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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

I will see you again... but not yet. Not yet!


Sábado, 6 de Fevereiro de 2010. Vamos dormir até mais tarde, levantar, tomar nosso café e ir à academia. Após malharmos vamos tomar um banho rápido, colocar nossa roupa de banho e ir para a praia aproveitar o sol básico de 38º que se tornou de praxe aqui pelos lados do Rio de Janeiro nesta época do ano.

Este era o plano.

Toca o telefone. Abro os olhos e vejo que ainda está tudo escuro. Sinto um frio na espinha. A maldita sensação de dejà vu. Olho para o relógio enquanto me levanto e vejo que são seis da manhã. Dirijo-me ao telefone repetindo baixinho: “Ah não Deus, tem misericórdia. Ah não Deus, tem misericórdia...” Como disse uma vez o pastor Silmar Coelho, ninguém liga de madrugada ou vem até a porta de sua casa de manhã para te dar uma boa notícia ou te trazer um bolo feito na hora. Sempre é bomba.

Atendo o telefone...

Cá? (Cá sou eu, só minhas irmãs me chamam de Cá...)

Levo um soco no peito, minhas pernas amolecem. Respondo:

Lê? (minha irmã)

Não, é a Cidinha...
(minha outra irmã)

O que foi Ci?

O pai...
(Quase caio...) O pai passou mal e seu padrinho passou aqui de madrugada pra levar ele para o Servidor. Se eu fosse você vinha agora para São Paulo, ele ta mal. A Leila foi com eles, e estou indo agora de carro para lá...

Maldito dejà vu...

Conversamos mais uns minutos. Quem acompanha um pouco dos meus posts sabe que perdi minha mãezinha no começo de Novembro do ano passado. O chão se abriu debaixo de meus pés, me senti caindo novamente. Queda livre, à toda velocidade, em meio às trevas da dor e da impotência.

6 horas da manhã. Sem um puto no bolso, tendo que ir para São Paulo. Falo pra minha irmã que estou sem dinheiro para ir, e peço para ela me ligar de novo para dar mais notícias. Neste meio tempo tento bolar algum plano...

Falo com minha mulher o que aconteceu. Nos ajoelhamos ao lado da cama e começamos à orar. Eu na verdade não consegui orar direito. Não saía nenhuma palavra que fizesse sentido. Apenas um: “Deus... oh meu Deus... não.”

Saio para comprar pão, compro um café em copo descartável e me sento na calçada da padaria. Fico olhando pro nada, totalmente passado. Deste nada sou surpreendido por uma grande ave sobre um prédio. Tem muito urubu no Rio de Janeiro. Mas não era um urubu. Era uma águia. Grande, forte, imponente e olhando para todas as direções de sua posição estratégia. Ela rouba minha atenção e fico alguns minutos apreciando a beleza daquele animal.

Comento com um rapaz que estava de bobeira perto de mim. Ele olha e fala: “Ela deve ter algum ninho em cima daquele prédio...” Baixo os olhos e ele fala: “Ih, ela meteu o pé...” Meter o pé no Rio é ir embora.

Volto à real, pego os pães e volto pra casa. Sento no sofá, jogo o saco de pães de lado e falo pra ela:

“Amor, vi uma águia linda, forte, imponente. Estava sobre o prédio em frente à padaria...”

Ela me interrompe e diz do nada:

“Nossa, que lindo! Deus falou com você?”


Minha mulher é profeta. Dá até medo...

“Não,” respondo eu, mas imediatamente começo a chorar. Era Ele. Começou a falar muito. Dizia que estava assentado em seu alto e sublime trono, tinha a visão de tudo o que estava acontecendo e nada fugia de seu controle.

Em lágrimas, conto para ela o que Deus estava falando comigo. Ele estava no controle, eu não era um pedaço de papel amassado sendo jogado pelo vento de lá pra cá. Estava exatamente onde Deus queria que eu estivesse e Ele estava operando.

Not yet...

Not yet...

Not yet...


Em minha mente, começo a repetir esta frase... Quando vejo, estou falando em voz alta.

Not yet...

Not yet...


A Cilene me pergunta o que estou falando. Digo a ela que ‘not yet’ significa ‘ainda não’ em inglês. Explico que é a fala de Juba, um negro muito forte que também fora vendido como escravo e era um dos gladiadores amigos de Maximus, no filme Gladiador. Quando Maximus está manuseando os ídolos de família, representando sua mulher e seu filho que foram mortos covardemente a mando de Commodus, o filho do rei que matou seu próprio pai por este não querer dar o reino a ele e, por vingança, mandou matar a mulher e o filho de Maximus, que era fiel ao rei e sabia de seu desejo de tornar o Império Romano em uma República, Juba pergunta a ele:

Juba: Can they hear you? (Eles podem te ouvir?)
Maximus: Who? (Quem?)
Juba: Your family. In the afterlife. (Sua família, do outro lado da vida.)
Maximus: Oh yes. (Ah sim)
Juba: What do you say to them? (O que você fala para eles?)
Maximus: To my son - I tell him I will see him again soon. To keep his heels down while riding his horse. To my wife... that is not your business... (Para o meu filho – eu digo que vou vê-lo novamente em breve. Para manter seus calcanhares baixos enquanto estiver andando em seu cavalo. Para minha mulher... isso não te interessa...)

Falava sobre o filme e chorava, cheio do Espírito Santo e sem entender nada...

Juba então diz que eles em breve iriam se encontrar, mas... NOT YET...

À medida que ia contando esta cena do filme, Deus ia confortando meu coração e passei a entender o que Ele tinha a me dizer em relação ao meu pai internado. Era como se ele quisesse logo reencontrar minha mãe, mas... não era a hora.

Lembrei-me também das últimas palavras de Juba para seu amigo Maximus, que acabara de ser morto covardemente por Commodus em uma batalha final entre ambos. Enquanto enterrava os ídolos de Maximus, Juba falou:

Juba: Now we are free. I will see you again... but not yet. Not yet! (Agora somos livres. Ainda verei você novamente, mas não agora. Não agora!)

Veja os três minutos do filme. Está em inglês, mas dá para entender... vale a pena:



Era isso o que Deus tinha a falar pra mim. Meu pai em breve estará com minha mãe, mas ainda não era daquela vez. Em breve todos estaremos juntos, mas meu pai não esta partindo antes da hora. Aquela “águia” estava vendo tudo, controlando tudo, não deixando nenhum detalhe fora de controle.

Tocou o telefone. Ainda glorificando à Deus, atendo. Ela minha Irmã. Ela estava em paz e me disse que nosso pai teve um pico de diabetes, gerando água no pulmão e fazendo com que o coração dele inchasse um pouco. Estava na emergência, mas sob controle. Ela me diz que após os exames ele acordou, querendo voltar para casa. Deve ter alta por estes dias...

Ainda não pai. Vai reencontrar a mãe só depois de se converter. Foi isso que Deus falou comigo. Ele está vendo tudo. Está no controle.

Ainda não pai...

2 comentários:

  1. Nossa, João, que emoção forte tomou conta de você, heim?!

    E o maravilhoso disso tudo é que em meio a qualquer angústia, Deus nos fala acalmando o nosso coração do jeitinho DELE!!!
    Glórias pois a Ele, eternamente!!!

    Quanto ao filme, bastou ver a cena sem nada ler, apenas o título, para eu já sacar mais ou menos que havia algo no texto associado a ele. Amo esse filme, é um dos melhores que já assisti. Quando o vi pela primeira vez, passei a assistir em casa várias vezes seguidas e ainda hoje de vez em quando eu vejo na TV paga. Choro feito uma boba.

    Assim como choro contigo na "torcida" pelo seu pai.

    Abs...

    R.

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  2. O "pior" você não sabe! Havia feito um propósito com Deus de voltar a levar visitantes à igreja no prazo máximo de duas semanas...

    O prazo expirava domingo passado e havia agendado com dois casais vizinhos meus para irmos juntos à igreja. Incrível como quando pedimos a 'coisa certa' Deus responde rapidinho.

    Com a notícia de meu pai - por incrível que pareça - fiquei frustradíssimo, triste mesmo por ter marcado com os dois casais e não poder honrar com o compromisso.

    Com a reviravolta, fomos à igreja. O resto foi com o Espírito Santo. Depois conto as bênçãos, estou meio correndo agora....

    Beijo sister!

    JC

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Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...