“Então ela lhe disse: "Como você pode dizer que me ama, se não confia em mim? Esta é a terceira vez que você me fez de boba e não contou o segredo da sua grande força".Importunando-o o tempo todo, ela o cansava dia após dia, ficando ele a ponto de morrer. Por isso ele lhe contou o segredo: "Jamais se passou navalha em minha cabeça", disse ele, "pois sou nazireu, desde o ventre materno. Se fosse rapado o cabelo da minha cabeça, a minha força se afastaria de mim, e eu ficaria tão fraco quanto qualquer outro homem". Quando Dalila viu que Sansão lhe tinha contado todo o segredo, enviou esta mensagem aos líderes dos filisteus: "Subam mais esta vez, pois ele me contou todo o segredo". Os líderes dos filisteus voltaram a ela levando a prata. Fazendo-o dormir no seu colo, ela chamou um homem para cortar as sete tranças do cabelo dele, e assim começou a subjugá-lo E a sua força o deixou. Então ela chamou: "Sansão, os filisteus o estão atacando!" Ele acordou do sono e pensou: "Sairei como antes e me livrarei". Mas não sabia que o Senhor o tinha deixado.” – Juízes 16.15-20
Você normalmente sabe quando uma situação é arriscada, mas mesmo assim vai em frente no que está fazendo, minimizando as possíveis conseqüências. Atravessa a avenida movimentada fora da faixa de pedestres, mexe com eletricidade sem a devida proteção, trepa sobre um banquinho de plástico e se espicha todo para alcançar algo, desvia dinheiro de sua empresa e que foi confiado à você através de jogadas contábeis maquiavelicamente elaboradas, se mete em situações as quais você não tem nenhum controle sobre as conseqüências. Pode dar certo diversas vezes, mas uma hora ou outra você pode se dar mal.
Sansão era uma pessoa assim. Consagrado à Deus desde o ventre materno, ele nasceu e cresceu ciente de seu voto de nazireado, que consistia basicamente em não poder beber vinho nem outra bebida fermentada, não comer nada impuro; não se passar navalha na cabeça, pois ele estava destinado a iniciar a libertação de Israel das mãos dos filisteus (Jz 13.4b-5).
Certa feita, Sansão se apaixonou por uma filistéia da cidade de Timma e falou a seus pais que conseguissem que ela fosse sua esposa. Seus pais insistiram com ele para procurar uma jovem de seu próprio clã, mas prevaleceu sua vontade (que tinha sido influenciada pelo Espírito de Deus para deflagrar os atritos necessários com os filisteus) e partiram para esta cidade.
No caminho, um leão avançou contra Sansão e ele – cheio do Espírito do Senhor – matou o leão com suas próprias mãos, sem, contudo falar isso a seus pais. Na volta de Timma, Sansão foi à procura do cadáver do leão e o encontrou com um enxame de abelhas em sua boca. Intrigado com aquilo, Sansão tocou no cadáver para tirar o mel de sua boca. Comeu e deu aos seus pais, sem falar onde havia encontrado.
Nisso já dá para entender que Sansão vivia no limite de duas situações antagônicas, mas separadas por uma linha quase invisível: Era um homem cheio do Espírito Santo mas vivia no limite do pecado, brincando com situações perigosas. Mesmo sendo o líder escolhido por Deus para iniciar a libertação de Israel das mãos dos filisteus, Sansão não conhecia limites, confiando em sua força física, moral e espiritual para tomada de decisões. Ele sempre achava que na hora que o bicho estivesse pegando ele poderia dar seu habitual jeitinho para resolver tudo.
Seu ponto fraco era na área sexual. Deitava com prostitutas e se apaixonava facilmente por mulheres que notoriamente tinham a intenção de entregá-lo nas mãos dos filisteus, inimigos de seu povo. Só que ele não ligava para o perigo, se garantia na força do seu braço, sem reconhecer até então de maneira efetiva que esta vinha do Senhor.
Um dos maiores pontos de tensão na vida de Sansão foi seu famoso relacionamento com Dalila. Por várias vezes, ela questionou Sansão sobre o segredo de sua força. Sua intenção era entregá-lo aos filisteus por uma grande quantidade de prata. Sansão sabia disso, pois cada vez que ele inventava uma maneira de deixá-lo com a força de um homem comum, Dalila fazia exatamente o que ele dizia, chamando os filisteus contra ele. Ao ouvir o "alerta" de Dalila, ele se livrava de suas armadilhas e continuava em frente, cada vez mais seguro de si, mas cavando cada vez mais fundo o abismo onde ele cairia.
O incrível para mim era que ele não era enganado por Dalila. Ele sabia exatamente o que ela queria e mesmo assim insistia em brincar com ela. Zombava dela, inventando as mais esdrúxulas maneiras de ser subjugado. Só que não se brinca com mulher da maneira que ele brincava. Parafraseando o livro de Provérbios em vários versículos, Sansão agia como se não soubesse que aquela atitude zombeteira em relação a Dalila deflagraria uma reação incontrolável, pois ela o pentelharia até os limites de sua resistência.
E assim foi. Usando de chantagem emocional e muita persistência, Dalila enfim conseguiu arrancar o segredo de Sansão. Enfim subjugado, Sansão ainda achava que tudo estava sob controle, mas a atitude de Sansão fez com que o autor do livro de Juízes escrevesse uma das frases mais duras encontradas na Bíblia:
"Sairei como antes e me livrarei. Mas não sabia que o Senhor o tinha deixado.”
Deus nunca permita que cheguemos a este extremo na relação com Deus. Pecado é pecado, não há limite seguro para transitar em seus domínios. Imagine você dormir seguro de si nos braços de seu inimigo e acordar crendo que mais uma vez conseguirá se libertar de suas garras. Ao tentar usar as velhas estratégias para se livrar do perigo, descobrirá - da pior maneira possível - que enfim chegou ao limite da paciência de Deus.
Não vire as costas para Deus, menosprezando os dons que ele graciosamente distribuiu a cada um. Não use levianamente os talentos recebidos. Não desperdice nada vindo de Deus. Não cuspa na Cruz, ridicularizando o sacrifício feito uma vez por todas por nosso Senhor Jesus Cristo. Uma hora você poderá ter passado do limite e aí será tarde demais.
Não vou concluir este texto com o final da história de Sansão. Meu foco é outro e pode ser resumido com o que está escrito em Hebreus 10.26-31
“Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus. Quem rejeitava a Lei de Moisés morria sem misericórdia pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: "A mim pertence a vingança; eu retribuirei" e outra vez: "O Senhor julgará o seu povo" Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo".
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Você acha que sabe até onde pode ir?
5 comentários:
Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...
Transmimento de pensação...
ResponderExcluirDe certa forma este texto complementa o meu.
Ou o meu complementa este, não sei...
ou vice-versa?
ResponderExcluirAh, escrevi sobre isso por estar no fim do livro de Juízes e ter me lembrado de uma mensagem do Pr. Elienai da Betesda SP...
ResponderExcluirComo Deus falou comigo aquela noite!!!!!!!!!!
Quando lí as primeiras palavras dessa postagem, lembrei do poder que há nas palavras, não?
ResponderExcluirDiga isso a Serpente e Dalila!
Linda reflexão...
valeu pelo seu carinho pastor...
sempre!
Obrigado pelo carinho Wendel!
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