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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ainda não acordei...


Sábado, 7 de Novembro. Muito calor durante o dia. A noite ainda estava quente, mas muito mais agradável. Peguei uma garrafa de vinho, uma canga para sentarmos na areia, duas taças e fomos para a praia. Deveria ser umas 23h00min mais ou menos. Abri o vinho, coloquei nas taças e brindamos em memória de Jesus, até que ele voltasse, conforme Ele mesmo ordenou, sempre que partilhássemos do vinho.

Entrei no mar. Água morna, mar tranqüilo. Ele me abraçou com carinho. Nadei para um lado e voltei ao mesmo lugar. De volta à areia, sentei-me na canga e minha mulher entrou na água. No celular, procurei o disco do Jack Johnson e deixei tocando. Nada mais apropriado para o momento. Uma sensação de liberdade muito grande invadiu meu corpo.

Começamos a conversar sobre Deus, sobre a vida e sobre a morte. Lembrei de minha mãe, que ainda estava internada. Lamentei os poucos momentos que estive ao lado dela, questionei a razão das direções que nossas vidas tomam sem que tenhamos controle das mesmas. Senti-me como me senti na água, que permite ter um controle parcial da vida, mas não total.

Passou de meia noite. Eu intercalava momentos dentro e fora d’água com conversas deliciosas. O prazer era indescritível. Sentia-me num sonho. Voltamos ao nosso apartamento, tomamos banho, comemos alguma coisa, possivelmente pizza (sagrada nos sábados, mesmo que da Sadia, pois pizza no Rio de Janeiro é um lixo), assistimos um pouco de UFC (adoro luta) e fomos dormir.

Tocou o telefone. Olhei no relógio e era 05h30min da manhã. Boa coisa não era, com certeza. Recebi a notícia da morte de minha mãe. Sonolento, fiquei sem reação. A poucos momentos atrás estava mergulhando feliz. Agora estava mergulhado em um sonho ruim. Não discernia a ficção da realidade. A sensação de pesadelo, daqueles que você tenta acordar e não consegue substituiu o prazer anterior.

Desde então, fatos insólitos invadem meu ser. Dor e perda, intercalados com momentos de torpor fazem com que ache que ainda não acordei daquela noite. Dentro de mim toca a música do Mutantes: "Ando meio desligado, eu nem sinto meus pés no chão, olho e não vejo nada..." Dizem que esta sensação não passa nunca, apenas muda de formato e intensidade.

Quero acordar, mas tudo continua disforme e insólito, como nos quadros de Dali...

2 comentários:

  1. Lamento sua perda amigo. De fato, os que morrem, morrem para si, pois para nós, os que os amam, eles continuam em nossas lembranças. Mas lembranças como estas são fortes ao ponto de nos desconectar de nós mesmos e tão intensa que com o passar do tempo se deforma, você passa não percebê-la mais. Este torpor se parece com aquela sensação incômoda nos ouvidos ao se descer a serra ou no aterrizar do avião. Você tenta fazer ir embora o incômodo e este insiste em ficar. Você se acostuma. De repente... ploc! Se foi. E você percebe que nem se lembrava mais daquela sensação.
    Sua mãe não irá embora do seu coração, mas a dor da perda deve ir para que você possa continuar. Como você mesmo me disse: "Keep walking"
    Abraços

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  2. A sensação de "serra" define muito bem, matou a pau.

    Obrigado meu irmão, vai passar, esta ressaca vai passar...

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Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...