscar. Falha no sistema. Sensação de já ter vivido aquilo antes. Bendito Déjà Vu. Não pestanejei: Lá estava eu de pé, sendo reabastecido pela Graça novamente. Não me interessava quem estava ao meu lado, era eu e Deus.

Um passo atrás não foi sinônimo de dúvida ou falta de fé. Pelo contrário. A meu ver, este passo atrás muitas vezes é necessário para pegar impulso e seguir em frente. Não tenho resposta para tudo. Me canso e me sinto frágil muitas vezes. Sou obrigado a recomeçar com freqüência, e a sensação de impotência no começo pode gerar imobilismo e frustração, mas depois vejo que estas emoções conflitantes são o campo fértil para novas perspectivas.

Tive que recomeçar várias vezes, de várias formas. Por vontade própria ou por força das circunstâncias. Perdi quase tudo que havia conquistado e me senti um fracasso. Fiquei impotente, sem norte, sem direção ou coragem de continuar. Mas a vida tem seus caminhos misteriosos e, com toda sua sutileza, me empurrou para frente. Mesmo com medo e dor, continuei caminhando. Desejando a morte e quase jogando a toalha, vi que não tinha opções. Avancei.

Esta nova força advinda da fraqueza pode soar contraditória, mas não é. Como diz Paulo em sua carta aos Coríntios:

“Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2Co 12:10).

Não levo este pensamento de Paulo ao campo espiritual apenas. Assumir a fraqueza abre um leque de novas e impensadas opções. Muitas vezes estamos perto demais de nossos problemas, inseridos demais em nossas situações cotidianas e ficamos sem uma visão da situação como um todo. Se afastar um pouco do tabuleiro do jogo gera uma visão melhor da situação, possibilita reavaliamos a estratégia e entrar novamente na batalha.

Não vejo nenhum problema em assumir ser fraco. Assumir a fraqueza gera um alívio muito grande. Tirar o peso das costas e poder dizer “e agora, o que eu faço?” é libertador.

Sou fraco, me canso e preciso fazer isso de tempos em tempos...

Não estou cabendo mais... maldito déjà-vu!


Caminhando por esta "tão conhecida longa e sinuosa estrada" começo a notar que as trilhas que antes estava acostumado a andar de olhos fechados estão se estreitando, como se o mato estivesse novamente invadindo o local que antes conhecia como a palma de minha mão.

Engancho meu pé aqui, tropeço ali, tenho a sensação de estar sendo empurrado para frente, como se estivesse bêbado e empatando alguém atrás de mim. Olho para o lado e não vejo nada de anormal, olho pra cima e pergunto pra Deus o que está acontecendo e não ouço nenhuma resposta. Caramba, quem invadiu isso tudo aqui e mudou tudo sem eu ver?

Procuro ficar calmo. Respiro, tento me equilibrar física e emocionalmente mas parece que todo esforço é em vão: Somente a angústia e a solidão me acompanham. É um momento meu, único e exclusivo. E não poderia ser diferente.

São momentos de transição, quando tento deitar a cabeça no travesseiro, esperando o sono chegar mas, infelizmente, este me foge. Parece que o que antes era azul não é mais azul, mesmo sendo para tantos outros. O que era doce parece ter azedado, o que me trazia conforto hoje me incomoda.O pior é que ninguém perguntou pra mim se quero novamente mudar!

Procuro respostas. Somente o silêncio. Quando isso acontece, sei, SEI que está chegando um momento de grandes transformações. Aquilo que era motivo de paz e alegria, pequenas vitórias alcançadas com grande esforço passam a ser ouro de tolo. Lutei, corri, me esforcei pra caramba e agora me sinto um idiota. Mas não era para ser assim! Quando olhei em frente cri que o que via me traria alegria. Entretanto, não consigo mais caber...

Parece que minha casa diminuiu. Não consigo passar pela porta. Tenho a impressão que meu emprego deixou de me dar um restinho de prazer: já não basta chegar o fim do mês e receber meu salário para pagar as contas que nunca acabam. Não tenho vontade de cozinhar nem de comer minha comida, não sinto mais prazer em atravessar a rua e ver o mar. Parece que tudo isso não mais me pertence. Sinto mais um empurrão, droga!

Quero viver a alegria que tinha com o que já possuo, não materialmente falando mas existencialmente. Noto, porém, que aquilo não cabe mais em mim. Foram roupas que usei muito mas não me servem mais. Com um pouco de relutância sou obrigado a reconhecer que está na hora de fazer um novo guarda-roupas, me desfazendo do que antes era “meu número”.

Por que tem que ser assim? Por que sempre temos que avançar, podar, destruir para reconstruir?

Em minhas mãos tenho apenas cinco pães e dois peixinhos. Se é Ele quem está mexendo em meu “status quo” que seja: Vamos em frente, com Ele abrindo caminho...

Selo de Qualidade



Recebi este selo do René, do blog Nem de Paulo nem de Apolo: De Cristo"

Sou fã, leitor, gosto e recomendo!

Este selo dá direito a indicar 5 blogs. Seguem abaixo os links dos blogs que recomendo, sigo e que estou presenteando com o selo:

A Razão da Esperança - Blog da Adriana


Wendel Bernardes – Blog do Wendel (sem criatividade pra título de blog este rapaz... ele usa tudo em seus textos!)


Príncipe da Paz
– Blog do Vanderlei Borkoski, meu mais novo "amigo de infância"...


Café com Leite Crente
– (Nosso blog comunitário que – sinceramente – é bem legal!)

Poxa, o resto já recebeu selinho... fazer o quê????

REGRAS:

1 - Publicar a imagem do selo no seu blog;

2 - Linkar o blog de quem lhe ofereceu;

3 - Passar o selo para outros 5 blogs que fazem a diferença.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Meme (!?) Literário


Well,

Fui intimado a participar deste Meme (que raio é isso?) Literário pelo arcanjo Wendel. Na verdade já tinha visto este treco no blog da Bispa Rê mas, como ultimamente ando meio lesado, não tinha entendido que isso é uma corrente que não pode ser quebrada sem que graves conseqüências caiam sobre minha cabeça careca. Então vamos lá!

1 – Existe um livro que você leria várias vezes sem se cansar? Qual?

Poxa, esta pergunta é sacanagem... Eu leio tanto que chega uma hora que, depois de um determinado tempo após ter findado a leitura de um livro, alguém me pergunta como é ou o que achei do livro “A” ou o “B” e simplesmente não consigo mais definir. Começa a fazer parte de mim, parece que este livro se dilui dentro do meu universo. Acredito até que muito do que escrevo na verdade é uma miscelânea de tudo o que já li, atrelado às minhas experiências pessoais.

Para se ter uma idéia, nos últimos 20 dias devorei a autobiografia do Lobão, “50 Anos a Mil”, umas 600 páginas, “Velhos Marinheiros” do Jorge Amado e agora estou lendo um livro que comprei por R$ 4,90, apenas para trocar uma nota de 50 reais, o “Presente do Mar” de Anne Morrow Lindbergh, Editora Sextante. Paralela à leitura "extra-oficial", estou na minha quarta leitura da Bíblia de capa a capa, a segunda vez em inglês.

Falei, falei mas ainda não respondi a pergunta. Acredito que fica difícil falar apenas um livro, pois vários eu costumo reler sem me cansar. Serei injusto com todos os outros “amigos livros”, mas o que me vem a mente agora é O Segredo Judaico de Resolução de Problemas do Rabino Milton Bonder, Editora Imago. Este livro foi indicado por um cliente da loja que eu gerenciava, um judeu, professor de Marketing na ESPM, meio boiola (vivia dando em cima de mim). Este livro basicamente disseca a mente do povo judaico, mostrando como eles aprenderam a sobreviver neste mundo hostil, veladamente (nem tão velado assim) anti-semita, desenvolvendo uma rapidez de raciocínio capaz de livrá-los das mais diversas formas de opressão. É deste livro um caso que certa vez postei aqui no meu blog, um texto muito louco, onde misturei diversas situações “nada a ver” para passar uma idéia. Depois dá uma clicada para ver o “causo”.


2 – Se você pudesse escolher um livro apenas para ler o resto da vida qual seria?

Pode parecer lugar comum, coisa de crente, mas a Bíblia seria este livro. Como vários antes de mim já escreveram, a Bíblia é o único livro que você pode ler e reler zilhões de vezes e sempre algo novo se revelará a você. Lógico que tem trechos chatézimos como aquelas longas descrições de como deveria ser cada parte do templo ou as genealogias sem fim mas, não sei explicar a razão de maneira lógica, sei que devo ler tudo com o mesmo espírito. Quem sabe uma hora não virá a revelação, o “insight” para decifrar tudo o que estes textos aparentemente áridos e indigestos tem a dizer?

3 – Indique três dos seus livros preferidos.

Três livros é muito pouco mas vou tentar engabelar vocês:

1) Tudo o que foi escrito por Fiódor Dostoievsky. Tudo! Adoro andar pelas ruas de São Petersburgo do século 19 através de seus romances. Adoro me sentir dentro da mente de seus personagens, lutar suas lutas, delirar em suas febres, sofrer suas angústias. Nunca vi ninguém colocar em palavras de maneira tão sublime, tão real, o que se passa na alma do homem. Destes livros, o último que li, ano passado, foi Crime e Castigo. Simplesmente sensacional!

2) Todos os livros que li de J.R.R. Tolkien: O Silmarillion, que trata da “gênese” da Terra Média, O Hobbit, que fala basicamente sobre como nosso querido Bilbo Bolseiro achou/afanou o Um Anel de Smeagol e a trilogia O Senhor dos Anéis (A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei). É de tirar o fôlego. Após a leitura, até fiquei um pouco frustrado com a versão cinematográfica. Se fossem fazer o filme sem adaptar e cortar alguns fatos importantíssimos dos livros, acredito que deveria ser lançado ao menos mais 6 horas de gravações para ser mais fiel ao que está escrito.

3) Agora fica difícil! Consegui colocar uma porrada de livros por autores mas agora tenho que falar de apenas um para não ficar feio. Creio que um dos livros que mais me impactou nos últimos tempos foi “A Metamorfose” de Franz Kafka, pois li este livro numa época muito próxima à morte de minha mãe, que ficou 5 longos e sofridos meses em coma. Traçar um paralelo entre o personagem Gregor Samsa que – do nada – dormiu gente e acordou transformado em uma asquerosa barata com o derrame de minha mãe foi inevitável. Também escrevi a respeito por aqui...

Gostaria de falar sobre mais alguns bons livros que li, como “Walk On – A Jornada Espiritual do U2” de Steve Stockman, “Mais que um Carpinteiro” de Josh McDowell, “O Jesus que Eu Nunca Conheci” de Philip Yancey, “A Cruz de Cristo” e “Crer é Também Pensar” de John Stott, “Evangelho Puro e Simples” de C.S. Lewis, “É Proibido. O Que a Bíblia Permite e a Igreja Proíbe” e "Artesãos De Uma Nova História" de meu pastorzinho preferido, Ricardo Gondim, "Sal Fora do Saleiro" e "Confissões de um Pastor" do grande Caio Fábio, "A Cabana" de Willian P. Young... A lista é longa!

Para não quebrar a corrente e sofrer as maldições malígnas, seguem 5 amigos blogueiros que gostaria que participassem desta bagaça:

> Ricardo Mamedes do blog A Verdade Liberta, O Erro Condena

> Vanderley Borkoski do blog Príncipe da Paz

> Marcos do blog Liberdade ao Pensar

> Cesar Cardoso do blog Patavina's

> Tiago Scala do blog Outside the Church

quinta-feira, 3 de março de 2011

Música gospel é sinônimo de adoração?


"Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor' entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios, (gravamos vários discos de música gospel) e não realizamos muitos milagres?'Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!" - Mateus 7.21-23, com acréscimos meus...

Eu estava zapeando a TV um dia desses quando passei por um canal que tinha alguém cantando numa banda. Como sou movido a música parei para ver do que se tratava: Era uma banda gospel desconhecida para mim.

Comecei a prestar atenção na letra e não teve jeito: Veio aquela terrível e famigerada sensação de “vergonha alheia”. Fiquei constrangido, como se me sentisse o autor e/ou o intérprete daquela pérola musical. Letra vazia, refrões cheio chavões, uma total falta de “emoção” ao interpretar, um... sei lá, era ruim pra caramba e pronto!

Comentei com a Cilene, dizendo que eu deveria estar atravessando uma fase não muito boa de minha relação com Deus pois, a cada dia que passava, estava cada vez menos paciente em ouvir aquele tipo de música. Fiquei envergonhado em pensar que talvez estivesse me distanciando da presença do Senhor, tornando-me muito crítico, muito ácido com a dita música evangélica como um todo.

Senti muita saudade do Rebanhão, Carlinhos Felix (algumas semanas atrás vi o dito-cujo na minha igreja), Brother Simion, Resgate (não me encha o saco: eu sou fã do Resgate e pronto!), Troade (aquele disco “Águas”, que coisa mais linda!), David Quinlan, Antonio Cirilo, Adhemar de Campos... Até da Voz da Verdade, que já me fez passar momentos maravilhosamente emocionantes na presença de Deus, apesar de discordar do ministério deles! Que saudade daquela época que eu colocava um CDzinho e me desmanchava em lágrimas...

Por outro lado, fiquei pensando comigo: “Não é possível, estou sim na presença de Deus. Não é porquê eu não estou ‘me arrepiando’ com esta joça que significa que eu esteja desviado...”. O problema não estava em mim: Aquilo era muito ruim mesmo! Aquelas músicas não passavam do teto do estúdio onde eles tinham gravado aquele programa!

Só que isso me fez pensar em algo estranho que costuma acontecer comigo: Por alguma razão eu sinto a presença de Deus até com música considerada secular! Até já escrevi a respeito disso tempos atrás. No meio do que é considerado "profano" vejo aqui e ali (talvez até mais que no meio gospel) a presença de Deus inspirando o homem a fazer música de qualidade, vinda de dentro, da alma, mostrando o quanto Deus é maravilhoso, fazendo o Sol nascer sobre “justos e injustos”...

(Sobre isso tenho uma viagem especial: Passei o disco Piece of Mind do Iron Maiden (sim, acredite) para o MP3 e, vez ou outra, vou até a praia, sento na areia, perto da Pedra do Pontal e começo a ouvir, olhando o marzão lindo, aquela natureza exuberante. Quando chega a música “To Tame a Land” eu despiroco de vez: Começo a chorar, glorificando a Deus por tudo aquilo que estou vivendo.)


Pode parecer loucura, podem me chamar de herege (thanks...), só que EU SEI o que acontece comigo naquele momento. Não só com este disco do Iron. Rola também com outras bandas, outros músicos. Dei o exemplo do Iron só para mostrar como isso pode parecer maluco. O que quero dizer é que tem música “pagã” muito mais bem feita do que música que teoricamente deveria ser feita para glorificar ao Senhor. Esta música pagã está transbordando para todos os lados a grandeza do nosso Deus, inspirando aquele (s) músico (s) a fazer (em) um trabalho tão bem feito.

É isso que eu estou tentando falar, e isso nem cabe só para a música. Bons profissionais, em qualquer área de atuação, glorificam a Deus através da excelência que estes profissionais transmitem em seus atos, MESMO eles não sendo cristãos. Com isso, não quero dizer que eles – por serem imagem de Deus – passaram automaticamente a ter uma relação pessoal com Deus, através de seu Filho Jesus. Apenas quero dizer que vemos Sua Glória transbordante, enchendo toda a Terra, até naquilo que não é considerado “de Deus”.

Pessoalmente não creio naquele dualismo burro que diz que "se não é de Deus é do diabo". Qual o referencial para medir o que é e o que não é?

Isso me fez lembrar de um trecho da Palavra, com o qual encerro este texto:

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus”1Co 10.31

Para desencargo de consciência, creio que seja oportuno relembrar os esquecidos que mergulhar por estas águas pode ser extremamente perigoso para quem não sabe nadar...

Em tempo: Segue uma versão da música "To Tame a Land" ao piano para não chocar muito (risos):

quarta-feira, 2 de março de 2011

Inveja de "amigo"


“Os meus amigos são os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus”Jó 16.20

“Todos os que me vêem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer”Salmo 22.7-8

Oh sensação mais angustiante esta de ter ao seu lado pessoas que não te amam a ponto de se alegrar com sua alegria e a chorar com suas tristezas. Sabe aquele tipo de gente que não te odeia a ponto de querer te ver morto, mas tem orgasmos múltiplos ao ver que você está se lascando?

Como eu disse, não é ódio. Está mais para inveja. Inveja de ver que você é feliz com o que tem. Inveja de ver que – inexplicavelmente – este ter muitas vezes é menor do que eles mesmos possuem. Esta situação aparentemente sem sentido passa a deixá-los intrigados com esta alegria de viver e passam a querer ter uma vida parecida com a sua, a ponto de você ver, ouvir diretamente ou através de terceiros que fulano ou beltrano está seguindo seu way of life para ver se goza da mesma felicidade.

Só que para eles isso se dá na horizontal e a fonte que faz você ser feliz jorra na vertical, de cima para baixo. Aquela alegria que você tem ao chegar em casa, ligar o interruptor e ter luz elétrica, abrir a torneira ou o chuveiro e sair água (isso só sabe quem mora no Recreio), abrir a geladeira os armários e ter comida ou, simplesmente, encostar seu bilhete único no ônibus e ele ainda ter saldo suficiente para você pegar busão até o fim do mês?

Desde quanto isso é motivo horizontal para alguém ser feliz? Todos querem muito, todos querem mais e você lá, levando sua vidinha pacata, plenamente feliz, sabedor de que no momento oportuno as coisas podem melhorar, mas sem que este hiato de tempo das vacas magras mas vivas, de pé, te deixe deprimido.

Esta situação para mim muito se parece com aquele "causo" que o profeta Natã contou para o rei Davi e que se encontra em 2 Samuel 12.14:

"Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. O rico possuía muitíssimas ovelhas e vacas. Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha. E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele"
.

Que "culpa" você tem de ser feliz com sua única cordeirinha? Que motivo seus "amigos" tem para invejar sua felicidade com esta uma, enquanto eles possuem milhares, a ponto de fazer perversidade sem tamanho como esta?

Como disse no começo, quando acontece alguma coisa que foge desta rotinazinha meia-boca, seus “amigos”, alguns específicos, aqueles que você é obrigado a tolerar pela política da boa vizinhança, passam a ficar com urtiga na bunda, doidos para saber como você conquistou aquela nova situação. Ao descobrirem a razão, começam a ter crises de urticária, ficam todos em rebuliço, acendendo vela de cabeça pra baixo sobre seu nome para ver se sua “benção” escapa.

Por mera coincidência, acontece algo que faz com que aquele seu sonho seja adiado ou simplesmente deixe de existir por alguma contingência da vida. Imediatamente a cura chega aos que te querem um pouco menos que morto (talvez apenas em coma, numa UTI de um hospital público qualquer) e você testemunha com seus próprios olhos a alegria contagiante que eles passam a gozar.

E como isso irrita! Como isso te deixa profundamente decepcionado com o bicho-homem, bicho invejoso, malvado e insensível! Passam a descaradamente cantar alegremente enquanto você chora, falam coisas que só você sabe exatamente o que elas querem dizer, te impossibilitando de fechar o punho direito e dar uma porrada bem no meio da fuça do “desinfeliz” sem que pareça que você ficou louco.

A treta fica entre você e ele. Por ter que se calar, você é que se contamina com toda espécie de doença da alma que este parasita te transmite. Fica tentado a estender a mão esquerda, andar com sua cadeira de escritório apenas um metrinho e pegar o grande amigo pelo gogó, soltando apenas na hora que desse uma trovoada, como dizem fazer as tartarugas quando mordem (nossa, desenterrei esta lenda urbana/rural!).

Você até sabe como agir. Tem que confiar em Deus e esperar Ele fazer justiça. Lutando contra a natureza humana e "lamentando" o fato de já ter sido comprado por um alto preço de Sangue inocente (ah Senhor, deixa eu desenterrar o velho homem por apenas dois minutos!!!!), você – como uma criança obediente – se vê constrangido a parar de sentir tudo isso que o velho homem insiste em fazer você sentir e se entrega, não sem um pouquinho de vontade de fazer justiça com as próprias mãos...

Fazer o quê? Deus me conhece e sabe que não sou perfeito. Por isso estou com ELE e não abro mão de sua Graça...