Sou um imbecil

“E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir. Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário. Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves! Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?” – Lucas 12:22.26

Sou um imbecil.

Não sei a razão de ser assim, tão ansioso. Talvez pelo fato de já ter chegado tão próximo dos meus objetivos, mas que acabaram escorrendo por minhas mãos, pelas rachaduras que nossas vidas sofrem diante dos trancos que tomamos nos caminhos algumas vezes escuros que displicentemente escolhemos trilhar.

Sabe aquela sensação de que talvez você seja o único culpado pela sua vida ainda não ter deslanchado? Apesar das contingências da vida, em última análise somos nós que decidimos entrar pela estrada “A” ao invés da “B”, fazendo com quê toda sua história seja escrita de maneira diferente do que ela poderia ter sido escrita?

Quem nunca se sentiu assim? Imaginar que nós podemos ser a mosca na sopa servida no banquete, a corda do violino que se rompe no meio do concerto, a pessoa que pisou no cocô e entrou no escritório empesteando todo o ambiente?

Eu várias vezes penso isso. E por isso me sinto um imbecil.

Sempre acho que posso dar mais, fazer mais, andar mais, falar mais “eu te amo”, comer menos tranqueiras (e olha que sou disciplinado neste ponto), testemunhar mais através de minha vida. Mas me pego sempre falho, insuficiente, em débito comigo, com Deus e com a humanidade.

Perdoem-me o momento de desabafo. É que aqui em meu blog, ao contrário de muitos, posso desabafar. Não uso uma máscara de perfeito. Perfeito é meu Senhor. Como disse alguém (atribuem estas palavras à Leon Tostoi): “Não olhem para mim, olhem para Ele!”

Sou falho, pecador, inconstante, iracundo. Vivo momentos de glória, orando aos céus para que o Deus verdadeiro mande fogo do céu para consumir o holocausto, assim como vivo momentos de depressão profunda, correndo 160 kilômetros (foi esta a distância que Elias correu, acreditem!) para fugir de uma rainha vingativa.

Às vezes, como agora estou, fico tão apreensivo para que certas coisas que espero que aconteçam se tornem realidade que até sinto dores no corpo geradas pela somatização de minhas emoções. Em casos extremos minha resistência imunológica cai e sai em minha boca aquela droga de herpes, vírus maldito que fica incubando dentro do meu corpo, esperando uma hora oportuna para se manifestar.

Quando fico assim (estou assim...), me sinto o imbecil que falei acima.

Pode parecer contraditório, mas confio nas promessas do Senhor para minha vida. Sei que Ele está no controle de tudo e que todos os fatos cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e andam segundo o seu propósito (Rm 8:28), mas aí que está o problema: Será que a todo momento estou andando segundo o propósito dEle? Será que todas as coisas que quero que aconteçam serão boas para mim e para a vontade de Deus?

Como está escrito em Tiago 4:3: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.

Esta é a dúvida cruel e que me deixa ansioso. Será que o que eu quero é o que Deus quer? Será que o que eu quero será o melhor para mim? Será que o NÃO, dito de maneira silenciosa pelas evidências contrárias, não é o melhor para mim? Será que devo perseverar na oração ou reconhecer que o que desejo não é a melhor opção?

Sou um imbecil. E quem nunca passou por isso atire a primeira pedra...

Por outro lado sei que quando chegar no céu e ver o video-tape da minha vida vou entender tudo o que agora não faz sentido.

Sendo assim, vou viver este dia sombrio (uiiii, que dramático!) com paciência e confiança de que Deus sabe o que é melhor para mim, por mais que eu não entenda...

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