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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os limites da sanidade...


Depois da experiência da Cil, que semana passada foi ao hospital psiquiátrico visitar a irmã de nossa amiga, o assunto “limite da sanidade versus início da loucura” ficou ribombando em minha mente. Digo isso pois não me considero a pessoa mais equilibrada da face da Terra. Pelo contrário, tenho algumas manias que seria melhor eu mantê-las escondidas, tipo contar degraus de escada, colocar pregadores da mesma cor quando estou colocando roupa no varal, etecetera etecetera...

Conversamos muito sobre isso enquanto ouvíamos algumas bandas que gosto muito, tipo Pixies, Velvet Underground, Sonic Youth, Cake ... Cada “novo” som fazia com que eu mergulhasse mais e mais em áreas obscuras de meu ser. Viagens estranhas eu costumo ter gente. Dependendo do que ouço, vejo florestas, sobrevôo montanhas, mergulho em profundos mares, pego retas intermináveis em rodovias a mil por hora, tudo isso movido ao bom e velho rock and roll.

(Tenho um amigo, dono de loja na Galeria do Rock, que NÃO PODE ouvir Pink Floyd sem se encolher contra a parede, fugindo de crocodilos invisíveis...)

Com isso, pude ver que o que faz uma pessoa passar do estreito limite da razão para a loucura é muito subjetivo. Como foi falado pela Cilene no texto abaixo, uma psiquiatra rompeu a barreira e hoje se encontra internada num hospício. A amiga de nossa amiga regrediu mentalmente até a idade de 5 anos devido a uma decepção amorosa (pé na bunda, para ser mais preciso...).

Agora imaginem como é difícil se manter são neste mundão véio em que vivemos, rodeados de uma complexa gama de variáveis que tendem a nos arrastar para as profundezas da alma. Eu mesmo, quando me separei (fui separado sem opção, diga-se de passagem) beirei o desespero, flertei com desejos suicidas, desejei o fim do mundo por não estar suportando a pressão e o vazio, a perda emocional e financeira, o recomeçar do ZERO após uma década e meia dedicado a uma relação, um projeto de vida que acabou em nada.

Ao falar disso me lembro de um velho mendigo que parei para conversar muitos anos atrás na Praça do Patriarca e que havia se transformado em algo menos que humano, sentado dia e noite ao relento, aguardando restos de alguém empapuçado de seu Big Mac pelo simples fato de ter perdido seu emprego, ter sido despejado e abandonado pela mulher e filhos e ouvia dos espíritas de plantão que era daquele jeito mesmo, ele estava pagando pelo que havia feito na encarnação anterior...

Não fossem minha relação com Deus através de Jesus Cristo, meus bons amigos (Ailton e Mirela, amo vocês!!!) que “sentiram o momento” e não me deixaram sozinho nos piores momentos, elevando minha auto-estima para que hoje eu fosse o homem que sou e meu amor à vida, estaria ou um farrapo humano, um desiquilibrado mental vagando pelas ruas, um louco, interno de uma clínica qualquer ou então um presunto frio sete palmos abaixo do chão.

Não pensem que estou exagerando. Pedi a Deus para morrer! Não achei sentido para nada mais sobre a face da Terra! Na primeira virada de ano sozinho tomei 4 garrafas de vinho para aplacar a dor, chorando feito um sei-lá-o-quê. Logicamente Ele não me atendeu, pois sabia que ali não era o fim de minha história (que estava apenas começando...).

Como bem disse Jesus no Evangelho de João, capítulo 12, versos 24 e 25, “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”.

Isso é tremendo! Mas só sabe exatamente o que isso significa quem perdeu, quem viu e/ou sentiu os dedos gelados da morte, quem recomeçou tudo do ZERO ou que tenha sofrido algum outro tipo de baque é que pode dizer que o limite entre a sanidade e a loucura é colocado à prova nesta hora.

Isso prova então que sem uma relação real, sólida com Jesus Cristo, pessoas que nos amem verdadeiramente e estejam dispostas a passar o dia 1 de Janeiro de 2008 longe da família para ir com você ao cinema após a virada de ano que quase acabou em suicídio (Mirela... minha amiga, minha irmãzinha caçula...) e o amor pela vida, em nada somos diferentes da doutora em psiquiatria que hoje está internada numa clínica, em nada temos alguma vantagem sobre o mendigo que você finge que não vê e troca de calçada para não sentir o cheio que um ser humano pode ter por ter sido abandonado por todos, em nada somos melhores do quê aqueles que jazem esquecidos sob as lápides do abandono...

Aí volto ao assunto música, que aparentemente não tem anda a ver. É que a música abre portas da percepção em mim, fico mais sensível, vejo a realidade por outros ângulos.

Assista abaixo o vídeo (antiiiiigoooooo, final dos anos 60) do sensacional grupo Velvet Underground, ex-banda do também sensacional Lou Reed (que era/é outro que vive no limite...) e me diga para onde você viaja...



Manhã de Domingo

Manhã de domingo, louve o amanhecer
É apenas um sentimento inquieto ao meu lado
Cedo amanhecer, Manhã de domingo
São apenas os anos desperdiçados tão perto

Tome cuidado, o mundo está atrás de você
Sempre haverá alguém perto de você que ligará
Não é nada

Manhã de domingo e estou caindo
Sinto algo que não quero saber
Cedo amanhecer, Manhã de domingo
São todas as ruas que você atravessou, não há muito tempo atrás

Tome cuidado, o mundo está atrás de você
Sempre haverá alguém perto de você que ligará
Não é nada

Tome cuidado, o mundo está atrás de você
Sempre haverá alguém perto de você que ligará
Não é nada

Manhã de domingo
Manhã de domingo
Manhã de domingo

2 comentários:

  1. Pastor,

    Pegando carona na canção, me deparo com algo que diz tudo e mais alguma coisa rss

    "Louve o amanhecer..."

    De repente isso não seria o limite da sanidade?

    Essa música me fez viajar para não sei onde... :)

    bj

    R.

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  2. Bispa,

    Já falei que sou muto lesado... Estas músicas me fazem viajar muito, muito mesmo...

    Já que você citou o início da letra, creio que cabe eu fazer um "adendo" e colocá-la abaixo do vídeo...

    Beijos!

    ResponderExcluir

Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...