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sexta-feira, 11 de março de 2011

Tem hora que é melhor não fazer nada...


"O beduíno quando está caminhando pelo deserto e é surpreendido por uma tempestade de areia não tenta voltar correndo para sua tenda para se abrigar. Se fizer isso ele certamente se perderá, pois as dunas mudam de lugar constantemente, não servindo de referencial. Se ele se arriscar segui-las, certamente morrerá. Para se proteger, ele para exatamente onde está, se cobre com sua capa e deixa a areia cair. Quando a tempestade termina, ele se levanta, sacode sua capa, se localiza pelo sol, lua ou estrelas e volta a caminhar até sua tenda, em segurança".


Quem costumava falar isso era o pastor Ricardo Bitun. O conheci ainda na época que ele era o segundo pastor da Igreja Betesda em São Paulo, um grande irmão, quase um paizão para mim.

Lembrei-me deste causo depois de uma breve conversa com uma colega de andar aqui onde trabalho. Ela me perguntou se iria viajar no carnaval. Disse que não, não estava a fim de viajar. Em uma fração de segundo, tentei imaginar o que estaria a fim de fazer. Não estava a fim de ficar no Rio, não estava a fim de ir a algum lugar, não estava a fim de dormir, não estava a fim de ficar acordado, não estava a fim de trabalhar, nem de descansar, nem de ir pra academia, muito menos de... Caramba! Estranhamente descobri que não estava a fim de fazer NADA!

Você também fica assim? Momentos em que nada te satisfaz?

Creio que seja a insatisfação de Eclesiastes com a futilidade que a vida se transforma de tempos em tempos. Momentos que a melhor atitude a se tomar é não tomar nenhuma atitude.

Isso é estranho pra mim, pois creio ser hiper ativo. Mas quando sinto esta bola de ferro presa em meus pés nada me satisfaz. Até fazer nada enche o saco. É aquela sensação de estar de pé em ônibus lotado, parado no “trânsito infernal desta megalópole” (como diria o motoboy “Jackson Five”, personagem do Marco Luque do CQC) em dia de chuva, com as janelas fechadas. Resta o quê a ser feito? Agüentar o desconforto, a irritação e a impotência quieto, resignado.

Fazer como Davi fez quando viu Saul dando um barro na caverna em que ele estava escondido: Ficar quieto, agüentar o cheiro e não poder fazer nada! (quem comentou esta passagem dessa maneira foi o pastor Silmar Coelho, risos...)

Se tentar fazer alguma coisa num momento de extrema sensação de ‘cozimento’ como essa vai fazer caquinha. Se for obrigado a fazer algo possivelmente vai comer cru e quente.

(Nota: Aff, to cheio de exemplos idiotas para falar sobre isso, um verdadeiro ‘parabólico’. É que estou escrevendo do jeito que estou pensando e minha mente hoje está muito adubada...)

Continuando. Tentar agir num momento de incerteza e imobilidade me fez lembrar daquele filme, “Mar em Fúria”, quando os pescadores mandam arrumar o sistema de refrigeração do barco, saem em alto mar para pescar, entopem os porões com uma quantidade absurda de peixes mas descobrem que o sistema de refrigeração ainda estava com o mesmo defeito de antes. Devendo horrores, próximos a perderem o barco e com a chance de pagarem todas as suas dívidas com a venda da preciosa carga a bordo, resolvem voltar, mesmo contra uma tempestade monstruosa que se formava em seus caminhos. O título do filme e a lógica dos fatos apresentados já podem fazer vocês imaginar o que aconteceu com eles...

É isso que dá. Tem hora que é pra ficar parado mesmo, sentindo o mal cheiro, apertado, impaciente, morrendo de calor, coberto pela tempestade de areia.

O importante é não se esquecer que uma hora ela vai passar. Aí você volta a ver as coisas como elas realmente são.

1 comentários:

  1. É isto mesmo, JC!!! Só acho que, depois de ter ficado parado, esperando a tempestade passar, a gente não VOLTA a ver as coisas como elas são. A gente PASSA a ver MELHOR como elas são!!

    A gente não fica parado à toa! A gente fica parado ouvindo e aprendendo! O trecho de Davi na caverna com Saul, que você citou, é um exemplo disto. Aquilo foi uma situação inusitada, a qual Davi não esperava! Ele deve ter sido tentado a acabar com aquela perseguição naquele momento. No entanto, o Espírito de Deus o ensinou a descansar no Senhor, aguardando o tempo próprio para o livramento!

    Ele não deixou de acabar com Saul, por se achar um seguidor de Yawé que não pode matar. Mas, por ser um seguidor de Yawé, ele ouviu o que o Espírito estava dizendo ao seu coração! E Ele estava dizendo: "Fica quieto, mas leve uma recordação deste momento, pois será útil na sua caminhada!".

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Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...