Dizem que a primeira vez, independentemente do assunto, a gente nunca esquece. No bom e no mal sentido...
A primeira vez que bati em um menino na rua foi da hora. Até então só apanhava, e numa briga banal com um amiguinho, acho que por causa de uma discussão por bolinha de gude, sentei a mão na cara dele. Saiu sangue no canto de sua boca. Ele começou a chorar e eu quis acudir. Entrei em desespero, corri pra casa e me escondi debaixo da cama, com medo de apanhar da minha mãe...
A primeira vez que andei de ônibus sozinho até que foi tranqüila. Sabia onde pegar o ônibus e onde descer. Meu pai tinha feito o caminho várias vezes comigo, e não tive muita dificuldade em refazer o trajeto.
Meu primeiro assalto também foi emocionante. Época de Natal, tinha ido ao Largo Treze pagar uma conta pra minha mãe e comprar um Ferrorama para mim. Meu presente. Fiz tudo direitinho e voltei pra casa. Ao me aproximar de casa um rapaz me viu com aquela caixa e me enquadrou. Inexplicavelmente, ele levou todo o dinheiro do troco da conta e do trenzinho mas não levou a caixa. Ainda tomei uns tapas. Ninguém em casa acreditou que tinha sido assaltado, pois não levaram o trem. Acharam que eu tinha gasto o dinheiro todo no Ferrorama...
Minha primeira namorada. Sempre fui muito tímido, ninguém acredita nisso. Já estava no colegial. Boca aberta que sempre fui, ela que me pediu em namoro.
Meu primeiro beijo foi uma experiência maravilhosa mas, para variar, foi minha namorada que cansou de esperar e tomou a iniciativa. Fiquei sem ação mas adorei...
A primeira relação sexual foi catastrófica. Sonhava com ela, mas fiz tudo errado. Prefiro esquecer...
Também houve o primeiro emprego. Era em uma agência de anúncios de jornal. Devido ao fato de ter tomado uma chuva homérica no primeiro dia de trabalho, adoeci. O dono da agência me mandou embora com menos de uma semana, alegando que eu era muito novo pra ficar doente.
Meu primeiro salário, já em outra empresa, foi emocionante. Comprei uma calça jeans, camisetas e um All Star verde. Não que quisesse verde, mas estava em promoção.
A primeira (e única) vez que fui preso foi da hora: Um show de rock que tinha ido sozinho. Ouve uma confusão na entrada do Ginásio do Ibirapuera e, quando vi, tinha levado uma chave de braço de um policial, que me levou a uma pequena cadeia debaixo do ginásio. Tiraram minha roupa, perguntaram se estava drogado. Eu só chorava... Viram que eu era um bundão e me liberaram logo em seguida. Uma hora preso. Vi o final do show, mas não me lembro de nada, de tão assustado que fiquei...
Houveram inúmeras outras ‘primeiras-vezes’ em minha vida. A primeira vez que fui traído, a primeira vez que casei, a primeira vez que fiz comida sozinho, a primeira vez que fiz uma cirurgia, a primeira tatuagem, o dia de minha conversão, o batismo com o Espírito Santo, a primeira vez que quis morrer, a primeira vez que me divorciei, a primeira vez que morei sozinho... Boas e más recordações.
Recentemente vivi a primeira morte de alguém realmente próximo de mim: A perda de minha mãe, alguns meses atrás. Não existe manual de instruções de como proceder. Esta está sendo a pior primeira vez de minha vida. É um acontecimento único, totalmente insólito. A vida, pelo ponto de vista da primeira vez, pode soar como totalmente injusta. Temos que encenar nossos papéis sem ensaio.
Algumas destas primeiras-vezes geram bons frutos, outras são ‘primeiras e únicas’: Traumáticas, sem anestesia e sem a oportunidade de refazer. Assim caminhamos, tropeçando, caindo, levantando, contando as perdas... Me lembro da música do Kiko Zambianchi, Primeiros Erros:
Primeiros Erros
Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende, não vê
Se não me vê, não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas, só chove e chove
Chove e chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
O meu corpo viraria sol
Minha mente viraria
Mas, só chove e chove
Chove e chove...
A batalha dos Deuses – O jogo
Há 4 semanas
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Anônimo, eu não sei quem é você, mas o Senhor te conhece muito bem. Sendo assim, pense duas vezes antes de utilizar este espaço LIVRE (poderia bloquear comentários de anônimos mas não o faço por convicção pessoal e direção espiritual) antes de ofender quem quer que seja. Estou aberto para discutimos idéias sem agredir NINGUÉM ok? - Na dúvida, leia mil vezes Romanos 14, até ficar encharcado com a Verdade sobre este assunto...