Labels

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

diálogo super-espiritual entre um porco e um gambá


Luciano diz:
Bom dia meu porco assado, kkkk

João Carlos diz:
Fala seu gambá de Kichute, quanto foi ontem contra a urubuzada maldita? só vi até 1 x 1...

Luciano diz:
E só...

João Carlos diz:
Dois lixos; ontem o juiz passou a mão no porquinho

Luciano diz:
Num fica com ciuminho não, seu timeco tá melhorando

João Carlos diz:
Ciúme de vocês? Você já amanheceu tomando pinga?

Luciano diz:
Kkkk,sei que no fundo teu coração é corintiano e um dia vai acontecer essa conversão aleluia.......

João Carlos diz:

Bora combinar, tenho muitos pecados, mas este eu não cometo...

Luciano diz:

Estarei em jejum e oração forte, kkk

João Carlos diz:
Ah sim, faz a campanha dos 318 apóstolos, corredor do sal grosso... Nunca terei um coração negro!

Luciano diz:
Copo dágua com a tua foto amarrada no porquinho e colocada na boca da caveira ai sim, eita..

João Carlos diz:
Pode até enfiar minha foto na boca do gambá e soltar ele no rio Tietê que não funciona

Luciano diz:
Kkkkk vc mataria o gambá com tua feiúra né?

João Carlos diz:

Por outro lado, em tudo vejo que há esperança para tua alma negra e corrompida. Nunca se esqueça: a esperança é VERDE! É verde e tem estádio, endereço fixo, todos os dentes na boca e não está sob liberdade condicional...

Luciano diz:
Óh Senhor, abre os olhos deste tão louco sofredor

João Carlos diz:
...e tá no lado nobre da linha leste-oeste, Itaquera nem pega celular...

Luciano diz:
Irmão o tinhoso verde não tem mais poder sobre ti, eu profetizo e viva Jorge!

João Carlos diz:
Tinhoso verde é bom, mas não precisa apelar pra estes deuses pagãos, seu filisteu incircunciso

Luciano diz:

Cuidado num xinga o Jorginho!

João Carlos diz:
Jorjão cabrunquento, comedor de dragão

Luciano diz:
Tem até nome de destruição diabo verde desentope tudo mesmo

João Carlos diz:
Recebe o mistério aí varão: um dia deitarás em pastos VERDEJANTES, rodeado por uma multidão de virgens

Luciano diz:
Com o gavião preso ao meu ombro e lançalo-ei à caça dos porcos do mato

João Carlos diz:
Uiiiiii caçador! Tua espécie é maldita entre todas... Com esta lista branca em suas costas negras nenhum ser vivente ousa se aproximar. Com esta marca recebida nem as aves carniceiras se aproximarão de ti, mamífero fedorento!

Luciano diz:
Comedora de porcos suculentos...

João Carlos diz:
Sabia que você tava com graça.... nunca tocarás em mim, seu incircunciso

Luciano diz:
Então seu tiririca, qdo estará de férias?

João Carlos diz:
Ontem o Rio de Janeiro teve uma noite negra

Luciano diz:
Pq?

João Carlos diz:
Duas das espécies mais asquerosas se encontraram em um confronto entre o mal e o mal, os gambás contra os urubus malditos

Luciano diz:
Kkk!

João Carlos diz:

O Engenhão terá que ser purificado, apesar que só passa lixo lá mesmo...

O resto não interessa pra vocês...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O jovem mendigo, ou a parábola do filho pródigo...


Lembro-me do dia 28 de Agosto de 1993 como se fosse hoje: O dia que me converti. No mesmo dia já ganhei uma pessoa pra Jesus. Um excelente aproveitamento né? Mas não estou falando isso pra me gabar. Muito pelo contrário!

Este ímpeto de ganhar almas, de ser útil, de implantar o Reino de Deus aqui na Terra com o passar dos anos foi vergonhosamente substituído por um "comodismo incômodo"...

Mas antes de cair na mesmice, aconteceram muitas coisas loucas em minha caminhada com Cristo. E é uma delas que me faz escrever agora...

Tinha me desligado da Nossa Caixa e estava trabalhando com meu pai. Certo dia, por volta das 10 da manhã, estava eu voltando para casa. Aguardava o Jd. Maracá ou Jd. Caiçara na Av. Prestes Maia. Nisso, um rapaz se aproxima de mim e começa a conversar.

Ele deveria ter na época uns 25 anos. Estava um pouco sujo, o cabelo meio desgrenhado, mas nada em sua aparência denotava algum tipo de periculosidade. Chegou até mim e pediu licença. Começamos a conversar. Ele me pediu uns trocados para comprar alguma coisa pra comer.

Naquela época, andava mais duro que um coco. Olhei bem pra ele e senti algo se remexendo dentro de mim. Creio que o olhei com os olhos de Deus, o vi como ele era visto pelo Pai. Ao invés de apenas dar-lhe um trocado, perguntei à queima-roupa:

- O que você está fazendo na rua?

O cara desmontou. Começou a chorar. Sem me preocupar com os demais, o abracei, enquanto ele soluçava copiosamente em meu ombro.

- Você quer mesmo saber?
Disse ele.

- Claro, me conte...

E ele contou...

Contou que era de uma família de boa condição social em Brasília. Tinha uma namorada que trabalhava na zona de meretrício e, para azar dos dois, ela engravidou. Ele ficou desesperado, pois sua família nunca aceitaria que ele tivesse uma namorada prostituta, muito menos que ela estivesse grávida dele.

Ao nascer a criança porém, sua namorada morreu. Para evitar maiores escândalos e também para fugir da situação, ele levantou todo o dinheiro que pôde junto a família sem explicar o motivo, deixou a maior parte com uma prostituta amiga de sua falecida namorada e que se responsabilizou de cuidar da criança e partiu de Brasília para São Paulo com apenas 300 reais no bolso.

Ao chegar no Terminal Rodoviário do Tietê foi assaltado. Levaram tudo o que ele tinha. Como teoricamente ele havia saído de casa com muito dinheiro, ele ficou com vergonha de revelar aos familiares tudo o que de fato havia acontecido.

Com isso foi viver na rua, andando com outros párias. Para aplacar a fome, passou a usar drogas e a beber muito. Estava sendo engolido pelo sistema e cada vez mais sem forças e perspectivas de dar uma virada na vida.

Isso tudo ele me contava aos prantos, enquanto caminhávamos abraçados, lado a lado. Então eu perguntei:

- Se eu conseguir o dinheiro para você comprar uma passagem de volta para Brasília você voltaria à casa de seus pais?


Ele não acreditou no que falei. Eu enfatizei que não estava brincando, era sério.

- Se eu voltaria? Claro que eu voltaria! A vida que estou levando na rua é uma vida miserável! Não estava mais dando valor a nada e só ansiava que tudo acabasse logo. Tava querendo me matar!


- Pois então vamos dar um jeito nisso. Quanto é uma passagem para Brasília?

- “X” reais, e tem um ônibus que sai do Tietê às 13 horas.

- Ok. Você está com fome?

- Sim, faz alguns dias que não como comida de verdade - disse ele.


Na época, era membro da Renascer em Cristo. Como estávamos no Centro, decidi ir com ele até o Copan, pois sabia que eles tinham um ministério voltado às crianças de rua, distribuindo comida e evangelizando a garotada.

Chegamos lá bem na hora. Eles estavam com um monte de marmitex prontos para serem distribuídos. Procurei o coordenador do projeto e expus a situação. Pedi a ele que ajudasse na compra da passagem e pedi uma refeição para ele.

O religioso hipócrita simplesmente disse NÃO. Eles não dariam nenhuma ajuda financeira para comprar a passagem, nem muito menos uma marmita para o pobre rapaz. Argumentou que se fosse ajudar todos os moradores de rua que apareciam lá pedindo algum tipo de ajuda teriam que acabar com o ministério de crianças.

Revoltado com sua postura, literalmente eu o amaldiçoei, profundamente decepcionado com a frieza de seu coração.

O rapaz, já humilhado com a situação disse para deixarmos para lá. Eu estava puto com o que tinha acontecido na Renascer e não iria desistir assim tão facilmente.

- Já sei quem pode nos ajudar. Vem comigo.

Fomos até a Galeria do Rock, na loja de um grande amigo meu, o Johnny (quem freqüenta a Galeria sabe qual é a loja dele...)

Chegando lá, falei com o Johnny tudo o que estava acontecendo, inclusive o que aconteceu na Renascer. Ele não titubeou. Pegou o valor da passagem no caixa, deu uns trocados a mais para pagar uma refeição.

Agradecemos e fomos de Metrô para o Tietê. Chegamos ao guichê da empresa de ônibus, compramos a passagem exatamente no valor e no horário que ele tinha me falando e fomos até a plataforma de embarque.

Em nossa despedida, ele chorava muito, não sabendo como agradecer. Eu também chorava muito. Ele disse que quando chegasse na casa do pai dele ele mandaria para mim uma pepita de ouro, pois tinham muitas. Eu falei pra ele que não tinha nada a ver, estava fazendo aquilo pois Deus estava me direcionando a fazer, não visando nenhum retorno.

Abri minha mochila, tirei minha Bíblia e perguntei se ele tinha uma. Ele disse que não. Dei a ele e disse que ali era a fonte de tudo o que ele precisaria para recomeçar sua história. Ele agradeceu, oramos juntos e ele embarcou.

Aparentemente fica meio difícil de saber o destino dele. Em meu coração entretanto, tenho a absoluta certeza que ele recomeçou sua vida, retornando para a casa de sua família, mesmo tendo desperdiçado tudo o que recebera como parte de sua herança.

Tremendo para mim ao analisar o que aconteceu é a semelhança dos fatos com a parábola do filho pródigo que se encontra em Lucas 15:11.32...

Post Scriptum: Quanto ao Johnny, também conhecido como Magrão, ele é um irmão em Cristo muito amado. Foi um dos fundadores da Renascer em Cristo, juntamente com o casal Hernandes. As primeiras reuniões da então recém fundada igreja foram feitas em sua casa. Ele abandonou a igreja após ter seu casamento destruído por intrigas (diziam que ele não era muito espiritual, enquanto sua mulher estava totalmente envolvida – no pior sentido, fanatizada – no ministério). Como conseqüência, se separaram. Esta foi uma das razões que fizeram que o Johnny não pensasse duas vezes em ajudar o rapaz. Como dizem, ele é sal fora do saleiro...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os limites da sanidade...


Depois da experiência da Cil, que semana passada foi ao hospital psiquiátrico visitar a irmã de nossa amiga, o assunto “limite da sanidade versus início da loucura” ficou ribombando em minha mente. Digo isso pois não me considero a pessoa mais equilibrada da face da Terra. Pelo contrário, tenho algumas manias que seria melhor eu mantê-las escondidas, tipo contar degraus de escada, colocar pregadores da mesma cor quando estou colocando roupa no varal, etecetera etecetera...

Conversamos muito sobre isso enquanto ouvíamos algumas bandas que gosto muito, tipo Pixies, Velvet Underground, Sonic Youth, Cake ... Cada “novo” som fazia com que eu mergulhasse mais e mais em áreas obscuras de meu ser. Viagens estranhas eu costumo ter gente. Dependendo do que ouço, vejo florestas, sobrevôo montanhas, mergulho em profundos mares, pego retas intermináveis em rodovias a mil por hora, tudo isso movido ao bom e velho rock and roll.

(Tenho um amigo, dono de loja na Galeria do Rock, que NÃO PODE ouvir Pink Floyd sem se encolher contra a parede, fugindo de crocodilos invisíveis...)

Com isso, pude ver que o que faz uma pessoa passar do estreito limite da razão para a loucura é muito subjetivo. Como foi falado pela Cilene no texto abaixo, uma psiquiatra rompeu a barreira e hoje se encontra internada num hospício. A amiga de nossa amiga regrediu mentalmente até a idade de 5 anos devido a uma decepção amorosa (pé na bunda, para ser mais preciso...).

Agora imaginem como é difícil se manter são neste mundão véio em que vivemos, rodeados de uma complexa gama de variáveis que tendem a nos arrastar para as profundezas da alma. Eu mesmo, quando me separei (fui separado sem opção, diga-se de passagem) beirei o desespero, flertei com desejos suicidas, desejei o fim do mundo por não estar suportando a pressão e o vazio, a perda emocional e financeira, o recomeçar do ZERO após uma década e meia dedicado a uma relação, um projeto de vida que acabou em nada.

Ao falar disso me lembro de um velho mendigo que parei para conversar muitos anos atrás na Praça do Patriarca e que havia se transformado em algo menos que humano, sentado dia e noite ao relento, aguardando restos de alguém empapuçado de seu Big Mac pelo simples fato de ter perdido seu emprego, ter sido despejado e abandonado pela mulher e filhos e ouvia dos espíritas de plantão que era daquele jeito mesmo, ele estava pagando pelo que havia feito na encarnação anterior...

Não fossem minha relação com Deus através de Jesus Cristo, meus bons amigos (Ailton e Mirela, amo vocês!!!) que “sentiram o momento” e não me deixaram sozinho nos piores momentos, elevando minha auto-estima para que hoje eu fosse o homem que sou e meu amor à vida, estaria ou um farrapo humano, um desiquilibrado mental vagando pelas ruas, um louco, interno de uma clínica qualquer ou então um presunto frio sete palmos abaixo do chão.

Não pensem que estou exagerando. Pedi a Deus para morrer! Não achei sentido para nada mais sobre a face da Terra! Na primeira virada de ano sozinho tomei 4 garrafas de vinho para aplacar a dor, chorando feito um sei-lá-o-quê. Logicamente Ele não me atendeu, pois sabia que ali não era o fim de minha história (que estava apenas começando...).

Como bem disse Jesus no Evangelho de João, capítulo 12, versos 24 e 25, “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”.

Isso é tremendo! Mas só sabe exatamente o que isso significa quem perdeu, quem viu e/ou sentiu os dedos gelados da morte, quem recomeçou tudo do ZERO ou que tenha sofrido algum outro tipo de baque é que pode dizer que o limite entre a sanidade e a loucura é colocado à prova nesta hora.

Isso prova então que sem uma relação real, sólida com Jesus Cristo, pessoas que nos amem verdadeiramente e estejam dispostas a passar o dia 1 de Janeiro de 2008 longe da família para ir com você ao cinema após a virada de ano que quase acabou em suicídio (Mirela... minha amiga, minha irmãzinha caçula...) e o amor pela vida, em nada somos diferentes da doutora em psiquiatria que hoje está internada numa clínica, em nada temos alguma vantagem sobre o mendigo que você finge que não vê e troca de calçada para não sentir o cheio que um ser humano pode ter por ter sido abandonado por todos, em nada somos melhores do quê aqueles que jazem esquecidos sob as lápides do abandono...

Aí volto ao assunto música, que aparentemente não tem anda a ver. É que a música abre portas da percepção em mim, fico mais sensível, vejo a realidade por outros ângulos.

Assista abaixo o vídeo (antiiiiigoooooo, final dos anos 60) do sensacional grupo Velvet Underground, ex-banda do também sensacional Lou Reed (que era/é outro que vive no limite...) e me diga para onde você viaja...



Manhã de Domingo

Manhã de domingo, louve o amanhecer
É apenas um sentimento inquieto ao meu lado
Cedo amanhecer, Manhã de domingo
São apenas os anos desperdiçados tão perto

Tome cuidado, o mundo está atrás de você
Sempre haverá alguém perto de você que ligará
Não é nada

Manhã de domingo e estou caindo
Sinto algo que não quero saber
Cedo amanhecer, Manhã de domingo
São todas as ruas que você atravessou, não há muito tempo atrás

Tome cuidado, o mundo está atrás de você
Sempre haverá alguém perto de você que ligará
Não é nada

Tome cuidado, o mundo está atrás de você
Sempre haverá alguém perto de você que ligará
Não é nada

Manhã de domingo
Manhã de domingo
Manhã de domingo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A visita...


Semana passada, resolvi acompanhar minha amiga em uma visita a sua irmã, internada no Hospital Psiquiátrico Bela Vista.


Chegamos lá às duas da tarde e já estávamos sendo aguardadas ansiosamente pela interna. Fomos até seu quarto guardar o que havíamos levado: Roupas, biscoitos, sucos, queijo, frutas e cigarros.


Lá conheci uma cuidadora de idosos que lá se encontra cuidando de uma senhora a mais de 21 anos. Ela mostrou-me suas mãos com marcas e cicatrizes, geradas por beliscões, fruto da agressividade da idosa. Hoje a interna já se encontra menos agressiva, devido à debilidade da idade. A cuidadora disse-me que, depois de 21 anos, trabalha não mais pelo dinheiro e sim pelo amor pela senhora.


Lá fiquei sabendo de uma médica com especialidade em psiquiatria que estava internada a 3 anos. Sua mãe foi visitá-la. A idade da mãe era de 89 anos. Contaram-me que a médica internada vivia dizendo que sua mãe tinha um amante que, no caso, era o próprio irmão da médica. A mãe comentou: "Estou com 89 anos e ainda tenho que ouvir que meu filho é meu amante...”


Vi de longe as duas conversando e comendo seus lanches. Pude sentir quanto amor havia ali, principalmente por parte da mãe (naquela situação, eu acredito que a filha estava longe de entender o que é o amor).


Voltando para a irmã de minha amiga, fomos sentar na área verde do Hospital, onde havia muitas árvores e alguns bancos. Senti o sol batendo em meu rosto, coisa gostosa de sentir... Digo isso pois, ao entrar em um daqueles quartos, vi que eles eram abafados, com pouca luminosidade e ventilação. Sentir o sol no pátio foi uma sensação maravilhosa.


Começamos a conversar um pouco. A irmã de minha amiga está a mais de 15 anos vivendo alienada, após romper um namoro quando tinha 17 anos. Sua idade mental agora é de uma criança de 5 a 6 anos. Durante a conversa sua mãe começou a folhear uma revista que havia levado para a filha. Esta se aproximou da mãe e começou a falar:


- Mamãe, mamãe, compra este sapato pra mim mamãe! Compra mamãe, ele tem salto e é vermelho!


- Mamãe, mamãe, compra este vestido pra mim mamãe, compra pra mim!


- Mamãe, mamãe, compra este creme pra mim mamãe, compra pra eu passar na minha pele mamãe!


Ela também mostrava que conhecia de carros caros e outras coisas. Ela gosta do que é bom...


Entre um cigarro e outro, ela pediu para a mãe comprar um perfume caro, um walkman para ficar ouvindo música, um monte de outras coisas, tudo isso não se esquecendo da frase repetitiva: “compra pra mim mamãe, compra pra mim mamãe!”...


Ao surgir outra interna com uma bituca de cigarro na mão ela disse:


- Mamãe, esta preta machucou minha mão e pegou meu cigarro!


Nisso, a outra interna se aproximou e pediu para ela acender sua bituca. A irmã de minha amiga continuou a repetir que ela a tinha queimado, ao mesmo tempo que acendia sua bituca.


Ali naquele hospital encontram-se conveniados e aqueles que vão para a ala pública, homens e mulheres, todos juntos. Pude ver o descaso que eles são tratados. Numa situação como essa eles precisam estar separados; ala masculina e ala feminina.


Pude conhecer jovens bonitas que estavam ali por situações diversas, pressões da vida que não conseguiram suportar.


Conheci também um senhor que trabalha lá a 47 anos. Mesmo aposentado, ele não largou o cargo. Pude ver uma interna que se encontrava muito agressiva, falando palavrões. Logo em seguida, ela foi até este senhor e o abraçou como se ele fosse um pai, um irmão. Aquele senhor, assim como a ajudadora de idosos que falei antes, já não trabalhavam por dinheiro; trabalhavam por amor. Fiquei muito sensibilizada com a cena...


No final da visita, próximo das 15:40h, a irmã de minha amiga ficava repetindo:


- Vai embora mamãe, vai embora mamãe, vai mamãe, vai embora!


Triste, desanimada e depressiva, sua mãe se despediu e saímos de lá com o coração partido. Certamente, ela gostaria de estar saindo trazendo sua filha para casa...


Para mim formam momentos intensos. Pude orar e falar de Deus com alguns. Apesar do pouco tempo lá, valeu muito a pena a visita. Em poucas horas, senti que cresci um pouquinho humana e espiritualmente...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Foi com voz mansa e delicada que Ele nos falou...


“E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?” - 1 Reis 19:11-13

Não sei bem a razão de ter esperado quatro dias para escrever algo sobre o retiro que participei no fim de semana passado. Em parte talvez por falta de tempo devido à quantidade de trabalho, negociações e decisões a serem tomadas; talvez pelo fato de ainda me encontrar meio entorpecido por tudo o que vivi de sexta feira, 15/10 à domingo, 18/10, quando encerrou o evento.

Mas tempo no meio da falta de tempo eu arrumo facilmente. Acabei usando a falta de tempo como álibi para adiar esta postagem. Então vamos lá!

Encontramo-nos sexta feira a noite na igreja, aguardamos alguns (vários) retardatários e saímos em direção à Casa de Retiros Padre Anchieta (sim, católica) no bairro de São Conrado. Chegamos lá perto das 23:00hs, fomos ao refeitório, tomamos uma sopinha (tinha outras coisas mas era meio tarde para se empanzinar) e fomos a um dos auditórios para ouvir o Pedrão pregar a primeira mensagem, que acabou nos primeiros minutos do sábado.

Estava meio agoniado pois estou no meio de alguns exames pré-operatórios para um desvio de septo que insiste em não me deixar dormir como um anjinho. Pareço mais um javali em fúria, roncando que é uma beleza. Pode parecer bobeira, mas estava muito constrangido em dividir o quarto com alguém, já que os casais dormiram em quartos separados. Na hora da entrega das chaves aconteceu o primeiro milagre: Meu companheiro de quarto, um tal de Lutero (olha o mixxxtériooo), cancelou sua ida ao Retiro aos 44 minutos do segundo tempo. Que eu saiba, fui o único que dormiu sozinho... Yes!

Entrei no quarto, tudo muito limpo e arejado, duas camas, uma mesa de estudos, duas cadeiras e um ambiente que me fez ficar muito introspectivo. Havia uma reverência no ar, um “quê” de santidade, como se por ali já tivesse passado muita gente boa. Fechei a porta, desfiz minha mala, tomei um bom banho e orei ao Senhor, pedindo que não saísse o mesmo de quando entrei. Sentei-me na cadeira, acendi a luminária da escrivaninha e comecei a escrever algo como um diário e fui deitar.

Dormi muito bem. Pela manhã, fui ao refeitório, tomei meu café e fomos ao auditório para a segunda ministração. Após cada mensagem pregada, reuníamos em grupos para discutir o que havia sido pregado. Temas como oração, santidade, fruto do Espírito (fruto e não frutos) entre outros eram compartilhados entre eu, a Cilene (por acaso, ficamos no mesmo grupo), a Milena (que era a líder de nosso grupo), a Nívia, a Ana Paula, a Diva e o Áthila, o mais novo...

Em pouco tempo, ansiávamos em estar juntos para trocar idéias e experiências pessoais após as ministrações. Ao mesmo tempo que parecia que o relógio insistia em arrastar as horas, tudo começou e acabou muito rápido. O engraçado foi que nós conversamos muito e descobrimos que todos estavam ali sem estar muito afim de estar, digamos assim. Em outras palavras, todos estavam confortavelmente instalados em seus casulos e estavam evitando uma comunhão maior, mas ao chegar ao Retiro, algo aconteceu, como um “ploc”.

Quando retornamos daquele lugar paradisíaco (estávamos aos pés da Pedra da Gávea, com visão para a Praia de São Conrado. Havia trilhas, árvores frutíferas, gramados, muitos macaquinhos, pequenos lagartos, uma cachoeira que não conseguimos achar...) foi que notamos o quão diferentes estávamos. Era engraçado isso! Dentro do Retiro parecia que nada demais estava acontecendo. Quando chegamos no “asfalto” foi que notamos o quanto estávamos diferentes.
Esperávamos algo mais “pentecostal” (digamos assim), mesmo sendo um retiro organizado por uma Igreja Batista; mas foi tudo muito tranqüilo, com muita ordem e decência. Lógico que houve momentos de um pouco mais de bagunça santa. Os jovens ficavam tocando violão, jogando baralho e conversando até altas horas, mas nada que atrapalhasse o sono. Como eu disse antes, parecia que não estava acontecendo nada demais durante os momentos que estivermos lá. Só notamos a diferença quando retornamos para casa. A visão que passamos a ter de algumas situações corriqueiras estava mudada. A maneira de ver as pessoas era diferente.

Não sei explicar direito. Só sei que Deus agiu muito em mim e em minha mulher. Não foi no grande e forte vento que fende montes e quebra as penhas, nem no terremoto; muito menos no fogo que Deus falou conosco. Foi na voz mansa e delicada do Espírito.

Diferente...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Deixa passar, não segura nada não...

De vez em quando acontece comigo o que acabou de acontecer. Eu estou sentado à frente do meu computador escrevendo sem saber onde vou parar, mas a alguns minutos atrás estava sentado aqui mesmo, com uma pessoa ao telefone, ouvindo ela desabafar. Desliguei o telefone e fiquei sem conseguir pensar em nada. A mente estava vazia, o monitor do computador estava com esta página toda em branco, esperando que eu começasse a escrever. Não vinha nada.

É uma sensação boa esta de não pensar em nada, ao mesmo tempo em que é estranha, pois normalmente não consigo parar de pensar. Na verdade acho que fui sugado.As palavras que ouvi entraram em meu ouvido e levaram todos meus pensamentos embora. Ainda estou entorpecido. Meu corpo está meio mole, parece vinho. Mas não o vinho bom, que aquece o coração e alegra a alma. Algo como um “Chapinha”, “Cantina da Serra”, sei lá. Talvez vá dar ressaca.

Apenas ouvia. Aprendi a ouvir. Na verdade descobri que tenho que agir como pára-raios, recebendo toda a descarga e deixando ela passar. Acho que isso é o que define melhor. Não posso reter nada do que ouvi, pois se trata apenas de um desabafo. Do jeito que vem tenho que mandar pra terra. Um fio-terra, isso que sou. Nada de questionar a pessoa, tentar argumentar o porquê de aquilo estar passando por mim. Sou um condutor elétrico. Tenho um disjuntor e este cai quando a corrente é muito forte. Isso. Foi isso que aconteceu. Por esta razão estava sem energia. Se eu absorvesse tudo entraria em curto-circuito.

Sei que isso faz bem a quem fala. Na verdade eu também gosto de falar sem ser questionado de vez em quando. É um falar que não tem a intenção de ‘estar certo’. É um falar por falar. Assim como estou escrevendo agora. Não tenho a intenção de chegar a lugar nenhum com o que estou escrevendo. Minha mente divaga, o espírito voa, mergulha nas profundezas do oceano das idéias, chega a lugar nenhum e volta mais leve.

É bom descarregar a energia. E também é bom ser canal de benção para quem precisa falar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tem dias que as noites são longas e frias...


Há algo dentro de mim que se move inquietantemente. E não são gases, engraçadinhos! Sinto que tenho retido meu pleno potencial, simplesmente pelo fato de não saber exatamente como submergir em meu íntimo, identificar as variáveis e começar a coordenar as mesmas para que aquela massa sem forma e vazia se encha do Fiat Lux Divino e tome forma.

Por esta razão, sinto dificuldade em externar esta sensação de vazio. O caos dentro de mim aguarda ansiosamente a direção certa a tomar. Não sei lidar com esta ansiedade, esta contagem regressiva que não para de ser contada dentro de meu ser. Quero avançar, porém não tenho um norte a ser seguido. Apenas sei que em frente devo continuar meu caminho.

Mas confesso que estou cansado. Não cansei da vida, cansei das indefinições impostas. Por vezes, quero ver o Céu aberto e receber as instruções divinas, como Abraão e Moisés. Algo como “saia de sua terra, do meio de sua parentela...” ou “liberte meu povo do Egito...”. Mas creio que estou mais como Saulo, cego pela luz divina, que recebeu a ordem do Senhor, registrada no livro de Atos dos Apóstolos, 9:11: “Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando”.

Digo estar mais para Saulo não pela instrução divina (que é o que espero), mas sim pela cegueira. Como é frustrante seguir cego em frente, sem ao menos uma bússola, um cão guia que seja!

E não me venham com surras de Bíblia ou religiosidade vã. Todos passam por momentos de cegueira no deserto, e não adianta repetir versículos famosos (como ouvi um babaca um dia falar para mim...) ou profetadas vãs. Sou abusado. Quero revelação de Deus, direto comigo.

Paralelo a isso, me canso em ver que determinadas áreas de minha vida estão nas mãos de terceiros. SIM meu amado, sei que minha vida está nas mãos de Deus, bem sei também que, como respondeu Jesus à Pilatos em João 19:11, “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem”. Quem de alguma maneira exerce autoridade em minha vida a faz por ter sido ordenado por Deus e não por aleatoriedade ou azar meu... mas que é frustante tentar avançar e descobrir que não depende de você é!

Pois é amados, quem nunca passou por isso, se até mesmo Jesus assim ficou, conforme registrado em Mateus 26:36.38: “Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmane, e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo”.

Esse é um ponto a ser considerado. O Mestre passou por angústias e aflições infinitamente maiores que as minhas e venceu. Creio ser necessário agüentar o tranco, aguardar os fatos se desenrolarem. Pode ser que eu atravesse este momento sentado numa linda e fofa nuvem. Pode ser que eu receba a bendita palavra que aguardo, dando direção aos meus passos. Pode ser também que eu encontre sentido no caos gerado dentro de mim. Pode ser também que nada disso aconteça e que eu tenha que perambular 40 anos nos desertos da alma até chegar à terra prometida.

Que seja feita a vontade do Pai, e não a minha...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Lá vem o acampamento.... ai!!!!!



“E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. – Romanos 8:28

Estou numa ressaca de sono que não é brincadeira.

De ontem para hoje fiz uma polissonografia, aquele exame que você dorme numa clínica, cheio de catéteres colados na cabeça, queixo, peito, barriga, pernas. Além destes "espinhos na carne" chamados de catéter, ainda colocam um treco com uma luzinha vermelha no dedo da mão para monitorar os batimentos cardíacos. Demora para acostumar com o desconforto. De quebra, você é monitorado por câmeras durante a sua “noite de sono” para verificar seu movimentos, para ver se você fala dormindo, se se movimenta muito.

Super agradável. Não dormi NADA a noite inteira (o cara da sala ao lado conseguia roncar mais que eu...). No máximo me distraía por alguns minutos e “voltava ao corpo” dando um tranco, igual àquelas pessoas que cochilam sentadas e tentam disfarçar que deram uma dormidinha. De manhã tive coragem de me olhar no espelho. Parecia o personagem daquele filme de terror, o Hellraiser... misericórdia!



Apesar de toda esta "tribulação", tive um final de semana maravilhoso. Fiquei bastante tempo com minha mulher, passeamos, fizemos comida, ficamos juntinhos, assistimos pelo Multishow parte do show do Rage Against the Machine no Festival SWU (romantico né?), fomos à Igreja. Foi muito bom.

Na volta da igreja, descemos um ponto antes de casa para caminharmos um pouco pela orla. Sentamos em uma barraca à beira mar e ficamos ali, matando um pouco do tempo e pensando sobre a vida.

Voltei a olhar o mar que vejo todo dia com os olhos que tinha quando me mudei para o Recreio dos Bandeirantes. O mar agitado, muitos surfistas, a Pedra do Pontal. Lembrei-me de quanto fiquei grato a Deus pela oportunidade de morar ali.

Nisso, comecei a sentir uma certa sensação de insegurança. Mas não insegurança ligada a algum tipo de medo. Insegurança literalmente. Parecia que o chão estava querendo sair debaixo de meus pés, como se estivesse para começar uma nova fase em minha vida.

Isso costuma acontecer comigo, como se fosse um aviso. Falei para minha mulher o que estava sentindo. A sensação era a de quê estava por começar um novo capítulo de minha história. Sei que parece vago. Afinal de contas, cada novo dia é uma página em branco a ser escrita.

Honestamente, acho que sei a razão. Domingo passado, o Pr. Pedrão nos chamou ao final do culto e nos intimou a irmos ao acampamento “Restaurando Vidas”, que será entre os dias 15 e 18 de Outubro aqui perto (São Conrado). Quando ele disse “estou escolhendo os casais A DEDO e quero que vocês participem" nós dois sentimos muito forte tanto a autoridade pastoral quanto a presença de Deus.

Qualquer outro pastor que falasse daquele jeito conosco ficaria à ver navios. Mas não os pastores da CBRio. São homens de Deus, comprometidos com a Palavra, que conseguem demonstrar o AMOR de Deus através da vida deles.

O lance é que a gente se acostuma com as zonas de conforto e acaba caindo em formalismos, por mais que não percebamos. Através dos olhos do Pedrão, senti que a chapa vai esquentar. Deus quer algo mais através de nossas vidas... Ai!!!!!

Mudar é ruim, mas é necessário. Costumamos ficar em nossa zona de conforto, apenas esquentando banco de igreja, mas há momentos que Deus quer fazer um upgrade em nossas vidas. De certo, apenas uma coisa: Deus está no controle total de minha vida, e Ele tá querendo ter um particular comigo.

Depois conto como foi....

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cavalinhos de Tróia do cotidiano...


“Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos".1 João 2:18.19

Não sei bem como começar esta reflexão sem que a mesma soe talvez um pouco repetitiva. Muito menos creio que conseguirei discorrer sobre este assunto sem que eu passe por uma pessoa amargurada, por um juiz, por um apontador de argueiros nos olhos dos outros...

O fato é que eu estou cada dia mais frustrado com um tipo específico de gente. Gente que entra em sua vida sem você saber ao certo como isso se deu e fica lá, conquistando espaço, confiança e nosso afeto gradativamente, até o momento que ela – após estar bem estabelecida dentro de nossos ingênuos corações – começa a mostrar quem ela realmente é.

A dificuldade está em conseguir discernir as reais intenções de gente assim no início. Permitimos que a mesma se “aprochegue” de nós e – quando damos conta – a mesma já está causando um estrago muito difícil de ser reparado.

Alguns não conseguem disfarçar suas reais intenções, diga-se de passagem. Estes são mais fáceis de controlar. Nosso antivírus cata o bichinho no ato e a gente já deleta na hora.

O problema são os Cavalos de Tróia.

Estes entram sem aparentar nada de negativo. Simpáticos, falantes, cativantes, divertidos. Entram pela porta da frente e inocentemente os convidamos para sentar e compartilhar do nosso pão e vinho diário. Passam a fazer parte de nosso convívio íntimo. São apresentados às pessoas próximas a nós e começam a se entranhar cada vez mais em nossas vidas.

Com o tempo porém, passamos a notar certos vícios de caráter, certas manias, certas posturas que traem elas mesmas. Começamos a notar que elas na verdade são grandes manipuladores, procurando tirar o máximo possível daqueles que os cercam, mas de maneira lenta, gradual, como fazem os pequenos parasitas que sabem que não podem sugar a seiva de uma vez só, senão o hospedeiro morre. Sugam algumas gotas de sangue por dia...

Notando isso, passamos a ter uma situação delicada para administrar. Pelo grau de intimidade que permitimos ter sido criado incautamente no início, fica difícil apenas usar nosso antivírus que dormiu no ponto. A ruptura pode vir a ser muito mal interpretada por todos, principalmente por aqueles que não conseguem ver o que você levou tempo para descobrir.

A opção é colocar estas pessoas na quarentena, tendo atenção redobrada nas atitudes da mesma. Nos afastamos um milímetro por dia, passamos a criar sistemas de defesa que – assim como as atitudes iniciais deste corpo estranho – também serão gradativas. Apertaremos o cerco pacientemente, sem deixar explícito que descobrimos suas reais intenções.

Quando menos o indivíduo esperar, ele estará totalmente isolado por suas próprias atitudes. Descobrir-se-á desnudado sob a luz dos holofotes de sua própria astúcia. Expostos à vergonha, estes se afastam de nós, procurando outros hospedeiros que os recebam inocentemente.

Trata-se de um processo penoso, cansativo. Mas serve como castigo para nós mesmos por termos sido tão incautos, tão inocentes.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Amar te faz sofrer... mas é bom!


Sabe quando uma música fica ‘tocando’ em sua mente e você não consegue parar de pensar nela? Na minha cabeça estava ‘tocando’ Medo da Chuva, do grande Raul Seixas, em especial aquela estrofe que diz: 'Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez'.

Ninguém neste mundo é feliz tendo amado uma vez... Ninguém neste mundo é feliz tendo amado uma vez... Fiquei pensando a respeito e comecei a fazer uma análise do que é amor, até por que não amei apenas uma vez. Amei e amo muito, várias vezes!

Quando você ama você sofre e sofre muito. Eu e Raul não estamos sós quando afirmamos isso. Paulo disse o mesmo quando escreveu em 1Co 13:4 que ‘O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.’

O amor te fragiliza, pois te torna um com o objeto de seu amor. Vitória ou fracasso já não depende só de você, o amado se torna co-responsável por seu destino. Quando você ama você vibra com os sucessos do seu amado, chora com sua dor, goza com suas vitórias, não menospreza suas emoções. Não há como ser imparcial.

Quando você ama você não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal (verso 5). Dizer que o amor é cego é a mais pura verdade, pois você não olha para os defeitos do seu amado, simplesmente por ter decidido amá-lo. Isso não é feito baseado em emoções. Seu interior se move nesta direção, atropelando seus sentimentos e te impelindo a agir. O amor é, neste sentido, uma força maior que te empurra para frente, em direção ao bem daquele a quem você ama.

Este tal de amor não folga com a injustiça, mas folga com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (versos 6 e 7). O amor amplia teus limites. Sua resistência à dor e ao sofrimento se torna cada vez maior. Você defende seu amado de toda boca que levanta acusação contra ele e sofre as conseqüências disso. Você acredita na essência da bondade de teu amado. Não que ele em si seja realmente bom, mas teu amor cobre-o com um manto de justiça. Ele é puro aos teus olhos, pelo amor que você deposita nele.

Você acredita que aquele que você ama cada vez mais será beneficiado pelo amor que você deposita nele e aguarda pacientemente que todo o potencial dele venha à tona. Você suporta todas as falhas e mau-criações que teu amor te causa, pois ele é único e especial para você.

A meu ver, este processo todo te faz se aproximar cada vez mais de você próprio, pois ao aceitar que aqueles que você ama são falhos, mas dignos de serem amados, você aprende a lidar com suas próprias fraquezas e imperfeições. E isso te joga para um patamar ainda mais alto, pois começa a entender que esta é a maneira que Deus nos olha e nos aceita. Ele nos ama, e seu amor nos cobre e nos purifica. Ai você entende o por que de Deus ser amor. Você entende o que moveu Seu coração quando viu que sua criação não era digna de Seu amor, e algo teria que ser feito para que nós pudéssemos gozar de sua bendita companhia.

Ele sofreu por nós, foi bom conosco, nos tratou bem, acreditou em nós, suportou nosso fardo de pecado. Entregou-se totalmente e pagou o preço que era necessário para que pudéssemos estar em Sua presença. Pare para pensar: Deus sofre por nós. Deus é um Deus sofredor.

Mas este amor não falha. Um dia, a semente que Deus plantou ao dar seu Filho Jesus para pagar por nossos pecados dará a plenitude dos frutos esperados. Tudo passará, até as maiores virtudes dadas por Deus serão reduzidas a nada. Deixaremos de agir como meninos e seremos homens e mulheres plenos. Deixaremos de ter a visão distorcida das coisas e veremos tudo como realmente elas são. Conheceremos a nós mesmos como Deus nos conhece (minha interpretação dos versículos 8 a 13).

A fé e esperança permanecerão, mas o amor será então colocado no lugar maior. Ele prevalecerá sobre tudo. Então veremos que valeu a pena ter sofrido tanto por termos amado.

Peço que vocês me perdoem ao falar sobre o amor por este ângulo, mas há alguns dias isso tem me incomodado e quis escrever. Não tenho a mínima pretensão de querer encerrar o assunto. Pelo contrário, estou muito longe disso. Se eu ler e reler o que escrevi, possivelmente vou alterar e cortar muita coisa, até chegar ao ponto de desistir de postar este texto em meu blog. É apenas o que tenho pensado nestes dias sobre este assunto...